Nyla | dia 8 de agosto de 2019
As horas passavam, mas eu não conseguia desligar minha mente. Era como se uma parte de mim estivesse em constante alerta, esperando algo. Thorne estava por toda parte — em meus pensamentos, nos meus sonhos e até nos meus pesadelos. O problema? Eu não sabia mais distinguir o que era real do que era imaginado. Dois dias se passaram desde o último encontro com ele na floresta, e eu fiz de tudo pra me manter ocupada. Ajudei minha mãe com as tarefas, limpei a casa, até dei uma volta pela cidade, só pra tentar afastar os pensamentos que insistiam em voltar. Mas nada adiantava. A cada segundo que passava, o desejo de voltar à floresta crescia. Como se algo me puxasse para lá, um chamado impossível de ignorar. UM Eu ainda tentava entender o que Thorne tinha dito — sobre ser marcada, sobre a conexão, e principalmente, sobre ele ser um lobisomem. Por mais absurdo que isso soasse, uma parte de mim sabia que era verdade. Meu corpo estava reagindo de maneiras que eu não conseguia explicar. Era como se estivesse esperando por alguma coisa… ou por alguém. Sentei na varanda de casa, tentando apreciar o silêncio da tarde, mas minha mente estava longe, sempre voltando para ele. Lembrei de suas palavras. "Você vai me desejar mais do que qualquer coisa." O pior é que, no fundo, eu sabia que ele estava certo. Cada vez mais, eu sentia a força dessa conexão crescendo. Meu corpo vibrava quando pensava nele, mesmo que minha cabeça gritasse que era errado. Levantei de um pulo, irritada comigo mesma. Eu não podia deixar isso acontecer. Não podia. Eu não pertencia a ninguém, muito menos a um cara como Thorne, por mais irresistível que ele fosse. — Preciso de ar — murmurei, andando em direção à floresta antes mesmo de perceber. Era sempre assim. Eu dizia que não voltaria lá, mas, de alguma forma, meus pés me levavam de volta. Era como se o lugar tivesse vida própria, como se eu não pudesse evitar. Cada passo parecia mais pesado, e ao mesmo tempo, mais certo. Quanto mais eu me aproximava da trilha que levava à clareira, mais meu corpo respondia. Quando finalmente entrei na floresta, o ar parecia diferente. Estava mais quente, mais denso, como se o próprio ambiente estivesse carregado de energia. Minhas pernas começaram a tremer levemente, e eu sabia que ele estava por perto. Eu sempre sabia. O silêncio foi cortado por um movimento rápido, e quando olhei para o lado, lá estava ele. Encostado numa árvore, me observando. Parecia que ele já sabia que eu viria. Aquele mesmo olhar intenso, como se pudesse ver direto através de mim. Thorne tinha esse efeito — ele não precisava dizer nada, só o jeito como me olhava já fazia minha cabeça girar. — Achei que estivesse tentando me evitar — ele disse, com um sorrisinho torto. — Talvez eu esteja — respondi, cruzando os braços, tentando parecer indiferente, mas minha voz tremia um pouco. Ele se afastou da árvore e começou a andar em minha direção, os passos leves, mas firmes. Cada movimento dele parecia premeditado, como se soubesse exatamente o que estava fazendo. E eu, claro, estava completamente envolvida. — Então por que voltou? — A voz dele era suave, mas carregada de uma provocação que fez meu estômago revirar. Tentei pensar numa resposta, mas a verdade era que eu não tinha uma. Eu deveria estar fugindo dele, não voltando. Mas, de alguma forma, estar perto de Thorne parecia inevitável. — Eu só… queria entender — murmurei, olhando para o chão. Thorne parou bem na minha frente, e o calor que emanava dele me fez esquecer o frio da floresta. Quando levantei os olhos, ele estava tão perto que eu podia sentir sua respiração. Meu coração disparou, como sempre acontecia quando ele estava por perto. Era irritante como meu corpo respondia a ele, como se fosse automático, sem que eu pudesse controlar. — Entender o quê, exatamente? — Ele inclinou a cabeça, o olhar queimando nos meus. — Tudo isso — gesticulei, tentando dar um passo para trás, mas meu corpo parecia preso. — Você diz que sou sua, mas eu não sou. Eu não pertenço a ninguém, Thorne. Isso que está acontecendo… não faz sentido. Ele sorriu de leve, aquele sorriso predatório que sempre me deixava tensa. — Ah, Nyla… faz mais sentido do que você imagina. Você já sente isso, não sente? Essa ligação entre nós. Cada dia que passa, ela só vai ficar mais forte. É inevitável. Eu queria negar. Queria dizer que ele estava errado, que eu ainda tinha controle sobre meus sentimentos e meu corpo. Mas a verdade era outra. Eu sentia. Sentia a cada segundo que passava, essa conexão que parecia me arrastar para ele. Era uma mistura de desejo, medo e uma sensação de perda de controle que eu odiava, mas ao mesmo tempo… queria mais. — Isso não é justo — murmurei, tentando esconder o quão vulnerável me sentia naquele momento. — Eu não escolhi isso. Ele ergueu a mão e roçou levemente os dedos no meu braço, e foi como se uma corrente elétrica atravessasse meu corpo. Eu engoli em seco, tentando me manter firme, mas minha pele queimava onde ele me tocava. — Não é sobre escolhas, Nyla. É sobre o que já está destinado. — A voz dele era um sussurro, rouca e suave ao mesmo tempo. — A lua cheia está quase aqui. E quando ela chegar, você vai entender tudo. Você vai se entregar ao que já é seu. Minha respiração ficou entrecortada. As palavras dele pareciam um presságio, como se algo grande estivesse à espreita, esperando para me engolir. — E se eu quiser fugir? — Minha voz saiu baixa, quase um sussurro. Thorne riu, um som baixo e provocador. — Você pode tentar. Mas não vai conseguir. Vai sentir o chamado. Vai me desejar como nunca desejou nada. E quando a lua cheia estiver no céu, você vai ser minha, Nyla. Para sempre. As palavras dele se infiltraram na minha mente como veneno doce, e por mais que eu quisesse lutar, algo dentro de mim ansiava por aquilo. Era assustador e, ao mesmo tempo, viciante. Thorne deu mais um passo para trás, os olhos ainda presos aos meus, mas eu sabia que ele estava me deixando ir, por enquanto. — Aproveite seus últimos momentos de negação — ele disse, com aquele tom de certeza. — Porque, quando a lua cheia chegar, não haverá mais como resistir. Eu fiquei ali, parada, enquanto ele sumia na escuridão da floresta. O coração ainda batia forte, os pensamentos uma bagunça. Cada palavra que ele disse ecoava na minha mente. E, no fundo, eu sabia que ele estava certo. A lua cheia estava chegando. E, quando ela chegasse, eu não teria como fugir mais.Nyla | dia 9, agosto de 2019Eu queria gritar. Queria correr até meus pés não aguentarem mais. Mas, em vez disso, fiquei sentada no chão do meu quarto, com a cabeça entre as mãos, tentando processar tudo o que estava acontecendo. Só que nada fazia sentido.Lobisomens? Mate? Uma ligação inquebrável? Que tipo de maldição era essa? Thorne me dizia que era destino, mas e o meu livre-arbítrio? Eu tinha passado a vida toda lutando pra ter controle, pra ser dona das minhas escolhas. Agora, de repente, isso estava sendo arrancado de mim, e o pior de tudo? Eu sentia que estava cedendo, pouco a pouco.Levantei do chão, andei de um lado pro outro no quarto, me sentindo sufocada. O que eu ia fazer? Não podia simplesmente aceitar isso. Fugir? Não tinha como. Algo me puxava de volta, toda vez que eu pensava em sair de Vár-Midra. Era como se meu corpo estivesse preso a esse lugar, preso a ele. O calor da pele de Thorne ainda estava cravado em mim, e não importava o quanto eu tentasse, não conseguia
Nyla | dia 10, agosto de 2019A noite chegou rápido demais. A lua ainda não estava cheia, mas já parecia maior e mais brilhante no céu. Eu sentia ela puxando algo dentro de mim, como se estivesse me preparando para algo que eu não queria enfrentar. Cada dia que passava, a pressão aumentava, e meu corpo respondia de formas que eu não conseguia explicar. Era como se estivesse me transformando por dentro, mas eu não tinha ideia no quê.Ficar dentro de casa me sufocava, então saí. As ruas de Vár-Midra estavam calmas, como sempre, mas mesmo com o silêncio, o ar parecia carregado de tensão. Eu andava sem rumo, com as mãos nos bolsos, tentando manter a cabeça vazia, mas era impossível. Cada pensamento me levava de volta a Thorne, à floresta, à maldita lua cheia que estava quase aqui.— O que eu vou fazer? — sussurrei para mim mesma, a voz cheia de frustração.A resposta não veio, claro. E mesmo se viesse, eu sabia que não tinha escolha. Thorne já tinha deixado claro o que ia acontecer, e por
Nyla | dia 11, agosto de 2019O dia passou como um borrão. Eu mal conseguia me concentrar em qualquer coisa que não fosse ele. Thorne estava em meus pensamentos, dominando cada segundo da minha mente, como uma tempestade que eu não conseguia afastar. A lua cheia estava tão perto que eu podia sentir sua influência me puxando, me mudando. Era como se uma parte de mim estivesse desperta, sentindo cada pequeno movimento, cada batida de coração de forma amplificada.Eu sabia que estava acabando. Essa luta interna, essa tentativa desesperada de resistir ao que estava por vir, estava chegando ao fim. E o pior? Eu não tinha mais certeza se queria resistir.Andei pela casa sem rumo, sentindo o peso de tudo o que estava acontecendo. Minha mãe estava quieta, mais do que o normal, e eu sabia que ela percebia algo diferente em mim. Talvez ela até soubesse mais do que deixava transparecer, mas nunca disse nada. Aquele era o jeito dela — observar sem se intrometer, como se estivesse esperando que eu
Nyla | dia 12, agosto de 2019Eu não conseguia tirar a cena da minha cabeça. Thorne se transformando bem na minha frente, o brilho dos olhos âmbar do lobo encarando os meus, como se ele estivesse vendo algo dentro de mim que eu mesma não conseguia entender. Cada detalhe daquela transformação ficou gravado na minha mente, e o mais assustador? Eu não sentia medo.Se alguém tivesse me contado, há alguns dias, que eu estaria ali, frente a frente com um lobisomem e sentindo... o que quer que eu estivesse sentindo por ele, eu teria rido. Ou surtado. Mas agora, a única coisa que eu sabia com certeza era que a minha vida nunca mais seria a mesma.O problema era o que vinha depois.A lua cheia estava a um dia de distância, e Thorne me deixou claro o que aconteceria. Ele falou de forma calma, quase gentil, mas o peso daquelas palavras ainda estava comigo.“Você é minha.”A voz dele ecoava na minha cabeça, enquanto eu andava pela cidade, tentando encontrar algum conforto na rotina. Só que não ha
Thorne | dia 12, agosto de 2019Eu nunca pensei que fosse acontecer tão rápido. Passar anos me mantendo longe, controlando o lobo dentro de mim, esperando o momento certo, tudo parecia inútil agora. Ela chegou e, de repente, tudo mudou. O controle que eu sempre tive estava escapando entre meus dedos, e eu não podia mais lutar contra isso.Nyla.Ela era minha. Eu sabia disso desde o momento em que a vi, desde o segundo em que ela pisou na maldita floresta, atravessando a linha que separava o mundo dela do meu. O lobo dentro de mim a reconheceu antes mesmo que eu entendesse o que estava acontecendo. Cada célula do meu corpo vibrou ao sentir sua presença, e agora, a lua cheia estava prestes a selar o destino que nós dois não podíamos mais evitar.Eu olhei para o céu, a lua quase completa, brilhando acima da floresta. A energia da alcateia estava crescendo, e eu podia sentir isso em cada lobo que me cercava, ansiosos, prontos para o que estava por vir. Mas, ao contrário deles, a minha men
Nyla | dia 12, agosto de 2019Eu me sentia à beira de um precipício, prestes a cair. Cada passo que eu dava em direção à clareira parecia mais pesado, como se o ar ao meu redor estivesse denso demais, sufocante. A lua estava quase cheia no céu, brilhando de uma forma que parecia impossível ignorar. Era como se ela estivesse me chamando, me puxando para algo que eu não entendia completamente, mas sabia que era inevitável.Eu sentia Thorne antes mesmo de vê-lo. Era sempre assim. Uma pressão no peito, uma onda de calor subindo pela espinha. A conexão entre nós só ficava mais forte a cada segundo que passava, e por mais que eu quisesse lutar contra isso, já sabia que não havia mais como.Ele estava lá, no centro da clareira, esperando por mim. A luz da lua iluminava seus olhos âmbar, e só de olhar para ele, meu coração acelerou. Eu sabia que Thorne estava no limite tanto quanto eu. O poder da lua estava transformando tudo ao nosso redor, intensificando cada sensação, cada emoção. Não era
Nyla | dia 13, agosto de 2019Eu nunca pensei que uma noite pudesse mudar tanto. A lua estava finalmente cheia no céu, banhando a floresta com um brilho prateado quase sobrenatural. Cada vez que eu olhava para cima, sentia a energia dela pulsando em mim, como se estivesse sussurrando segredos antigos, promessas que eu mal conseguia entender. Meu corpo inteiro estava em alerta, cada célula vibrando com uma expectativa que me deixava inquieta.Thorne estava ao meu lado, e sua presença era tão intensa que eu mal conseguia me concentrar em mais nada. A conexão entre nós, que até agora eu tinha tentado negar, estava queimando dentro de mim, crescendo a cada segundo. Era como se a própria lua estivesse empurrando nós dois para o limite, para o ponto em que tudo mudaria.— Está começando — ele murmurou, a voz baixa, mas carregada de algo profundo.Eu olhei para ele, e o vi de um jeito diferente. A luz da lua fazia seus olhos âmbar brilharem de uma forma quase hipnotizante, e sua expressão es
Nyla | dia 14, agosto de 2019Eu estava sentada na beira da floresta, com os pés descalços tocando a grama fria. O sol ainda estava se levantando, mas tudo ao meu redor parecia diferente. Eu também me sentia diferente. A lua cheia tinha passado, mas o que ela deixou em mim não iria embora. O laço entre mim e Thorne agora estava completo, inquebrável. Eu podia senti-lo, mesmo quando não estava perto. Era como se ele fosse uma parte de mim agora.Nunca pensei que isso seria possível. Ser de alguém, ser parte de algo maior do que eu mesma. Durante tanto tempo, eu lutei contra isso. Mas agora, olhando para o céu clareando lentamente, senti uma paz estranha. Não era a rendição que eu tinha imaginado. Era uma aceitação que vinha com uma sensação de pertencimento.— Está tudo bem? — A voz grave de Thorne me tirou dos meus pensamentos.Eu olhei para ele, que vinha caminhando na minha direção, já em sua forma humana. Havia algo nos olhos dele que ainda me causava calafrios. Não era medo. Era a