Duas horas depois, Camila e Vanessa desembarcaram do avião junto com o restante da equipe. Alguém já os aguardava no aeroporto para buscá-los. O grupo embarcou em um carro, que sacolejava pelas estradas até chegar ao Bairro Alto, uma antiga cidade no noroeste. A tumba estava localizada ao pé de uma montanha atrás da vila, uma região onde muitos túmulos antigos haviam sido descobertos. A montanha do Bairro Alto ficava cercada por outras colinas, e em sua frente se estendia um enorme lago. Apesar da localização remota, era um lugar de grande valor no que diz respeito ao feng shui, uma terra abençoada. Guiadas pelos responsáveis, Camila e Vanessa se dirigiram à área próxima ao túmulo antigo, situada no Bairro Alto. O local era isolado, deserto, com poucos sinais de vida humana. A tumba já estava parcialmente escavada. O líder dessa missão arqueológica era o renomado historiador e arqueólogo contemporâneo, o Professor Domingos. Ele e sua equipe caminharam até elas para dar
Os antigos possuíam uma sabedoria que é difícil para as gerações futuras superarem. Vanessa, ao observar os murais, suspirou com pesar: — A Srta. Camila tem uma memória melhor que uma câmera. Ela olha uma vez e já consegue lembrar de tudo, reproduzindo igualzinho. Deviam ter chamado ela antes. Domingos, ao ouvir isso, teve um brilho de aprovação nos olhos e elogiou: — Desde sempre, os heróis surgem na juventude. A sua geração está cheia de talentos. Vanessa ergueu as sobrancelhas com orgulho: — Claro! A Srta. Camila é um gênio que só aparece a cada cem anos. Camila deu um leve empurrão com o cotovelo em Vanessa, sugerindo que ela falasse menos. Vanessa imediatamente fechou a boca. Camila, humildemente, disse a Domingos: — De forma alguma. Ainda somos muito jovens e inexperientes. Precisamos aprender muito com os mais velhos, como você. Domingos deu uma risada alta e perguntou: — Ouvi dizer que você é neta do Sr. José? — Sim. — Ele era uma figura lendária. Co
Ninguém ousava fazer barulho, com medo de atrapalhá-la. Era como se, em um piscar de olhos, as cores da pintura de seda tivessem desaparecido. Domingos virou a cabeça e olhou para Camila, com uma expressão interrogativa. Camila assentiu: — Já está, também memorizei as cores das roupas. Domingos soltou um suspiro de alívio, entregando a pintura de seda ao assistente e disse: — Antes, quando Vanessa me disse que sua memória era melhor que uma câmera, eu não acreditei. Agora vejo que sempre há uma geração mais talentosa que a anterior. Camila sorriu: — Espere até eu restaurar a pintura, só depois me elogie. — Eu confio em você. Aquela pintura a óleo que está no museu, você restaurou perfeitamente. —Disse Domingos— Está exagerando. Camila então se preparou para restaurar a pintura de seda. Como precisava de silêncio absoluto, foi acomodada na pousada da vila. Os outros membros da equipe arqueológica, ou dormiam em barracas ou nas casas dos aldeões. Camila e sua equip
Camila apressou-se em pegar o casaco e vesti-lo, pulou da cama e foi acender a luz. O clarão repentino iluminou o quarto, revelando todos ali presentes. Camila, ainda ofegante, viu claramente o homem que a havia atacado. Era um sujeito de rosto rude, pele escura, corpo robusto e aparência feia. Pelas roupas, parecia ser alguém da região. O homem que pressionava uma arma contra a nuca do agressor tinha pele morena, cabelo curto e uma expressão fria e severa. Usava uma jaqueta preta estilosa, e suas pernas longas e fortes faziam dele uma figura imponente. Era Pedro Souza. Camila apressadamente ajeitou o casaco, fechou os botões e passou a mão pelos cabelos bagunçados. Depois de se recompor, perguntou: — Sr. Pedro, o que faz aqui? — Vim encontrar um cliente. Camila se mostrou surpresa: — Você aqui para ver um cliente? — Sim, vim pegar uma antiguidade. — Respondeu Pedro com um tom tranquilo, enquanto movia a arma para a têmpora do agressor e, com uma voz firme, pergunto
Pedro Souza tinha batido com tanta força que a face do colega ficou inchada e vermelha. Aquilo não parecia um tapa, mas sim um martelo. Pedro Souza agarrou João pela camisa e o empurrou para fora da porta. — Anda, vamos para a delegacia! Ele estava determinado a descobrir se alguém havia mandado João e quem seria essa pessoa. Ir à delegacia significava que seria necessário abrir um boletim de ocorrência. Camila, sendo a vítima, precisava acompanhá-los. Como a pintura antiga na casa era muito valiosa, ela telefonou para um membro da equipe de arqueologia para que viesse cuidar da segurança. Todos saíram em direção à delegacia da cidade no meio da noite. Pedro Souza empurrou João para dentro do saguão e, com o rosto fechado, disse ao policial de plantão: — Verifique se esse sujeito tem antecedentes criminais. João era da região. O vilarejo era pequeno, e quase todo mundo tinha algum grau de parentesco. Ao ver os policiais, João parecia perder o medo. Ele resolveu se
— Fala! Quem te mandou? Pedro Souza segurava o pescoço de João, sua voz transbordava fúria.João, com o rosto todo coberto de sangue, mal conseguia disfarçar a dor, tremendo:— N-não... não tem ninguém... Se tivesse, eu já teria falado. Pode me matar, mas... não vou conseguir dizer nada porque... não tem ninguém.Pedro Souza, percebendo que João não cederia de jeito nenhum, achou melhor parar antes que o matasse. Ele então ordenou ao policial:— Verifique o histórico de chamadas dele e com quem ele tem se encontrado ultimamente.O policial respondeu prontamente:— Sim, claro, vamos começar a investigar isso agora mesmo.Ao terminar de falar, o policial se deu conta: “por que estava acatando as ordens de Pedro Souza?” Mesmo ele sendo ex-membro da Equipa Leão, isso era lá fora, não no Brasil. Não tinha ligação alguma. Mas ele preferiu não questionar muito. Aqueles homens tinham uma presença intimidadora, pareciam vir de uma grande cidade, com um passado poderoso. Não era alguém que ele,
Ao ouvir ser chamada de forma tão formal, Camila ainda não conseguia se acostumar e respondeu educadamente:— Obrigada, vá descansar agora, você merece.— Não foi nada. A senhora também descanse bem. — Respondeu ele antes de se afastar.Camila pegou a chave na bolsa, pronta para abrir a porta, mas percebeu que a porta, que deveria estar trancada, agora estava aberta.Alguém tinha entrado. Seu coração gelou, e instintivamente ficou preocupada com o pergaminho que tinha deixado lá dentro. Rapidamente empurrou a porta.Ao ver a cena, ficou paralisada.Dentro do quarto, estavam três homens grandes. Sentado no sofá simples, encostado na parede, estava um homem incrivelmente bonito e imponente, com dois seguranças ao seu lado.Lucas estava ali!Camila mal podia acreditar no que via. Mais cedo, depois do jantar, ela tinha ligado para ele. Na ocasião, ele não mencionou nada sobre vir, apenas recomendou que ela não ficasse acordada até tarde e fosse descansar cedo.Quem diria que ele pegaria um
O segurança levou mais um tapa pesado. Ele cambaleou alguns passos para trás, quase caindo. O lado do rosto imediatamente inchou, deixando marcas claras de cinco dedos, agora simétricas com o outro lado.O olhar de Lucas estava sombrio, e ele gritou com raiva:— Eu mandei vocês protegerem a Camila, e é assim que vocês protegem? Algo acontece, e vocês não me avisam na hora! Ainda têm a ousadia de mentir pra mim! Bando de inúteis!Já fazia muito tempo que ele não perdia a calma dessa maneira. Seu rosto bonito estava tão carregado que parecia mais sombrio. A pressão ao seu redor era sufocante.O silêncio tomou conta da sala. Ninguém ousava respirar mais fundo.O segurança, finalmente recuperado do choque, começou a bater em si mesmo, alternando os tapas entre as bochechas, sem se importar com a dor. O som dos tapas ecoava pelo ambiente.— Sr. Lucas, eu errei. — Disse ele, entre os tapas. — Não deveria ter descido pra comprar cigarro. Foram só alguns minutos, e a senhora quase foi atacada.