O Porto de Baydenn era a segunda cidade mais populosa do Império Roveaven, justamente por ser o lar dos mercadores. Por causa do porto que sempre envia e recebe produtos de outros reinos com quem o Império tem acordos, muitos mercadores escolheram tornar a cidade o seu centro comercial. Com isso, se era vontade de alguém fazer compras ou conseguir algum material bruto para criar algo, Baydenn sempre seria o primeiro local a ser visitado.E para chegar lá… bem, Lucian experimentou algo tão torturante quanto viajar longas horas dentro de um carro.Eles demoraram cerca de três dias dentro da carruagem para chegar na cidade portuária. O caminho não foi tão suave, o que fez o príncipe sentir falta de uma estrada asfaltada. A carruagem balançou tanto, que mesmo os assentos acolchoados com o melhor material foram insuficientes para impedir a bunda magra de Lucian de doer.Ao menos ele conseguiu descansar no almoço e à noite, quando Magnus parou em pequenas cidades para se hospedar em pousada
O centro comercial do porto era agitado e barulhento. Vendedores gritavam ofertando os seus produtos e capturando a atenção dos turistas. O cheiro de comida vindo das barracas também eram fortes competidores pela atenção. Além disso, os produtos vendidos eram lindos e chamativos, tornando justificável tamanha demanda.Lucian se divertiu zanzando entre as lojas e vendo o que era exibido nas bancas e vitrines. As peças de roupas, por si só, eram atraentes como se lançasse uma nova moda. As lojas de acessórios e de armas também eram as mais visitadas, ao ponto de algumas mostrarem os seus ferreiros trabalhando diligentemente ao forjar espadas e demais armas para cavaleiros.— Minha nossa! — Lucian suspirou ao assistir o ferreiro martelar sobre o ferro quente.Simplesmente era impossível não se encantar, e também muito difícil não ceder à tentação de gastar algumas moedas de ouro em bugigangas. Lucian até queria comprar alguma lembrancinha da sua excelente lua de mel. O problema era que t
O pequeno vilarejo de Sonterne ficava a algumas horas de carruagem do Porto de Baydenn. Lucian não estava animado por ter que passar um tempo sentado na carruagem, torturando o seu pobre traseiro, mas não tinha escolha se o objetivo era verificar a sua mina de diamante.De certa forma a ansiedade de ver uma mina de verdade o deixou menos rabugento.Isso é… até ele se encontrar com o chefe dos mineradores.— Já falamos que não iremos e ponto final! Tudo o que recebemos aqui foi um inspetor para garantir que a mina se mantivesse intocada, e por anos tentamos entrar em contato com a Sua Alteza para negociarmos a extração da mina. Agora vocês resolveram aparecer como se nada tivesse acontecido?Mesmo estando na presença do Oitavo Príncipe e do Grão-duque, o líder dos mineradores não se curvou e foi firme ao expressar o seu descontentamento. Lucian não fazia a menor ideia de que a situação no pequeno vilarejo estaria tão… ruim, para dizer o mínimo.Um rapaz com vestes comuns virou-se para
Durante a tarde, Lucian e Magnus avaliaram a situação da mina de diamante. Obviamente eles não puderam passar pelo buraco, mas só de estar perto dele e sentir o vento gelado fazia a barriga do príncipe congelar e o corpo estremecer com medo de cair. Era como estar diante de um poço cujo fundo não era visível, caso caísse poderia levar muito tempo para alcançar o seu fim e ainda seria abraçado pela morte.Afastando-se do buraco, Lucian observou as escadarias de terra que tinha em volta do buraco. Havia muitos diamantes por ali, sendo necessário eles andarem com extremo cuidado. Não foi necessário andar por todo o espaço, Lucian podia ver que havia muito o que ser feito ali só com os pequenos brilhos das pedras incrustadas nas rochas.Só que o mais preocupante era o material de trabalho dos mineradores. Cordas desgastadas, picaretas e pás enferrujadas jogadas dentro de carroças, luvas desgastadas e rasgadas…— Minha nossa — Suspirou o príncipe, massageando a testa — Isso aqui é ainda pi
Quando a lua já brilhava no céu, Magnus se sentou na cama tomando cuidado para não acordar ninguém. Ele se levantou silenciosamente e caminhou pelo quarto pegando suas roupas do chão e as vestindo novamente, sabendo que o seu tempo estava ficando apertado. Ainda assim, ele olhou uma última vez para a cama observando Lucian dormir nu coberto pelo fino lençol.Ajeitando uma mecha do cabelo comprido do alfa, ele se despediu silenciosamente antes de vestir o seu casaco e pegar sua espada. Um vento gelado deu as boas vindas a Magnus quando a porta da sacada foi aberta. Ele saiu e olhou em volta garantindo que a escuridão da noite fosse o suficiente para camuflar a sua presença.— Estamos prontos, senhor.Ao reconhecer a voz de Vogha, o seu guarda pessoal e o mais habilidoso cavaleiro, Magnus apenas pulou a sacada e se misturou com a escuridão para alcançar o pequeno grupo de cavaleiros que o aguardava nos fundos do enorme hotel. O vento gelado causou um leve arrepio em seu pescoço, onde pr
Naquela noite que parecia durar anos, Magnus e Cadec não demoraram para arrastar cada um dos suspeitos para a mansão do Conde de Shad, que Magnus descobriu se tratar o próprio homem do terno verde. Anteriormente ele havia ordenado que os seus homens mantivessem a mansão do Conde sob vigilância para evitar que ele saísse, pois mais tarde pretendia interrogá-lo sobre o aumento dos impostos.Só que Magnus não esperava ver o próprio Conde envolvido no espetáculo daquela noite.A Condessa e os dois filhos pequenos foram mantidos em uma parte separada da mansão, sendo vigiada por cavaleiros do exército imperial, enquanto mantinham o Conde na sala de visitas amarrado e ajoelhado no chão perante o Primeiro Príncipe e o Grão-duque.Ao erguer a cabeça, o homem se tremia com a frieza daqueles dois pares de olhos que o fitavam tão fria e inexpressivamente. Rapidamente o Conde baixou a cabeça quando um arrepio passou por suas costas, e mesmo demonstrando o seu pavor diante da figura do Primeiro Pr
Algo acordou Lucian.Ele sentiu um enorme espaço ao lado de sua cama, e mesmo tateando o espaço ao seu lado, os seus dedos não encontraram nenhum corpo generosamente forte irradiando um calor e um perfume de vinho. Os olhos de diamante se abriram imediatamente, percebendo o vazio ao seu lado.Lucian sentou-se na cama e olhou em volta encontrando Magnus tomando café na mesa. Sereno e estonteante, com aqueles olhos carmesins lendo alguma notícia no jornal e os cabelos pretos como carvão bagunçados como acabado de sair do banho.— E eu pensando que você me faria companhia na cama.A voz rouca de Lucian chamou a atenção do ômega, que apenas bebeu um gole de café antes de respondê-lo.— Não me culpe pelo seu sono pesado. Venha tomar café.Lucian soltou um riso baixo e se levantou da cama. Esticando o braço, o príncipe pegou o robe grosso do cabideiro e o vestiu para cobrir a sua nudez, e atravessou o enorme quarto para chegar até o marido. O sol brilhava belamente pela janela, o céu sem ne
O orgulho é algo que pode nos levar a grandes alturas quando bajulado, mas também pode ser uma imensa muralha quando ferido. Ele é capaz de te impedir de ir para um mundo de possibilidades quando prende os seus pés no lugar.Lucian sabia que Magnus não havia feito aquilo por maldade, que era algo relacionado ao seu trabalho e se tratava de um assunto de suma importância. Era compreensível, de fato, porém ele tinha o direito de ficar irritado. Afinal, tratava-se da sua lua de mel.Uma coisa era eles viajarem até a mina e resolverem um problema, já que era perto e gastaria apenas um dia daquela viagem. Lucian poderia muito bem aproveitar os demais dias junto do seu esposo, e tudo estaria bem.Agora, dedicar toda a viagem para trabalhar…Lucian não gostou nem um pouco daquilo.Por isso o seu orgulho o prendeu atrás de sua muralha e passou a ignorar Magnus e Cadec, que conversavam perto da lareira. Lucian apenas pegou um livro qualquer e sentou na cadeira na sacada e ficou lendo sem realm