Melissa
Eu não sabia o que pensar. O enjoo me consumia e, nesse momento, minha mente parecia uma tempestade. Achei que estávamos finalmente livres daquela mulher, que ela havia seguido sua vida e encontrado a felicidade longe de nós. Que tola eu fui. Pelo que vejo agora, ela está mais descontrolada do que nunca. Não, descontrolada não... Fanática. Obsessiva. Capaz de qualquer coisa para conseguir o que quer. É triste — não, é aterrorizante — ver alguém afundar tão fundo.
Olhei para ela, lutando contra a náusea que o odor no ar me provocava. Era fumaça. Forte e sufocante.
— O que você quer? Não se cansa? Vai ser feliz, Renata, me deixe em paz! — Minha voz saiu trêmula, mas tentei manter a calma. Meus
Ao chegar ao pé da escada, ouvi gritos abafados do lado de fora. Alguém tentava abrir a porta da frente, mas os vidros temperados impediam qualquer avanço. A fumaça estava ficando insuportável. Começamos a tossir, mas Renata parecia ignorar o próprio corpo, continuando a me empurrar na direção das chamas.— Pare, Renata! Ainda há tempo! Tem uma saída de emergência! — Minha voz era um fio de esperança, mas sua resposta foi uma gargalhada cortante, cheia de crueldade.— HAHAHA! Está trancada, acha que não pensei nisso? Vai lá e morra tentando sair! — Meu peito ardia, tanto pelo fumo quanto pela raiva. Uma raiva que nunca havia sentido antes. Aquele ódio fervia em mim, me impulsionando, mas eu ainda estava presa no medo.
— Renata! NÃOOOO, NÃO FAZ ISSO, POR FAVOR! — Minhas palavras saíram como um grito sufocado, minha voz embargada pelo pavor. Coloquei as mãos na boca, tentando controlar o tremor que tomava conta de mim.— ENTÃO SAIA, SUA CACHORRA, OU TE QUEIMO AÍ DENTRO! — A raiva de Renata era tão intensa que parecia uma chama viva. Meu coração batia descompassado enquanto tentava pensar em algo, mas o pânico me congelava. Não havia como pular de uma altura de nove metros sem nada para amortecer a queda. — Vou contar até cinco. Se não sair, te incendeio aí dentro! — Ela ameaçou, e começou a contagem.No "um", destranquei a porta com mãos trêmulas e saí correndo, encostando-me à parede mais próxima,
Versão HenryHenryRicardo ainda estava comigo na sala quando meu celular tocou. Era Bárbara. Sua voz estava carregada de pânico.— A loja está pegando fogo! — ela gritou, e minhas pernas pareceram ceder por um instante. Fogo? Como assim? Meu coração disparou, e um misto de desespero e incredulidade tomou conta de mim.Sem pensar, saí correndo, Ricardo me seguindo. A ideia de Melissa estar lá dentro era insuportável.Entrei no carro, mas minha mente já não funcionava direito. Tudo o que eu queria era estar lá agora. O trajeto parecia uma eternidade em minha cabeça. Por que diabos ainda não in
Entrei no banheiro devagar, tentando não fazer barulho.Mas Renata me viu antes que eu pudesse agir. Seus olhos me fitaram com um brilho de insanidade, e ela correu em direção a Melissa, jogando combustível sobre ela.Ela quer morrer pelas minhas mãos, só pode.Tentei me manter calmo, mesmo com o coração disparado, enquanto minha mente gritava em alerta. Quando vi que Melissa estava bem, apesar de exausta, minha prioridade foi tirar a Renata do nosso caminho de uma vez por todas. Usei a raiva dela contra ela mesma, provocando-a. Aquele sangue no rosto dela era um lembrete do caos que havia causado.Renata partiu para cima de mim, cega de ódio, exatamente como eu esperava. Segurei seus braços com firmeza, imobilizando-a. Ela
Depois de prestar depoimento, o delegado finalmente confirmou que aquela desgraçada da Renata não havia morrido. Só então fui liberado da delegacia. Minha mãe foi um anjo durante todo o processo, cuidando de tudo para que eu saísse o mais rápido possível. Eu estava sem paciência até mesmo para o interrogatório, meu humor completamente destroçado.Enquanto esperava naquela sala fria e impessoal, o irmão da Renata apareceu. Quando o vi entrar, já imaginei que ele começaria a despejar uma enxurrada de merdas. Mas, para minha surpresa, ele fez exatamente o oposto. Ele nos ajudou, prestando um depoimento que só reforçou o caso contra Renata. Ele afirmou que a irmã estava completamente obsessiva e havia planejado se vingar de mim e da minha família. Já em casa...Os exames confirmaram que estava tudo bem com Melissa e nosso bebê. Graças a Deus, o médico nos tranquilizou. Havia apenas um pequeno sangramento, o que exigia repouso total. Com a alta do hospital, finalmente fomos para casa. Bárbara e Ricardo seguiram para o apartamento deles, e minha mãe ficou com Mia até chegarmos. Eduardo a buscou pouco depois.Assim que chegamos, demos toda a atenção para nossa pequena. Mia estava eufórica, claramente sentindo nossa falta. A cena aqueceu meu coração e me fez pensar no futuro: criar nossos filhos com idades tão próximas seria um sonho.Melissa só desgrudou de Mia na hora de dormir. Nossa pequena estava tão apegada que foi difícil f150. Capitulo
SEMANAS ATRÁSMelissa VenezaEu estava determinada a finalmente ter uma conversa amigável com Henry, algo que não acontecia há muito tempo. Saí da minha loja e segui para a ST TECHNOLOGIC, a empresa dele. O prédio imponente e espelhado sempre chamou minha atenção, e, como sempre, admirei sua beleza ao me aproximar. Mesmo sendo esposa do presidente da empresa, minha presença ali era incomum, o que justificava os olhares curiosos que recebi ao atravessar a recepção.Meu nome é Melissa Veneza, tenho 26 anos, e o homem com quem estou prestes a discutir o divórcio é Henry Stuart, herdeiro de tudo isso. Ele mal aparecia em casa ultimamente, e não havia mais motivos para mantermos um vínculo sem futuro. Enquanto esperava o elevador, meu coração estava calmo, ou pelo menos eu tentava manter a tranquilidade. Quando a porta se abriu, entrei, e o reflexo do espelho me mostrou uma mulher decidida, mas com um turbilhão interno. Era horário de almoço, o prédio estava quase vazio. Passei pela mesa d
Agora posso dizer com certeza: estamos em processo de separação. Foram apenas três anos de casados, e o que parecia ser um conto de fadas acabou mais rápido do que eu imaginava. No começo, foi uma paixão avassaladora, mas com o tempo, a chama foi se apagando. É isso que acontece quando você se deixa levar por um fogo de palha: ele logo se extingue. Henry me decepcionou da mesma maneira que eu o decepcionei. Eu adorava provocar seu ciúme — e ele era muito ciumento. Dançava com meus amigos, rebolava na frente dele, sabendo que o deixava furioso, só para vê-lo perder o controle. No fim, tudo sempre terminava no mesmo lugar: na cama. Infantilidade, eu sei. Mas o que eu nunca imaginei era que tudo acabaria assim, com a descoberta da traição dele. Não sei por que eu achava que ele seria fiel. Sua mãe fez questão de colocar Renata, sua afilhada e ex-namorada, na empresa, e era ela quem eu encontrei no colo dele, aos beijos. Já estávamos em crise, e vê-la trabalhando ao lado dele só piorou