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CAPÍTULO III - Cristine encontra cápsula do tempo

Era madrugada, quando Cristine foi acordada por um ruído bem diferente dos ruídos que sempre ouvia, esse parecia um tanto estranho, Cristine levantou-se bem rápido e olhou através dá fresta dá cabana e viu uma pequena luz e logo começou caminhar em direção dá mesma.

Com o coração batendo forte e o olhar fixo no objeto, ela pode notar que o objeto se parecia com o mesmo que ela havia se comunicado com a menina chamada Hilda.

Logo ela começou a perguntar: 

— Hilda você está me ouvindo? Sou eu Cristine.

Para surpresa dela, Hilda lhe respondeu:

— Sim Cristine, estou te ouvindo, onde você está?

— Não sei Hilda, esse lugar me dá medo, eu escuto muitos ruídos que não sei de onde vem.

E você está no mesmo lugar? – perguntou Cristine.

— Sim, chegou mais gente aqui. - Responde Hilda.

— Mais gente?

— Sim, um monte de gente. – Continua Hilda. 

— Eles falam o que desse lugar? – pergunta Cristine.

— Eles não falam nada. 

— Como assim, eles são mudos? – pergunta Cristine.

— Sim, eles são mudos.

— Como você descobriu que eles são mudos?

— Por que alguns deles ficaram admirados, colocavam o dedo com muito medo e cuidado na minha língua. – Responde Hilda.

— Eles são iguais a nós? – pergunta Cristine.

Hilda responde que são iguais, somente são mudos.

Cristine então continua:

— Hilda, você sabe a quanto tempo está aí?

— Não sei... – Responde Hilda.

Cristine já sabia que ela e Hilda tocaram naquele objeto estranho e por isso foram parar em outro lugar, então ela queria saber se tocasse novamente no objeto ele o levaria até Hilda ou poderia ser transportada para sua cidade, ou para outro lugar, à vontade de descobrir isso era grande, mas o medo era ainda maior.

Cristine preferiu ficar um pouco distante daquele aparelho misterioso.

Hilda relata que naquele lugar onde ela está as coisas são muito diferentes de tudo que Cristine considerava normal. Hilda que ao chegar lá foi recebida com grande entusiasmo, pois ainda era uma criança, e os habitantes todos eram adultos, e até hoje eles a trata do mesmo jeito, eles gostavam muito dela.

Hilda fala que no início, assim que chegou lá eles a viram chorar e todos ficaram muito preocupados, trouxeram-lhe vários objetos feitos por eles para distraí-la, suas lágrimas até hoje é um motivo de grande preocupação para eles.

À mesma continua dizendo que eles se reúnem sempre, pois sempre ouve um sinal que ela não consegue dizer de onde vem, então todos saem correndo e se juntam em uma plataforma que fica à beira do rio. E quando isso acontece, eles cobrem o olho dela para que ela não veja o que aconteceu ali.

Hilda escuta vários sons e apenas murmúrios, mas nunca escuta vozes para que ela possa saber exatamente o que estão falando. Ela diz também que acha possível que eles tenham sofrido algum trauma ou castigo, e isso pode ter causado a perca da fala deles.

Ela falou que os dias e noites são diferentes para eles, diz que quando morava com sua mãe as noites eram escuras e os dias eram claros, e onde ela está é bem diferente, à noite é dia para eles e os dias são noites, ao nascer do sol eles vão dormir e ao pôr do sol eles acordam e ela dorme.

Quando acontece algum problema lá, Hilda começa a chorar e eles param imediatamente de brigar, parece que as lágrimas dela os assustam ou os comove, de alguma forma ela usa suas lágrimas para algo bem útil.

Eles estão começando a se comunicar com Hilda através dê sinais, Hilda então pode compreender que haverá uma pessoa que chegará e deverá ser recebida com muita honra, por não saber de quem se trata Hilda não sabe se é homem ou mulher.

Às vezes Hilda tem a impressão que eles têm medo de perde-la, por que eles ficam perto dela e ela pode sentir que isso passa pela cabeça deles, então Hilda fica inquieta, por que também já se apegou a eles e não sabe como será o dia em que terá que deixar todos e partir ao encontro de seus pais.

Esse dia poderá também nunca chegar, mas Hilda se sente acolhida em um lugar que todos a trata com muito carinho e respeito, e seu coração talvez não suportaria mais ficar longe do lugar onde sente que é verdadeiramente amada por todos.

Um povo sofrido, castigado, que traz em sua alma cicatrizes, eram capazes de transmitir o mais sincero amor e Hilda sabia que isso acontecera com aquelas pessoas, pois ela diz que todos eles estão com grandes cicatrizes pelo corpo.

Cristine ficava cada vez mais emocionada com o relato de Hilda, passava um filme em sua cabeça, o que teria acontecido para aquelas pessoas, teriam eles sido vítimas de alguma catástrofe natural ou houve alguma guerra, isso poderia ter acontecido sim.

Hilda e Cristine apesar de estarem em lugares diferentes, era visível a amizade que surgia entre elas, até porque somente com Cristine ela poderia falar, os outros eram mudos.

Passara-se algum tempo...

Cristine pede para Celine acompanhá-la a explorar um pouco da mata, às duas se limitaram apenas em ficarem próximas da cabana.

Celine por medo nunca quis saber o que havia, mas adiante, talvez ela até sabia, porém, nunca quis dizer para Cristine, a única coisa que sempre dizia era que aquele lugar era estranho e perigoso, mas isso só despertava ainda mais à curiosidade de Cristine, afinal ela foi transportada para aquele lugar contra sua própria vontade, e era correto que ela quisesse saber um pouco mais sobre aquele lugar misterioso.

Então Cristine e Celine decidem entrar na mata e descobrir o que aquele lugar escondia, elas já haviam andado a quase uma hora, quando ouviram um assovio e ficaram com muito medo, começaram a correr desesperadamente, Cristine tropeçou e caiu, assim foi deixada para trás por Celine.

Para sua surpresa ela viu uma mão estendida, enquanto alguém lhe dizia assim:

— Intrusa bonita, sempre será bem-vinda em nosso território, deixa eu ajudá-la.

Cristine com muita raiva diz: 

— Não toque em mim, eu nem sei quem é você.

O rapaz então respondeu-lhe com rapidez 

— Se não sabe agora vai saber, levante-se e olhe para mim.

Cristine com medo, mas com a única coisa que a restava, sua dignidade, levantou-se e toda suja de barro olhou para aquele ser arrogante e falou:

— Pronto, já estou olhando para você.

O rapaz com toda a sua arrogância perguntou lhe:

— Responde, eu pareço ser qualquer um?

Cristine com uma pequena dose de ironia continua:

— Bom, não lhe conheço, portanto, não sei dizer.

O rapaz pegou no queixo dela e disse, pois, saiba que eu sou o dono da metade do mundo e dono de todas essas terras por onde você poderá percorrer por dias, meses e anos e ainda estará em meu território.

Aquilo deixou Cristine um pouco assustada, afinal quem era esse ser tão arrogante que se auto titulava o dono da metade do mundo, deixando transparecer que seu sócio e provável amigo seria tão poderoso quanto ele, e possuía a outra metade de tudo que ele chamava de mundo.

Bom, Cristine não sabia qual era a referência de mundo que ele falava, até porque já fazia muito tempo que ela não se sentia em um mundo real.

Ela humildemente disse ao arrogante rapaz:

— Você pode ser dono do mundo, porém, eu não sou dona de nada, apenas sou dona de mim e quero que você me deixe em paz.

O rapaz então retruca com toda arrogância:

— Se você está em minha propriedade você me pertence, a partir de agora você deverá viver em minha propriedade e só poderá acatar as minhas ordens, ouviu moça? – Disse isso com um tom irônico, enquanto acenava para alguns de seus seguranças.

Cristine gritava, me deixa em paz, tirem as mãos de mim, e os seguranças a levou para a residência daquele ser tão arrogante e insensível.

E agora, como ela poderia encontrar-se com Hilda e falar com ela...

Quando os seguranças chegaram na casa com Cristine, ela não pode deixar de notar que a mansão era extraordinária e tinha muitos arbustos e um espaço triste que daria um belíssimo jardim, se ali morasse alguém de coração puro, isso seria possível, pensou Cristine.

O segurança entregou Cristine para uma mulher que trabalhava na mansão e a mulher foi logo dizendo:

— Ela é tão novinha, não entendo tanta crueldade com essas moças. – Balançando a cabeça e olhando para Cristine. – Venha moça vou levá-la para tomar um banho e vestir uma roupa limpa, afinal com essa sujeira toda ele não vai te aceitar.

Cristine com raiva pergunta:

— Me aceitar? De quem você está falando?

— Oras, do patrão, não foi ele que trouxe você para cá? Agora você é dele – diz a senhora.

Com muita raiva Cristine responde:

— Eu não sou de ninguém.

A senhora então continua dizendo:

— Logo você se acostuma, com o tempo ele deixa você em paz, foi assim com as outras meninas também.

Cristine já estava com muita raiva só de ouvir aquela conversa, após o banho era a hora do jantar e Cristine deveria sentar-se na mesa com o patrão, suas outras meninas e sua tia, uma mulher arrogante, que fazia todas as vontades do sobrinho, hora do jantar então todos se dirigem para a enorme mesa na sala de jantar com muitos garçons para servi-los.

Cristine senta-se bem perto do ser arrogante, era assim que ela o chamava, era o lugar que já estava com o nome dela marcada, isso a pedido da tia dele. Durante o jantar o ser arrogante apenas olhava para Cristine, enquanto as outras cinco meninas conversavam e olhavam para Cristine com ar de deboche.

A tia por sua vez lançava um olhar que as fazia calar se na mesma hora.

Ele olhou para Cristine e disse:

— Solte os cabelos!! – e fez sinal para uma das empregadas que ali estava.

A moça então se aproximou de Cristine e soltou-lhe os cabelos.

— Ficou melhor assim. – disse ele.

Cristine ficou corada, como ele podia ficar olhando tão fixamente para ela, aquele ser tão arrogante e hostil, afinal qual era a intenção dele com ela, se ele já tinha um monte de meninas lá em sua casa para fazer todas as suas vontades.

Ela se sentia encurralada naquela casa, talvez ele a queria como escrava, ou qual seria outro motivo para mantê-la em sua casa, mas ele era tão rico, não precisava escravizar ninguém... Cristine mentiu seu nome para se proteger, disse que se chamava Hanna.

Alguns dias se passaram e Cristine entediada começou a mexer no espaço triste, pois foi assim que ela chamou o lugar, e teve a brilhante ideia de fazer um belíssimo jardim.

Em pouco tempo o jardim floriu, deixando o ambiente muito alegre, ela também pediu para os empregados da casa ajudá-la colocar uns bancos lá, e ficou um lugar perfeito para refletir e descansar.

Todos a olhavam com admiração, como ela podia ser tão delicada e transformar um lugar sombrio e triste num lugar tão agradável. Em pouco tempo ela também fez uma horta e aprendeu a montar a cavalo.

O ser arrogante a observava sempre de longe, mas não a impedia de fazer as coisas que gostava, Cristine fazia bolo, café, e inventava umas coisas bem diferentes na cozinha, que a cozinheira ficava impressionada, como ela sabia cozinhar tão nova.

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