Para tentar alcançar a lâmina, Lucian se jogou ao chão para escondê-la debaixo de suas pernas. Independente de quem teria sido o tolo a deixar ali, ele arranjaria uma forma de usá-la para garantir a sua liberdade e fugir daquele maldito lugar. Mas antes, precisava garantir que ninguém viria após ouvir o som de sua queda.A pedido de Raven, os cavaleiros de sua escolta não torturaram Lucian além do necessário. Tudo por ele se recusar a abrir mão de suas riquezas, que certamente seriam o suficiente para Raven liquidar a sua dívida com Geledel. Aquilo não era um problema seu, já que estava evitando o final trágico do seu próprio personagem.Por aquele final, ele aguentaria toda a tortura. Para a sua sorte, Raven o queria inteiro e evitava passar do limite onde Lucian poderia odiá-la. Apesar de ser tarde demais para isso.Quando algumas horas se passaram, ainda era possível ouvir as carruagens indo e voltando do Palácio Imperial. O baile de ano-novo ainda estava correndo como previsto, pr
O caos no Palácio Imperial era absoluto. Explosões e gritos ecoavam pelos corredores, mesclando-se à melodia frenética dos passos apressados e das ordens gritadas. O salão de baile, antes uma cena de glamour e fofocas, agora era um campo de incertezas, enquanto os nobres se reuniam em pequenos grupos, murmurando nervosamente.Da mesma forma como havia ocorrido durante o festival de caça, mercenários e rebeldes surgiram armados prendendo os nobres dentro do salão de festas. Suas armas estranhas que pareciam cuspir fogo explodiu o palácio ao ponto de algumas estruturas cederem.Os cavaleiros imperiais pareciam de prontidão e conseguiram impedir que os nobres fossem feridos. O Imperador foi ágil em ordenar que os cavaleiros levassem os nobres para uma área segura, previamente preparada. Apesar de conseguirem se manter em pé diante do ataque repentino, a luta entre mercenários e rebeldes contra os cavaleiros imperiais era similar a uma guerra civil.Nos fundos de uma ala menos movimentada
Saindo do Palácio Abandonado para retornar ao Palácio do Sol, Raven corria fingindo um desespero. O seu vestido dourado já não era tão brilhante. Estava sujo, e seus cabelos antes meticulosamente presos se encontrava uma bagunça. Ela corria por caminhos estreitos para não ser vista por ninguém, pois precisava passar a impressão de jamais ter deixado o Palácio. Era como se quisesse parecer uma vítima em meio ao caos.No caminho, ela averiguou que o seu plano ia conforme suas ordens. Os mercenários e rebeldes portavam as armas de Geledel, mantendo a guarda do lado de fora do Palácio do Sol. Havia uma luta contra os cavaleiros imperiais, que estavam em desvantagem numérica.Ótimo!Excelente!Escondendo o sorriso, ela se esforçou em manter a expressão mais sofrida quando pôs os pés dentro do Palácio do Sol e correu novamente para o salão de baile. Ao passar pelas portas ornamentadas, ela se deparou com um cenário completamente diferente do lado de fora do Palácio.O salão de bailes estava
O frio úmido do Palácio Abandonado parecia infiltrar-se até os ossos de Lucian. Ele estava amarrado a uma cadeira de ferro, seus pulsos feridos pelos grilhões apertados. A dor era constante, mas nada comparado ao peso em sua mente.O tempo parecia arraster-se de forma interminável. Não havia janelas naquela sala, apenas a luz vacilante de uma tocha na parede. A escuridão o envolvia como um véu sufocante, e a única companhia era o eco distante do vento que assoviava entre as rachaduras nas paredes.Lucian tentava manter a mente clara, mas as memórias das visões o perseguiam. Ele já não sabia exatamente o que estava por vir. As informações da vida original já não eram de ajuda alguma para ele. Principalmente por uma figura desconhecida estar dentro daquela sala.Tratava-se de um homem de expressões frias e duras, com uma cicatriz em sua bochecha esquerda. Desde que o sujeito chegou na sala, ele apenas queria uma única coisa de Lucian. Os mercenários que estavam "cuidando" de Lucian não
A noite parecia mais escura quando Magnus atravessou o salão desolado do Palácio Abandonado. Seus passos ecoavam como trovões, cada um deles carregado de raiva e determinação. O ar estava impregnado com o cheiro metálico de sangue e pólvora, e as paredes, antes testemunhas de uma juventude negligenciada, agora serviam de cenário para mais uma tragédia.Ele sabia que estava perto. O farfalhar dos ecos de luta e os sussurros agitados dos ventos pareciam conduzi-lo. Os poucos cavaleiros que lhe acompanhavam abriam o caminho lidando com os mercenários que faziam patrulhas evitando intrusos. Magnus e sua equipe manteve uma entrada silenciosa e furtiva. Quando finalmente entrou em uma cela subterrânea, a visão diante de si congelou seu sangue.Lucian estava no chão, ofegante e pálido, enquanto Cassander estava caído perto dele tentando se levantar, embora claramente exausto e ferido. Diante deles, o emissário de Geledel permanecia em pé, sua figura alta e imponente iluminada pela luz das to
Lucian abriu os olhos, mas o mundo ao seu redor não era aquele que ele conhecia. Ele estava sentado em uma superfície translúcida que não era nem quente e nem fria, como se o tempo e a sensação tivessem se dissipado. Acima de si, o céu era uma tapeçaria de estrelas em constante movimento, formando constelações que pareciam contar histórias antigas. O ar era calmo, mas carregado de uma presença avassaladora.Ele tentou se mover, mas parecia preso, não por correntes, mas sim pela gravidade daquele lugar. Cada tentativa fazia o mundo ao seu redor vibrar ligeiramente, como se estivesse suspenso no fio entre o real e o etéreo.— Finalmente, você está aqui.A voz não vinha de nenhum lugar específico, contudo parecia cercá-lo por completo. Era profunda e ressoante, mas havia nela uma suavidade que o fez estremecer. Lucian ergueu os olhos e viu uma figura emergir do brilho das estrelas.— Quem… quem é você? — Lucian murmurpu, sua voz quase inaudível.— Eu sou Kronosis — respondeu ela, sua voz
A capital de Roveaven estava em polvorosa com as últimas notícias. O ano mal havia começado, e o caos já fez sua estréia. Agora, os cidadãos estavam acostumados a ver o Palácio Imperial sendo reconstruído depois da súbita rebelião. Na praça central, um oficial do Palácio Imperial subiu sobre um palanque e chamou a atenção de todos ao abrir um pergaminho. As pessoas que caminhavam pelas ruas pararam caindo na curiosidade de ouvir um pronunciamento imperial.— Neste décimo segundo dia do sétimo mês do novo ano, a Sua Majestade Imperial, Rehael Saint Richmond, declara que a tentativa de rebelião foi completamente subjugada. Os culpados pelo ato de traição são… — O oficial começou a recitar os nomes de todos os nobres e facções que estavam envolvidos. As pessoas reunidas cobriam suas bocas horrorizadas — … E, por fim… a Primeira Princesa, Raven Saint Richmond.— O que?— A princesa estava envolvida em traição?! Mas ela sempre foi tão gentil…Todos começaram a murmurar surpresos. Era uma r
Magnus estava cercado de pessoas durante uma reunião, com pilhas de relatórios e cartas quase cobrindo a sua presença. A luz das velas lançava sombras sobre suas feições tensas, destacando os traços que pareciam mais endurecidos nos últimos meses. Sua mão segurava uma pena, mas sua mente estava longe, vagando por entre as memórias que ensistia em revisitar.Lucian.Seu nome era um sussurro constante em sua mente, um peso que Magnus carregava desde o sacríficio no Palácio Abandonado. As palavras do médico e dos sacerdotes ecoavam como uma sentença: Lucian ainda estava vivo, mas sua recuperação era incerta."Como você pode estar longe de mim agora?", Magnus pensava, cerrando o punho sobre a mesa. Desde o nascimento da criança que crescia em seu ventre, ele sentia um vazio que só Lucian poderia preencher. Ele respirava fundo, tentando afastar as emoções que o ameaçavam derrubar.— Finalmente, a Primeira Princesa será a última a ser executada dentre os traídores, mesmo o Imperador dando a