— Mark... eu vou me casar.Ela joga um balde de água fria em mim— Eu... não se case com ele, Melanie!Tombando a cabeça para o lado, ela me encara como se não conseguisse me ver e depois de alguns minutos, fecha os olhos.Prendo a respiração enquanto aguardo sua reação, mas é no momento em que ela abre os olhos, que me sinto sem chão.Seus olhos, antes tão calorosos e cheios de vida, agora parecem dois blocos de gelo e me encaram como se eu não passasse de um completo desconhecido.— Mel? — Pergunto baixinho.— Você achou mesmo, que depois de tudo o que presenciei ontem, iria me convencer com esse papinho furado?— Eu...— Não acredito em você Mark!— Melanie.— Eu recebi algumas mensagens uns dias atrás, recebi fotos. Não quis acreditar no que estava vendo e procurei motivos para aquela imagem ser real, sem me sentir traída.— Não sei do que está falando Mel— Deixa de ser cínico! — Ela grita, enfurecida e me calo, completamente perdido. — Você esteve esse tempo todo me traindo pela
— Calma aí, o que? Nós não estamos falando da mesma pessoa. Desde quando a prima do Wayne é sua chefe e a traíra da sua infância?— Eu te vi ontem, Mark, aos beijos com a Ava.— Porra, nem sei quem é essa Ava, você nunca me mostrou nenhuma foto. O nome da prima do embuste é Nata alguma coisa. — Paro de falar e tento recordar o maldito nome. — Natalie! Isso, o nome dela é Natalie, não Ava. E eu não a beijei.Caralho, será que beijei a ruiva e não me lembro? Que inferno!— Eu vi Mark!— Mel...— Não, vá fazer o que você sabe fazer de melhor, Mark. — Ela joga. — Se envolver com uma mulher por noite.A dor me atinge como uma faca, sinto-me sangrar internamente.— Não acredito no seu amor.A primeira lágrima escorre dos meus olhos e não tenho força nenhuma para controlar, estou parecendo um garotinho perdido na frente dela e ela por sua vez, está pisando em mim como se eu fosse uma formiguinha incômoda.— Mel...— Eu vou me casar em três dias Mark, amo o meu noivo. Você vir aqui, depois de
2 ANOS DEPOISHoje eu completo 25 anos e não tenho ânimo nem para me levantar da cama.Estou a meses evitando contato com o mundo, recusando convites para sair e recebendo ligações atrás de ligações, visitas inesperadas que acabam saindo daqui chateadas, porque estou sendo uma péssima companhia ultimamente. Então, para minha completa surpresa, hoje fui surpreendida com a visita de Jonah — irmão do Mark — que eu nem sabia que estava em solo Americano. Ele chegou de supetão, avisando que veio passar uma nova temporada em São Francisco e que sua primeira parada foi meu apartamento.Não consigo entender o porquê.No lugar deles, fingiria que eu não existo e mudaria de calçada se trombasse comigo.Eu fui a causadora do sumiço de Mark, por minha culpa ele foi embora sem pensar duas vezes. Por minha causa, sua família estava desolada com seu afastamento, mesmo que ele entrasse em contato de tempos em tempos. Como eu sei disso? Eles me contam, me alimentam com essas informações pingadas. É de
Devo admitir, o local até que está bem animado para uma quarta feira. Sou puxada pela mão por uma eufórica Liv, até a mesa onde se encontra Will, com sua carranca característica e Nate.— Mel, você veio. — Nate se levanta para me cumprimentar, depois de me dar um abraço apertado e um beijinho na testa, ele me afasta o suficiente para me olhar nos olhos. — Como você está?Solto o ar, que nem sabia que estava prendendo e abro o sorriso que aprendi nesses últimos dois anos, quando não queria mais que se preocupassem comigo.— Estou bem.Ele me lança um olhar questionador, deixando claro que não comprou minha resposta, mas deixa por isso mesmo e respiro aliviada.— Bem-vinda de volta Mel, sentimos sua falta. — Will também me cumprimenta com um abraço apertado e um beijinho no rosto. Dou um sorriso sutil e sento-me entre os dois. Logo, inicia uma conversa animada sobre quem vai encarar o karaokê primeiro e digo que passo. Mas é obvio que não aceitam minha decisão, e me comunicam que a músi
Perco o ar enquanto procuro pela multidão e não o encontro em lugar algum. Volto a cantar as estrofes que competem a mim, mas não desvio meu olhar das mesas, procurando e procurando, incansavelmente. Meu coração palpita loucamente e sinto que posso infartar a qualquer momento.Já olhei para todos os lugares possíveis e ele não está aqui.Cadê você?Apareça! Por favor, apareça. There’s only one thing left here to say(Resta apenas uma coisa para dizer)Love’s never too late(Para o amor nunca é tarde demais)Ele sai detrás de uma pilastra e o holofote o encontra, iluminando-o para que todos possam ver e eu não tenho mais a capacidade de continuar cantando o que quer que seja. Jogo o microfone longe e saio correndo em sua direção. Parece um jogo de câmera lenta, quanto mais eu corro, mais longe ele fica. Mas finalmente o alcanço, me jogando em seus braços como se minha vida dependesse disso.Aperto-o contra mim e enfio o rosto no seu pescoço, respirando seu perfume tão conhecido por m
24 horas antes do Karaokê— MARK! SAIA DESSA CAMA AGORA! — Ouço Hillary gritando da porta e batendo implacavelmente, como se sua vida dependesse disso.Ignoro-a, e me aconchego mais aos meus travesseiros, preciso dormir para esquecer, já que nem beber mais esse ser humano desprezível me deixa beber.— Mark!!— Me deixa em paz! — Brado da cama, puto por ela ter me acordado e por todo esse inferno que ela está fazendo. Me movo brevemente para olhar o relógio na mesinha de cabeceira. Porra, são sete horas da manhã.— Se você não se levantar, eu vou te arrastar daí.— Seria um espetáculo ver você tentar. — Murmuro.O rosnado que vem do outro lado da porta me avisa que não falei baixo o suficiente, escuto seus saltos ecoando pelo corredor até sumir. Sério que ela desistiu fácil assim? Porra, que milagre. Viro-me de costas para a porta e deixo o sono tomar posse do meu corpo mais uma vez.Estou quase apagando, quando sou atingido por uma água estupidamente gelada, que me faz saltar da cama
— Pandora, eu não entendo uma palavra em português.— Vou traduzindo para você.Respiro fundo, não vou conseguir fugir de ouvir a tal música. Dou play no link que ela me enviou e logo os primeiros acordes ressoam. Assim que a voz do cantor começa, Pandora faz uma tradução simultânea.— A fumaça acaba com meu pulmão, a bebida destrói o meu fígado, a saudade afoga meus olhos e mesmo assim, sobrevivo. Tem pedaços de mim em camas variadas, amores mau vividos, bocas mau beijadas, noites mau dormidas, se sabe o motivo, a razão e a culpada. — Dou pausa na música e ela para de traduzir, me olhando.— De onde tirou que isso combina comigo?— Termina de ouvir. Resmungando, dou play novamente. — Então, como tem coragem de ficar falando mau dos meus vícios, se eles estão salvando o que fez comigo. Como tem coragem de falar que eu to vivendo errado, se eu só te esqueço assim, anestesiado. Essa última parte me pega de jeito.Infelizmente eu me vi, perdido e afogando toda a dor em inúmeras garraf
Reconheço a música e a letra me causa um impacto.Como um clarão, vejo o momento de me libertar de tudo o que prendi por esses dois anos e num lapso, peço um microfone para um funcionário que passa perto de mim. Ela dá a breve pausa da melodia e vejo o momento que começa erguer o microfone para cantar a parte que seria masculina no dueto, é nesse momento que minha voz aparece.Não sei bem como tive coragem de começar, mas agora, a sensação é libertadora.You came back to find I was gone(Você voltou e descobriu que eu tinha ido embora)And that place is empty(E aquele lugar está vazio)Like the hole that was left in me(Como o buraco que foi deixado em mim)Like we were nothing at all(Como se não fôssemos nada)It’s not what you meant to me(Não é o que você significava para mim)Thought we were meant to be(Pensei que estivéssemos destinados)Estou olhando-a atentamente e percebo que me procura em todos os cantos, mas ainda estou escondido atrás de uma pilastra, que me protege do se