Ximena estacionou o carro em frente a um café à beira-mar, mas como ainda era cedo, o lugar não havia aberto, e elas permaneceram no carro. O céu começava a clarear aos poucos, com uma leve garoa, permitindo vislumbrar o tom pálido do amanhecer no horizonte. Aproveitando a luz suave que surgia, Ximena virou o rosto para observar Selena, que estava no banco do carona. Seu cabelo estava meio húmido, caindo sobre as roupas encharcadas. O que deveria parecer desleixado, em vez disso, a tornava ainda mais delicada e vulnerável. Selena tinha uma beleza sedutora, com um corpo que exalava sensualidade, sendo características que Ximena, com sua origem em uma família tradicional e intelectual, não possuía. Mas Ximena não se importava. Afinal, usar a beleza para seduzir só atrai por um tempo, não por toda a vida. Ximena estava certa de que um homem como Brandon, com a origem que tinha, escolheria alguém de uma classe social equivalente à sua. Mesmo que não fosse ela, certamente não seria Se
— Então é só pelo dinheiro? — Ximena já a tinha rotulado como uma mulher que se aproveitava dos homens para subir na vida. Selena se sentiu um pouco insultada, mas preferiu não retrucar. Para alcançar um objetivo, ela havia se envolvido com Brandon por três anos. Não era muito diferente de se aproveitar dos homens para subir na vida.Vendo que Selena não respondia, Ximena exibiu uma leve irritação no olhar, mas se conteve, disfarçando sua emoção enquanto baixava o vidro da janela do carro.O vento frio do inverno, como folhas caindo em uma dança, entrou oscilante pela janela aberta, fazendo os longos cachos de Ximena balançarem.Selena, que já estava tremendo de frio, sentiu o vento gelado e, instintivamente, levantou as mãos, abraçando os braços. Ela temia pegar um resfriado, mas, naquela situação, o desejo da noiva de Brandon prevalecia. Ela não tinha escolha senão suportar o vento, tentando aquecer-se com o pouco calor que suas mãos proporcionavam.Ao vê-la encolhida de frio, os l
Naquela manhã fria de inverno, o ar cortante parecia atravessar os ossos. Selena, com o casaco encharcado, caminhava contra o vento gelado.Na sua mente, a imagem de Brandon com um olhar distante persistia, enquanto os comentários sarcásticos de Ximena ecoavam em seus ouvidos.Ela se lembrava de como eles se conheciam desde pequenos, cresceram juntos e, eventualmente, se apaixonaram. Se não fosse assim, como haveria um noivado? Além disso, Brandon cuidava tanto de Ximena que, mesmo antes do casamento, nem sequer a tocava. Ele claramente a valorizava muito.Pensar nisso deixava Selena com uma sensação de vazio, um incômodo leve, mas ela só se permitiu sentir um pouco dessa emoção.Respirou fundo, afastando o desconforto, e pegou o celular para retornar a ligação de Rhys. Queria saber quando ele finalmente a ajudaria a terminar com Brandon.No entanto, Rhys não atendeu, como se estivesse chateado com ela. Selena insistiu várias vezes, sem sucesso.Desistindo, colocou o celular de lado e
Com esse pensamento, as sobrancelhas de Brandon se franziram involuntariamente.Ele pegou o celular, hesitou por um momento e enviou uma mensagem para Selena, pedindo que ela fosse trabalhar. Mas, mesmo após esperar um bom tempo, não obteve resposta. No rosto impecável de Brandon, uma sombra de preocupação começou a surgir, quase imperceptível.— Reunião encerrada.Antes que a reunião fosse concluída, Brandon, impaciente, interrompeu o relatório de um dos funcionários. Em seguida, sem se importar com os olhares surpresos na sala, pegou o celular e saiu apressado.Observando a silhueta alta e imponente de Brandon, que exalava uma aura fria, Bonnie sentiu uma ponta de amargura. Era a primeira vez que Brandon interrompia uma reunião por causa de uma mulher. Isso mostrava o quanto Selena significava para ele.Com o rosto sombrio, Bonnie fechou o laptop e caminhou até a janela, fitando, com frieza, o Koenigsegg que desaparecia rapidamente pela rua abaixo...Brandon dirigiu apressado até o a
Selena, com a febre tão alta que mal conseguia abrir os olhos, tentou erguer as pálpebras, mas foi em vão. Seus ouvidos zumbiam, dificultando distinguir a voz do outro. Contudo, ela entendeu o que ele dizia, e murmurou inconscientemente:— Rhys, é você?O tom suave e delicado dela soou para Brandon como decepção. Ela estava desapontada por quem veio não ser Rhys, mas ele!Brandon sentiu o peito subir e descer descontroladamente. Uma raiva inexplicável começou a ferver dentro dele, fazendo-o apertar ainda mais Selena em seus braços.— O quanto você gosta do Rhys afinal?Mesmo em um estado de semi-inconsciência, a pessoa que alguém ainda lembrava era, provavelmente, aquela que amava profundamente. Brandon, porém, não imaginava que Selena amava Rhys a ponto de pensar nele até com febre alta, sem conseguir esquecê-lo.Selena, cada vez mais confusa, ouviu apenas o nome de Rhys e deduziu que ele havia respondido "sou o Rhys". Sentiu-se segura, então aninhou a cabeça no peito dele, e como fa
Observando aquela silhueta imponente se afastar, os olhos profundos de Rhys foram aos poucos escurecendo de frustração e raiva.Selena acordou de seu torpor na manhã seguinte. A febre havia passado, e ela estava muito mais lúcida, embora ainda tivesse uma agulha no braço conectada ao soro. Seguindo com os olhos o tubo longo da infusão, ela virou a cabeça para o lado e viu Rhys sentado ao lado da cama, com uma mão apoiando o queixo, fingindo estar dormindo.Parecia que ele percebeu o olhar dela, pois abriu lentamente os olhos profundos. Quando viu que Selena estava acordada, o ar sombrio em seus olhos se dissipou.— Está sentindo algum desconforto? — Perguntou ele.Selena balançou a cabeça, enquanto seus olhos automaticamente analisavam o quarto do hospital. Aquele aroma familiar e agradável parecia nunca ter existido, pois nem um traço do cheiro permanecia no ar. Era claro que ela havia se enganado, Brandon nunca viria procurá-la.Com um olhar melancólico, Selena desviou o olhar e se
Esse era o Brandon. Mesmo que ela morresse, ele não se importaria nem um pouco.Selena, sentindo-se desconfortável, pegou o celular e começou a digitar uma longa mensagem cheia de insultos. Antes de enviar, no entanto, foi deletando, palavra por palavra. Estava tudo prestes a acabar, não valia a pena discutir com alguém assim, não fazia sentido.Ela simplesmente respondeu com um [Amanhã eu vou] e colocou o celular de lado, caindo em um sono profundo.No meio da noite, alguém entrou no quarto, ajustou a coberta sobre ela e tocou sua testa. Depois de se certificar de que a febre não tinha voltado, Rhys se levantou com cuidado. Mas antes que ele pudesse sair, o celular ao lado do travesseiro começou a tocar.Com medo de acordá-la, Rhys se virou para silenciar o aparelho, mas ao ver o nome que aparecia na tela, ao invés de desligar, ele atendeu. Colocando o celular no ouvido com uma mão, enquanto a outra descansava no bolso, ouviu uma voz fria e distante do outro lado:— Já que você está d
Ao ver a tela subitamente escurecida, Brandon, furioso e sem ter onde descarregar sua raiva, arremessou o celular com força contra a parede! Enrico, que testemunhou toda a cena, olhou para os pedaços espalhados do aparelho antes de encarar o rosto pálido de fúria de Brandon.— Brandon, por que não dá uma lição no Rhys?Era a primeira vez que Enrico via Brandon perder a paciência dessa forma. Sempre teve a imagem de Brandon como alguém frio, que nunca demonstrava interesse por nada. Entre o grupo deles, ele era o que melhor controlava as emoções. Ver Brandon tão irritado só podia significar que alguém havia ultrapassado todos os limites.Enrico, no entanto, era diferente. Se fosse ele, não teria esperado tanto para reagir, já teria dado um fim no problema. Sem pensar duas vezes, sugeriu:— É só dizer a palavra, que amanhã mesmo reúno os caras, levamos ele para fora do país e resolvemos o problema com uma bala.Brandon, que já havia se forçado a se acalmar, lançou um olhar frio para Enr