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01. MUDANDO PARA O NOVO LAR.

Condessa Melayne.

Como deve ser ter o controle sobre sua própria vida? Saber o que quer vestir, comer e por onde andar e apenas sair e fazer tal coisa? Muitos dizem que sou a mulher com mais sorte no mundo, nasci em meio a família real.

Tenho o sangue da realeza correndo em minhas veias, filha única do barão que é o primo mais próximo do rei Richard e a condessa Breguenberg e futura noiva do príncipe Christian o único herdeiro vivo da família real da Inglaterra e de todo o Reino Unido.

Mas eu digo a essas pessoas que estão erradas, não tenho e nunca tive controle sobre minha vida. Nunca pude escolher minhas próprias roupas, ou que penteado usaria, o que comeria ou aonde iria. Tudo sempre foi colocado para mim e eu sempre tive que obedecer com um sorriso gentil no rosto.

Muito menos pude escolher com quem me casaria, como parente mais próxima da família real desde o dia em que fui gerada já tinha um futuro definido antes mesmo de vir ao mundo. Cresceria e seria educada para ser a próxima rainha da Inglaterra.

Muitos pensariam que estou louca por não gostar de tudo isso, mas sinto que fico presa no meu próprio corpo onde na maioria das vezes só quero correr para longe de tudo.

Olhava para fora pela janela da grande sala de estar da enorme mansão da minha família e via várias pessoas andando por ali, casais de mãos dadas sorrindo com seus filhos e outras pessoas felizes e livres para terem a vida que desejarem.Eu as invejava com voracidade, podem me chamar de louca por fazer isso. Mas trocaria minha futura coroa para ser finalmente uma pessoa livre.

— Melayne saia de perto da janela —falou minha mãe com voz autoritária sentada no grande sofá de couro branco no meio da sala.— Lembre-se da imprensa, não é certo que a futura princesa da Inglaterra fique se expondo dessa forma.

— Sim, mãe —falei olhando uma última vez pela janela onde passava um casal abraçado e sorrindo.—

Soltei um ar pesado pela boca e me afastei me sentando ao seu lado no sofá na posição cordial que sempre fora me ensinada, coluna completamente reta, mãos levemente sobre as pernas e pés juntos.Lembro-me de como me incomodava e me doía as costas quando tinha aulas de etiqueta logo que completei dez anos, eu odiava todas as aquelas regras.

Mas era extremamente necessário como minha mãe sempre dizia, toda a minha vida fui preparada para o momento em que assumiria a coroa de princesa, eu estava destinada aquilo e por um longo tempo aquele foi meu maior sonho.Mas hoje aos vinte anos faço com a maior naturalidade do mundo, já não me incomodo mais.

— Onde está o papai? —perguntei olhando para ela que se abanava com o seu fiel leque preto.—

— Está falando com um dos embaixadores.

Não respondi, apenas ascenti e fiquei ali sentada naquela posição chata por mais de vinte minutos esperando que meu pai voltasse.

Pouco tempo depois ele entrou na sala guardando seu celular no bolso da calça e minha mãe e eu nos levantamos.

— Estão nos esperando.

Aquilo me deixou completamente decepcionada, havia finalmente chegado o dia.

Não demorou muito e uma das empregadas entrou na sala.

— As malas já estão no carro somente a espera de suas altezas —falou com timidez quase com medo de nós.—

— Então vamos —disse minha mãe sem conseguir conter sua alegria.— Não podemos deixar o rei e a rainha nos esperando.

Respirei fundo e dei uma última olhada ao meu redor, aquele lugar havia sido minha casa desde que nasci e agora estaria indo embora para morar no palácio.

Havia chegado o dia, eu precisaria completar vinte anos e o príncipe Christian vinte e cinco para que finalmente pudéssemos ser apresentados juntos ao povo e o dia havia chegado.

Estamos indo ao encontro da família real para me apresentar como futura noiva e princesa da Inglaterra.Claro que o príncipe não estará lá, na verdade, há muito tempo ele não mora no país. Foi mandado para o exterior para estudar e outras coisas mais, mas já havia chegado o dia de voltar para seu lugar de origem.

Nunca nos vimos pessoalmente, claro que eu por morar aqui já vi várias fotos do herdeiro da coroa e posso dizer ser um homem muito bonito, porém não muda o fato que nos encontramos.

Com cordialidade todos os empregados nos esperavam na porta da frente para se despedir, minha mãe passava de cabeça erguida em direção a porta e mal acenava para eles. Fazia apenas um simples gesto de cabeça e seguia para fora da casa.

Já meu pai falava com todos e agradecia por terem cuidado da casa e de nós durante todo esse tempo, ele era um homem muito bom e muito amado na nossa cidade.

Eu passava também e falava com todos, e todos se reverenciavam para mim assim como para meus pais. Aquilo me incomodava um pouco, mas já estava acostumada a esses tratamentos.

Saí da minha casa e fui direto para o carro que logo em seguida foi para o aeroporto onde o avião particular real nos esperava.

Ao chegarmos fomos direto para o avião, esperamos pacientemente as malas serem colocadas e então finalmente decolamos.

Nossa cidade não ficava tão longe da capital onde a família real vivia, mas minha mãe não aceitou a ideia de ter a futura princesa andando de carro por alguns poucos quilômetros e praticamente exigiu que o avião viesse nos buscar.

Eu preferia ir de carro, assim poderia olhar a paisagem e admirar o que existia lá fora. Algo que nunca poderei conhecer.

Pouco tempo depois havíamos chegado a Londres, o avião pousou e fomos direto para o carro a caminho do castelo.

Durante a viagem fui admirando a beleza da capital, havia estado ali pouquíssimas vezes e todas as que vinha não me cansava de admirar.

— Melayne fique direito —me repreendeu minha mãe olhando para mim.— Essa não é a postura de uma princesa.

— Deixe ela —disse meu pai com um sorriso gentil para mim.— Estamos no carro e os vidros são escuros ninguém vai vê-la.

— Robert —disse olhando agora para meu pai.— Sabe que não é do meu agrado esse tipo de postura, não é digno da futura princesa.

— Mas… —falei finalmente desde que saímos de casa.— Eu nem sou a princesa ainda.

— Falta muito pouco para ser —disse seria abanando-se levemente com seu leque e olhando para mim.— Então trate de começar a agir como tal.

— Sim, mamãe.

Então voltei para minha postura de sempre, coluna reta, mãos levemente sobre as pernas e os pés juntos.

Passaram-se poucos minutos e havíamos finalmente chegado ao palácio, ao parar o carro o motorista apertou um botão e imediatamente os imensos portões se abriram dando espaço para nossa entrada.

Passamos pelo imenso jardim repleto de flores de diversos tipos e com um lindo chafariz bem no centro, o carro parou em frente a enorme entrada do palácio e o motorista desceu abrindo a porta para nós.

— Majestade —disse o guarda reverenciando para mim.—

— Obrigada —sorri saindo do carro.—

Meu pai saiu logo em seguida e estendeu a mão para minha mãe, logo entramos no imenso castelo e havia uma mulher loira esperando por nós no imenso hall de entrada com duas escadas enormes que davam para outro andar.

— Majestades —disse a mulher loira bem vestida se aproximando de nós e fazendo reverência.— O rei a rainha esperam por vocês na sala de estar.

Minha mãe sorriu de felicidade e meu pai estendeu o braço para ela, logo foram atrás da mulher e eu fui atrás deles.

Assim que entramos eu os vi, o rei e a rainha estavam parados no meio da enorme sala de frente para nós com um sorriso caloroso no rosto.Minha mãe e meu pai pararam na frente deles e fizeram reverência.

— Majestades —disseram juntos.—

— Sejam bem vindos ao nosso palácio que a partir de hoje será o de vocês —disse o Rei Richard com os braços abertos e um sorriso no rosto.—

— Obrigado primo —falou meu pai dando um aperto de mão no rei.— Tenho certeza de que iremos nos sentir a vontade enquanto estivermos aqui.

— Com certeza nos sentiremos —falou minha mãe com um sorriso largo abanando-se com seu leque.— Melayne venha aqui.

Me aproximei deles e fiz reverência para os reis e líderes do nosso país.

— Majestades —disse ainda abaixada na posição.—

— Melayne —agora ouvi a voz doce da Rainha Izabela.— Como você cresceu e se tornou uma jovem tão linda, tenho certeza de Christian achará o mesmo.

— Obrigada vossa alteza —sorri sem jeito e voltei a minha posição normal.—

Não demorou muito e a mesma mulher que nós recebeu voltou avisando que a mesa do chá estava pronta, nos dirigimos até lá e ficamos conversando por horas até que o Rei Richard teve que se retirar para resolver alguns assuntos do parlamento.

Já estava noite quando a mesma mulher apareceu e disse que nossas malas já estavam arrumadas nos devidos quartos que ocuparíamos.

— Bem acho que já vou me retirar —falei tirando o guardanapo do meu colo e colocando a xícara em cima da bandeja com delicadeza.— Estou me sentindo meio cansada.

— Sim, filha é melhor, lembre-se que amanhã é um grande dia —disse minha mãe com um sorriso orgulhoso no rosto.—

— Sim, tem razão —falou a rainha olhando para mim.—

— Amanhã finalmente meu filho chegará depois de tantos anos fora e será quando irão se conhecer.

Um nó imediatamente se formou em minha garganta e não consegui falar, lutei contra meu corpo que tremia e sorri.

— Mal posso esperar para conhecer o príncipe —falei com a voz um tanto nervosa.—

Me levantei do sofá meio sem jeito, mas consegui desfarçar e olhei para elas.

— Majestade… —disse fazendo reverência.— Mamãe… com licença.

Então saí dali com pressa, fui para o hall e como não havia ninguém por perto tirei meus sapatos e subi as escadas correndo e corri para o meu novo quarto.Ao entrar fechei a porta e me recostei nela respirando fundo. Finalmente sozinha.

— Majestade está se sentindo bem?

Ouvi aquela voz acabou me dando um susto, então vi que não estava tão sozinha assim.

— Você me assustou —disse com a mão no peito.— Quem é você e o que faz no meu quarto?

— Me desculpa alteza —falou fazendo reverência.— Sou Kate sua ajudante particular.

Observei ela por um tempo e sorri, Kate era bonita não aparentava ter mais de trinta anos.

— Vossa alteza deseja algo?

— Por favor prepare meu banho —falei carinhosamente para ela com um sorriso no rosto.—

— Sim, alteza.

Então ela saiu praticamente correndo para uma porta que deduzir ser o banheiro, fui até outra e me deparei com um enorme closet onde minhas roupas já estavam todas organizadas e guardadas.

Tirei minhas vestimentas e me vestir com um roupão branco extremamente macio.Não demorou muito e Kate voltou.

— Precisa de mais algo?

— Não obrigada —disse sorrindo para ela.— Hoje não vou precisar de nada mais.

— Se precisar basta apertar o botão ao lado do abajur e virei correndo atender vossa alteza —disse sorrindo.—

— Obrigada —sorri.—

Ela fez reverência e então saiu do quarto me deixando sozinha.

Fui até a janela do meu quarto que dava para o jardim e olhei a imensa lua no céu, fiquei imaginando como seria ir até ela.Mas como sempre meus pensamentos não passaram disso: imaginação, meu destino já estava escrito. Christian e eu já estávamos desde que fomos gerados com os destinos traçados.

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