Fernando estava saindo do hospital quando o seu telefone toca "Karen" ele enfim resolve atender.— Alô!— Oi amor, já estava preocupada. Onde você está? Eu preciso te ver, estou morrendo de saudade.— Não precisa se preocupar comigo, eu sei me cuidar.— Você me abandonou, será que esqueceu que cada dia que passa é um a menos para eu viver. É tão difícil amor. — Karen fala com a voz chorosa.— Karen, eu tenho estado ocupado...— Espero que não tenha esquecido a festa de noivado da minha prima amanhã, comprei um vestido lindo, preciso estar bem bonita ao seu lado.— Eu já lhe disse que não vou a esse noivado, eu não conheço a sua prima, e não gosto de festa, sabe muito bem disso.— Mas você é o meu noivo, e não posso ir sozinha.— Você irá com os seus pais.— Poxa amor, sabe muito bem que não é a mesma coisa, eu estou me sentindo muito sozinha, quando não está ao meu lado as coisas ficam difíceis para mim, me sinto ainda mais doente.— Já disse para você procurar um psicólogo, eu não po
O jantar logo é servido e Fernando se força a comer, o que menos queria era estar ali, principalmente por saber que o assunto muito desagradaria a Karen, que já estava com tudo organizado para o casamento que seria em dois meses. Não podia prever a reação que ela teria ao saber que não haveria mais casamento, mas não existia nenhuma possibilidade de seguir com aquele compromisso.Fernando pensa nas suas pequenas, o que mais queria naquele momento era estar em casa, tendo a oportunidade de por a sua levadinha para dormir, quando ele saiu a deixou brincando no meio da sala, com os muitos brinquedos que havia comprado para elas, sorri ao pensar na festa que ela fez quando o viu entrar com vários brinquedos e ainda voltou no carro para pegar mais. Também comprou alguns para Aurora, depois de descobrir do que ela gostava, como cubos de encaixe e até um microfone para poder ouvi-la cantando, ela adorava cantar, segundo Helena lhe disse. Comprou também um ursinho para levar para ela no hospi
Karen começa a chorar em desespero, que filha era essa que apareceu do nada? Fora de si, Karen se recorda da criança que encontrou na casa dele. Ela chora e se ajoelha aos pés de Fernando.— Você não pode me abandonar, não pode! — Ela soluça, e Fernando tenta a levantar do chão.— Pare com isso Karen...— Eu não sei viver sem você, eu não sei. Sempre estive ao seu lado. Em todos os momentos que você precisou eu estava lá com você, não faça isso comigo.— Karen, eu sempre serei grato pelo que fez, mas tente entender, por favor. Não vamos mais prolongar esse assunto. — Ele a põe de pé e a abraça — Eu não vou te abandonar, apenas não irei me casar com você.— Eu não acredito nessa história de filha — Karen se afasta dele, sua vontade era quebrar tudo a sua volta, mas mesmo trêmula, consegue se controlar — Provavelmente você está sendo enganado, uma golpista está tentando arrancar dinheiro seu, dizendo ter uma filha sua, nem sua filha aquela criança deve ser.— Não existe golpista Karen,
Quando Fernando chega em casa encontra Ágata ainda acordada e brincando, quando ela o vê entrando, corre até ele que a pega no colo e lhe beija a bochecha suada.— O que faz ainda acordada? — Pergunta a vendo bocejar.— Papai, papai, tio Muilo binco não. Binca eu.Fernando se senta perto de onde ela estava antes e Ágata entrega a ele uma xícara de plástico, o fazendo ri.— Bebe, bebe papai — Fernando finge beber o que não tinha na xícara fazendo Murilo se acabar de ri ao ver a cena. Fernando todo social sentado no chão, com uma xícara de plástico rosa na mão fingindo beber chá. Era uma cena que ele nunca imaginou assistir.— Dá uma para o seu tio também, ele está querendo. — Fernando fala com a filha que na mesma hora pega outra xícara.— Qué tio Muilo? — Ágata pergunta inocente.— Não meu amor, o seu pai bebe por mim.— Qué sim — Ela vai até ele tropeçando entre os brinquedos espalhados e lhe entrega uma xícara — Bebe, bebe! — Soraia ri dos dois homens a sua frente.— Que delicia Ág
Fernando chega ao hospital com balões coloridos, um urso branco com um laço rosa no pescoço, que tinha comprado para ela nas compras dos brinquedos, além de livros com desenhos coloridos. Helena disse a ele que Aurora gostava de cantar ou que cantassem para ela, por isso um deles era um livro musical.Quando ele entra no quarto, Aurora estava acordada com os olhinhos atentos e ele sente uma forte emoção. Vê-la tão bem e corada, sem o cateter e sem a sonda no nariz, era reconfortante. Aurora ao ver os balões e o urso na mão do pai abre o sorriso mais lindo que ele já tinha visto.— Oi pequena — Ele se aproxima e lhe faz um carinho nos cabelos escuros — Você é muito linda, sabia?— Sim, a mamãe disse — Responde sorrindo.— A mamãe não mentiu — Fernando não consegue deixar de sorrir ao ouvir a resposta dela, ainda fazendo carinho em seus cabelos, depois de lhe beijar a testa.— É pesente pa mim? — Pergunta apontando para o urso que ele segurava.— Sim, é pra você — Fernando até havia se
Karen sente vontade de esbofetear Helena, mas se fizesse isso Fernando saberia e não teria como se defender, ao invés disso, prefere usar das palavras para feri-la.— Quem você pensa que é? — Karen também não recua — Você não passa de uma vadiazinha que dormiu com o tio do amigo. Você foi apenas um lanchinho para Fernando, ainda por cima era virgem, como ele mesmo me contou rindo, por nem saber satisfazer um homem. — Karen estava tão próxima que Helena sente o seu hálito, mas não recua um centímetro sequer — Mesmo que ele te assuma por ter surgido com duas pestinhas, você nunca estará no coração dele. No fundo, ele sente raiva de você por colocá-lo nessa situação, o obrigando a ser pai — Karen se afasta — Fernando pode ter um coração mole, mas eu vou estar aqui nessa casa, ao lado dele e você queridinha terá que suportar a minha presença, ele nunca me afastará dele.— Eu sinto pena de você, mesmo que não mereça, eu ainda sinto pena. — Helena ri de lado — Você é patética, usa a doença
O dia da alta de Aurora chega, ela surpreendeu a toda equipe médica que cuidou dela, pela sua resistência na cirurgia e na sua recuperação.Após chegar naquele hospital entre a vida e a morte, lá estava Aurara sendo arrumada por sua mãe, para enfim deixar o hospital. As enfermeiras que cuidaram dela foram se despedir, e Aurora com o seu jeitinho lembrava do nome de todas as tias, como as chamava. O cirurgião Dr. Saulo, era o tio Saulu e Dr. Pericles, o cardiologista que a acompanhou e continuaria sendo o seu médico era o tio Periqui.Os dois também fizeram questão de irem se despedir da pequena guerreira como a chamavam, paciente que lutou incansavelmente pela vida, que não se entregou em momento algum, mesmo quando a ciência não sabia explicar, o coração dela ainda batia. Vê-la sorrir para eles era a melhor recompensa por serem médicos pediátricos.— Vamos filha? — Fernando pergunta, ele já tinha levado as coisas dela e as de Helena para o carro.— Vamos papai — Ela espera ele a pega
Quando deixam de se beijar permanecem abraçados, Fernando se permite demonstrar os seus sentimentos, ele a queria e não iria mais se importar com as pedradas que com certeza o jogariam principalmente por terminar o noivado com uma pessoa doente às véspera do casamento e ainda estar morando com outra bem mais jovem que ele.— Me perdoa Helena — Fernando segura o rosto da mulher que ama com as duas mãos — Me perdoa pelo que eu te disse naquela manhã, me perdoe por tudo o que te fiz passar sozinha, por ter sido um covarde e não ter te confessado a verdade, que o que eu mais queria naquela manhã era que permanecesse ao meu lado — Ele a beija de novo em um beijo mais suave e delicado — Tudo o que eu sempre quis foi ter coragem de enfrentar a opinião dos outros. Me arrependi por ter te magoado, mas continuei sendo um covarde me privando do seu amor.— Fernando, você está me dizendo essas coisas por causa das meninas?— Estou te dizendo essas coisas porque eu te amo, antes mesmo de dormirmos