Capítulo 2

Mais algumas semanas se passaram e eu continuava cruzando com ele ou ele comigo e com o Ginho.

Um dia o vi a sós com a Danda, ela me sorriu de longe acenando a mão eu devolvi o sorriso e o aceno mas instantaneamente aquela avalanche de sentimentos estranhos me invadiu assim que eu vi a mão dele com os dedos entrelaçados aos dela.

Tinha coisas estranhas acontecendo comigo, eu não tinha ideia do que fosse, mas aquele homem não me deixava dormir em paz a semanas e agora eu já nem sorria mais sinceramente pra minha melhor amiga e quando ia dormir não era com a boca do meu namorado que eu sonhava.

Numa certa manhã, na mesa do café com minha família, me segurei pra não tirar sarro do Thi pelo que ele me perguntou por respeito ao meu pai que não tolerava gracinhas na hora da comida.

— Bia você conhece alguém que concerte computadores?

— Por que tá perguntando isso? — Claro que eu já tinha deduzido a resposta mas meu lado malvado queria se divertir um pouco.

— Meu computador não quer mais funcionar e como você é mais ligada nesse lance de tecnologia...

— Eu acho que te avisei algumas vezes que isso poderia acontecer, né?

— É mais eu não imaginei que fosse tão rápido.

— Você conhece alguém que mexa com isso, amor?

— Pai, pra sorte do meu irmãozinho o Ginho tem um amigo que mexe com essas coisas.

— Então porque você não fala com ele, Thi?

— Pai, acho que seria melhor deixar isso com a Bia, eu e Ginho não tamo assim mais tão amigos como antigamente.

— Parece que você roubou o amigo do seu irmão, filha?

— Mãe, até hoje não sei o que deu neles, foi por causa do Thi que tive a sorte de achar o Ginho e hoje eles mal se falam!

— Provavelmente, não era bem ser amigo do seu irmão que ele queria, né?

— É o que eu vivo dizendo pra mim mesmo, pai, mas não to preocupado com isso não, se ele ta fazendo a Bia feliz, é o que me basta, já tenho outros amigos.

— Filha, eu e seu pai vamos chegar tarde hoje, se importaria de fazer o jantar pra mim?

— Claro que não mãe, eu faço sim. Onde vocês vão que não é da minha conta, namorar?

— Namorar e me levar de motorista particular?

— Você também vai?

— Quem mais tem carro aqui?

— Ué, se vocês não vão namorar então vão aonde, pai?

— Filha, não seja indelicada?

— Vamos a uma reunião, amor.

— Eu vou ficar no carro, os coroas vão entrar sozinhos, Bia.

— Mas e aí, pode fazer o jantar?

— Posso sim, mãe, deixa comigo.

— E não esqueça... — meu pai levantou da cadeira empurrando ela de volta no lugar enquanto falava — ...de falar com meu genro sobre o computador do seu irmão, lembra que eu e sua mãe também usamos.

— Sim senhor, paisinho, deixa comigo.

— Vou trabalhar, tchau pra vocês — me beijou no rosto, deu um selinho em minha mãe e saiu com meu irmão.

Minha tarde foi bem típica, o almoço era sempre eu e minha mãe, meu pai e meu irmão almoçavam sempre na imobiliária onde trabalhavam juntos, após o almoço ajudei minha mãe a por a cozinha em ordem e assim que ela saiu para seu curso fui tirar uma soneca.

Conversando com o Ginho pelo whatsapp combinamos que ele viria com o Leonardo ressuscitar o computador do Thiago pouco antes do meio da tarde, assim que minha mãe saísse com meu pai e meu irmão.

E por alguns momentos ficamos os três na sala com o computador do Thiago todo desmontado, pelo visto não era só o HD que estava com problemas mas um ninho de poeira tão grande por dentro que obrigou o Léo a desmontar e limpar peça por peça, o que demandou tempo e esforço.

O Ginho não entendia muita do assunto, era mais ou menos como o Thiago só que um pouco mais cuidadoso, sendo que ele se alternava em nos dar atenção e conversar com seus colegas de trabalho pelo celular.

Numa dessas vezes que ele se afastou, me aproximei do Léo pra ver no que mais eu poderia ajudar, visto que ele ia tirando algumas peças menores empoeiradas e me entregando enquanto eu as limpava com um pincel na varanda.

Ele ficava limpando a máquina por dentro com outro pincel, só que quando as peças sujas se acabaram, fiquei ao lado dele observando ele trabalhar em silêncio, alternando meu olhar da placa mãe empoeirada dentro do computador pra boca perfeita dele.

Por um segundo mordi o canto inferior do meu lábio afim de conter uma pequena chama de desejo que ardeu com força dentro de mim.

Meus olhos passeavam por todo o seu rosto, seu pescoço e sua camisa entreaberta e seus ombros largos, cabelos claros, e por instantes cheguei a pensar que ele sabia que eu estava olhando. Pois o tom inseguro em sua pergunta a seguir me deixou em dúvida.

— Você... também... também usa esse computador?

— Só as vezes, fico a maior parte do tempo no meu.

Respondi e continuei olhando sua pele clara, seus olhos saíram da máquina e cruzaram com os meus, mas sem sorrir, mordi o lábio novamente nervosa e senti seus olhos também passearem rapidamente por meu corpo da cabeça aos pés.

Eu estava usando uma blusa de alcinha preta que me deixava com os ombros nus, a alsa de meu sutiã também era preta o que disfarçava levemente a peça por dentro da roupa, mas não impediu seus olhos de pousarem em meu seios por uma fração de segundos e retornar para dentro da máquina me fazendo quase perder o fôlego.

"Ai o que eu to fazendo, droga?" pensei lutando comigo mesma, eu precisava sair dali, me levantei e fui até a porta da sala com as duas mãos na cintura olhando o Ginho entretido em seu celular conversando com sua irmã em Fortaleza sem sequer sonhar com meus desejos secretos pela boca do amigo dele.

Voltei pra dentro e o Léo ja montava a máquina de volta, recolocando todas as peças dentro dela em seus devidos lugares, levou o gabinete pronto ao quarto de meu irmão, encaixou todos os fios e ligou, no entanto o monitor ficou com uma mensagem de erro na tela.

— Achei que essa limpeza resolveria.

— Sim, trocamos o HD, agora precisamos reinstalar o sistema.

— E os arquivos do HD velho?

— O que não tinha cópia de segurança em outro dispositivo já era, aquele HD antigo virou peso de papel.

— Meu pai vai pirar quando souber disso.

— Tinha coisas importantes ali?

— Mais ou menos, eram as músicas do meu velho.

Então ele deixou de olhar para mim e prestava atenção exclusiva ao computador, eu fiquei ali só observando os detalhes dos lábios dele, do pescoço. Ah como eu queria morder aquele pescoço! Eu sempre gostei de morder quando gosto muito de alguém, a Danda vivia marcada com hematomas que eu deixava de lembrança nela em nossos momentos de brincadeiras.

— Amor vou precisar dar uma saída. — O Ginho me tirou tão de repente de meus devaneios que quase imaginei que ele estava lendo meus pensamentos, o que fez meu rosto queimar levemente de vergonha e eu gaguejar na resposta:

— Ah, mas... agora? Por que.. vai aonde, amor?

— Não vou demorar, é rápido — explicou já bem perto de mim.

— Onde você vai?

— Léo, preciso ficar uma meia hora fora, você se importa?

— Quer que eu vá junto? — O Léo perguntou e por um instante tive medo que ele estivesse fazendo isso pra não ficar a sós comigo, claro que seria um medo bobo da parte dele, eu jamais faria qualquer loucura para magoar meu namorado fofo, mas uma parte de mim rapidamente desejou que o Ginho não achasse necessário, apenas pra que eu pudesse continuar olhando pra ele, apenas olhando e desejando aquela boca perfeita colada na minha.

— Não, não precisa, só preciso dar uma passada no escritório pra colocar minha senha numa máquina lá, coisa de meia hora e já volto.

— Mas por que não passa a senha pra eles pelo telefone, amor? — Perguntei mais pra não dar a impressão que eu estava louca de vontade de ficar a sós com aquele deus grego, apesar de que era exatamente isso que eu queria.

— Precisam do meu polegar, sistema de biometria, amor — deu-me um selinho na frente do Léo e pela primeira vez em meses eu me senti desconfortável por isso — mas eu volto logo, vou com o carro do Léo.

— Só não vai bater hein desastrado?

— Relaxa mano, voltaremos inteiros, eu e seu carro.

— Assim espero. —Tomou as chaves do Léo de sobre a mesa e saiu.

—Amor, por favor, tome cuidado. —Comentei já pelas suas costas.

Depois que o Ginho saiu ficamos os dois em silêncio por alguns segundos, ele digitando informações na instalação do sistema na máquina, atento ao monitor e eu desejando seu tóxax. Ele era alto e eu como sempre fui pequena desapareceria em seus braços.

Saí novamente de perto dele, fui pra cozinha com as duas mãos na cabeça em guerra comigo mesma, como eu podia estar fazendo isso com uma pessoa tão maravilhosa como o Ginho? Ele era perfeito, me tratava como uma dama e eu ali desejando cada centímetro do corpo do amigo dele.

Havia nitidamente uma guerra dentro de mim, nunca desejei tanto uma pessoa quanto eu estava ali naquele momento, mas a verdade é que era difícil respirar perto daquele homem.

E tinha a Amanda também. E eu não estava apenas traindo meu namorado em pensamento estava traindo a confiança de minha melhor amiga, quase minha irmã. É verdade que eles não tinham um compromisso oficial, como costumávamos dizer eles só se pegavam. Ainda estavam na fase de ficar ocasionalmente, mas eu "tinha" namorado, além do que, conquanto eles não tivessem um relacionamento ele era dela e ponto, isso seria proibido de qualquer maneira.

Mas voltei pra perto dele, sentei perto e olhei umas letrinhas que alternavam entre si na tela, sem tirar meus olhos do monitor meu corpo queimou quando senti seus olhos me percorrerem dos pés a cabeça como ele sempre fazia para só então olhar em meu rosto e me perguntar:

— Está tudo bem com você?

— Sim, por que? — respondi sem olhar para ele, eu precisava manter meu controle, estava ao ponto de fazer uma besteira.

— Você está estranha.

— Estranha como assim?

— Meio... inquieta.

— Nossa, é tão obvio assim? — Só então olhei para ele meio sem jeito.

— Só se prestar atenção.

— Acho que... você me deixa assim.

— Por que?

— Não se faça de bobo vai, você não é cego.

— Você também não é nada discreta, sabia?

Fechei os olhos e respirei fundo antes de responder:

— Eu juro que eu tento Léo, mas é meio... difícil.

— Eu me sinto culpado.

— Por que?

— Eu gosto quando sinto você me olhando.

— Você me tira o fôlego! — "Que se dane meus limites, eu faço o que for preciso para grudar essa boca perfeita na minha".

— Você também tira o meu.

— Jura?

— Lembra daquele dia que você me flagrou olhando seu bumbum escondido?

— Claro que lembro — sem querer deixei escapar um sorriso de satisfação.

— Eu fiquei notando sua cinturinha fina louco de vontade de te abraçar e encaixar seu corpo no meu.

— Talvez eu tivesse deixado — respondi curvando levemente os cantos da boca num quase sorriso.

— Por que?

— Não sei. — dei de ombros.

— Não ama o Ginho?

— Ah não fala dele, a gente tava indo tão bem! — Me levantei dali e fui pra cozinha lutar com minha conciência pesada mais uma vez.

Fiquei na frente da pia olhando pela janela de cabeça baixa com as duas mãos na beira da cuba. Por que as coisas tem que ser desse jeito? Porque não conheci esse deus grego um pouco antes? Por que a vida tinha que ser tão injusta assim comigo? Será que era pedir muito ter alguém que "realmente" me completasse?

Virei de frente apoiando os quadris na pia e eu o senti perto de mim, ouvi sua respiração e mesmo com meus olhos fechados senti sua presença, abri os olhos e ele me olhou com um quase sorriso por uns segundos antes de perguntar:

— Você está bem?

— Não sei.

— Desculpa se te causei desconforto.

— Não se desculpe, acho que eu é que teria de me desculpar.

— Quer que eu vá embora?

— Não por favor, fique.

— Tem certeza?

— Absoluta.

— Desculpa por te deixar assim.

— Eu que te peço desculpas, eu não deveria... eu... — eu tentava encontrar as palavras totalmente perdida naquela atmosfera pesada — Não é só o Ginho, tem a Amanda também.

— O que tem ela?

— Ela é quase minha irmã Léo, se eu fosse solteira já não tinha direito de interferir no lance de vocês, imagine com o Sergio em minha vida.

— Quer que eu me afaste dela? — Aproximou-se mais e tocou minha mão com a sua sobre a pia.

Algo como uma corrente elétrica entrou pela minha mão e correu por todo meu corpo, eu estava me segurando pra não agarrá-lo ali mesmo e ao invés de me ajudar e ficar longe ele quase colou seu corpo no meu roubando o que restava de meu fôlego.

— Não faça isso! — Respondi com voz baixa.

— Mas eu também te quero, Bia. — Retrucou quase sussurrante.

— Léo por favor! — Me afastei dele para o outro lado da cozinha.

Virei de frente e ele continuava me olhando em silêncio, o que me fez continuar:

— Se você tivesse chegado um pouco antes era seu nome que estaria escrito dentro dessa aliança — mostrei meu dedo anelar esquerdo pra ele, deixando minha aliança de compromisso bem visível.

— Quanto tempo?

— Oito meses.

— Eu nem estava em Valparaíso ainda há oito meses atrás.

Ficamos mais uns segundos nos olhando em silêncio, ele ainda encostado na pia e eu do outro lado da cozinha, louca de desejo pela sua boca perfeita mas presa ao peso de minha consciência com os fantasmas da Amanda e do Sergio me castigando.

— O que houve? — O chão se abriu sob meus pés quando o Ginho apareceu silênciosamente na porta da sala para cozinha com uma sacola de supermercado na mão direita e a chave do carro na esquerda.

— As músicas do papai se perderam todas! — Improvisei de última hora tentando parecer o mais tranquila que eu podia mas torcendo do fundo de minha alma que ele não tivesse ouvido sequer uma palavra do que eu e o Léo conversávamos a poucos segundos atrás.

— E isso é grave? — Felizmente ele pareceu acreditar.

— Pelo que ela falou eram músicas raras e não tinha backup.

Que as músicas se perderam e que eram raras era verdade, mas o Ginho não precisava saber que eu tinha sim o backup, caso contrário eu não teria como justificar aquele clima constragedor que ele quase nos pegou.

"Pelo menos não fui eu quem menti", pensei tentando me tranquilizar.

— E o que você vai fazer, amor? — Ele colocou a sacola na mesa e me deu um selinho.

Novamente me senti mau por ele fazer isso na frente do Léo, mas assim que o rosto do Ginho se afastou do meu, pelas costas dele vi olhar do Léo ferindo o meu, em seguida ele voltou para o quarto do meu irmão onde o computador tinha ficado trabalhando sozinho.

— Por enquanto enrolar ele até o Léo tentar baixar alguma coisa.

— Não gosto de enrolar seu pai mas acho que seria melhor do que decepcioná-lo por algo que existe chance de concertar. — "Meu Deus, eu não mereço esse homem! Quanto mais ele é compreensível e gentil, mas eu me sinto um monstro!"

Felizmente o Ginho foi inocente o suficiente pra acreditar em tudo o que eu e o Léo dissemos, até porque quando você mistura verdade com mentira, sua história fica mais convincente.

Antes de voltar ele passou no supermercado e trouxe algo para comermos, então preparei um lanche e felizmente passamos bons momentos até o anoitecer quando precisei deixá-los a sós e fazer o jantar pra minha família que chegaria a qualquer momento.

Perto das oito horas da noite, deixei tudo pronto e sentei ao lado deles tentando acompanhar a conversa sobre filmes dos dois, até que um popup apareceu na tela repentinamente e fez o Léo comentar:

— Segunda fase concluída com sucesso, agora é só transferir os arquviso do backup, instalar os últimos programas e terminamos.

— Pode começar, precisamos dessa máquina pronta quando meu sogro chegar.

— Não sei se vai dar tempo, transferir arquivos pode ser meio chato.

— Posso fazer isso amanhã amor.

— Mas instalar os programas que o Thi usa, só o Léo sabe.

Realmente isso foi um pouco mais demorado do que eu esperava, quase dez da noite e flagrei o Ginho cochilando numa almofada ao lado.

— Amor, acorda, acho que o Léo pode terminar amanhã.

— Não... — ele sentou-se meio tonto, e continuou esfregando os olhos — eu acho que vou indo, acordei cedo demais hoje, o Léo fica e termina o serviço.

— Eu posso continuar amanhã, Ginho, deixo você em casa e amanhã continuamos.

— Não mano, sem problemas, logo os pais da Bia chegam.

— Por isso mesmo, eles podem não gostar de mim aqui.

— Você é um técnico trabalhando pra deixar um computador pronto pra amanhã de manhã, é meu amigo e eu confio em você, não esquenta que eu converso com eles depois. — É sério que isso estava acontecendo? Eu fugindo da tentação e o Ginho me jogando nela?

Mas foi o que aconteceu, deixamos o léo sozinho no quarto do Thi e esperei o Uber junto com ele na calçada, quando voltei sozinha para o quarto, sentei-me na cama perto do computador, quando parou de digitar algo, apertou Enter pra confirmar e me olhou sorrindo.

— Tudo bem?

— Sim.

— Me perdoe pelo constrangimento de mais cedo, ele quase ouviu o que falamos.

— Felizmente ele não ouviu e mais uma vez eu te peço perdão por te desrespeitar. — Eu estava estranhamente forte, acho que o receio da iminente chegada de minha família me deu juízo suficiente pra me comportar.

Mas perto das onze ele terminou, juntou rapidamente suas coisas e decidiu ir embora antes que meus pais nos flagrassem sozinhos.

Eu conhecia meu pai o suficiente pra saber que se o Ginho confiava cegamente assim no Léo então meu pai também confiaria, mas ele estava acanhado de qualquer forma.

Andamos em silêncio até o portão com a luz da varanda apagada, a luz do poste não iluminava até onde estávamos, o que proporcionava um ambiente de meia luz muito perigoso para meu já fragilizado auto controle.

— Deixe bem claro para seu irmão que foi a imprudência dele que fez isso, ok?

— Acho que... ele... ele já sabe.

Sozinha com ele no escuro o fôlego começava a me faltar novamente, por mais que o Ginho ou a Amanda não merecessem, se eu continuasse a ficar sozinha com ele uma hora ou outra poderia não responder por mim, mas a pronfundidade de seu olhar algumas vezes me mostrava que não era só eu que lutava contra mim mesma.

Ficamos no escuro nos olhando por tempo demais ou mais próximos do que seria sábio, olho no olho, o desejo queimando dentro de mim e eu sem conseguir respirar direito. "Que se dane", pensei comigo mesma, "não vou suportar esse inferno por mais tempo". Dei o último passo que nos separava, agarrei o colarinho da sua blusa com as duas mãos e o beijei.

Eu acabaria enlouquecendo se não provasse aquela boca de uma vez por todas, foi a melhor sensação de minha vida, nossos corpos colados trocando aquela prazerosa energia elétrica, nossos lábios unidos movendo-se em sincronia perfeita.

A muito tempo eu não me sentia tão completa num beijo, preferi não pensar no que podia ou não podia, ou em quem mais estaria envolvido naquele momento, eu só precisava do gosto daquela boca perfeita pelo máximo de tempo que eu pudesse.

— Quero você pra mim.— Disse ainda agarrada a sua roupa, com suas mãos em minha cintura. Ele tentou responder algo mas toquei seus lábios com o indicador e o médio unidos fazendo um breve chiado com a boca pra que ele continuasse em silêncio e continuei: — Nunca me senti tão completa com ninguém em minha vida toda, nunca senti essa eletricidade tão... tão boa... com ninguém que eu já tenha beijado, Léo.

— Bia...

— Não fala nada, por favor.

Trocamos mais alguns beijos mais curtos até que ele voltou para o carro, deu a partida e se foi.

Voltei de vagar e em silêncio para meu quarto, me joguei na cama e fiquei rindo sozinha como uma adolecente que acabara de ganhar seu primeiro beijo até que pouco tempo depois minha família chegou.

Naquela noite não sofri pra pegar no sono e antes de apagar eu ainda tinha o sorriso bobo de adolescente apaixonada nos lábios.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo