Havia uma sintonia como se pudesse saber o que ele exatamente pensava ou queria. Dessa vez suas mãos o estavam tocando-o com ousadia que jamais imaginava que possuísse. Sentada sobre ele. Se deliciando com os gemidos baixos e o fazendo se contorcer. Um rosnado baixo escapou-lhe da garganta rouco e gutural.
-Vai então ser como os lobos. Quero que me possua. De corpo e alma – Ela falou baixo, os olhos reluzindo.
Rick parou em choque. Surpreso. Excitado. Os olhos dela. Eles reluziam diferente do habitual. Brilhavam negros como a noite ao fita-lo com prazer indisfarçável e insaciável.
Ele ficou sem ação. Era uma loba. Realmente era uma loba e não uma feiticeira sobre ele provocando. Chamando seu animal interior enquanto agora as unhas desciam por seu peito numa carícia provocante. Ele dessa vez arfava.
Provocante demais como ele vinha desejando. A pedra de luz não estava em seu
Ela o olhava admirada até seus ouvidos captarem num rosnado muito satisfeito algo mais. Farejando. Era sangue. Ela farejou deliciada se concentrada nas batidas frenéticas. Os olhos reluzindo mais negros ainda. A mão involuntariamente foi à garganta ressecada. Estava com sede."É proibido! Não nos alimentamos e nunca caçamos humanos!"A garota recuou milímetros mostrando as presas num rosnado como se defendesse a caça. A mente focalizada em algo tentador. E se afastou.Rick forçou-se a se concentrar para sufocar a névoa de sede que a envolvia e não ser subjugado pela mesma necessidade animal. Era claro que ela estava com sede se era a primeira que assumia sua natureza animal. Reagia basicamente por instintos. Estava, no entanto, bastante lúcida para a primeira vez que aquilo lhe acontecia.
Muir não foi bem uma passagem agradável a caminho de Chabone. A necessidade de provisões... Rick podia praguejar. Tinha que ser praga. Era apenas uma maldita caneca de vinho depois de um dia de trabalho. Não era com certeza pedir demais...-Você não parece bem. - a voz feminina calma disfarçava crescente irritação ao se aproximar da mesa.O olhar de Richard Morgan recaiu sobre Michael e Jackie soturno. Muir. As coisas definitivamente não saiam como esperado. A taberna estava cheia e ainda sequer era noite. Durante os últimos dias, Cassie o mantivera tão ocupado que sequer tivera tempo para pensar em algo mais além das discussões frustrantes.Ele constrangido e sem graça forçou um sorriso. Mayra. Deus! Pelo menos Cassie não estava ali para ver e se deixar levar pelo maldito ciúmes.Mayra sorriu ao esconder com graça o rosto atrá
Novas risadas ecoaram nas mesas próximas. Rick desistiu da ideia de conversar com Mayra num local mais movimentado. Talvez a conversa fosse necessária num ambiente mais fechado, longe de olhares curiosos e talvez evitasse comentários. Céus. Mal conseguia controlar e cuidar de uma. Duas era impraticável se pretendia ter algum sossego.As mãos delicadas seguravam as suas ao puxá-lo em direção as escadas que levavam ao segundo andar sobre aplausos entusiasmados.-Rick... - Michael chamou o irmão com o rosto carrancudo, reparando as feições de Jackie.-Eu sei. Já esta tarde. Amanhã, partimos cedo. Avise aos rapazes.Richard Morgan suspirou fundo ao seguir a cigana, fazendo pouco caso dos olhares agora curiosos.Na mesa mais distante, Madame Lili contraiu o rosto com pesar antes de encarar sua acompanhante. A moça jovem muito rígida mantinha a
O olhar de Richard Morgan aborrecido a congelou.-Mon amour- ela continuou abismada. - Não posso sequer imagina-lo interessado numa virgem sem experiência. Justo você! É ainda mais engraçado e divertido imaginá-lo entre as pernas de alguma jovenzinha inocente, inexperiente e assustada. Nunca foi o seu tipo de mulher.Houve uma pausa com efeito dramático. Rick com muito cuidado desvencilhou o corpo da mulher. Levantou-se. Infernos! Mayra não parecia disposta a compreender.-Mayra, eu...-Mon capitain, você não se importa com ela. A garota não é melhor do que eu. Ou como todas nós nesta taberna. – A risada de Mayra veio desagradável ao servir-se de uma taça de vinho. - Sozinha numa floresta... Rick, ela no mínimo estava fugindo. Você sabe muito bem que em nossa profissão nada mais seguro do que um zeloso protetor.
Geralmente era preciso estar assustada para que magias pequenas e acidentais acontecessem. Lilandra não era muito tolerante quando descobria que contra as ordens, Cassie manipulava inofensivos feitiços para o deleite da irmã mais velha.Naquela tarde como era esperado mais uma vez Willian havia recusado o pedido da filha mais nova para participar das comemorações da festa da colheita. Kassuim poderia ser o que a velha cozinheira acreditava uma criança dócil e afetuosa, mas o temperamento forte não negava suas origens. A negativa tivera um efeito desastroso para surpresa e espanto de Willian observando os copos e garrafas reduzidos a estilhaços espalhados pelo chão depois que a criança revoltada tinha gritado com frustração a injustiça de ser privada de prazeres pequenos.-Ela ainda é apenas uma criança. - A voz de Willian exibia frustra&
-Não pode viajar assim. Não com o pequeno com febre. A menina é mais forte, mas o irmãozinho...Precisa pensar na segurança dos filhos de vocês. Posso mandar chamar Rick....A voz de Richard era um estrondo de raiva profunda e impaciente ao voltar a colidir com o ombro contra a madeira maciça. Trêmula, Kassuim se levantou respirando com dificuldade caminhando em torpor em direção a porta. O quarto. Um arrepio a percorreu notando o mobiliário em total desordem e as garrafas espatifadas.Suando frio ela colou o rosto contra a madeira. Deus amado! Os infelizes pesadelos nunca tinham fim. Odiava magia e feiticeiros. A febre... Não se sentia nada bem...Parecia ter pego a mesma moléstia do pequeno e....-Quem...?-Cassie! Diabos! Sou eu, Richard Morgan. Abra a porta. – Ele ordenou bruscamente forçando a porta na qual ela se amparava.-Quer me dizer
Kassuim desviou o rosto sem jeito. Não devia pensar naquelas coisas. Tentou se lembrar que nem mesmo apreciava beijos. Machucavam e doíam. Detestava as poucas ocasiões em que Thalagar conseguira surpreendê-la com as carícias repulsivas que lhe davam nojo.Rick voltou-se para ela, refreando a irritação ao captar a repulsa dela, absorvendo as sensações curiosas e de interesse, jurando que mataria Thalagar na primeira oportunidade.-Acha que passei pela apreciação, minha senhora? – ele brincou com naturalidade se aproximando devagar.Kassuim mordeu os lábios, ardendo de vergonha e fulminada. Virgem Santíssima! Aquele homem era por direito seu marido. Ela tinha obrigações como esposa a cumprir. O desconforto só piorou sentindo o colchão de penas afundar com o peso dele.-Eu nunca tinha visto...- ela engoliu em seco mortificada.
Por que ela iria confiar nele depois disso? Maldição dupla. Estava sem saber o que fazer. Ia claro atrás da esposa e acabar com a insanidade dela de criar confusões com Valerius. A ideia o fazia sentir os cabelos da nuca se arrepiarem. Ele se lembrava de Katie. Se Valerius descobrisse que Kassuim era sua esposa... Santo Deus! Na verdade ia berrar aos quatro ventos que a garota era sua esposa. E ai do infeliz que se aproximasse ou olhasse para ela.Eu sou um idiota! Deveria ter contado a ela a verdade sobre Katie. Maldição!Ele havia jurado nada falar a respeito da primeira esposa em consideração a Padraic. O velho homem era um ancião e ninguém teria esperado a traição de Katherine ao se aventurar num romance fora do casamento com Valerius. Aquele homem o odiava e com todos os motivos.Deus amado. Proteja essa tola!