(Ponto de Vista de Serena)— Sinto muito, Serena, achei que você ainda estava no andar de cima. — Ele balbuciou.Eu limpei a garganta. Com as costas ainda voltadas para ele e os olhos fixos na porta, tentei recuperar minha compostura.— Está tudo bem, Bill. Eu só... Não esperava por isso. — Consegui dizer, com a voz ligeiramente trêmula.Houve uma pausa constrangedora, já que nenhum de nós sabia exatamente o que dizer a seguir. Bill foi o primeiro a quebrar o silêncio, com sua voz ecoando ligeiramente pelo ambiente azulejado.— Eu deveria ter trancado a porta. Não achei que você desceria tão cedo.— Eu só ia tomar um banho. — Expliquei. — Acho que vou... esperar até você terminar.Bill rapidamente me tranquilizou, vindo de trás de mim.— Na verdade, já terminei. — Ouvi o som de ele se secando e se vestindo.— Ok. — Respondi, a voz ainda um pouco trêmula. Respirei fundo e finalmente me virei para entrar no chuveiro enquanto Bill se dirigia até a porta. Ele me deu um aceno rápido e const
(Ponto de Vista de Serena)Pisquei mais vezes do que pretendia, tentando me manter calma enquanto continuava comendo. A refeição, que deveria ser agradável, naquele momento parecia uma tarefa árdua. Olhei na direção de Bill e disse:— Sinceramente, não sei por onde começar. Por que você não começa me contando do que se lembra?Bill fez uma pausa, com o garfo a meio caminho do prato enquanto pensava.— Honestamente, está tudo meio borrado. — Começou lentamente. — Eu lembro que conversamos, e as coisas ficaram um pouco intensas, mas os detalhes são confusos. Sei que acabamos ficando mais próximos do que estávamos há um bom tempo.— Mais próximos? — Repeti, tentando parecer casual enquanto mexia com o guardanapo para evitar seu olhar. Ele provavelmente estava falando sobre o beijo. Ele me olhou, tentando ler minha reação. Mas eu mantive os olhos baixos, esperando que não notasse como meu coração estava acelerado.Bill assentiu, percebendo minha hesitação.— Sim, mais próximos. Estávamos c
(Ponto de Vista de Serena)— Obrigada por perguntar, Bill, mas acho que vou lidar com isso sozinha. É algo que estou acostumada a fazer sozinha. — Respondi, tentando suavizar a recusa. — Você não tem trabalho hoje? Não quero atrapalhar sua agenda.Olhei para ele, percebendo que ele não estava disposto a desistir tão facilmente.— De verdade, Serena, não me importo de ir com você. Pode ser bom sair um pouco do escritório. — Insistiu. — Além disso, já avisei à Sarah o que fazer caso eu não consiga ir.Fiquei em silêncio por um momento, considerando a situação. Talvez não fosse tão ruim assim ter o pai do meu filho comigo.— Está bem, você pode me acompanhar, mas com uma condição... — Falei, olhando-o nos olhos para garantir que ele entendessem que eu estava falando sério. — Isso não significa que você virá a todas as consultas de agora em diante. Vamos ver como vai essa ser primeiro, tudo bem?O sorriso que Bill expressou era tão largo que foi contagiante, e apesar das minhas reservas, s
(Ponto de Vista de Bill)A Dra. Sanchez nos conduziu até a sala de ultrassom, onde o suave zumbido da máquina preencheu o ar com uma expectativa palpável. A iluminação estava tênue, fazendo com que a tela à nossa frente fosse a coisa mais brilhante no ambiente. Serena se deitou cuidadosamente na mesa de exame, parecendo um pouco tensa. Eu puxei uma cadeira e me sentei perto dela, com nossas mãos se encontrando imediatamente em um gesto de conforto.— Vamos começar. — Disse a Dra. Sanchez, enquanto aplicava o gel frio na barriga de Serena. Ela pegou a sonda de ultrassom e começou a deslizar sobre a pele de Serena. A tela exibiu linhas onduladas e formas vagas que, aos poucos, começaram a ganhar definição.— Podem observar. — Comentou a Dra. Sanchez, ajustando alguns controles da máquina. O contorno do nosso bebê apareceu, seus pequenos movimentos, ainda fracos, mas inconfundíveis. Uma sensação incrível de admiração me invadiu enquanto eu observava - isso realmente estava acontecendo.Um
(Ponto de Vista de Serena)Eu estava radiante com a notícia do ultrassom sobre o nosso menininho e sugeri a Bill:— Vamos tomar um café e talvez olhar alguns livros?Bill sorriu, sendo um sorriso que mostrava que ele estava tão ansioso quanto eu para prolongar um pouco mais aquele dia.Fomos até a livraria próxima, que tinha um café na entrada. Ao entrarmos, o cheiro familiar de livros e café trouxe um peso confortável ao ar. Pedimos nossas bebidas - o meu naquele momento era descafeinado - e seguimos em direção à seção de paternidade.Bill pegou um livro chamado "Como Proteger Literalmente Tudo para o Bebê" e me deu um olhar brincalhão.— Parece que vou ter que estudar para quando ele estiver conosco. — Disse ele, fazendo-me rir ao imaginar nosso filho cheio de energia explorando o apartamento impecável de Bill.Ele folheou rapidamente o livro e, com um sorriso, me mostrou outro.— Que tal "Piadas de Pai para Todas as Ocasiões"? Preciso estar preparado. — Brincou ele, e eu revirei os
Ponto de Vista de SerenaCalvin nos viu rindo… Eu sabia que tinha visto.Estávamos naquele momento todos parados diante da porta do meu apartamento, como num duelo silencioso. Calvin e Bill se encaravam, com nenhum dos dois disposto a ceder e desviar o olhar primeiro.— Oi, Calvin, que bom... — Comecei, mas então lancei um olhar a Bill. Ele estava com a expressão fechada, impassível. Hesitei, sentindo o desconforto crescer. — ...Te ver. — Completei, por fim.Calvin finalmente desviou os olhos, ignorando completamente a presença de Bill, e se virando para mim. Forçou um sorriso, mas eu enxerguei algo ali, um brilho sombrio por trás daquele gesto.— Oi, Serena. Acabei de sair da loja. Eu tentei te ligar várias vezes, mas você não atendeu. — Comentou.Havia uma rigidez em sua boca que contradizia o tom leve das palavras. Senti um nó se formar no estômago.— Ai, droga! — Exclamei, enquanto revirava a bolsa em busca do celular. Quando o encontrei, a tela estava preta. Sem bateria.Não o tin
Ponto de Vista de SerenaBill agarrou Calvin pela gola da camisa, puxando-o para frente com força. Os olhos de Calvin se arregalaram de surpresa, e ele tropeçou por um instante, tentando recuperar o equilíbrio.Naquele momento, ele parecia genuinamente surpreso, mas logo sua expressão se endureceu. Ele apertou os punhos ao lado do corpo, no entanto não fez nenhum movimento para revidar, com a mandíbula contraída, tensa como uma corda.— Não é uma boa ideia fazer isso agora, Bill. — Disse Calvin, com sua voz firme e desafiadora. Ele encarou Bill diretamente, quase o desafiando.— É mesmo? Então, me provoque para ver. — Rosnou Bill, apertando ainda mais a gola da camisa de Calvin.O rosto de Bill queimava com raiva, onde sua mão apertava a camisa de Calvin a cada respiração. Seus olhos brilhavam com fúria, desafiando Calvin a ser o primeiro a atacar. Calvin não recuou, encarando Bill com um olhar igualmente desafiador. Seus punhos se apertavam e se desfaziam, e seu corpo parecia vibrar c
Ponto de vista de BillEu estava sentado no banco de trás do meu carro, com os olhos perdidos na janela, tentando entender como um dos dias mais felizes da minha vida havia se transformado em um pesadelo completo.Tudo estava indo bem. O check-up do bebê, os planos que estávamos fazendo... Eu achei que Serena e eu finalmente estávamos na mesma sintonia.Mas então Calvin apareceu e destruiu tudo.Será que Serena realmente me traiu dias antes do nosso divórcio? Alguma coisa não cheirava bem. Se tem algo que aprendi durante o nosso casamento, foi nunca confiar nas histórias dos outros antes de ouvir a versão dela.Lembro-me de que ela machucou o tornozelo no dia do jantar. Como ela poderia, de fato, ter se envolvido com alguém nesse estado… Não poderia, certo?Uma coisa eu sei com certeza: Calvin era uma serpente e eu perdi toda a minha admiração por ele.Não conseguia parar de pensar se o bebê era realmente meu. Mas, mesmo sem ter certeza, eu estaria presente por Serena.Agora, só era pr