Não importa o que aquela mulher dissesse, Alana manteve-se com a mesma expressão fria. — Terminou?Ela já tinha ouvido coisas muito mais cruéis e nojentas do que aquilo. Pessoas como Elisa eram todas iguais: acreditavam que, por conta de suas posições sociais, podiam pisar na cabeça dos outros livremente. Alana não via motivo para prolongar a conversa.A resposta indiferente de Alana apenas atiçou ainda mais a raiva de Elisa, que deu um empurrão nela.— Como ousa falar comigo desse jeito? — Disse Elisa, furiosa.Acompanhando a ação, uma das amigas de Elisa acrescentou:— Você sabe quem está na sua frente? Esta é a Srta. Elisa, filha do dono da Gloria Time.Gloria Time?Era uma empresa de entretenimento extremamente conhecida, com influência ainda maior do que a da família Arruda. Não era de se surpreender que Elisa tivesse tanta arrogância.Alana riu de si mesma e respondeu:— Eu sou apenas uma professora universitária de psicologia. Como eu poderia conhecer alguém tão importante qua
— Se a Srta. Elisa e as outras duas senhoritas continuarem espalhando boatos ou falando absurdos, vou ter que pedir que vocês se retirem. — Disse Murilo, com frieza.— Vamos embora. — Elisa respondeu, com o rosto fechado, e saiu apressada, seguida pelas amigas. Alana continuava com a cabeça baixa. Ela não sabia como reagir diante de Murilo, muito menos como lidar com a frase que ele havia dito há pouco. Seus olhos fixavam a barra do vestido, os bicos dos sapatos, enquanto tentava organizar seus pensamentos. — Por pouco isso não virou um problema maior. Você está bem? — Perguntou Murilo, em um tom gentil. Vendo que Alana não respondia, ele chamou novamente: — Alana? — Ah? Estou ouvindo, eu estou bem. — Respondeu ela, distraída, como se nem tivesse realmente processado a pergunta. Dentro de seu peito, um emaranhado confuso de pensamentos se formava, enrolando-se cada vez mais. Quanto mais ela pensava, mais complicada parecia a situação. Afinal, o que Murilo queria dizer? —
— O Sr. Murilo também dança muito bem. — Respondeu Alana.— E a Ayla? — Perguntou Murilo.— Ela não estava se sentindo bem mais cedo, então levei-a para o andar de cima. Pensei em trazê-la de volta quando a festa começasse, mas ela acabou dormindo, então desci sozinha. — Explicou Alana, lembrando-se imediatamente do incidente de mais cedo.O rosto de Murilo ficou tomado por uma expressão de preocupação.— Eu pensei que ela já não tivesse mais medo.— Antes ela estava mais estável, mas hoje havia muitas pessoas, e isso a deixou muito nervosa. — Explicou Alana, ciente de que Ayla ainda era muito sensível.Murilo olhou para ela, com os cílios grossos piscando lentamente.— Eu gostei muito do presente.Ele também notou, satisfeito, que Alana usava a pulseira que ele havia lhe dado.— Você já disse isso.— Mas eu queria dizer de novo.Quando a música terminou, Murilo segurou a mão de Alana e a conduziu para fora da pista de dança. Mesmo assim, Alana sentiu que os olhares das outras mulheres
Naquela noite, a família Arruda não teve paz. Tudo começou quando Isadora ouviu um rumor. Ela rapidamente virou a tela do celular para os três que estavam sentados à mesa de jantar. — Mãe! Irmão, cunhada, olhem isso!Na tela, aparecia um homem e uma mulher dançando. Eles estavam próximos, os movimentos sincronizados, e a barra do vestido da mulher esvoaçava com os giros. Ao redor deles, havia várias pessoas também dançando. Mas Diego, com apenas um olhar, reconheceu Alana e Murilo. A mão de Diego, que segurava o garfo, tremeu levemente, mas ele nada disse. Apenas tomou um gole de sopa em silêncio. Telma, que observava a expressão dele, comentou, pensativa:— Isso não é nenhuma novidade. Esses dois vivem grudados um no outro. Luana, irritada, jogou os talheres sobre a mesa com um estrondo e bufou:— Eu sempre disse que Alana não presta! Você se divorciou dela há tão pouco tempo, e ela já está aos amassos com Murilo da família Coelho! E ainda assim, você nunca acreditou que ela
Diego, levado por um impulso inexplicável, passou por Alana sem sequer olhar para ela e foi direto em direção a Telma. Durante a dança, ele viu de relance o olhar de desapontamento de Alana, que parecia esperar algo dele. Mesmo assim, ele evitou qualquer contato, como sempre fazia. Na verdade, Diego nunca havia convidado Alana para dançar, mesmo quando eram casados.Agora, olhando para a foto no celular, ele viu uma Alana radiante, vestindo aquele elegante vestido preto de veludo que realçava suas curvas de forma perfeita. Porém, o detalhe que mais o incomodava era a mão de outro homem segurando a cintura dela.— Diego? Diego, no que você está pensando? — A voz insistente de Telma o trouxe de volta à realidade.Diego piscou, confuso, e lançou um olhar surpreso para Telma.— O que foi?— Eu disse para você acalmar sua mãe.Diego olhou para Luana, que o encarava com raiva.— Mãe, eu não vou fazer isso.Luana bufou de indignação.— Dizer tudo isso aqui não adianta nada! Se você realmente
Ayla sempre achava que alguém estava tentando machucá-la. Para ela, todos pareciam inimigos. Por isso, Alana tinha certeza de que o sequestro não era algo tão simples assim.— Depois que Ayla foi sequestrada, eu a procurei por muito tempo. Quando finalmente a encontrei, ela estava daquele jeito, como no dia em que teve a crise, completamente fora de si. Ela nem sequer me reconhecia, parecia ter enlouquecido. Foram dias de desespero. Todas as noites ela chorava de medo. — Disse Murilo, com a voz carregada de melancolia.Alana franziu levemente as sobrancelhas, preocupada:— Mas o que aconteceu exatamente? Será que Ayla...Murilo deu um sorriso amargo, interrompendo os pensamentos de Alana:— Não, não foi isso. Ela não sofreu nenhum abuso. Mas ela viu coisas horríveis. Pessoas sendo torturadas, ouviu gritos de dor e desespero, e viu muito sangue. O chão estava coberto de sangue. Ela contou ao psicólogo que, toda vez que fechava os olhos, tudo o que via era vermelho. Para ela, o mundo int
Dominado pelo impulso, Diego já havia esquecido completamente de Luana e Telma. Sem pensar duas vezes, ele subiu correndo as escadas do prédio e começou a bater com força na porta do apartamento de Alana.Alana estava no banheiro, retirando a maquiagem. Nem mesmo havia trocado de roupa quando ouviu as batidas insistentes na porta. Era tarde da noite, e ela se perguntou se poderia ser Murilo. Mas ele não tinha acabado de ir embora? Intrigada, ela olhou pelo olho mágico e viu Diego parado ali.Ela fechou o olho mágico imediatamente e optou por ignorá-lo. No entanto, as batidas na porta ficaram mais altas e constantes. Irritada, Alana abriu a porta de repente.— Diego, você está maluco? O que você está fazendo na minha casa a essa hora da noite? — Por que o Murilo te trouxe para casa? Que tipo de relação vocês têm? Você gosta dele? — Perguntou Diego, como um louco, disparando as perguntas uma atrás da outra. Alana respondeu com frieza: — O que isso tem a ver com você? Nós já estamos
Telma falou, aflita:— Agora há pouco, os policiais vieram aqui e levaram Diego. Disseram que ele invadiu uma propriedade privada!— Como assim? Diego não estava em casa o tempo inteiro? Como ele poderia ter invadido alguma coisa? — Perguntou Luana, confusa.— Depois do jantar, Diego ficou estranho, parecia perdido em pensamentos. Por volta das onze horas, ele saiu sozinho. Eu perguntei aonde ele ia, mas ele não me respondeu. — Disse Telma, lembrando-se do estado desorientado em que ele estava antes de sair. De repente, uma suspeita surgiu em sua mente. Será que ele foi...? Na UNIVERSIDADE TURMAN Alana recebeu um e-mail de Renata, uma psicóloga dos Estados Unidos. Desde que Renata havia lido um artigo de Alana, elas mantinham contato por e-mail, discutindo pesquisas e estudos na área da psicologia. O e-mail desta vez era sobre a publicação do artigo de Alana. Renata acreditava que o trabalho dela poderia ser publicado diretamente em uma revista científica de psicologia. Alana j