Um mês depois daquela noite reveladora, o Rafael continuava sorrindo a qualquer momento do dia ou da noite.Ele estava completamente recuperado do acidente e planejava voltar ao trabalho na semana seguinte.Cabeça dura como era, não queria voltar ao médico para fazer a revisão.— Claro que você vai! E se tiver alguma coisa errada?Ele arqueou uma sobrancelha me olhando divertido.— Você fez o teste drive ontem à noite. Tinha alguma coisa errada?Meu rosto ficou vermelho com a lembrança da noite mais louca da nossa vida. Ele resolveu tirar o atraso daqueles dias sem transar e praticamente passamos a noite inteira namorando.Meu corpo estava dolorido e cheio de marcas onde ele tinha mordido e chupado e de nada adiantou meu protestos para que ele não fizesse tanto esforço. No final quem estava praticamente sem forças era eu mesma.— Mesmo assim, acho que você deveria ir ao médico.— Ta bom Dra. Sulamita Ramazan Valença, eu irei ao médico.Sentei no colo dele no sofá.— E Então? O Lucas
Os meses seguintes foram os mais importantes da nossa vida. Parecia um sonho que eu estava vivendo uma vida de paz. Às vezes eu acordava durante a noite e me perguntava se tudo realmente tinha acabado ou se na verdade estava era começando.A Sula estava cada dia melhor e mais forte. Ela tinha terminado as seções de análise com a psicóloga e estava experimentando viver sem remédios. Logico que uma pessoa com o passado da Sula e com todos os problemas que ela já tinha passado não acordava boa de uma dia para outro. Ela teve crises de ansiedade, teve vontade de deixar a faculdade, achou que eu não a amava mais. Tudo isso nós enfrentamos juntos.Nossa vida entrou em uma rotina fácil de conduzir.De manhã eu saia para o trabalho e ela ia para a faculdade. Quase nunca dava para almoçarmos juntos e geralmente ela comia na faculdade mesmo e eu em algum lugar perto da delegacia. Pela tarde, ela tinha seções com a psicóloga e as vezes ficava no apartamento da mãe, ou as duas saiam juntas para f
Uma semana depois eu sai do banheiro com o tubinho do teste de gravidez na mão e o entreguei para o Rafael. Eu não entendia como olhar aquele resultado e ele estava lendo o manual.— E ai? Deu positivo?Ele demorou um pouco olhando as duas tirinhas rosas marcando o papel.— Aqui diz que se ficar duas linhas, é positivo.As mãos dele tremiam um pouco. Eu tremia inteira.— Então eu acho que estou grávida.Ele colocou o teste em cima da cama e se aproximou de mim.— Eu sabia que esse negócio de parar os remédios e fazer essa tal tabelinha ai não ia dar certo.Eu olhei para ele preocupada.— Você não tá feliz? Não gostou por que eu estou grávida?Ele se apressou em responder.— Não, meu amor, não é isso. Estou preocupado com você. Você só tem 19 anos Sula, não era a hora de ter um filho ainda. — E você tem 31, já está na hora de ter um filho.Ele finalmente deixou escapar um sorriso leve.— Meu Deus! Isso é real mesmo? Vamos fazer um teste de laboratório, é mais confiável.Ele chegou mai
O Gabriel nasceu em uma manhã de sábado no mês de Dezembro.Eu estava sentada no chão decorando a árvore de Natal quando eu senti uma pequena dor no pé da barriga.O Rafael brigou comigo porque eu insisti em decorar a árvore. Pelo gosto dele, eu nem sequer vestia uma roupa sozinha. Ele, às vezes, até me dava banho e penteava meu cabelo. Bom. Pentear meu cabelo não contava, porque aquilo era o que ele mais gostava de fazer.Se me perguntassem como foi minha gravidez eu responderia que foram os melhores meses da minha vida.Fui mimada de todas as maneiras, por todos que estavam ao meu redor.Minha mãe me surpreendeu, pois passou a cuidar de mim como se eu fosse um bebê. Acho que ela queria se redimir um pouco da culpa de não ter me criado.Ela fazia comida e ia levar para mim e o Rafael e dizia que não era pra me cansar indo para a cozinha. Ela limpava minha casa, lavava as nossas roupas e foi preciso o Rafael ser enfático com ela e contratar um diarista para tomar conta da nossa casa.
O Gabriel nasceu em uma manhã de sábado no mês de Dezembro.Eu estava sentada no chão decorando a árvore de Natal quando eu senti uma pequena dor no pé da barriga.O Rafael brigou comigo porque eu insisti em decorar a árvore. Pelo gosto dele, eu nem sequer vestia uma roupa sozinha. Ele, às vezes, até me dava banho e penteava meu cabelo. Bom. Pentear meu cabelo não contava, porque aquilo era o que ele mais gostava de fazer.Se me perguntassem como foi minha gravidez eu responderia que foram os melhores meses da minha vida.Fui mimada de todas as maneiras, por todos que estavam ao meu redor.Minha mãe me surpreendeu, pois passou a cuidar de mim como se eu fosse um bebê. Acho que ela queria se redimir um pouco da culpa de não ter me criado.Ela fazia comida e ia levar para mim e o Rafael e dizia que não era pra me cansar indo para a cozinha. Ela limpava minha casa, lavava as nossas roupas e foi preciso o Rafael ser enfático com ela e contratar um diarista para tomar conta da nossa casa.
Os primeiros dias depois que o Gabriel nasceu foram felizes e cansativos.Ser mãe era algo assustador e gratificante ao mesmo tempo.Todo mundo dizia que o bom de ter um parto normal é que você se recupera rápido e era verdade.Uma semana depois, eu estava ótima e parecia que nunca tinha passado por um parto. Só meu corpo é que me lembrava disso. Eu me olhava no espelho e me achava estranha, pois minha barriga ainda estava meio inchada, como se eu ainda estivesse grávida. Eu chorava e não queria tirar a roupa na frente do Rafael.— Ei, bebê, para com isso, você tá linda!Limpei os olhos, meio triste.— Não estou não, estou feia e gorda.Ele riu me puxando para o colo dele.— Princesa, você acabou de ter um filho, calma.— Você tá ficando com outra mulher? Faz tempo que a gente não transa.— Não, meu amor, não estou ficando com outra mulher. Eu vou espera você ficar boa e vou transar com você, ta bom assim?Olhei para ele envergonhada.— Estou parecendo uma idiota não é?Ele me beijou
05 anos depoisAquilo estava acontecendo mesmo? Eu estava apaixonada aos 60 anos de idade? Sim. Estava.O mais estranho era que eu tinha certeza que era a primeira vez que eu estava amando de verdade, quer dizer, era a primeira vez que alguém me amava de verdade.Para uma mulher que passou a vida vendendo o próprio corpo em troca de dinheiro, pensar em amor era algo meio fora da realidade. Aprendi desde cedo a fechar meu coração para esse sentimento. Nas poucas vezes que fui para a cama com um cara bonito ou um pouco mais legal, procurei antes dizer pra mim mesma que aquilo era só trabalho e assim a palavra amor passou a ser empurrada para o fundo da minha mente e do meu coração. Nem mesmo quando fui casada com o traste do Zeki, não senti aquela emoção que os outros chamam de amor. Na época, casar foi o sinônimo de ter uma lar. Lar que se transformou em prisão, mas o sofrimento foi pela violência e não foi uma dor de amor. Paixão mesmo, era algo distante da minha vida. Até conhecer o
Eu imaginaria passar por qualquer coisa na vida, mas nunca me passou pela cabeça que um dia teria uma filha especial.Essas coisas a gente não imagina. Se solidariza com outras pessoas, ajuda, mas não pensa que vai acontecer com você.Hoje, eu já consigo encarar bem a situação, mas no início foi um grande desafio.Eu e a Gabi tivemos que nos reinventar para cuidar dar nossa filha.Aos poucos descobrimos que a síndrome de Down não era tão complicada como achávamos. Na verdade não conhecíamos essa característica a fundo e estudamos muito para desmistificar algumas coisas e aprender e outras.Descobrimos que a Sofia tinha síndrome de Down quando ela fez seis meses e a levamos a uma pediatra diferente da que estávamos acostumados. Ela logo percebeu alguns sinais e depois de alguns exames nos deu o diagnóstico.A Gabi passou mal e quase desmaiou ao ouvir o que médica disse.— Minha filha tem uma doença que não tem cura?Ela estendeu um copo de água para a Gabi e me olhou procurando as pala