Lauren levantou os olhos e viu o senhor Lagarde. Ela puxou Oliver para mais perto dela. — Quem é essa criança adorável? — Meu filho — Lauren respondeu, mantendo o semblante sério, mas não hostil. — Oh, eu não sabia que a senhora era casada! — ele ficou sorridente, mas Oliver franziu a testa. — A mamãe não é casada — ele disse e o mais velho levantou as sobrancelhas, antes de limpar a garganta, sem graça. — Perdão, senhorita Laurent. Não quis ser indelicado. — Não há problema — ela falou e engoliu em seco. — Com licença, senhor Lagarde. Ele apenas fez uma reverência, ficando parado, enquanto Lauren tirava Oliver dali. Assim que voltaram para a papelaria, ela se abaixou e ficou de frente para a criança. — Por que saiu da loja? — ela perguntou e Oliver olhou para baixo. — Oliver, responda! — É que… eu vi aquele senhor. — Que senhor? — Aquele do aeroporto — Oliver disse e o sangue nas veias de Lauren esfriou na mesma hora. Ela sentiu a garganta seca, mas tentou sorrir e disfarç
— Em outro momento, senhor Lancaster — ela falou e Damian olhou para a criança. Ele se inclinou para o menino. — Qual o seu nome, rapaz? Oliver arregalou os olhos e virou a cabeça para cima, para a mãe. Ela deu um breve aceno. Lauren estava apavorada. — Oliver Laurent — ele falou e Lauren sorriu internamente. Ela era grata por Oliver ser um menino esperto. — Oliver… Quantos anos você tem, Oliver? — o menino levantou os dedinhos. — Três?— E meio! — ele falou, nervoso. Lauren tinha dito a ele para, caso algum estranho perguntasse, ele dissesse que tinha três anos e meio, alguns meses a menos do que realmente tinha. Damian franziu a testa, decepcionado, mas sorriu em seguida e se endireitou. — Jantar, hoje. — Não — Lauren rebateu. — Como o senhor pode ver, eu não tenho todo esse tempo livre, senhor Lancaster. Agora, se nos der licença, preciso pagar a conta e ir embora.— A conta já está paga — ele disse como se não fosse nada e Lauren não gostou. — Passe a sua conta, por favor
— É que… eu estou na casa de uma amiga. Não estou em casa. — Onde é? — Senhor Lancaster! Não pode esperar até amanhã? Seria rude de minha parte sair assim! Oliver já está dormindo! — Basta descer. Vai ser rápido. “Esse homem…!”— Amanhã. — Almoço — Damian sorriu. — É sobre trabalho. Lauren apertou o aparelho. — Muito bem. Amanhã podemos almoçar no ateliê. Meio dia em ponto. — Estarei lá. Boa noite, senhorita Laurent. E ele desligou. Lauren soltou um suspiro. — Droga, Damian, você não pode me deixar em paz nem depois do divórcio?! Já passaram cinco anos! Até a vontade de tomar o chocolate quente tinha passado! No dia seguinte, Lauren estava com um humor não muito bom. Ela chegou ao ateliê e foi para o escritório. Oliver ficou com a babá, enquanto Emma já estava trabalhando. — Que bicho te mordeu? Isso foi pelo jantar de ontem? — Emma questionou, olhando por cima do computador. Lauren jogou a bolsa em cima do pequeno sofá e sentou-se na própria cadeira. — Ele quer almoçar
— Algum problema, senhor Lancaster? — Lauren perguntou, piscando os olhos inocentemente. Damian puxou a gravata, como se estivesse incomodado. — Não lhe agrada? Por dentro, Lauren estava achando graça. Damian odiava frutos do mar, como lula e polvo. E ela fez questão de pedir exatamente esse tipo de comida. Ela sabia que era rude, afinal, o homem podia ser alérgico, se ela não o conhecesse. Mas ela sabia que ele não era. Apenas sentia nojo. Camarões ele comia, assim como peixe, porém, aqueles dois itens na mesa. — Me falaram que esse restaurante é muito bom e esses pratos são as especialidades deles! — ela disse, alegremente. Damian estava sentindo-se sufocado. Ele não era do tipo de reclamar da comida, porém, ele tinha alguns limites e o que estava disposta na mesa era demais para ele. — Entendo — ele sorriu fracamente. Lauren saberia que ele não comia aquelas coisas! Ele lançou um olhar e podia jurar que tinha divertimento no olhar de René. — A senhorita quem escolheu? — Não. N
Lauren limpou a garganta. — Por favor, o que o senhor está dizendo? — ela reclamou e olhou para o próprio prato, antes de levantar o olhar para o homem. — Não respondeu a minha pergunta. Ela sabia que era arriscado perguntar coisas pessoais. Ela mesma o recriminou, e agora, estava ali, sendo enxerida. Damian passou a língua pelos próprios lábios levemente carnudos. — Não posso cortejar uma pessoa que eu não sei onde está — Damian falou, amargo. — Ela sumiu depois do divórcio.— O senhor fez algo muito ruim para que ela tomasse chá de sumiço? Ele sabia que René o estava cutucando, o estava testando. — Fui babaca. Um imbecil. Agi com imaturidade e acabei me dando muito tarde que ela era a mulher da minha vida — ele bebeu o vinho. — Mas eu não desisti e, quando a encontrar, não a deixarei ir. Lauren acabou rindo e Damian ficou sério. — Desculpe, é que… o senhor fala como se ela estar com o senhor dependesse apenas da sua própria vontade! — Ela me ama. — Amava. — Ama! — ele ins
Lauren arregalou os olhos, sentindo o coração quase saindo do peito, de tão rápido que estava batendo. Pra que continuar mentindo para ela mesma? Ela era apaixonada por Damian, mesmo depois de tudo, mesmo depois de cinco anos longe do homem. Ele era, para ela, o homem mais lindo do mundo — Oliver entrava junto, e os dois eram cópias —, com os traços perfeitos. A mãe de Damian era asiática e isso conferiu a ele um olhar diferente. Lauren amava se perder naqueles olhos quando eles a encaravam daquela maneira, cheio de promessas e de desejos. Quando ele se inclinou, o olhar fixo nos lábios dela, ela sabia o que ele faria. Damian a encarou e René estava com as pupilas mais do que dilatadas. Ela o queria e ele sabia daquilo. A forma como os lábios dela se separaram, como ela suspirou, puxando o ar e esperando pelo inevitável. No entanto, algo lá no fundo da mente dele dizia que, se ele a beijasse, ele estaria colocando tudo a perder! Ele colocou uma mecha de cabelo de René atrás da orel
Já tomada banho e vestida, Lauren saiu do quarto e se deparou com uma mesa repleta de comida. — Uau! Vamos ter uma festa aqui e eu não fui avisada? — ela perguntou, olhando cada um dos pratos e congelando. Damian estava sentado à mesa e sorriu ao ver a expressão de surpresa feliz mudar para uma de incredulidade e, então, pavor. Lauren detestava carne de porco, bem como ovas de peixes. A primeira, ela ainda conseguia engolir, mas a segunda… Ela empalideceu ao ver aqueles itens ali, de formas diferentes, mas tudo do mesmo. Repolho, acelga… saladas com MUITA cebola crua! Laure queria chorar.— Tudo bem, senhorita Laurent? — Damian perguntou e ela o olhou, sentindo medo. Ele sabia? Damian sabia, não é mesmo? Ele sabia que ela era Lauren e não René! Ele estava devolvendo a gentileza dela! “Desgraçado! E eu pensando que ainda o amava! Retiro, retiro isso! Eu o odeio, Damian Lancaster! Como se atreve!”Damian percebeu as raízes dos cabelos de Lauren ficando vermelhas e ele sorriu ainda m
Lauren limpou a garganta. — Ele… ele não soube que eu estava grávida — Lauren deu um sorriso sem graça e Damian percebeu que ele queria encerrar o assunto. — Ele morreu, senhor Lancaster. Não éramos casados quando Oliver nasceu. Portanto, Oliver tem o meu sobrenome, e é filho apenas meu. Damian queria perguntar por que ela não procurou a família do marido, no entanto, pela forma como René estava desconfortável, ele preferiu não prolongar. — Compreendo. Eu sinto muito. — Eu também — ela respondeu e suspirou. — Bom, vamos pedir? Eu estou realmente com fome. — Claro! — Damian voltou a olhar para o menu e, assim que René afirmou saber o que queria, ele fez sinal ao garçom e logo, os pedidos foram feitos. — Eu não tenho filhos, senhorita Laurent. Não quero ser intrometido demais, porém, gostaria de convidar a senhorita e o Oliver para uma tarde na Mansão. Meu avô já é idoso e não anda muito bem de saúde. Ele ficaria muito contente em ter um pequeno por perto. Lauren sabia que aquilo