Lucas ligou no meio da noite. Afonso já estava em sono profundo. Kira, por outro lado, ainda não tinha conseguido dormir; virava de um lado para o outro, inquieta. Quando ouviu o zumbido do celular no silêncio, tomou um susto.O celular de Afonso estava carregando em cima do móvel da sala. Ela levantou-se rapidamente, vestiu um casaco e foi até o telefone. No visor, apareceu o nome: Lucas.Ao ver aquilo, foi como se tivesse tocado em ferro quente; deixou o celular cair no chão. O aparelho bateu no assoalho de madeira, sem danos, e continuou a tocar.Kira rapidamente o pegou do chão, indecisa se deveria desligar ou ignorar a chamada. Desligá-lo parecia atitude suspeita, e deixá-lo tocando, irresponsável. Após hesitar por alguns segundos, decidiu atender.A voz fria de Lucas atravessou o telefone:— Mestre Afonso, o que aconteceu com Camila hoje no Pavilhão Antiga?Kira fez uma pausa, organizando as palavras com cuidado. Respondeu suavemente:— Ah, Lucas! Afonso já está dormindo há horas
A coincidência era um pouco demais. Parecia cronometrado, como se alguém quisesse destruir provas.O assistente sentiu uma desconfiança crescer. Ele perguntou ao funcionário da loja:— Os monitores de vocês costumam quebrar?O rapaz balançou a cabeça:— Raramente. Teve um problema na primavera do ano retrasado, mas depois que consertaram, nunca mais deu defeito.O assistente ligou para Lucas e relatou o que estava acontecendo.Lucas soltou uma risada fria. A princípio, ele suspeitava que alguém estivesse tentando prejudicar Camila. Agora, essa certeza se consolidava: alguém queria fazer mal a ela. Quebrar os monitores provavelmente era para apagar as provas. Lucas disse com uma voz fria:— Chame a polícia agora mesmo. Exijo que tudo seja investigado a fundo e o mais rápido possível.— Certo, vou ligar já.Lucas murmurou uma resposta e desligou o telefone.O assistente olhou para Afonso e disse:— Mestre Afonso, o Sr. Lucas pediu para chamar a polícia. Tudo bem para o senhor?Afonso, v
— Está bem, eu prometo a você. — Respondeu Lucas e seus olhos profundos de Lucas fixaram-se em Camila com uma calma intensa.Com firmeza e um toque de ternura, Lucas disse:— Seja forte, você precisa aguentar.Camila segurou firme na lateral da mesa de exames, mordendo o lábio enquanto assentia levemente. Sua fragilidade contrastava com a coragem que tentava demonstrar, deixando Lucas ainda mais comovido. Ele a encarou por um longo instante, como se depositasse todas as esperanças nela. Logo depois, respirou fundo e saiu, receoso de que, se ficasse mais um minuto ali, não teria coragem de deixá-la.Do lado de fora, após remover a vestimenta de isolamento, Lucas ligou para o assistente:— A polícia já tem previsão de quando terá resultados?O assistente olhou o relógio, depois lançou um olhar rápido aos policiais trabalhando no local:— Ainda precisamos que os funcionários da loja compareçam para verificar as impressões digitais e as pegadas. Além disso, o copo usado pela senhora precis
A monitoria estava destruída. O lixo, despejado. Aqueles restos de chá de frutas eram a única pista importante para resolver o caso.Edgar colocou uma máscara e luvas e começou a vasculhar o lixo. Os outros, segurando o fedor do lixo, procuravam apressadamente. Por fim, antes de o caminhão de lixo passar, encontraram o saco com os restos de chá.Para sorte deles, havia poucas coisas dentro. Além de papéis velhos, só uma pilha de resíduos vermelhos e roxos do chá.Edgar separou o papel e entregou o chá ao colega:— Leve para o laboratório e garanta que o resultado esteja pronto antes do meio-dia.— Certo. — Respondeu o colega.No caminho de volta à loja, Afonso contou todos os detalhes sobre o chá de frutas, sem omitir nada. Edgar anotou tudo e esperaria os resultados dos exames para organizar os próximos passos da investigação. Como a situação era grave, o Pavilhão Antiga ficaria interditado por alguns dias, até que o caso fosse esclarecido, para só então reabrir normalmente.Depois qu
No hospital, com o amanhecer, Camila já havia saído do perigo. Estava deitada no quarto, recebendo medicamentos para segurar a gravidez por via intravenosa.Devido ao efeito da medicação, seu coração batia acelerado, e a respiração estava mais rápida, quase lhe faltando o ar. Para não preocupar Lucas, ela se esforçava para manter-se calma, deitada em silêncio.Precisaria permanecer no hospital, recebendo o medicamento até que os exames mostrassem resultados favoráveis e pudesse ter alta. Mas, pelo menos, o maior perigo já tinha passado. Ambos soltaram um suspiro de alívio, especialmente Lucas. O bebê estava salvo. E sua Camila também.Sentindo fome, Camila pediu canja. Lucas logo enviou alguém para buscar. Quando a canja chegou, ele provou primeiro, certificando-se de que não havia veneno, antes de pegar a colher e alimentá-la.— Eu mesma posso. — Disse Camila, tentando se erguer e pegar a tigela.Ela nunca foi do tipo que esperava ser servida. Desde pequena, estava acostumada a enfren
Camila estava profundamente adormecida, obviamente incapaz de ouvir qualquer coisa ao seu redor. Lucas levantou-se e saiu do quarto com passos decididos, fechando a porta atrás de si. Ele deu ordens aos dois seguranças do lado de fora:— Cuidem bem da Camila. Se ela perder um único fio de cabelo, vão se acabar.Desde o incidente no Bairro Alto, os seguranças nunca mais ousaram relaxar. Responderam em uníssono, com firmeza:— Pode deixar, Sr. Lucas. Não se preocupe.Lucas deixou o hospital e seguiu com seu assistente em direção à mansão da família Rodrigues. No caminho, ele discutiu a estratégia com Edgar. Quando passaram pelo Grupo Miranda, Lucas ligou para Chloe, que, embora relutante e consciente da gravidade da situação, sabia que não tinha outra escolha a não ser cooperar.Com um grupo robusto, a policial chegou à mansão da família Rodrigues. Assim que entraram pelos portões, encontraram Kira ajoelhada no chão, agarrada à perna de Afonso e chorando desesperadamente. Entre lágrimas
Lucas disse com frieza:— Vamos fazer do jeito que combinamos antes.— Certo, Lucas. — Respondeu Chloe.Chloe acelerou os passos e alcançou Kira. De repente, levantou a mão e desferiu um tapa em seu rosto. Kira ficou atônita com o golpe, sentindo a pele arder.— Chloe, por que você está me batendo? — Perguntou Kira, incrédula, segurando o rosto.Chloe, com os olhos cheios de lágrimas, respondeu:— Desculpa, vovó. Lucas disse que, se eu fizesse isso, eles não vão te processar. Se eles não te processarem, você não vai para a prisão. Estou fazendo isso por você.Kira mal teve tempo de reagir, pois Chloe desferiu outro tapa com força, lembrando-se do aviso de Lucas no caminho: “Bate forte, ou não vai valer”.Lucas estava ali, observando tudo de perto, e ela sabia que não podia fingir.Com o rosto já inchado, Kira sentiu uma dor aguda que quase lhe fez chorar. Ela tentou escapar, mas foi imediatamente bloqueada pelos seguranças de Lucas.— Vovó, colabora comigo, por favor. — Implorou Chloe,
Edgar se aproximou de Kira, que estava completamente desnorteada, e disse:— Sra. Kira, por favor, venha connosco.Kira balançou a cabeça, recusando:— Não fui eu! Vocês não podem me prender!Quase todos os detidos sempre tinham a mesma reação. Edgar já estava acostumado com isso. Com uma voz firme e segura, explicou:— Seu motorista procurou a faxineira do Pavilhão Antiga para pedir que ela fizesse um serviço. Ela ficou com medo de se meter em confusão e, enquanto vocês conversavam, gravou tudo pelo celular. A gravação mostra seu motorista explicando como sabotar o monitoramento do estabelecimento. Já o detivemos, e ele confessou tudo. Temos provas e testemunhas. Em consideração ao Sr. Afonso, estamos lhe dando a chance de sair sem algemas. Assim que entrar no carro, as colocaremos.Ao ouvir que seu motorista também fora preso, o rosto de Kira, coberto de marcas de arranhões e sangue, se transformou em uma expressão de desespero. Silenciosa, ela seguiu Edgar para fora da casa da famíl