Fora de controle

Capitulo 3

Fora de controle

 Ao chegar em casa naquela noite, Vitor se deparou com uma mãe bêbada na sala ao telefone com um homem. Vitor parou a olhando cruzando os braços.

 - O perigoso sou eu?

 - Eu sou sua mãe, cala a boca!

Ele foi até ela e pegou o telefone de sua mão.

- Babaca, vai caçar a mãe de outro para comer, essa daqui tem gente olhando por ela!

- Vitor? - Disse a voz do outro lado - Bem que ela disse que você dá trabalho ein bebezão!

- Não me interessa quem você é, chefe, se você se aproximar da minha mãe de novo eu pessoalmente encho tua cara de porrada!

Vitor desligou o telefone e foi empurrando sua mãe para o quarto dela.

- Vitor, eu estou interessada nele, como você fala essas coisas para o homem?! Seu ingrato!

- Se fosse bom não estaria tendo briga, mãe, acorda, quando for bom não vai haver briga e isso foi a senhora que me ensinou, agora vamos tomar banho, está fedendo a whisky!

- Eu estou bem! Me larga, Vitor!

Vãnia deu um tapa em seu rosto e ele quase caiu da escada. Rapidamente ela levou as mãos a boca vendo o que quase acabara de fazer.

- Meu Deus, meu filho... me perdoa!

- Meus perdões acabaram dona Vânia, eu não vou mais buscar você em bares e se eu puder vou ser o único dono da empresa se voltar a beber. - Vitor passou por ela a deixando em paz, entrando em seu quarto.

Ele se jogou na cama, cansado daquilo tudo, cansado de ser o único responsável por tudo. A mãe claramente precisava de ajuda novamente e aquilo o exauria emocionalmente. Vitor começou a tirar as roupas ainda deitado e lembrou da valsa com Mariana. Quando fechou os olhos lembrou da sensação suave e gostosa de se entregar a música e como aquilo o tinha relaxado. Estava cansado de problemas. Decidiu que se a mãe voltasse a beber, a interditaria e cuidaria da empresa sozinho. Era sempre a mesma história, ela se envolvia com um novo homem e quando as coisas ficavam difíceis, ela voltava a bebida. Por causa de sua mãe, Vitor evitava relacionamentos, sempre viu todos como problema e sua mãe bêbada por causa do pai e outros namorados que vieram depois. Não queria aquilo para sua vida, mas precisava aliviar seus desejos masculinos e suas necessidades viris. Lembrou de Laís. Enviou uma mensagem.

Quer sair na sexta?

Não demorou nada para receber uma resposta.

Comecei a namorar, Vitor.

Ele riu vendo a resposta. Achou que até sexta-feira, ela o procuraria por vontade própria. Olhou outros contatos, caso Laís não retornasse e percorreu com os dedos os contatos da agenda, olhando uma por uma e sem se interessar por ninguém. Estava farto. Decidiu que sairia com amigos no final de semana. Vitor se levantou devagar e foi para o banho.

No quarto ao lado, Vinícius, irmão de Vitor, ouvia as reclamações da noiva sobre cores do casamento, flores, bolo.

- O que você decidir está bom, Bianca... eu preciso dormir.

- Dormir? O que vai fazer amanhã? Trabalhar? - Ela riu.

Vinícius, que só estudava, se sentiu humilhado.

- Eu vou desligar, Bianca, as vezes você passa dos limites.

- Eu? Porque você não pega o exemplo do seu irmão e vai para a empresa, quem sabe consiga algumas ações da AF e seja independente da sua família e possamos ter a nossa.

- Sabe que não é assim, meu irmão e minha mãe são acionistas majoritários e eu ainda nem terminei a faculdade, meu irmão quer que eu estude primeiro.

- Seu irmão quer? Ta bem - Disse ela com arrogância do outro lado da linha - Então, vamos fazer tudo como ele quer, mas peça mais dinheiro para o nosso casamento amor. Não podemos ter um casamento meia-boca porque seu irmão solteirão acha que é desperdício de dinheiro.

- Está bem, amor, agora eu vou dormir porque tenho aula de manhã, você sabe.

- Sim, meu amorzinho, vou deixar você descansar.

Após o banho, Vitor voltou ao quarto e viu uma mensagem de Bianca em seu celular.

Precisamos conversar sobre seu irmão, importante, Amanhã as nove horas na sua academia

Vitor ficou pensativo enquanto se livrava da toalha. Como ela sabia o horário de sua academia? A academia era uma das poucas coisas que ainda fazia fora de casa. Tinha muito medo de colocar a família em risco devido ao patrimônio que possuíam. Cinco carros na garagem, duas mansões no Leblon, uma era unicamente dele, um iate, que ficava na marina da Glória, três Harley Davidson dele, cinco bilhões de reais em conta e uma construtora que valia bilhões. Aquilo era bastante para fazer crescer a vontade de sequestro em gente ruim. Cada vez menos Vitor ia para a rua e isso o angustiava. De que adiantava seu pai ter construído tudo aquilo e ter infartado de tanta preocupação? De que adiantava ter tudo aquilo e viver com medo nas ruas olhando para os lados? De que adiantava suas motos caras paradas na garagem sem ver o asfalto quente das estradas? Ele se sentia um passarinho preso em uma gaiola que não construiu. Muitas pessoas constroem seus muros ao redor com medo da vida. Ele não, ele abraçava a vida e gostava de ir contra o vento, contra a sociedade, contra as conveniências, mas não podia mais. Estava preso e sabia que deveria logo tirar umas férias com os amigos ou enlouqueceria de tanto trabalho.

Logo de manhã, as dez em ponto, Bianca estava na academia o apreciando de longe. Todo tatuado, suando, sem camisa, mostrando todos os músculos bem trabalhados. Bianca o achava lindo. Ficou escondida alguns minutos sem que percebesse que Vitor já havia visto, mas fingiu estar absorto. Então a garota se aproximou.

- Bom dia, Vi.

Ele largou os supinos a olhando. Seriamente. Bianca prestou atenção as gotas de suor que escorriam do pescoço ate o peito tatuado, passando por veias esverdeadas e sobressaltadas do esforço.

- Eu não vou te comer. - Respondeu ele.

- Que?

Ele se levantou e pegou sua toalha.

- Eu vi você me olhando e estou respondendo antes que você tente alguma coisa. Meu irmão está apaixonado por você, respeita pelo menos isso. - Ele botou o dedo em riste na frente do rosto dela.

- Você é um grosso, sabia?

- Mimimi...

- Grosso, eu só vim falar de seu irmão, que ele pode trabalhar na empresa. Você pode dar um emprego a ele e não ficarmos dependendo de você!

- Não.

- Por que não?

- Primeiro porque eu não quero, segundo porque ele precisa estudar, es-tu-dar administração de empresas, para depois eu entregar tudo nas mãozinhas dele e ir embora na minha Harley, ficou feliz com os meus planos? - Ele sorria com deboche.

Ela sorriu.

- É isso que pretende fazer?

- É isso que eu pretendo fazer. - Ele foi caminhando para o vestiário masculino.

- E porque não pode liberar mais dinheiro para o casamento, poxa Vitor, eu só queria um bolo mai...

- Olha a placa!

Ele apontou escrito Vestiário masculino sorrindo e entrou. Bianca ficou com raiva do lado de fora esperando por ele. Quando Vitor saiu, de terno, depois de um banho e uma gravata do Nemo*, ela ainda esperava por ele.

- Ah não, a minha cunhada ainda está me assediando...perai vou tirar uma foto e m****r para meu irmão - Ele sacou o celular do bolso e apontou para ela.

- Você é muito grosso!

- Ah que isso, meu bem, só com quem merece...

Ela saiu rapidamente da academia. Outros homens ali riram e ele olhou em volta, sorrindo.

Mariana estava em casa, acordando, lembrando-se de Vitor. A dançarina fechou os olhos novamente e lembrou de como era bonito o desgraçado, aqueles olhos azuis acinzentados a olhando, os músculos dos braços que sentiu ao tocar enquanto dançavam, os cabelos longos até abaixo dos ombros e o fato de gostar de rock. Ele parecia perfeito não fosse a grosseria e a arrogância. Mas todos os homens eram assim. Ela já estava acostumada a ter o pior de todos eles. Planejava terminar de vez com Patrick e para isso mandou mensagem para estar na academia assim que saísse a noite. Ela queria se assegurar de ter mais gente em volta quando dissesse o que planejava dizer.

A dançarina, então, se levantou, tomou seu café e se preparou para ir comprar seu celular no shopping e ir ao mercado para os pais. Mariana se arrumou, vestiu uma calça jeans estilizada, rasgada na coxa, uma camiseta branca e amarrou os cabelos em um rabo de cavalo. Assim que chegou ao shopping homens a comiam com os olhos. Era, de fato, era uma mulher muito bonita, caminhava sob olhares atentos masculinos e sob olhares invejosos femininos. Assim que conseguiu comprar um celular, tratou de colocar um chip e fazer a conexão de seus contatos de email com os contatos do aplicativo de mensagens. Muitas mensagens chegaram. Mariana se sentou em um quiosque de café no shopping e passou a ler as mensagens. Uma delas lhe chamou a atenção.

Meu irmão vai casar, leva esse convite virtual. Quero te rever, sua chata!

Valéria Ferreira? A melhor amiga da faculdade? Nem podia acreditar, ela era tão esnobe naquela época, mas tinham sido tão amigas! Nem todos os lugares que Valéria frequentava na época, há uns seis anos, Mariana podia ir. Nunca tinha dinheiro para acompanhar Valéria e por isso foram se distanciando. Nem sabia que Valéria tinha irmãos, a amizade era de casa para fora, cinema, mensagens, conversas por telefone. Mariana não dizia onde morava para as pessoas, tinha medo que se afastassem por ser pobre. Seus pais fizeram os maiores esforços para que estudasse em um bom colégio, mas não puderam manter uma faculdade. O afastamento das amigas foi inevitável. Nunca poderia esperar que depois de três anos, Valéria se lembraria dela e com saudade.

Eu vou. Mas vou sozinha.

Mariana respondeu ao w******p da amiga. Para sua surpresa, Valéria viu rapidamente a resposta e decidiu ligar.

- Mari? Por onde você anda?

- Oi Val, eu estou indo por ai, trabalhando. Mas eu vou viu.

- Por que sozinha? Está sem namorado? Linda assim?

- Ah eu tenho um carrapato que tá me dando trabalho, é abusivo, hoje vou me livrar dele.

- Isso ai garota, e não esquece, eu quero te ver, colocar o papo em dia!

- Pode deixar, eu vou.

Desligaram a ligação e Mariana começou a olhar as lojas de vestidos. Não tinha um vestido para casamento. Nem dinheiro. Olhava as vitrines e via cada um mais lindo que outro e começou a se preocupar. Sabia que Valéria era rica, mas não sabia o quanto, não fazia ideia, portanto, do que usar. Lembrou de ir ao mercado e depois perguntaria a sua mãe se lhe dava opções para uma festa de casamento de gente muito rica.

Vinte e trinta. Escola de dança

    Mariana olhava o celular quando ouviu a porta do salão abrir. Sentiu-se ansiosa pela primeira vez na espera de um aluno. Não sabia o que esperar de Vitor Ferreira, ele era muito imprevisível. E lá estava ele entrando com um sorriso, dessa vez de calça jeans, camisa social desabotoada em três botões, cordão de prata com um um símbolo desconhecido por ela e jogando fora um cigarro na lixeira de alumínio.

- Boa noite, teacher!

Por uns segundos Mariana não conseguia fechar a boca. Ele estava absolutamente lindo aos seus olhos e certamente aos olhos de todas. Então Vitor se sentou ao seu lado e a olhou.

- Boa noite, senhor.

- Boa noite, senhorita.

- Eu esperava uma gravata de coraçãozinho ou do Darth Vader*

Ele deu uma gargalhada gostosa.

- Fui em casa, hoje eu consegui chegar a tempo e ainda tomei um banho.

- Certo.

Mariana se levantou e foi até o som. Vitor reparou no vestido diferente do dia anterior. Dessa vez ela usava um salto alto preto e um vestido de franjas preto com um decote profundo. Vitor mordeu o lábio inferior enquanto ela estava de costas e baixou os olhos em seguida. Não podia fazer nada quanto a ela e nem sabia se queria. Estava com tantos problemas na cabeça que só queria aprender aquela dança e poder fazer “bonito” no casamento do irmão. Ou pelo menos, não dar vexame.

Mariana se aproximou e se juntaram. A respiração tensa dela diante dele foi percebida. Vitor segurou seus dedos da mão esquerda e foi deslizando lentamente os dedos pela sua mão até segurá-la. Ele não movia os olhos dos dela, sério, começando a sentir a valsa que tocava. “Valsa das Flores”, de George Balanchine. Começaram a se mover enquanto Mariana imaginava Vitor em uma farda de gala branca da marinha e ela com um vestido de festa, ambos brancos. Mariana fechou os olhos sendo levada pela música como sempre. Nesses momentos podia imaginar o que quisesse. O seu romantismo a levava a sonhos acordada, em vestidos esvoaçantes de gala em uma festa antiga clássica na Áustria. Mariana viu muitos filmes quando devorava potes de pipoca a noite, chorando pelo namorado dos seus sonhos e dos filmes. Eles não existiam, mas isso não a faria sonhar menos.

Vitor a viu de olhos fechados e sorriu enquanto a guiava com alguma experiencia já pelo salão. Era um pouco desajeitado ainda mas guiar era com ele mesmo. Até que Mariana decidiu improvisar. Afastou-se e segurou apenas os dedos dele e rodopiou em torno de si mesma várias vezes. Vitor a olhava admirado e surpreso. Ela tornou a se aproximar e continuaram. Vitor pensou que se ela quisesse ir ao casamento com ele, fariam um show no salão de dança do casamento. Ele riu de si mesmo.

- O que está rindo?

- De mim  - Ele respondeu - Uma coisa que pensei.

Mariana parou de dançar. Vitor ficou confuso. Ambos ouvindo a valsa Danúbio Azul bem alto e seus corações acelerados batendo na fronte.

- Senhor, está rindo de mim?

- Mas é claro que não, estou rindo porque pensei em nós dois no casamento, arrasando.

Mariana sorriu.

- Mesmo?

- Claro! Por que eu riria de você?

Ela se reaproximou e voltaram a dançar.

- O senhor está ficando cada noite melhor. Aprende muito rápido e ainda disse que era péssimo.

Ele deixou escapar uma risada alta.

- Você é que é boa em ensinar.

Continuaram mais um tempo sem se aterem as horas. Novamente a recepcionista foi avisar que o tempo tinha terminado. Vinte e uma e vinte. Eles pararam e ficaram se olhando. Vitor estava admirado de sua própria capacidade. Enquanto Mariana não conseguia esquecer os dedos dele deslizando pela sua mão. Era sexy demais e isso a excitava.

- Pensou no que falei ontem, teacher?

Ela se lembrou de Patrick que devia estar esperando por ela na porta de saída.

- Mariana serve, por favor. - Ela falou enquanto pendurava sua bolsa no ombro.

- Vitor serve, por favor. - Ele disse ironicamente a repreendendo.

- Certo, Vitor, eu pensei e hoje termino com ele. Deve estar esperando lá fora.

- Quer reforços?

Ela sorriu.

- Não será preciso. Eu sou capaz de resolver.

- Ta bem, não está mais aqui quem falou.

Vitor a deixou sair primeiro e ficou conversando com a recepcionista quando viu que o tal namorado estava encostado a seu carro esperando por ela. Vitor deu uma pausa esperando o que aconteceria. Lembrou-se do que sua mãe sofreu algumas vezes e sabia que alguns homens não aceitam o término e se revoltam. Ele ficaria ali um tempo esperando até que fechassem. Quando ouviu gritos dele resolveu sair assim como a recepcionista.

- Mariana, entra no carro e vamos conversar isso em outro lugar!

- Eu não vou a lugar algum com você, Patrick, eu terminei!

- Isso não existe, amor olha, eu vou melhorar, só entra no carro para a gente conversar, anda...

- Ei, chefe - Disse Vitor - A moça falou não, é pra respeitar, chapa.

Vitor já descia as escadas. Patrick o olhou.

- Ah entendi tudo - Respondeu Patrick.

- Não, você não entendeu nada, Patrick  - Respondeu Mariana.

- Tá comendo ela?...chapa? - Ironizou Patrick.

- Cara... - Respondeu Vitor - A moça disse não, é para você respeitar.

- Respeitar o caralho! - Patrick puxou Mariana pelos cabelos.

A recepcionista gritou, o dono da escola de dança saiu lá de dentro e Vitor partiu para cima do agressor. Vitor o empurrou contra seu carro e socou seu rosto duas vezes. Patrick não conseguiu revidar, era bem mais fraco e menor. Vitor o segurou em um mata-leão*.

- Você não vai mais perturbar essa garota, chefe! Repete que não!

- Calma, Vitor! - Gritou Mariana.

- Eu quero ouvir ele dizer!

- N-não - Respondeu Patrick sendo estrangulado.

Antes de quase desmaiar, Vitor o soltou e o empurrou.

- Vai embora daqui seu filho da puta!

- Isso não vai ficar assim Mariana, você me traiu!

Enquanto Vitor ajudava Mariana pegando em sua mão, ouviram a vidraça da escola de dança se espatifar em mil estilhaços que voaram pelos ares. O dono tinha se abaixado ao ver Patrick pegar o macaco do carro e atirar com toda sua força contra a vidraça. Mariana gritou e Vitor se voltou novamente contra ele. Patrick entrou em seu carro e Vitor o viu ir embora sem ouvir os gritos de raiva do dono da escola de dança.

- Está demitida, Mariana! - Gritou o homem.

- Que? - Vitor se indignou.

Mariana começou a chorar se sentando no degrau da escada. Ela conseguia ver todos os seus esforços escoarem pelas suas mãos, os seus sonhos, a ajuda financeira que dava aos pais.

- Sem querer me meter, chefe, mas a moça não tem culpa do cara ser um babaca!

- Não me importa, ela deixou a situação chegar a esse ponto com ele, vai fazer isso com outros, enquanto eu a convidava para jantar e ela negava, está demitida.

Vitor se irritou e tentou se controlar ao máximo.

- Outro abusivo que devia ir para a cadeia, palhaço!

- Olha a boca, moleque!

- Vai fazer o que? Me processar?! Eu acabo com você!

- Acaba sim, os dois fora da minha porta!

- Mariana...precisamos ir à delegacia...

Vitor se agachou a sua frente. Mariana o olhou com raiva.

- A culpa disso foi sua.

- Minha?

- Se você não tivesse se intrometido, eu ia embora e ele também!

- Ele puxou seu cabelo!

- Depois que você interferiu na discussão!

- Tá certo - Vitor se sentiu culpado realmente - Pode ser mas ele te faria mal de qualquer jeito e você precisa ir a delegacia agora.

- Eu vou, sozinha.

- Eu te levo, eu causei isso... por favor, me desculpe. Eu vou consertar isso.

- Eu duvido muito.

- Não sou de insistir, vai...Eu vou consertar tudo.

Mariana começou a caminhar sentindo uma dor de cabeça terrível. Vitor a guiou até seu carro. Entraram calados e chegaram calados até a delegacia. Mariana ficou parada na porta, dentro do carro. Um filme a estrear passava em sua mente. Patrick a ameaçando, o medo, a vergonha, a indiferença da polícia.

- Eu não posso fazer isso.

- Claro que pode.

- Eles não se importam.

- Eu vou entrar com você, vão se importar.

Ela o olhou dentro do carro ainda, virando o corpo um pouco de lado para olhar melhor para ele.

- Sabe que causou isso né? Sabe que vou ficar sem dinheiro para ajudar meus pais? Eu sou filha única e não somos ricos como você deve ser.

- Mariana, você não sabe de nada da minha vida, nem deve. Eu só quero te ajudar porque eu te prejudiquei, sem querer, eu só faço... - Ele pausou - É isso que eu faço, eu me meto em encrenca, é um dom que eu tenho, eu quero ajudar e - Pausou de novo e levou o dedo indicador aos lábios - Eu sinto muito, eu não sabia que o cara ia jogar um macaco de carro na vidraça e eu não fazia ideia de que seu chefe ia demitir você ao invés de fazer um boletim de ocorrência na polícia.

- Bem-vindo ao mundo das mulheres - Respondeu com sarcasmo.

- Me deixa consertar isso.

- Certo.

Ela abriu a porta do carro e bateu com força para entrar na delegacia.

- Minha porta... - Retrucou baixinho.

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