CAPÍTULO II A ORIGEM

CAPÍTULO II

A ORIGEM

         Gil olhou para todos os lados e estava cercado por seres conhecidos apenas em histórias da mitologia africana. O local da caverna que se encontrava era um grande salão de reunião, a iluminação parcial parecia obra de ficção, não tinha noção de onde surgia.

         Apesar de imóvel Gil não sentia medo, sua aflição tinha sumido e a sensação de sobrevivência parecia normal.

         Diante daquele círculo o Velho chama atenção de todos os presentes e começa a explicar por que Gil está ali, flutuando e aguardando a missão que lhe será entregue, o Velho se apresenta:

    - Filho, eu sou Oxalá o pai de todos e criador do mundo e todos os seres, lhe acompanhei como Oxalufã para que você chagasse aqui com segurança – Fala o Velho posicionado em local de comando dos demais.

          Em seguida todos foram se apresentando, sem uma ordem definida, apenas como formalidade da roda que se encontravam.

     - Eu sou Exu o senhor dos caminhos, mensageiro, vencedor e meu elemento é o fogo e gosto da noite – Diz Exu se manifestando sem se importar com os olhares dos demais.

     - Eu sou Ogum, o Orixá guerreiro, estou sempre pronto para luta, minha espada é minha companheira eterna – Diz Ogum estufando o peito demostrando força e porte físico.

     - Eu sou Oxossi, o Orixá caçador e protetor – Diz Oxossi erguendo seu arco e flechas escondendo sua timidez.

     - Eu sou Obaluaiê, a cura de todos os males, não deves se preocupar por que eu me preocupo com você – Diz Obaluaiê inquieto.

     - Eu sou Xangó, o Orixá da justiça e do trovão, sua vinda me deixou tranquilo, pois me representará diante dos justos – Diz Xangó demonstrando cede de justiça.

     - Eu sou Logun-Edé, filho de Oxun – Diz Logun-Edé meio reservado e discreto.

          Após apresentação o Velho Oxalá explica a Gil por que está ali:

     - Filho, estamos lhe seguindo já algum tempo e seu comportamento, seu comprometimento com a justiça, a verdade e sua dedicação com o culto do seu físico nos fez escolher você para herdar parte de nossos poderes para combater os perseguidores de nosso povo e o crime que abate os mais frágeis e perseguidos pelos poderosos.

     - Como posso fazer isto, que poderes o Senhor se refere – Fala Gil flutuando diante do Velho.

     - Viemos trazidos a esta terra juntos com o nosso povo, tentamos combater os inimigos, mas a crença em nós foi dissimulado pelo nosso povo, fomos combatidos por outras forças religiosas impostas ao nosso povo, ficamos fracos e nunca mais conseguimos fazer com que acreditassem em nós - agora estamos reunidos em um só lugar, retomamos o nosso poder, mas não podemos se manifestar como deuses e não queremos vingança nem provocar um grande guerra entre povos, mas podemos através de você combater a injustiça e o crime que afligem a comunidade incorruptível – Diz o velho explicando a posição dos deuses.

    - Como poderei fazer isto sozinho se vocês todos na conseguiram como você mesmo diz - Disse Gil desconfiado.

     - Agora será outra situação, não será uma luta geral e sim individual, o mundo está em uma situação degradante e a nosso ver se interferimos na situação atual o mundo ficará um caos, poderemos perder todos, os honestos e os impuros, não podemos arriscar – Diz o Velho tentando convencer Gil.

     - Vocês são deuses e eu sou uma pessoa comum, como poderei herdar seus poderes – Diz Gil meio desconfiado.

     - Não se preocupe, estamos há anos confinados nesta caverna, vimos o nosso povo ser perseguido, mortos e torturados, sempre criamos um Duende para guiar o nosso povo ou tentar libertá-los, mas nossas forças nãos estavam como hoje, renovadas, você será o nosso novo Duende, com mais forças, mais vidas, eu serei seu guia e lhe darei o sopro da vida toda vez que for necessário – Diz o Velho passando confiança.

     - E os outros, o que farão – Fala Gil parecendo conformado com a situação.

     - Eles têm o domínio dos quatro elementos, o fogo, a terra, o ar e a água e eu o sopro da vida por isto você renascerá quando necessário – Diz o Velho convencendo Gil.

         Neste instante houveram-se gritos vindos do cume da caverna, como se alguém estivesse querendo se aproximar do local onde Gil se encontrava isto fez com que todos começassem a se manifestar. Gil já conformado e imóvel não viu outra solução.

         O Velho ficou no centro do círculo e o vento começou a soprar forte, raios surgiam fazendo riscos nas paredes da caverna, o fogo surgia nos cantos, flamejantes, correntes energéticas foram surgindo em meio ao círculo, o céu parecia cair, escuridão e clarões se revezavam, Gil sentiu seu corpo estremecer, parecia que estava sendo fundido a ferro e fogo em meios a rochas incandescentes, o vento refrescava às vezes, mas quantos todos os deuses começaram a tocar em seu corpo o calor aumentava, era como se forjasse uma espada em fogo escaldante.

         A cada toque de um dos deuses uma marca ia ficando em sua pele em cor prata, nos punhos, pernas, coxas, tórax e costas. Todos os poderes foram passados, Gil ficou flutuando desacordado, tudo sumiu de repente em meio a uma grande neblina que foi arrastada pelo vento, restando apenas o Velho que ficou a lhe observar.

          Gil já acordando escuta um grito bem próximo, quando abre os olhos, o Velho está no mesmo lugar, observando-lhe, um grito é dado mais próximo e Gil volta a si, desequilibra e cai com as costas no chão.

          O Velho pegou Gil pelo braço e ergue deixando-o em pé, neste instante chega respirando ofegante Leonardo e Lucas que tinham descido a caverna para ajudar o Velho.

         Bravo e desconfiado Leonardo começa a falar palavrões tentando atingir o Velho, que não se manifesta, matem-se calmo, presta-se apenas a resgatar Gil com segurança, todos se preparam para subir e começam um a um.

         Gil percebe que o lugar que se encontra não é o mesmo que estava antes, era um lugar muito mais profundo e escuro, desconfia mais nada fala. Leonardo é o último a subir e antes disso se afasta até a beira do abismo escuro que leva ao fundo da caverna e percebe uma pequena luz, sabe que não se trata de uma luz comum, percebe que a luz se movimenta como se o vento estivesse presente, coisa incomum naquela profundidade, neste instante é alertado para subir.

         Leonardo começa sua subida devagar pensando naquela luz, vai ficando distante dos demais, houve um barulho e para, um pequeno feixe de luz vem surgindo da profundeza da caverna e o atinge. Leonardo fica tonto, mas fica firme na corda, não larga, um pequeno raio de cor azulada surge entre seu corpo e a parede da caverna também o atinge, neste instante Leonardo é puxado para cima meio desacordado, fica meio zonzo e desmaia.

          Todos ficam preocupados, mas Leonardo logo recobra os sentidos e fica bem, o Velho vem em sua direção e percebe que algo aconteceu, fica preocupado, mas ninguém sabe o porquê, a Professora Eliane pede para que todos saiam da caverna e informa que o trabalho acabou não havia razões para continuar as pesquisas, havia acontecido problemas demais e que todos deviam voltar o mais rápido possível.

          Gil e Leonardo foram agasalhados e colocados dentro da camionete, o Velho se aproximou reservadamente a Gil e falou:

     - Filho tudo recomeçou, talvez você não aceite no início, mas você foi escolhido, tem que prosseguir em nome de nosso povo.

     - Não sei do que o senhor está falando – Diz Gil incrédulo.

     - Estarei com você, serei sua sombra, fique tranquilo, tudo vai se resolver – Diz o Velho sussurrando ao ouvido de Gil.

         Gil fica quieto observando o velho que se afasta demostrando tranquilidade, Lin Zu se aproxima e comenta sobre a amizade de Gil e do Velho:

     - Vocês ficaram muito amigos com a convivência lá embaixo, em Gil – Diz Lin Zu com um pouco de ironia sorrindo.

     - Não sei bem o que aconteceu, mas ele foi quem me salvou – Diz Gil disfarçando e desviando a conversa.

     - Entendo, mas tem algo amais nesta amizade e eu não estou com ciúme, apenas desconfiada – Fala Lin Zu alertando Gil.

     - Lin quando chegar a Brasília vamos visitar o Mestre Mangangá, acho que o Mestre pode explicar alguma coisa sobre este Velho – Diz Gil desconfiado do comportamento do Velho.

         Lucas se aproxima de Gil e Lin Zu, sorrindo e tenta abraçar o amigo e o conforta com palavras amigas tentando fazer com esqueça o acidente, Gil esboça um pequeno sorriso e aceita as palavras do amigo.

          Os três ficam conversando demostrando um bom laço de amizade, o Velho fica de longe sentado em uma pedra observando-os em silêncio, Leonardo ainda meio confuso olha para Gil e vê um vulto em sua volta, fica amedrontado, mas se contem como se já esperasse esta manifestação.

          O Guia se aproxima acompanhado de autoridades responsável pela caverna explicando o acontecido sobre o acidente, diante da entrada da caverna e o responsável delega o fechamento da caverna para exploração até que se possa fazer novo estudo para poder saber o grau de comprometimento e o perigo que possa levar aos exploradores.

          O Velho esboça um sorriso à distância e Leonardo observador e inquieto planeja em sua mente uma volta para uma invasão futura e exploração particular.

          A Professora em uma reunião rápida delega obrigações, todos se movimentam para cumpri-las, vão arrumando as camionetes, guardando os equipamentos para partirem a direção de Brasília. Rodrigo ajuda Lucas a colocar Leonardo na camionete e fala a todos:

     - Vou dirigir a camionete de Leonardo, ele não tem condições ainda de dirigir – Fala Rodrigo indicando sua posição.

     - Ok! Eu vou assumir a outra – Diz Lucas se comprometendo a dirigir a outra camionete.

     - Vamos fazer o mesmo percurso na volta, vamos parar-nos mesmos lugares para alimentação e abastecimento de combustível, entenderam – Diz a Professora com firmeza demostrando preocupação e autoridade.

     - Ok Professora, vamos voltar com segurança – Diz Lucas mantendo-se tranquilo.

          Durante toda viagem Gil manifestou desconforto e febres passageira com delírios, falava palavras desconhecidas, fazia perguntas e ficava sonolento. Lin Zu tentava conforta-lo, a Professora demostrava preocupação e Lucas tentava manter uma velocidade de segurança, mas acelerava cada vez mais preocupado com a saúde do amigo.

         Na camionete que seguia atrás, Rodrigo tentava acompanhar Lucas que acelerava cada vez mais, parecia que queria chegar ao mesmo dia, algo impossível para a distância que estavam, Gabriela mantinha-se ainda aflita observando Leonardo, que se encontrava dormindo.

          Durante a viagem nas manifestações febril de Gil, Lin Zu observou que em alguns momentos foram emitidos pequenos raios azulados de suas mãos, seu corpo demostrava rigidez, mesmo preocupada manteve-se calada. Lucas observou sua reação, mas também se mante calado e seguiu firme na direção da camionete.

         Após longa viagem a chagada a Brasília foi comemorada com sorrisos e abraços, Gil se encontrava recuperado, Leonardo parecia bem. Rodrigo e Gabriela se comprometeram deixar Leonardo e a camionete em sua casa, o mesmo se comprometeu Lucas e Lin Zu com o Gil. A Professora respirou aliviada e desejou um bom descanso a todos, informando que depois marcaria uma reunião para avaliar os acontecidos, feito isto foi embora.

         No percurso para casa Gil pediu para Lucas ir direto para a casa do Mestre Mangangá, queria fazer algumas perguntas e tirar algumas dúvidas. Chegando próximo à casa do Mestre, observou-se de longe que a moto do Velho estava parada em frente à casa do mestre, Lucas diminui a velocidade quando viram o Velho saindo, montando em sua moto e indo embora.

          Gil irritado e apreensivo chegou já indagando o Mestre sobre a presença do Velho em sua casa, o Mestre ficou parado olhando para Lucas demonstrando tranquilidade falou:

     - Calma ai! Que cobra te picou, minha casa é aberta para todo mundo, sou Mestre de Capoeira, lembra garoto – Fala o mestre com segurança e propriedade.

     - Desculpa Mestre, é que tivemos este Velho em nossa cola durante a viagem quase toda e tem algo entre ele e o meu acidente, fico zonzo só de pensar na profundeza e escuridão daquela caverna – Diz Gil inquieto.

     - Não se preocupe filho, tudo vai ficar bem. – Diz o Mestre.

     - Mestre o Senhor está falando do mesmo jeito daquele Velho, o Senhor não tem nada para nos explicar, o que está acontecendo – Fala Gil querendo expor sua indignação com a falta de explicação.

     - Filhos vão para suas casas, amanhã vocês estarão descansados, vai ter uma roda de Capoeira aqui, quero os três nessa roda, as explicações serão gradativas, não se preocupem terão todas as respostas acreditem – Diz o Mestre esboçando um sorriso.

     - Ok Mestre! Vamos Gil, vamos Lin, amanhã voltaremos para participar desta roda de Capoeira – Diz Lucas convencendo Gil e Lin a irem embora.

          Ao deixarem a casa do Mestre, observa-se na esquina mais distante o Velho encostado em sua moto, parado como se aguardassem sua saída, olham-se um para o outro e ficam mais desconfiados, mas vão embora.

         À noite quando seu sono está mais profundo, Gil começa a ter calafrios e a recordar tudo que aconteceu na caverna, sonâmbulo começa a soltar pequenos raios e sentir seu corpo enrijecer-se.

          Gil acorda em um sobressalto e fica trêmulo ao perceber que em suas mãos fluem pequenos raios e em sua pele surgem pequenas marcas na cor prata. Ao erguer uma das mãos sente surgir o vento que pode controla-lo, ao erguer a outra mão Gil vê surgir uma pequena chama que também a controla, fica parado um instante e ao olhar o copo de água que está em seu criado mudo, retira a água de dentro do copo que vem em sua direção em forma de filete sob seu controle.

         Gil fica assustado e de repente tudo desaparece como se não tivesse acontecido nada, o sono volta e tudo volta ao normal, Gil volta ao seu sono profundo e calmo.

         A noite estava clara com a lua cheia se elevando no céu quanto Gil, Lucas e Lin chegaram à casa do Mestre. O Mestre deu-lhes boa noite e abriu a porta para que entrassem, foram convidados para irem para o terreiro onde iria começar a roda de capoeira, chegaram e ainda não havia outros convidados, Gil já encabulado perguntou ao Mestre:

     - Mestre onde estão ou outros convidados – Fala Gil meio irônico.

     - Calma filho, não entendo sua ociosidade, você não era assim – Diz o Mestre tentando conter Gil.

     - Também acho Mestre, Gil está ocioso, nervoso e rebelde, o que será que aconteceu com ele – Diz Lucas sorrindo como se estivesse escondendo algo.

     - É mesmo, também acho que este rapaz está precisando de uns exercícios respiratórios ou quem sabe uma massagem para acabar com esta tensão – Diz Lin meio irônica.

          O Mestre olha para Gil e aprova o julgamento dos colegas, Gil demostra irritabilidade, mas se contem e fica quieto. Ouve-se um barulho de uma moto chegando, o Mestre informa que o ultimo aluno para a roda de capoeira chegou, deixa os três com seus pensamentos e vai ao encontro do recém-chegado.

          Após alguns minutos o Mestre retorna com o convidado, para surpresa de Gil, o Velho vem em sua direção e o cumprimenta:

    - Como vai filho, fez boa viagem, como está se sentindo – Diz o Velho com um leve sorriso.

          Gil sem nada entender observa os demais que parecem tranquilos com a presença do Velho, isto o torna mais irritado e inquieto, exigindo uma explicação, então fala:

     - Vocês estão escondendo alguma coisa!

     - Nesta roda de capoeira de hoje você terá todas as explicações que quiser – Fala o Mestre tentando conter sua raiva.

     - Espero explicações de todos, inclusive de meus grandes amigos, que desconfio que não pareçam tão grandes amigos assim – Diz Gil demostrando-se chateado com Lin e Lucas.

     - Filho vai dar-lhe todas as explicações, depois você pode fazer seu julgamento – Diz o Velho num tom de voz tranquilo.

     - Estou esperando Velho e já estou de saco cheio de sua interferência na minha vida, espero que tenha bons motivos para que acabe minha raiva – Diz Lucas furioso.

    - Filho você foi escolhido e nós estamos tentando te proteger para que tudo se resolvesse da melhor forma possível e tudo saiu como planejamos, agora cabe a você aceitar e liderar nossa tarefa - seus amigos foram escolhidos com o propósito de fazer parte desta luta pela liberdade e igualdade dos povos, então aceite esta missão, tudo que vem acontecendo com você nestes últimos dias foi planejado para que você recebesse os poderes que lhe cabe para lutar em favor da justiça - você deverá manter segredo, como Lucas e Lin vêm mantendo os deles há anos - você nunca perguntou por que uma oriental começou a fazer capoeira sem mais nem menos e como um amigo seu lhe é tão fiel, capaz de morrer por você, todos nós fomos destinados a um único propósito, fazer com que você recebesse os poderes de nossos deuses – Disse o Velho de forma convincente.

     - Velho eu não estou entendendo nada, acho melhor explicar direito, que poderes, estou tendo calafrios, insônia, pesadelos e tonturas, não sei que poderes o Velho se refere. – Diz Gil meio confuso.

     - Estas manifestações no início são normalmente, depois você vai começar a descobrir seus poderes, por enquanto estão passando de seus sonhos e pesadelos para a realidade, então temos que lhe prevenir para que você não seja descoberto ou provoque algum acidente com alguém. – Diz o Velho com calma

     - Gil tenha calma, estaremos ao seu lado e tentaremos fazer com que aceite tudo com calma para que não ocorra nada de ruim – Disse Lucas tentando acalmar o amigo.

      - Estou calmo, mas estou confuso, não sei de nada destas coisas que estão tentando enfiar em minha cabeça. – Diz Gil meio inquieto.

     - Filho venha para perto, vamos fazer uma pequena roda e o Velho vai contar toda a história, no final tudo vai acabar bem e você vai entender tudo. – Diz o Mestre pegando em sua mão e trazendo para perto dos outros.

          A lua já estava majestosa no céu claro quando o Velho começou a contar a história. O Velho começou com seus antepassados, contando as histórias de seus deuses e reis africanos, seus poderes, suas dissidências, fugas e perseguições para extrair seus domínios e poderes até a chegada dos navegadores, a prisão, venda e a exploração da raça negra como escravo e a destituição de seus deuses e religiões.

         Após a história de seu povo o Velho começou a contar à história que interessava diretamente a Gil, começando pela a história de Lin Zu ou Xuan “a filha da Deusa Xuan Nu”.

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