Capítulo 66 - "Corações em Chamas"
(Narrado por Draegon)A princípio, não percebi que estava preso. O chão sob meus pés era sólido, a brisa que tocava meu rosto era familiar, e o cheiro da floresta ao redor me acalmava. Mas algo estava errado. Muito errado.A floresta era a mesma que eu conhecia desde sempre, mas parecia... mais fria. As sombras se alongavam de maneira incomum, como se estivessem vivas, e o som dos pássaros era abafado, quase distante. A princípio, pensei que era minha imaginação. Mas quando olhei para o horizonte, o céu estava tingido de vermelho, e a lua... ela estava partida, um fragmento negro pairando como um lembrete sombrio de algo que eu deveria lembrar, mas não conseguia.E então eu ouvi.— Draegon, por que você fez isso? —A voz era suave, mas carregada de mágoa. Eu me virei, e meu coração afundou. Ali, na sombra das árvores, estava Arlena, a única pessoa que eu pensei nunca mais ver.ElCapítulo 67 - "Cicatrizes Escondidas"(Narrado por Thalrik) O mundo ao meu redor era perfeito. Um céu limpo e sem manchas de nuvens, o ar fresco e carregado com o aroma da floresta após a chuva. Eu estava no alto do promontório da Matilha da Pedra, olhando para o vale abaixo, onde lobos jovens treinavam em formação, seus movimentos precisos e sincronizados. Eles me olhavam com admiração, como se eu fosse a personificação de tudo o que almejavam ser. Ao meu lado, um conselho formado pelos anciões e guerreiros mais experientes esperava silenciosamente por minhas palavras, suas expressões de respeito e deferência reforçando minha posição. Tudo parecia tão real. — Líder Thalrik, sua palavra é lei. — A voz de um dos conselheiros era firme, mas reverente. "Minha palavra é lei." Era o que sempre quis, não era? Reconhecimento, respeito, controle. Mas, enquanto encarava aquela visão perfeita, algo dentro de mim parecia inquieto. — El
Capítulo 68 - "O Ritual Incompleto"(Narrado por Elira) A caverna parecia um labirinto vivo, pulsando com a presença opressora de Umbrael. Cada respiração que eu tomava era como engolir fragmentos de gelo, enquanto a energia mágica no ar vibrava em ondas irregulares, ameaçando nos derrubar a qualquer momento. Draegon estava ao meu lado, a lâmina em mãos, o olhar firme. Thalrik, agora de pé, parecia uma força renovada, mas eu podia ver as cicatrizes invisíveis do que ele havia enfrentado nas ilusões. Umbrael estava à nossa frente, uma presença sombria que parecia dobrar o espaço ao seu redor, seu poder crescendo com cada instante que adiávamos o ritual. — Não há mais tempo para hesitação — murmurei, olhando para os dois. — Precisamos começar agora. Draegon assentiu, sua expressão um misto de determinação e preocupação. Ele sabia, assim como eu, que Umbrael não nos daria uma segunda chance. Thalrik não disse nada, mas seu olhar encontrou
Capítulo 69 - "O Espelho da Verdade"(Narrado por Draegon) A caverna parecia viva, pulsando com uma energia quase insuportável. Cada passo que dávamos em direção ao altar parecia mais pesado, como se o próprio chão quisesse nos arrastar para baixo. Umbrael estava imóvel, mas sua presença dominava tudo. A escuridão ao seu redor se mexia como serpentes inquietas, sussurrando promessas de destruição. — Vocês chegaram longe, mas isso termina aqui. — Sua voz ecoava como um trovão, preenchendo cada canto da caverna. No centro de sua figura sombria, um artefato começou a se formar. Primeiro, uma moldura de ouro negro se ergueu, cravejada de pedras que brilhavam com uma luz púrpura pulsante. No interior, um espelho reluzente parecia respirar, como se tivesse vida própria. — O Espelho da Verdade — disse Umbrael, um sorriso cruel se formando em seus lábios. — Ele não apenas reflete quem vocês são, mas o que mais temem. Minhas mãos ape
Capítulo 70 - "Laços Quebrados, Laços Refeitos" (Narrado por Thalrik) O ar ao meu redor estava pesado, sufocante. Cada vez que eu respirava, sentia como se uma mão invisível apertasse meu peito, me impedindo de puxar o oxigênio necessário para continuar. Estávamos presos em uma realidade distorcida, onde o tempo parecia não ter significado. O Espelho da Verdade permanecia à nossa frente, brilhando com um magnetismo que eu não conseguia ignorar. Seu reflexo me chamava, como um predador que atraía sua presa para a armadilha. Senti meu corpo estremecer, não de frio, mas de algo mais profundo, o medo. — Thalrik. — A voz de Draegon ecoou ao meu lado, baixa, mas firme. — Você está bem? Balancei a cabeça, tentando afastar a névoa de incertezas que se acumulava em minha mente. Mas antes que pudesse responder, o espelho tomou conta de tudo. No início, meu reflexo era apenas isso, uma cópia perfeita de mim mesmo, encarando-me com a
Capítulo 71 - "A Luz e a Escuridão"(Narrado por Elira) O silêncio da caverna era opressivo, quase tangível. A luz bruxuleante das chamas mágicas que se espalhavam pelas paredes criava sombras que dançavam em um ritmo inquietante, como se a própria escuridão ao nosso redor estivesse viva. Diante de mim, o Espelho da Verdade reluzia com um brilho quase hipnótico, prendendo minha atenção. Eu sabia o que ele fazia. Vi o que mostrou a Draegon, senti o que fez a Thalrik. Agora, era minha vez. — Elira... — ouvi a voz de Draegon ao longe, mas soava distorcida, como se estivesse submersa em água. Não consegui responder. O espelho me chamava, e quando meus olhos encontraram seu reflexo, o mundo ao meu redor desapareceu. No reflexo, eu não era mais eu mesma. Meus olhos brilhavam com uma luz vermelha intensa, e minha figura parecia... maior, mais poderosa. Vestia uma armadura negra reluzente, adornada com runas que pulsavam como um cor
Capítulo 72 - "Fuga na Tempestade"(Narrado por Draegon) O ar ao redor ainda pulsava com a energia liberada pelo desmoronamento. Mesmo à luz da superfície, parecia que a escuridão da caverna nos seguia, um manto de sombra persistente que ameaçava nos envolver a qualquer momento. Olhei para Elira e Thalrik. A determinação nos olhos deles era clara, mas também havia exaustão. A tempestade no horizonte crescia, relâmpagos iluminando as nuvens escuras. Era como se o próprio céu estivesse se revoltando contra o que havíamos enfrentado. — Precisamos nos mover. — falei, minha voz mais firme do que eu esperava. — E rápido. — Thalrik concordou, apertando o punho ao redor de sua espada. — Umbrael não vai nos deixar escapar tão facilmente. Elira assentiu, mas pude ver o conflito em seu rosto. Ela estava exausta, mas ainda segurava sua postura de líder. — Por aqui. — disse ela, apontando para uma trilha estreita que serpentea
Capítulo 73 - "O Peso do Sacrifício"(Narrado por Thalrik) O silêncio do amanhecer não trazia alívio. Apesar da luz pálida que começava a surgir no horizonte, a sensação de perigo persistia. Sentia meu corpo exausto, cada músculo doendo pela tensão e pela batalha, mas o peso que mais me oprimia era o que não podia ser visto, o fardo do que ainda estava por vir. Draegon estava ao meu lado, ferido, mas vivo. Ele insistia que estava bem, mas a profundidade dos cortes em seu braço e o tremor em suas mãos mostravam outra realidade. Aquele fragmento de Umbrael que ele carregava parecia irradiar uma energia opressora, e mesmo apenas estando próximo dele, eu podia sentir a corrupção tentando penetrar minhas defesas. Olhei para Elira, que estava de pé um pouco mais à frente, observando a floresta como se esperasse que algo saltasse de lá a qualquer momento. Ela parecia pequena diante da vastidão ao nosso redor, mas havia algo em sua postura que me fez lemb
Capítulo 74 - "Preparativos Finais” (Narrado por Elira) O vento frio da manhã soprava pelos campos enquanto eu caminhava entre os membros da matilha, observando seus rostos cansados e feridos, mas determinados. O amanhecer deveria trazer esperança, mas à medida que o dia avançava, as sombras não recuavam. Era como se Umbrael estivesse roubando até mesmo a luz do sol, deixando-nos presos em um crepúsculo eterno. Eu parei em frente a todos, sentindo o peso de suas expectativas e medos. Não era apenas a líder deles, era o fio que mantinha tudo unido. Um erro meu, e tudo desabaria. Meu coração batia forte enquanto olhava para Draegon e Thalrik ao meu lado. Eles eram a base do vínculo, assim como eu. Nosso laço nos dava força, mas também nos tornava vulneráveis. Ainda assim, juntos, podíamos enfrentar qualquer coisa. Respirei fundo e comecei a falar. — Sei que estão com medo. Eu também estou. — Minha voz ecoou pelo campo aberto, carr