Cameron
Tentei de todas as formas falar com Riuk, mas ele me ignorava completamente. Cada tentativa minha de alcançar aquele menino parecia bater em uma parede intransponível, e isso me deixava triste. Havia algo tão profundo na dor que ele carregava, que me sentia impotente diante dela. Quando percebi que não iria conseguir avançar naquele momento, saí da sala sentindo um aperto no peito.
Voltei para a sala de Helena, onde a encontrei lendo um papel em silêncio. A visão dela, tão concentrada e dedicada ao trabalho com as crianças, me trouxe um pouco de conforto. “Helena,” comecei, tentando recuperar o foco, “voltarei amanhã para testar as habilidades de cada filhote e montar as fichas deles. Vou precisar também passar na escola para ver as notas e os desempenhos antes de convidar as famílias para o jantar.”
Ela ergueu os olhos, sorrindo,
RagnarAbri a porta do carro para Eron, que entrou a passos apressados e animados, já contando todas as novidades para Cameron. Ela, sem hesitar, pulou para o banco de trás e se sentou ao lado dele, mergulhando na conversa com um sorriso que iluminava seu rosto. Era impossível não sentir o calor que emanava daquela troca entre eles.
CameronEstar perto de Ragnar era como ser envolvida por uma tempestade, uma força irresistível que me atraía e me puxava para ele, por mais que eu tentasse resistir. O poder que ele exercia sobre mim era inegável, e por mais que minha mente lutasse contra, o desejo e o desespero da minha loba sempre me conduziam de volta para ele.Assim que entramos no quarto, Ragnar fechou a porta atrás de nós, me pressionando contra a madeira fria. Seu corpo quente e firme se moldou ao meu, e eu instintivamente passei minhas mãos pelo seu pescoço, puxando-o para mais perto. O beijo que seguiu foi ainda mais sedento do que qualquer um que havíamos compartilhado antes, carregado pelos dias em que estivemos afastados. Senti sua respiração quente contra minha pele, e um rosnado baixo reverberou em seu peito.“Estava com tantas saudades de você,” ele murmurou, sua voz rouca de desejo. “Não quero que você se afaste de mim de novo.”Tentei manter minha mente clara, apesar da intensidade do momento. “Então
CameronEnquanto descíamos para almoçar, senti uma onda de contentamento ao ver Eron tão animado. Ele estava cheio de energia, conversando sobre as coisas que havia aprendido na escola e os novos amigos que havia feito. Era reconfortante vê-lo assim, tão feliz e seguro, e isso me deu coragem para abordar um assunto delicado durante o almoço.“Eron,” comecei, esperando o momento certo para falar, “quero te contar sobre um pequeno lobo que conheci hoje. Ele está preso em uma cadeira de rodas, e seu pai e eu decidimos que queremos ajudar.”Eron, sempre curioso, franziu a testa, olhando para mim com seus grandes olhos atentos. “Por que ele está em uma cadeira de rodas, mamãe?”“Ele sofreu um acidente, Eron,” expliquei com cuidado, olhando para Ragnar que concordou comigo em omitir os detalhes. “É órfão, e não tem ning
RagnarEnquanto me preparava para entrar no quarto de Eron, virei-me para Cameron e Eron, que ainda estavam parados na porta do quarto. “Desçam,” ordenei, minha voz firme e sem espaço para discussão.Cameron, no entanto, tentou argumentar, a preocupação evidente em seus olhos. “Ragnar, afaste-se. Pode ser perigoso…”“Não,” interrompi, meu tom resoluto. “Eu sou o único que pode lidar com isso. Se algo acontecer, você precisa tirar o nosso filhote daqui, Cameron.”Ela hesitou, mas então, com um leve aceno de cabeça, concordou. Pegou Eron pela mão, que relutantemente começou a descer as escadas com ela. Assim que desapareceram de vista, voltei minha atenção para o quarto de Eron, onde o ar parecia denso e pesado, carregado de uma energia estranha.Entrei no quarto e imediatamente senti algo diferente,
CameronCom Ragnar e a equipe fora, em busca de pistas sobre quem havia trazido aquela ameaça para nossa casa, eu me vi sozinha com Eron. O silêncio que ficou após a saída deles pesava no ar, mas eu sabia que precisava manter a calma e ajudar Eron a superar o medo que ainda o assombrava.“Eron,” chamei suavemente, me agachando para ficar à altura dele, “o que você quer fazer agora?”Ele me olhou com seus grandes olhos, ainda um pouco assustado, mas determinado. “Eu não quero mais ficar naquele quarto, mamãe. Quero escolher um quarto novo. Um onde eu possa ficar perto de Riuk, se ele vier morar com a gente.”A compaixão e o orgulho por ele cresceram em meu peito, mas eu sabia que precisava ser honesta. “Riuk não pode morar aqui, Eron.”“Por quê? Ele vai ser treinado por você e pelo papai. Por que não pode morar
RagnarCheguei em casa às oito da noite, ainda sentindo o pulsar dos acontecimentos do dia. O peso das descobertas e a frustração por alguém ter conseguido se infiltrar tão perto de mim, de minha família, ainda latejava em minha mente. O silêncio que reinava na mansão sugeria que Cameron e Eron já haviam jantado e estavam se preparando para dormir. Subi as escadas lentamente, a tensão ainda presente em cada músculo.Quando cheguei ao quarto de Eron, me surpreendi ao encontrar o espaço vazio. Uma inquietação me atravessou, mas continuei a procurar, indo de um quarto a outro. Por fim, ao me aproximar do quarto próximo ao de Cameron, encontrei o que procurava. Ela estava deitada na cama com Eron, lendo uma história para ele, sua voz suave enchendo o quarto com uma calma que contrapunha o tumulto dentro de mim.Encostei-me no batente da porta, observando a
CameronApós deixar Eron na escola, Ragnar me levou até a casa das matriarcas. Durante o trajeto, a ansiedade começou a crescer dentro de mim, o medo de que Riuk pudesse rejeitar minha ajuda pesando em meus pensamentos. Ragnar, percebendo minha inquietação, colocou a mão sobre a minha e me olhou com aquele jeito calmo e firme que sempre conseguia me tranquilizar.“Ele está desesperado por cuidados, Cam,” disse ele, com confiança. “E você é a pessoa mais indicada para cuidar disso. Acredite em si mesma.”Seu apoio aqueceu meu coração, e um sorriso apareceu em meus lábios. “Obrigada, Ragnar,” respondi, inclinando-me para dar-lhe um beijo antes de sair do carro. Era uma pequena promessa, um lembrete de que eu tinha alguém ao meu lado.Assim que entrei na casa das matriarcas, fui recebida pelo doutor Galler e o fisioterapeuta Fr
RiukEu observava tudo com uma mistura de ceticismo e desconfiança. As outras crianças corriam e riam ao redor, animadas com a atenção dos lobos que estavam ali para avaliá-las. Mas para mim, aquilo era apenas mais uma prova de que eu era diferente, que minha condição me isolava dos outros.Cameron, ou a Luna Suprema, como ela disse ser, estava ao meu lado, me observando com aquela expressão que eu não conseguia decifrar. Havia algo nos olhos dela que era difícil de ignorar, uma combinação de preocupação e determinação que fazia com que eu me sentisse... importante, de um jeito que não estava acostumado.Os lobos finalmente se voltaram para mim e para ela, indicando que eu era o último a ser avaliado. Cameron apoiou a mão sobre a minha, um gesto que deveria ser reconfortante, mas que me fez recuar automaticamente. Eu não est