(Camila)
Já são oito horas da noite e estou morta de cansaço. Minha mãe e meu padrasto foram ao banco pela manhã e não voltaram mais para o quiosque. O meu irmão também não apareceu também depois do intervalo dele do almoço. Espero que ele não tenha aprontado.
Guardo as coisas, pego o dinheiro do caixa e fecho o quiosque porque vou para a boate. Se eu me apressar, chego em casa em dez minutos. A Larissa disse que me buscaria às nove e ela é super pontual.
Ando pela praia um pouco temerosa, mas qualquer coisa uso o spray que tenho dentro da bolsa.
Chegando perto de casa já dá pra ouvir os gritos do meu irmão e do meu padrasto.
_ Você é um covarde por bater em mulher!
_ E você não passa de um delinquentizinho.
Corro, sabendo que algo de ruim deve ter acontecido. Entro dentro de casa assustada.
_ O que houve gente? – pergunto.
_ Esse monstro bebeu de novo e bateu na nossa mãe – meu irmão responde totalmente alterado.
Ah não! Não sei se fique triste porque minha mãe mais uma vez sofreu violência doméstica do meu padrasto ou se fico triste porque sinto que meu irmão usou alguma droga. Belo presente de aniversário que minha família me deu!
_ Cadê a mamãe? – pergunto.
_ A vadia foi se esconder no seu quarto como sempre – meu padrasto responde.
_ Não chame minha mãe de vadia, seu covarde – o Átila fala.
_ Se não você fará o quê? – Turco debocha.
Meu irmão se enfeza mais ainda e vai pra cima do meu padrasto. Eu vou até os dois e os separo.
_ Parem vocês dois, por favor!
Os dois ficam se olhando. Meu padrasto passa a mão no cabelo e sai batendo a porta.
Eu fico observando meu irmão. Ele está com os olhos vermelhos e a respiração muito acelerada. O que será que ele usou dessa vez?
_ Por que você nos separou? – ele pergunta – Eu iria matá-lo no soco.
_ Você não vai matar ninguém Átila. Aquele idiota não vale a pena.
Ele bufa e depois deita no sofá com um braço sobre a cabeça. Eu balanço a cabeça inconformada e apenas digo:
_ Eu vou ver como a mamãe está.
Vou para o meu quarto e bato na porta dizendo:
_ Mamãe, sou eu!
Ouço os passos dela pelo quarto e ela destrancando a porta.
Ela abre e eu vejo. Dessa vez meu padrasto não bateu muito. Pela marca na face de minha mãe ele lhe deferiu apenas um tapa.
_ Mamãe, por que a senhora aceita isso?
Ela não diz nada. Mas eu sei o principal motivo, o dinheiro.
Eu entro no quarto, jogo a bolsa na cama e abraço minha mãe.
_ Um dia vou tirar a senhora dessa vida.
Minha mãe não diz nada, apenas retribui o meu abraço.
Depois de uns instantes a gente se separa e ela fala:
_ Eu não pude te comprar nada, mas pelo menos posso te dar um abraço de aniversário e desejar toda a felicidade do mundo pra você.
_ Obrigada mamãe.
Nos abraçamos novamente.
_ Espero que você tenha planos para hoje a noite – ela fala sorrindo – Afinal só se completa dezoito anos uma vez na vida.
_ Na realidade a Larissa me deu ingresso para ir a boat.
_ Ótimo filha. Vá e se divirta
Eu me sinto mal em me divertir e deixar a minha mãe nesse estado.
_ Vou ligar pra ela e cancelar. Vou ficar com a senhora.
Minha mãe me contradiz:
_ Não faça isso filha. Me sentiria muito mal em saber que por minha causa você não pôde sair pra se divertir. Você já abriu mão de tanta coisa.
_ Mamãe – eu a interrompo, mas ela continua.
_ É verdade, filha. Se você não tivesse parado de estudar pra trabalhar comigo e com o Turco no quiosque você estaria numa universidade em Atenas.
Ela fala isso com tanta tristeza. Eu nunca a culpei por essa decisão. Eu precisava trabalhar se não morreríamos de fome.
_ Vá se divertir filha. Quem sabe o que essa noite te reserva?!
Não sei por que, mas quando minha mãe falou isso, eu me lembrei do cliente da praia.
_ A senhora tem razão mamãe. Vai que eu não encontro o príncipe que vai nos libertar dessa torre?
Minha mãe sorriu e disse:
_ Vou te deixar se arrumar, mas eu quero passar a noite no seu quarto.
Eu entendo a minha mãe. O meu quarto tem tranca por dentro e se o Turco tentar entrar não conseguirá. Eu pus essa tranca porque quando fui ficando mocinha comecei a ver os olhares dele para mim e senti que precisava me precaver.
_ Fique à vontade mamãe.
Ela sai e eu vou até o meu guarda-roupa e começo a olhar as minhas roupas.
Tenho poucas roupas para sair, mas todas são bonitas e de boa qualidade. Eu não sei se foi pelo Bulling que sofri na infância, mas desde que comecei a trabalhar sempre fiz questão de comprar roupas e calçados de marca.
E, por causa dessa atitude, posso frequentar qualquer ambiente que não me sinto como um "patinho feio" ou um "peixe for d'água".
Escolho um conjunto de blusa e calça jeans falso e como calçado uma sandália preta de salto 15. Como acessórios vou usar uma jaqueta e brincos de argolas.
Pego uma toalha e vou ao banheiro. Tomo meu banho de chuveiro e escovo os meus dentes. Coloco um anticéptico bucal, porque sempre pode rolar uns beijinhos numa boate. Apesar de virgem não sou santa. E estou solteira.
Mais uma vez a imagem do cliente desconhecido surgiu na minha mente.
Sorrio comigo mesmo, se eu fosse romântica diria que tinha me apaixonado a primeira vista por ele e que talvez ele se apaixonaria por mim também.
Até parece que um deus grego daquele olharia para uma garota comum como eu. Não tenho problemas com a minha auto-estima, mas eu sei que aquele homem é muita areia para o meu caminhãzinho. E, com certeza, ele já deve ser comprometido e com uma mulher belíssima.
Me enrolo na toalha e volto para o meu quarto. Fecho a porta e tranco. Tiro a toalha e passo hidratante em todo meu corpo. Depois me visto e borrifo um perfume.
Fico me observando no espelho e concluo que estou bonita.
Escuto uma buzina e vejo pela janela que é a Larissa.
Pego minha bolsa e saio do quarto.
Encontro minha mãe e o meu irmão na sala.
_ Já estou indo mamãe.
_ Se divirta filha.
_ Onde você vai Mila?
Eu olho para o meu irmão e me lembro do convite da Larissa pra ele.
_ Larissa me deu um ingresso para a boate hoje – digo abrindo minha bolsa e pegando o ingresso dele – Ela te deu esse também, caso você queira.
Ele fica olhando o ingresso na minha mão, mas não o pega.
Eu sei que ele está com vontade de ir. Ele é um rapaz normal de vinte anos que ama uma farra. Mas acho que ele está sem graça porque o convite veio da garota que ele gosta.
_ Eu vou deixar ele aqui, caso decida ir – deixo o ingresso dele em cima de um aparador perto da porta – Tchau pra vocês.
_ Se divirta filha – minha mãe deseja.
Eu saio da casa e vou até o carro de Larissa.
_ Oi – a cumprimento.
_ Mila do céu, tenho um babado pra te contar – ela diz dando partida no carro.
_ Que babado? – pergunto colocando o cinto de segurança.
_ O dono da ilha voltou.
_ Como assim?
_ Théo Alexandros está de volta na ilha.
Théo Alexandros é o primo poderoso do Erik. A família Alexandros tem vários negócios pelo mundo. Eles são considerados os donos da ilha porque o único hotel, o banco, o restaurante e a única boate da ilha pertencem a eles.
Erik sempre se referiu ao primo com muita inveja. Sorrio de lado sabendo que nesse momento meu ex deve está com muita raiva.
_ Eu nunca imaginei que ele voltaria um dia para a ilha – Larissa continua falando – Na época o escândalo foi enorme.
_ Que escândalo?
_ Parece que há dez anos ele desistiu do casamento arranjado pelos pais e pouco tempo depois seu pai morreu.
É incrível como em pelo século XXI, alguns pais gregos arranjam casamentos aos seus filhos.
_ Minha mãe está toda contente com a volta dele. Tenho certeza que ela já deve está pensando numa forma de me jogar pra cima dele.
Eu olho para minha amiga, mas ela dá uma piscadela e depois nós duas começamos a rir.
Chegamos na boate e ela estaciona o carro. Saímos e fomos para a entrada da boate. Não há fila, porque aqui só se entra com ingresso comprado antecipadamente. É uma forma de garantir a segurança do lugar em relação a quantidade de pessoas.
Fazia tanto tempo que eu não entro aqui, mas tudo continua igual. Larissa e eu vamos direto para a pista e começamos a dançar "Casanova" da Paulina Rubio.
"Toco tua pele e começo a cair
Em perigo, demência e exageros
Te ver dançar é quase um ritual
E sabes que eu te desejo
Não sei controlar a loucura que há em mim
É irracional o que me faz sentir
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me, dança dança Casanova
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me, dança dança Casanova
Teu calor, minha paixão, que combinação
Delírio, perfume, mistério
Não posso evitar ao te ver dançar
Realize o amor em meus sonhos
Que não posso passar sem a vontade de querer mais
Açúcar e sal, não quero fugir
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me, dança dança Casanova
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me, dança dança Casanova
Oooooh, dança dança Casanova
Oooooh, dança dança Casanova
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me, dança dança Casa nova
Dança para mim, somente para mim
Que ao mover-te me escapa o ar
A noite é mágica e sensual
Um desejo incontrolável
O momento é ideal
Então não pare de dançar
Ama-me
Dança dança Casanova"
Enquanto eu dançava, senti alguém me observando. O homem estava encostado na grade da galeria na área vip da boate com um braço levantado. De vez em quando ele passava a mão esquerda no queixo. Eu fiz questão de dançar olhando pra ele assim que o reconheci. Era o cliente desconhecido que me mirava com um olhar muito quente.
(Théo)Dez anos. Esse é o tempo que consegui ficar longe dessa ilha que nunca me fez bem.Aqui passei os primeiros anos da minha vida e saí aos dezessete para fazer faculdade. Voltei aos vinte e um anos assim que terminei o curso de Administração em Atenas. Minha família é praticamente dona da ilha, mas também tem outros negócios pelo mundo.Meu pai sempre administrou todos os negócios da ilha. Ele só viajava se realmente fosse importante. E ele queria que eu seguisse o seu exemplo. E eu estava disposto seguir.Até aquela época, apesar de já ser um homem adulto eu obedecia ao meu pai em tudo. Afinal, um grego de verdade sempre re
(Camila)Eu já tinha sido beijada outras vezes, mas nunca nenhum outro homem fez com que eu ficasse tão excitada como esse. Desde que ele pôs as mãos na minha cintura e me puxou para perto dele ao ponto de nossos corpos se encostarem de frente percebi que a pegada dele era forte e firme e para completar a boca dele é deliciosa.Nossas bocas estão sedentas uma da outra e as nossas línguas estão num duelo maravilhoso. Tenho a sensação de que se esse beijo não for interrompido vou acabar molhando a calcinha de tanto tesão.Ele se afasta de mim e eu abro os meus olhos.Ele está me olhando e sorrindo.
(Camila)Estar nos braços desse deus grego é simplesmente maravilhoso. A boca dele na minha e as mãos passeando pelo meu corpo despertam em mim sensações inebriantes.Mas quando as mãos dele descem pelas minhas costas, segurando o meu bumbum e esfregando as nossas intimidades, eu me lembro que estamos numa boate e que devemos estar dando um show.Separo minha boca da dele e afasto os nossos corpos._ Acho que estamos indo rápido demais – eu digo constrangida e olhando para os lados.Ele fica me olhando de uma forma intensa, mas não diz nada._ Acho melhor eu ir &
(Camila)Não acredito no que os meus olhos estão vendo. Mas o arrepio na minha pele e as borbulhos no estômago são a confirmação que esse olhar quente sobre mim é real. Théo, o homem que me disse na noite anterior que não corre atrás de mulheres veio até aqui.Não quero parecer convencida, mas um homem vestido terno não vem à praia para uma tarde de lazer. Se ele veio em meu quiosque é porque ele está interessado em mim.E o pior é que eu também estou interessada nele. Quem não ficaria atraída por um deus grego desses? Sem me conter mordo o lábio inferior e fixo meu olhar nele.Ou&c
(Camila)Quatro dias. Esse é exatamente o tempo que Théo me disse que estávamos começando algo. E que eu estupidamente acreditei que realmente ele havia sido sincero. Mas acho que caí no conto doDom Juanporque quem quer ter um relacionamento não demora esse tempo todo para falar com a mulher que supostamente está interessado.E saber que fui apenas um brinquedinho dele iludida por suas palavras e toques me deixa triste. Acho que meu coração está quase partido.Continuo atendendo as mesas quando ouço o telefone do quiosque tocar. Minha mãe atende._ Mila é para você – ela fala um tempo depois.
(Théo)_ Quero ir para casa. — A voz de Camila sai por entre soluços mal controlados de humilhação.Eu me levanto e paro ameaçadoramente na frente dela. O meu rosto está sombrio conseqüência da excitação não realizada. Ela olha para os lados com vontade de fugir. Com certeza teria fugido dali, se achasse que suas pernas poderiam sustentá-la.— Por que está se fazendo de ofendida? — pergunto com violência, examinando com desprezo as lágrimas penduradas nas pontas dos cílios da jovem a minha frente. — Eu deixei bem claro que queria você._ Deixara mesmo – ela concorda com um murmú
(Camila)Eu usei os preciosos momentos que Théo levou para entrar em seu carro e ir embora para me dominar um pouco, antes de me dirigir até a cozinha, onde meu padrasto e minha mãe esperavam sentados._ Parece que o cara tem dinheiro – Turco começa.Respiro fundo tentando ignorar as palavras desse bêbado._ Eu não sei o que esses homens com dinheiro vê em você – ele me olha com repúdio – Você nem é tão bonita assim._ Turco... – minha mãe tenta fazê-lo calar, mas de nada adianta porque ele continua._ Quem s
(Théo)Seis dias se passaram, mas por mais que me mantive ocupado com as empresas da ilha e com os negócios em Atenas a verdade é que não consigo esquecer a deusa morena da Camila.A última noite que passei com ela foi cheia de surpresas. Primeiramente, pelo fato de mais uma vez ela se negar a mim. Mesmo excitada e cheia de tesão aquele mulherão se recusou a deixar que eu a tocasse mais intimamente. E eu, mais uma vez, fiquei furioso e irritado com isso ao ponto de ofendê-la.Mas o que mais me deixou surpreso foi o fato de uma mulher tão sensual ser ainda virgem. Deixa eu corrigir, uma garota. Droga! Ela só tem 18 anos. É praticamente uma jovem recém-saída da adolescência. Me sinto