KARAH LANGEu fiz alguns exames e como não tinha nenhum problema físico, fui liberada no mesmo dia. Para minha surpresa, o policial Bruno estava na recepção me esperando. — Então, você está melhor agora, moça? — Ele perguntou, gentilmente, vindo em minha direção.— Sim, eu estou melhor. Obrigada pela preocupação. E o meu nome é Karah — respondi, oferecendo a mão para me apresentar.— Muito bom saber disso, Karah, é um bonito nome. — Ele sorriu, e que sorriso bonito ele tinha. — Bom, se você não se importar, posso te dar uma carona para casa. Aceita? — Ele perguntou, ainda sorrindo. Ele é mesmo muito bonito. — Claro que aceito! Depois de ser sequestrada por três terroristas, nada melhor do que voltar para casa na companhia do policial que acabou com eles. — respondi e comecei a andar, seguindo-o até seu carro.O carro dele é um belo carro. No caminho até o prédio do Lucas, ele foi me contando sobre sua carreira. Seu relato só me fez ter certeza de que ele é um homem muito bacana. Co
— Alô! Neste número eu falo com a proprietária do terreno que está à venda? — Surpreendi-me com a rapidez que apareceu um comprador.— É sim… — Nós conversamos por alguns minutos e, mais rápido do que eu imaginava e pelo preço que eu pedi, fechamos negócio. Aparentemente a minha sorte resolveu mudar. Agora é só decidir o que fazer com o dinheiro, eu tenho muitas ideias, talvez eu possa até começar um negócio próprio. Acabei rindo do meu excesso de positividade. Até parece que setenta mil reais daria para abrir um negócio em plena cidade de São Paulo. Até poderia ser um investimento inicial, se eu tivesse um teto para morar e como me sustentar até que o negócio começasse a dar lucro. Os meus dois dias de desempregada estão me possibilitando ter muito tempo para pensar. Algo que eu não fazia com frequência quando estava trabalhando, meu tempo para mim mesma era escasso. Após me dar conta que o meu dinheiro era insuficiente para me tornar minha própria chefe, acabei decidindo viajar,
OLIVER LUTHOR Eu queria muito falar com a Karah, poder me explicar e resolver nossas diferenças, mas ao vê-la com aquele policial acabei voltando para casa sem cumprir com meu objetivo. Como já era esperado, a minha avó achou que eu não fiz porque não quis. — Oliver, você ao menos tentou? — perguntou, após ouvir minhas explicação. — A senhora ouviu o que eu acabei de dizer? Eu não falei com ela porque estava acompanhada. — Acompanhada? Oliver, você poderia ter se aproximado e pedido para conversar! Eu aposto que você sequer tentou de verdade — faz um muxoxo com a boca, eu acabei rindo da sua expressão excessiva de desgosto. — Você está rindo? Eu já disse para você resolver isso e não aceitarei que essa situação continue! — Eu irei resolver. Não se preocupe, a sua protegida vai voltar a falar com a senhora. — Deixei-a reclamando na sala e fui em direção ao meu quarto. Após sair do banho, ouvi batidas na porta. — Entre! — Oliver, eu posso falar com você? — perguntou
Talvez se eu mostrar um pouco de bondade, ela não se mantenha tão arredia. Nos próximos dois dias, eu não tive muito tempo, foram uma maratona de reuniões e papéis para ler e assinar, então tive que adiar meus planos de uma nova tentativa. Mas, aparentemente o destino resolveu jogar a meu favor. Após encerrar uma reunião, que aconteceu em um restaurante próximo à minha casa, acabei encontrando-me com a Karah, ela estava indo em direção à praça do condomínio. Ela tentou passar por mim e até desviou o rosto para o outro lado, tentava evitar o contato comigo, mas eu não iria perder essa oportunidade, bloqueei seu caminho. Ela estava vestida de maneira casual, calça jeans e camiseta, o tênis confortável e personalizado para caminhada, me fez questioná-la se estava procurando um emprego. — Oliver, eu não quero confusão, já estava indo embora — respondeu, seca e mantendo distância. — Não perguntei se você estava indo embora, Karah, eu perguntei se estava procurando por um emprego — fale
KARAH LANG Abri os meus olhos e tive dificuldade em mantê-los abertos; uma claridade excessiva me incomodou. Pisquei algumas vezes e ao notar o quarto estranho, branco, muito branco, tentei levantar-me. — Você finalmente acordou, minha querida — uma voz doce soou ao meu lado. Ainda com a consciência entorpecida pelo sono, não prestei muita atenção em quem estava falando. — Eu… acho que sim — respondi, esfregando os olhos na tentativa de melhorar minha visão. — Onde eu estou? A minha pergunta soou baixa, enquanto eu tentava processar a cena ao meu redor. — Você está no hospital. — Por quê? — Você perdeu a consciência, nós ficamos assustados… — enquanto ela respondia, as imagens foram tomando forma na minha mente. Eu havia acabado de sair da casa do senhor Afonso e me encontrei com o Oliver. Nós discutimos e eu não me lembro de mais nada. Isso significa que… foi ele quem me trouxe ao hospital? O que ele vai pensar agora, que eu criei essa cena para me aproxima
A minha respiração acelerou no segundo em que o vi. Tentei me acalmar quando o médico se aproximou, mas falhei, meu coração batia tão forte que era possível ver o meu peito balançando. Tanto que o doutor ergueu uma sobrancelha, encarando-me: eu fingi uma tosse e aproveitei para puxar o ar e depois soltei, mas não adiantou muito, pois o Oliver me encarava a alguns passos de distância.— Bom dia, mocinha — cumprimentou o médico, com sua voz agradavelmente calma, enquanto se aproximava. — Senti algum desconforto? — Bom dia. Não, eu não sinto nada — respondi, tentando mostrar calma. Ele vestiu as luvas nas mãos e abriu meus olhos, um de cada vez, verificando com sua lanterna. — Você realmente não sentiu nada ao acordar? — sua pergunta soou como se não tivesse concordado com a minha resposta. Eu novamente neguei, realmente não senti nada diferente quando acordei.— Não.— Você já perdeu a consciência outras vezes? E antes de apagar o que você sentiu? — continuou perguntando, enquanto c
OLIVER LUTHOR Arritmia cardíaca. Eu encarei a mulher que recebia a notícia sem transmitir qualquer reação que demonstrasse que ela estava preocupada com sua própria saúde. Eu não gostei. Ela estava calma demais, até mesmo o médico parecia dar mais importância ao fato. Eu imaginei a minha conversa com ela de muitas formas, imaginei que não seria mesmo fácil convencê-la de que eu não iria mais perseguir ou intimidá-la, mas eu não contei que acabaria comigo levando-a para emergência. Eu fiquei preocupado pra caralho! Ainda mais depois que a segurei em meus braços e percebi o quanto ela emagreceu. A minha mente fez uma retrospectiva de todas as minhas malditas atitudes que eu tive contra ela e um arrependimento descomunal tomou conta de mim. Eu fui um tremendo filho da puta com ela, é sem motivo nenhum. É como ela me disse mais de uma vez: o único erro dela foi ter transado comigo naquela noite e ter escondido que nunca foi garota de programa, fora esta mentira, ela não cometeu mais
A confirmação da minha percepção veio logo depois que o doutor Daniel saiu. — Senhora Clarice, eu sei que está fazendo isso de coração, mas eu não posso aceitar a ajuda de vocês — ela disse palavra por palavra, agora com uma certeza absoluta. Sinto-me nervoso só de pensar onde ela queria chegar com isso. — Como assim, o que você quer dizer com isso? — perguntou minha avó, seu olhar divergindo entre confuso e desgostoso, mostrando o quanto ela desejava que a resposta não fosse o que imaginava. Karah não a encarou para responder, acredito que estava fugindo do olhar de decepção que minha avó daria após ouvir suas palavras, ela olhou para baixo e segurou a mão da minha avó. — Eu agradeço de coração tudo que vocês fizeram por mim. Eu estou realmente lisonjeada e não conseguirei expressar em palavras o quanto fiquei emocionada com tanto carinho da senhora, mas eu não posso continuar usufruindo deste tratamento caro, porque este hospital é caríssimo, o mais caro de São Paulo — sorri ant