02. DE VOLTA A CASA

Príncipe Christian.

— Vossa alteza acredito que deveríamos estar na sua casa ajudando a arrumar as coisas para voltarmos ao nosso país —disse alto por cima da música estrondosa.—

— Arth sabe que aqui não deve me chamar assim —falei olhando para ele e tomando um pouco do meu wisk.— Eu não quero que ninguém descubra quem eu sou, gosto de ser anônimo.

— Eu sei —falou olhando para mim.— Mas o senhor também sabe que não será assim por muito tempo, amanhã tens que voltar para o seu país para conhecer sua futura noiva que a espera.

Respirei pesadamente e o mesmo percebeu meu incomodo de falar sobre aquele assunto, Arth me conhecia muito bem. Esteve comigo desde que fui mando para fora da Inglaterra para estudar, tem sido meu melhor amigo em todos os momentos.E ele sabe que nunca concordei com esse casamento, mas entendia que por ser o único filho vivo um dia seria eu a herdar a coroa e precisaria de uma rainha para isso.

Fiz um sinal para o garçom de que queria outra bebida e o mesmo foi logo buscar a garrafa.

— Arth meu amigo —disse pegando meu copo que já estava cheio e me levantando do banco.— Como você bem disse amanhã voltarei para meu país para me casar com uma estranha, apesar de ser minha prima eu nunca a vi.

Então deixe-me aproveitar minha última noite de liberdade. Como eles dizem aqui na América, vamos fazer minha despedida de solteiro.

— Mas majestade...

— Vamos aproveitar minha última noite aqui —falei me virando para a pista de dança.—

Pedi mais uma bebida e fiquei ali ao lado de Arth observando as pessoas dançando e sendo quem queriam ser, as vezes tinha vontade de desistir de absolutamente tudo. De ser um príncipe, de herdar a coroa e principalmente esse casamento. Mas decepcionaria meus pais e reis e principalmente meu país, se tem uma coisa que foi me ensinada durante todos esses anos é que mesmo desistindo nunca deixarei de ser um príncipe por que amo meu país e tenho o sangue real nas veias.Mas também gostaria de ter minha própria vida, ser responsável pelas minhas próprias decisões e escolher o que fazer com o meu destino que sempre já esteve traçado.

A alguns meses atrás estive muito perto de fazer isso, larga tudo por uma pessoa a quem entreguei minha vida e coração que acabou se tornando o tudo para mim. Mas fora tudo por água abaixo, minha decepção foi grande e decidir voltar aos planos do início.

Era difícil ser um membro da família real e o que me deixava mais desanimado é que amanhã ao chegar e me apresentar novamente ao rei e a rainha não serei mais anônimo para o mundo.

Olhava para a pista de dança, mas alheio ao que acontecia até que percebi uma mulher olhando para mim de um jeito bastante ‘sexy’, ela era baixa, pele branca, cabelos pretos e seus olhos eram de um verde bem penetrante.

Sorri para ela e a mesma retribuiu o gesto e começou a se mover ainda mais sensualmente no ritmo da música que tocava sem tirar os olhos de mim, sei muito bem o que ela queria e não desperdiçaria uma oportunidade dessas.

Não demorou muito e a morena parou de dançar vindo na minha direção, como eu sabia que faria já que não parava de dançar e me provocar em simultâneo.Mas foi para minha surpresa que ela passou por mim e foi para o bar, porém claro não sem antes de dar uma olhada de canto de olho e um sorriso.

— Arth hoje a noite vai ser muito longa —disse animado me referindo a morena que passara por mim e bebendo todo o líquido do meu copo de uma só vez.—

— Christian... —ele se virou para mim, lá vinha mais sermões.— Sei que me considera seu amigo, então como tal peço que tome cuidado. Lembre-se que voltaremos amanhã para casa, não iluda a moça fazendo promessas que não vai e nem poderá cumprir.

— Sei muito bem meu amigo —disse sorrindo e olhando para a mulher que também olhava para mim com os olhos fervendo de desejo.— Vou apenas dizer o que ela quer ouvir para ganhar um passe livre para a sua cama.

Então me virei e fui caminhando até a mulher que ao me ver se virou para frente e começou a falar com o empregado de bar.

— Um draymartin com gelo —falou para o barman que logo foi preparar.—

— Vou querer o mesmo —disse me aproximando da mulher que se virou para mim.— Oi!

— Oi! —falou disparando seus olhos verdes sobre mim e analisando todo o meu corpo cuidadosamente.—

— Qual o seu nome? —perguntei olhando-a da cabeça aos pés mostrando claramente meu interesse, assim como ela havia feito.—

— Victória —falou pegando sua bebida que já estava pronta e tomando um gole sem tirar seus olhos de mim.— E o seu?

— Christian —sorri também pegando meu copo.—

Conversamos por um tempo e descobri que Victória também não era desse país, mas para mim aquela conversa já estava durando tempo demais.

— Sabe... —falei colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.— Estou com uma vontade enorme de beijar sua boca.

— Pensei que nunca ia pedir —falou colocando o copo em cima do balcão e praticamente pulando em cima de mim.—

Então iniciamos um beijo caloroso, coberto de desejo, luxúria e toques. Victória era uma mulher fogosa e para mim, são as que eu mais gostava.

— Que tal irmos para o seu apartamento? —falou entre beijos passando as mãos sobre os meus peitos.—

— Acho uma excelente idéia —disse pegando ela pela cintura e a puxando para encontrar Arth.—

Achei ele parado quase perto da porta com um copo de alguma bebida na mão que não perdi tempo para saber o que era, fui até ele com Victória.

— Vamos indo —disse sério e como sempre Arth entendeu tudo.—

E sem dizer mais nada saímos da balada e fomos para o carro, aquela noite ia ser muito longa.

Acordei no outro dia com alguém batendo na porta, abri os olhos lentamente devido à claridade e vi Victória deitada do outro lado da cama.

Merda, ela dormiu aqui.

Ouvi novamente as batidas e me levantei da cama me enrolando em uma toalha da cintura para baixo e fui ver, ao abrir a porta encontrei Arth.

— Está atrasado —falou olhando para mim dos pés a cabeça.— O avião real chegou e suas coisas já estão quase todas embarcadas.

— Fica quieto —falei quase que sussurando e olhando para o quarto, mas Victória ainda parecia dormir.—

— Não me diga que aquela moça dormiu aqui —falou surpreso.—

— Foi, eu estava muito bêbado e quando acabamos cai na cama e dormi —falei passando as mãos pelo cabelo— Não deu tempo de manda-la ir.

— Muito bem, pois terá que fazer isso agora —disse sério— Agora anda estamos apenas esperando você.

— Tudo bem, tudo bem. Me espere no carro que já desço.

Ele não disse mais nada, apenas concordou com a cabeça e saiu fechando a porta atrás de si. Voltei para o quarto e peguei minhas roupas, fui para o banheiro e tomei um banho e vesti meu terno.

Quando sai Victória estava acordando e já estava sentada na cama.

— Que bom que acordou —falei sério pegando o resto das minhas coisas.—

— Você vai sair? —falou olhando para mim enquanto guardava meu celular no bolso.—

— Estou indo embora —disse sério— Vou voltar hoje para o meu país.

Ela ficou paralisada por alguns poucos segundos e depois soltou uma risada incrédula.

— Não, fala sério Christian —disse ainda rindo.—

— Estou falando, estou indo embora. A noite ontem foi muito boa —falei já com tudo pronto.

— Não se preocupe meu motorista vai levar você para casa.

— Então é assim? —disse agora em um tom, irritada.— Você vai simplesmente embora e me deixar aqui?

Ai Deus, porque essas mulheres sempre pensam que depois de uma noite vamos nos mudar e passar a morar com elas?

— Sim, é assim, sabíamos o que queríamos ontem e tivemos —disse me virando para a porta.— Foi sem compromisso, então não tem por que perde tempo discutindo. Adeus.

Então sai do quarto fechando a porta sobre os protestos dela, sei que fui muito rude e mal-educado. Mas estava atrasado, não tinha tempo para se carinhoso.

Saí do meu apartamento e entrei no carro com Arth e fomos para o aeroporto, havia chegado a hora adeus vida, adeus liberdade.

Assim que chegamos no aeroporto fomos direto para o avião real que estava apenas esperando a minha chegada para decolar, então assim o fez.Logo estávamos sobrevoando o território americano com destino a Inglaterra.

Algumas horas depois já havíamos chegado e o aeroporto estava cheio de pessoas, prontas para verem o príncipe que a muitos anos havia saído do país.Desci do avião e vários ‘flashes’ voaram em cima de mim, acenei para o povo e fui para o carro que logo saiu com destino ao palácio.

Que saudade eu estava do meu país, olhava tudo com muita concentração pela janela do carro. Minha capital era linda.

Alguns minutos depois e havíamos finalmente chegado ao palácio, o motorista apertou um botão e logo as portas do imenso portão se abriram. Então ele acelerou e cruzamos o imenso jardim.

Fazia anos que não via aquele lugar, então com certeza eu estava olhando tudo com muita atenção.Assim que o carro parou um guarda veio até o meu lado do carro e abriu a porta para mim.

— Majestade —falou enquanto eu saía fazendo reverência.—

— Obrigado —sorri.—

Entrei no palácio e todos os funcionários me esperavam para dar boas-vindas.

Falei com todos eles e agradeci a cordialidade, logo Lucill a mulher que cuida da agenda da família real apareceu e fez reverência. Já tinha me esquecido de como isso era chato.

— Majestade —falou sorrindo para mim.— Seja bem-vindo a quanto tempo, se me permite dizer o senhor se tornou um homem muito bonito.

— Obrigado Lucill —falei com um sorriso sincero no rosto.— É bom estar de volta.

— Venha —disse se virando e andando.— Seus pais o esperam.

Segui ela e assim que entrei encontrei meus pais parado no centro da sala com um sorriso no rosto, fui até eles e fiz reverência.

— Meu filho —disse minha mãe olhando para mim.—

— Mamãe —falei emocionado abraçando-a fortemente, que saudade.—

Me afastei dela e depois abracei meu pai.

— Finalmente em casa —disse ele ao meu ouvido enquanto me abraçava quase até mesmo me esmagar.—

— Sim, pai, finalmente.

— Agora vem filho sente-se —falou minha mãe apontando para o sofá atrás de nós.— Conte-nos tudo o que aconteceu todos esses anos fora.

Sorri e me sentei com eles para conversar.Meus pais apesar de serem o rei, a rainha e governantes do nosso país era principalmente meus pais e faziam questão de deixar isso claro, por isso eu os amava muito.Conversamos por horas enquanto eu contava tudo sobre minha vida na América, até que Lucill apareceu.

— Majestades —disse fazendo o mesmo gesto de sempre ao nos ver.— Apenas vim avisar que os aposentos do príncipe já está pronto.

— Obrigada Lucill —disse minha mãe sorrindo para ela.—

A mulher apenas sorriu e saiu da sala fazendo reverência novamente.

— Vem meu filho —disse se levantando e eu e meu pai a imitamos.— Você deve querer descansar da viagem.

— Confesso que foi um pouco cansativo sim —disse andando com eles para fora da imensa sala de estar.—

Estava de braços dados com a minha mãe e meu pai vinha do meu outro lado.

Paramos e me virei de frente para eles ficando de costas para as escadas que davam para o segundo andar do castelo.

— É muito bom ter você aqui novamente meu filho —disse meu pai pondo a mão no meu ombro.—

— É bom estar de voltar —sorri e mais uma vez nos abraçamos.—

— A minha cara —falou minha mãe sorrindo para alguém que estava descendo as escadas assim que nos afastamos.

— Filho ali está Melayne sua futura noiva.

Aquilo me paralisou por alguns segundos, então me virei lentamente e olhei para o topo da escada. E então a mulher mais linda que já havia visto estava descendo na nossa direção.

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