Laura ficara quase quinze segundos prendendo a respiração diante do susto.
Embora a luva lhe impedisse de sentir a água da chuva passando por entre seus dedos enquanto segurava a arma, sabia que estava tremendo – e não de frio, pois vestia o traje militar desenvolvido na própria NextGen com suporte térmico para aquele tipo de situação.
Seu coração batia tanto que nem mesmo o sentia. Os olhos estavam vidrados, sequer era capaz de piscar. Quantos disparos havia efetuado? Mais de dez, com certeza. Talvez quinze.
De acordo com as instruções que recebera, a carga na pistola lhe permitiria atirar mais de mil vezes, precisando recarregar as esferas metálicas a cada cem tiros. Fazia muito tempo que a cientista não atirava, porém, aquela arma era fácil de se adaptar. O design lembrava uma Beretta M9 com menos linhas no desenho e totalmente na cor
Da posição em que ficara, o comandante da equipe de Taylor atirava contra os dinossauros marcados por Roman dois quilômetros à frente. Não tinha especialidades no assunto, mas pelo que já havia enfrentado nas últimas horas, acreditava que os dinos no caminho de Johan e seu time fossem Alossauros.Seus disparos, mesmo com uma arma poderosa, dificilmente abatiam um dos alvos, quando muito o derrubavam. Contudo, o restante da equipe terminava o trabalho, eliminando rapidamente a criatura desprotegida.Haviam se passado três minutos desde que Tom começara a dar suporte ao time frontal com o rifle de precisão quando decidira focar mais adiante o percurso por onde eles seguiriam.Vira um dinossauro muito maior que os Alossauros vindo naquela direção e se sua visão não o estivesse pregando peças, poderia até mesmo ser maior que o T-Rex. Como se não basta
Quando Johan gritara cuidado já era tarde demais. Ralf havia desviado do ataque de um dos dinossauros, mas outro o acertara em um bote, mordendo seu braço e o erguendo-o como se o mesmo não pesasse nada.Mesmo sentindo os diversos dentes da criatura cravados fundo em sua carne enquanto o sangue quente jorrava sem parar, o militar ainda socara a cabeça da criatura com a mão livre, em uma tentativa vã de se soltar. Infelizmente seus ataques eram como moscas pousando na pele endurecida do poderoso predador.Ciente de que não conseguiria escapar de tal ataque ou mesmo que escapasse, não seria capaz de se recuperar dos ferimentos causados, Ralf soltara o cinto e contara rapidamente os explosivos restantes, cinco no total, enfiando com força tudo o que conseguira por uma brecha entre os dentes da criatura. Mais da metade das granadas haviam sido colocadas dentro da boca do monstro. Instantes depois a cabeç
Após o terrível confronto com os Giganotossauros, os membros restantes das duas equipes seguiram para o prédio com os transportes que usariam para seguir até o laboratório onde a Energia Residual era pesquisada. Era um grande barracão com diversos veículos de pequeno, médio e grande porte, montados, desmontados, todos de alta performance.Considerando o fato de que era impossível chegar até ali de navio, Tom ficara imaginando quantos helicópteros e tempo teriam sido investidos para elaborar toda aquela coleção. O único problema era que a maioria não estava em condições de rodar. Não havia pessoas no prédio e tudo parecia abandonado há meses ou talvez anos. A maior parte dos veículos parecia estar em manutenções paradas pela metade e certamente os funcionais haviam sido levados.Enquanto Dylan e a Dra Hamilton m
Taylor, que observava o perímetro com um binóculo, passara o mesmo para o líder.—Estamos com problemas – disse a mulher torcendo os lábios – Há muito mais deles por aqui – emendou referindo-se aos Velociraptors no local – Eles devem ter um grande ninho em algum lugar por aqui. Mesmo com o armamento e munição que temos me pergunto se chegaremos a entrar em um desses prédios com tantos predadores no perímetro.—Vamos nos dividir – disse Johan, finalmente falando – Iremos em duas frentes, uma pela direita, outra pela esquerda. Eles irão se dividir, assim será mais fácil abrir caminho.—Pode funcionar, mas como saberemos onde ir se nos separarmos? – indagou Tom – Nem Laura e Amanda conhecem perfeitamente esse lugar.Amanda erguera o indicador, sugerindo que tinha uma resposta. Após voltar ao veícu
Laura aproximara-se de uma porta dupla branca, com janelas circulares nas duas asas e empurrava de leve. Tom empunhara o rifle erguendo-o na altura da mira e entrara primeiro. O barulho das botas pisando em cacos de vidro fora o primeiro indício da destruição.O interior do salão revelara uma ala médica destruída. Macas, mesas e cadeiras estavam pelo chão. Armários e gavetas abertos ou arrombados. Havia medicamentos sem nome, outros com nomes desconhecidos e todo tipo de frascos e tubos caídos por toda parte.Ao virar-se com a lanterna atrás de uma mesa, Amanda colocara uma das mãos sobre a boca, evitando um grito ou talvez o desejo de vomitar, voltando alguns passos. Taylor seguira até ela e apontando com sua lanterna vira um corpo em decomposição. Faltava um braço e uma perna com partes do peito e do rosto dilacerados. O líder e Laura anunciavam ter encontr
As palavras da fuzileira representavam a dúvida principal de todos os presentes. As duas cientistas voltaram o olhar para os militares, como quem não quer responder.—O problema é esse – respondeu Amanda ao perceber que a mãe procurava as palavras, mas não as encontrava – Já está acontecendo. Começou há três semanas. Vem acontecendo a cada meia hora. Os dados foram corrompidos em algum curto, não há como saber qual o próximo setor. Aliás, não dá para saber qual já foi alterado ou qual ainda será.—Há uma sala ao norte desse andar, seguindo pelo corredor à direita, onde uma área de transferência foi projetada para viagens temporais diretas – disse Laura apontando para um mapa em outra tela – Nunca foi testada, mas pode ser projetada para enviar qualquer coisa para qualquer lugar atrav&
Os respingos gelados atingiram a face da mulher como gotas de orvalho em uma floresta numa manhã de primavera. O ambiente parecia quente e acolhedor, sentia o sabor salgado nos lábios molhados e o cheiro de água do mar. A brisa, por fim, movera os fios soltos dos cabelos que flutuavam sobre sua testa e fizera arrepiar os pelos em seus braços.Taylor abrira os olhos e sentara onde estava completamente tomada pelo desespero. Seu coração parecia querer sair pela boca, não conseguia respirar. Ainda ouvia o barulho da terrível tempestade e podia sentir os olhares famintos dos dinossauros a espreitá-la. Aos poucos o ar voltara a entrar em seus pulmões. Os olhos, mesmo arregalados, não enxergavam nada. Havia uma luz ofuscante lhe bloqueando a visão. Lentamente, o clarão começara a ser substituído por cores disformes e então por borrões de imag
Residência do Hank’s. Manhattan. 14:30hs.A linda morena estava sentada à mesinha do escritório que tinha em sua casa. Tinha trinta e oito anos, mas havia quem dissesse não ter mais que trinta. Todos os anos atuando como militar e as centenas de horas na academia lhe davam um ar jovial, poucas mulheres tinham um corpo tão perfeito.As íris azuis moviam-se rapidamente para a esquerda e a direita enquanto lia os memorandos na telinha do notebook. Suspirara fechando os olhos.Era difícil concentrar-se naquela tarefa. Ela nunca levara jeito para trabalhos burocráticos. Desde pequena fora aquela que preferia educação física à clubes de xadrez ou ciências. Trabalhar como consultora da NextGen era praticamente um castigo.O papel de consultora viera depois do incidente na Ilha Luna três anos antes. Os eventos que se seguiram naquele dia tinham si