O celular tocou por um bom tempo antes que Brandon, reprimindo a saudade, pegasse o aparelho e o colocasse no ouvido.— Brandon. — A voz clara e agradável de Enrico soou rapidamente do outro lado da linha. — Como você está? Se sentindo melhor?Brandon, com uma expressão vazia, respondeu com um leve “hum”.Enrico, ao ouvir o tom de sua voz, percebeu um traço de desânimo. Encostado na varanda, ele segurava o celular com uma mão enquanto acendia um cigarro com a outra.— Você tá chateado?Brandon abaixou as pálpebras pesadas, escondendo a tristeza que transparecia em seus olhos. Ficou em silêncio, com o olhar fixo no chão empoeirado.Enrico, ao perceber o silêncio do amigo, não insistiu no assunto.— O Dedé me disse que você saiu de casa no meio da noite. Ele tá preocupado, pediu pra eu te convencer a voltar logo. Que tal você descansar um pouco? — Enrico ligou preocupado, achando que Brandon poderia estar bêbado e vulnerável depois de sair tão tarde. — Ou me diz onde você tá, que eu vou
— Deixo a questão do voo nas suas mãos.Brandon não disse mais nada, pois nem ele sabia o que estava sentindo. Só tinha certeza de que precisava vê-la. Estava impaciente, queria encontrá-la logo e abraçá-la como nos seus sonhos, trazendo-a de volta.— Fica tranquilo, eu cuido disso. — Respondeu Enrico.Com um simples telefonema, Enrico resolveu a questão do voo.Às 13h10, Brandon embarcou em um jato particular com destino ao México.O pai de Enrico, Tomas Cardoso, tinha alguma influência no México, então ele pediu que um conhecido ajudasse Brandon por lá. Ao chegar, um agente especial já estava à sua espera para verificar os registros de entrada e saída de Selena, além de tentar rastrear o paradeiro dela. No entanto, eles só encontraram o registro de entrada. Quanto ao destino após o desembarque, não havia informações.— Sr. Brandon, nesse tipo de situação, é provável que sua amiga tenha deixado o México em uma embarcação particular.De pé, em frente à mesa de trabalho, Brandon aperto
Ao ver Marcos, Chloe ficou surpresa, e seus olhos, antes apenas úmidos, começaram a se encher de lágrimas.— O que você está fazendo aqui?Ela e Marcos estavam juntos havia quase dez anos, e já deveriam ter se casado há tempos, mas Chloe sempre adiava por causa dos estudos. Há pouco tempo, os dois brigaram por isso, e desde então estavam em uma espécie de guerra fria.Chloe pensou que o orgulhoso Marcos nunca iria procurá-la, mas se surpreendeu ao vê-lo ali, ao lado de Selena, em Nova York. O fato de ele ter trazido flores e uma caixa de presente a deixou emocionada.— Se eu não viesse te ver, acho que a gente já teria terminado. — Disse Marcos, com seu habitual tom firme.Ele vinha de uma família nobre, sempre orgulhoso, enquanto ela, criada em um ambiente intelectual, tinha sua própria dose de altivez. Se nenhum dos dois cedesse, o relacionamento terminaria inevitavelmente em uma separação.Depois de refletir bastante, Marcos decidiu seguir Rhys até Nova York.— Mas eu também estou m
Pelo tom de sua voz, parecia que ele não ficaria muito tempo em Nova York. Então, para onde ele iria? Voltaria para o seu país?Como se tivesse percebido sua dúvida, Rhys inclinou levemente a cabeça em sua direção. Seus olhares se encontraram por um breve momento, antes de se afastarem, sem saber como lidar com a situação. A atmosfera tensa entre eles não passou despercebida por Chloe, que, enquanto lavava a louça, decidiu fazer um comentário.— Luna, ele ainda guarda muita mágoa. Acho que vai voltar para se vingar. Depois... — Ela fez uma pausa e disse, de forma sincera. — É melhor você não se envolver nisso.Selena parou de lavar os pratos por um instante, mas logo continuou, tentando agir naturalmente.— Não teria como me envolver, mesmo que quisesse. Já não sou mais importante para ele.Brandon nunca a amou, então por que se meter de novo?— Que bom. — Suspirou Chloe, aliviada. Enquanto Selena não se envolvesse, pouco importava o que Rhys quisesse fazer. — E tem mais uma coisa: já
— Jayce.Ao ouvir aquela voz suave e familiar, Jayce levantou os olhos lentamente do livro. Seus olhos, que antes estavam opacos, começaram a brilhar ao ver Selena.— Mana, você voltou?Ele, visivelmente emocionado, tentou se levantar da cama, mas uma tontura repentina o atingiu.Ao perceber que ele estava prestes a cair, Selena correu desesperada, mas o homem ao seu lado foi mais rápido. Rhys avançou até Jayce e, com mãos firmes, segurou o jovem e o colocou de volta na cama.— Sua irmã não vai a lugar nenhum, por que tanto entusiasmo?Desde pequeno, Jayce seguia Rhys por toda parte, chamando-o de "irmão", e sempre o obedecia. Ao ouvir Rhys falar, ele rapidamente controlou sua excitação e se deitou novamente, sorrindo para os dois.— Eu não esperava que vocês dois viessem juntos me ver, por isso fiquei um pouco empolgado.O sorriso de Jayce revelava duas covinhas profundas nas laterais de seu rosto, o que o fazia parecer ainda mais amável.Selena adorava ver o sorriso de Jayce. Sempre
Selena cozinhou uma sopa de bacalhau, e Jayce tomou alguns goles a mais do que de costume.Assim que ele terminou de beber, Rhys falou, com uma frieza habitual:— Fica aqui com ele. Eu vou buscar o médico para tirar sangue.A cada três meses, Rhys doava 400 mililitros de sangue, e toda vez isso o deixava um pouco debilitado.Selena, preocupada, colocou a tigela de sopa de lado e se levantou.— Eu vou com você.Rhys ia recusar, mas Jayce se adiantou.— Irmão, deixa a minha irmã te acompanhar.Rhys franziu levemente as sobrancelhas, mas não disse nada. Apenas virou as costas e saiu do quarto.Olhando para aquela figura alta e rígida, mas que emanava uma sensação de distanciamento, Selena respirou fundo antes de segui-lo.Ela pensava que precisavam de uma conversa séria. Tinha que dizer a Rhys que não o amava mais, que ele não precisava manter distância. Se continuassem assim, logo se tornariam completos estranhos.Desde que Rhys doou o rim para ela, sua saúde não era das melhores. E agor
Jayce não perguntou mais nada e ficou quieto, aguardando a transfusão de sangue. Depois que o médico terminou, Jayce, sob o efeito dos sedativos, adormeceu rapidamente.O ambiente estéril do hospital não era adequado para ficar muito tempo, então Rhys e Selena foram embora de carro. No entanto, o carro de Rhys não seguiu o caminho de casa, em vez disso, ele dirigiu em direção à praia.Era o pôr do sol, e os últimos raios de luz, como pedaços espalhados de uma pintura, atravessavam as janelas do carro, iluminando o rosto de Selena. A luz suave destacava até os mínimos pelos em seu rosto.Rhys a observou por um momento, depois abriu o teto solar, deixando a brisa entrar devagar. Sentindo o vento, Selena estendeu os dedos para fora e, satisfeita, os deixou cair suavemente.— Esse era o lugar que mais gostávamos de vir quando éramos crianças. Não acredito que você ainda se lembra.Rhys não respondeu com palavras. Ele pegou uma caixa de cigarros e tirou um.— Eu prometi te levar para viaj
Parecia que Rhys havia tomado sua decisão após uma cuidadosa reflexão, mas isso apenas lhe trouxe dor, tanto que seus dedos estavam doendo.Selena, ao notar a teimosia dele em relação à viagem, ficou um pouco confusa.— Por quê?Rhys respirou fundo, tentando reprimir o amargor em seu peito, jogou fora o cigarro esmagado e ligou o carro.— É uma forma de compensar.Então, Rhys queria compensá-la?Selena não fez mais resistência e desviou o olhar para o pôr do sol. O crepúsculo já havia se dissipado, o sol se pôs e a escuridão começava a se instalar.Como precisava estar sempre de olho em Jayce, Selena não podia viajar para lugares distantes. Optou por passeios em países vizinhos, passando alguns dias aqui e ali, e depois imprimindo as fotos das paisagens para mostrar a Jayce.Jayce também queria viajar e tirar fotos, mas seu estado de saúde não permitia. Ele apenas observava com inveja os dois.— Irmão, da próxima vez, encontre um jeito de me levar junto.O homem, elegantemente sentado