Anna narrando.Eu e Nathaly fomos fazer o teste de DNA, e Tânia nos acompanhou. Colhemos sangue e ficamos esperando o resultado do exame. Era evidente o quanto as duas não se davam bem. Nathaly olhava para Tânia como se quisesse matá-la, e Tânia, às vezes, retribuía o olhar, outras vezes a ignorava. Eu estava no meio de um conflito, sem saber o que acontecia entre as duas.— Fica difícil ficar entre vocês. — Cruzei os braços. — Uma é minha melhor amiga, a outra, supostamente, é minha irmã. É complicado.— Essa louca cismou comigo do nada… — Tânia falou, revirando os olhos.— Agora não é o momento, mas um dia vou dizer umas verdades. — Nathaly respondeu irritada.— Chega, vocês duas… Aqui não é o lugar nem a hora de lavar roupa suja. — Levantei-me. — Nem sabia que vocês se conheciam, muito menos que havia esse clima entre as duas, então se controlem. O foco aqui é o meu pai e o meu sogro.— Concordo. — Nathaly disse, levantando-se. — Vou buscar um café, alguém mais quer?Pedi para que
Viktor narrando.Estávamos todos sentados na sala da casa do meu pai, aguardando a ligação da funerária para podermos ir até o velório. Anna estava muito cansada, então resolvi subir com ela para o nosso antigo quarto e tentar descansar um pouco. Nos disseram que levaria algumas horas até que liberassem a sala onde aconteceria o velório e a preparação do corpo.Aproveitei que Anna conseguiu dormir e fui até o quarto onde a russa estava trancada. Abri a porta e vi Julieta no colo da mulher. Quando me viu, Julieta pulou de seu colo e veio correndo cambaleante até mim, com os bracinhos abertos.— Papai… — Ela falou, rindo e me abraçando.— Oi, filha. Papai estava com saudades. — Respondi, abraçando-a de volta.A mulher continuava sentada na cama, claramente apreensiva, preocupada com o que eu poderia fazer. Sentei-me em uma cadeira em frente à cama, com Julieta no colo, ajeitando-a com cuidado. Olhei para a mulher.— Faz quase três meses que você está aqui e eu sequer sei o seu nome. Mor
Anna narrando.Acordei com Viktor entrando no quarto. Ele se movia devagar, tentando não fazer barulho, mas, mesmo assim, eu despertei. Ele se sentou ao meu lado e começou a acariciar meu rosto e meu cabelo.— Já está na hora… — ele sussurrou. — Quer tomar um banho antes?— Quero sim, preciso recuperar minha dignidade — respondi, com um sorriso fraco. — Foram muitos acontecimentos.— Nem me fale — disse ele, levantando-se e começando a desabotoar a camisa.Fiquei olhando para aquele corpo bem definido, os braços fortes quase estourando a costura da camisa branca. Eu estava hipnotizada pela beleza dele. Mesmo depois de um dia tão exaustivo, ele continuava lindo.Levantei da cama e fui até o closet. Ainda tinha algumas roupas minhas ali. Peguei um vestido preto de manga comprida e gola alta, um coturno preto e um óculos de sol. Deixei as roupas sobre a cama e entrei no banheiro, onde Viktor já estava debaixo do chuveiro, tomando seu banho.Tirei a roupa e abri o box. Viktor, de olhos fe
Viktor Narrando.As pessoas que chegavam para ver o caixão se aproximavam de mim e da minha família, prestando condolências pela nossa perda. Alguns chefes de máfias próximos estavam presentes, outros aliados também, e, por mais incrível que pareça, até alguns russos estavam no local.Ficamos atentos o tempo todo, com medo de um massacre, já que a maioria dos grandes líderes estava presente. Mas nenhum deles era idiota o suficiente para vir desarmado ou sem colete.A dor de ver o meu pai dentro daquele caixão era imensurável. Eu estava destruído e já não tinha mais lágrimas para derramar. Estávamos completamente devastados, e o pior de tudo era que não teríamos tempo de nos recuperar; precisaríamos ir atrás dos traidores e de Stela imediatamente.O padre se aproximou do caixão e fez sinal para que todos se sentassem nas cadeiras dispostas no jardim, para que ele pudesse começar a oração e pronunciar algumas palavras de descanso eterno.— Boa tarde a todos. Que o Espírito Santo de Deus
Anna narrando.Passaram sete meses e meio e até hoje não tivemos uma notícia sequer daquela maldita que matou minha avó. Às vezes, achamos que alguém está escondendo ela aqui na Espanha; outras, que ela saiu do país e talvez tenha voltado para a Rússia. Mas, se isso aconteceu, não vamos poder fazer nada, porque enfrentar os russos no território deles é suicídio.Hoje é finalmente o dia em que vamos conseguir assinar os papéis da adoção da pequena Julieta. Exatamente no mesmo dia do seu aniversário de dois anos, e pensa, a festa está garantida.Meu pai finalmente recebeu alta do hospital. Ele ainda está com dificuldade para falar, mas vem melhorando muito desde que veio para casa. Nathaly está morando na mesma casa que a Carmen, Nathan e Tânia estão finalmente namorando, embora eu ache que eles são o casal mais improvável e esquisito do mundo…Ela é minha amiga, sempre foi, mas ultimamente anda bastante distante de mim, e, bom, acho que Nathan tem muito mais a ver com minha irmã do que
Viktor narrando. Eu estava em casa com a Anna, e tudo o que eu mais queria naquele momento era paz, tentando ao máximo não pensar na Stela ou em qualquer outro problema da máfia. Minha mulher estava prestes a dar à luz e precisava de mim ao lado dela, além dos cuidados da Rosa, nossa babá. Olhei para o lado, e Anna dormia como um anjo. A claridade da janela já invadia completamente o quarto, mas o que me fez levantar da cama e ir para a sacada foi uma ligação estranha no meu celular. Olhei a tela e era um número restrito. Na ponta dos pés, para não acordar a Anna, andei até a sacada, fechei a porta devagar para que ela não ouvisse e atendi o telefone com uma voz suave. Início da ligação. Viktor: Alô? Xxx: É um grande prazer ouvir a voz do chefe da máfia espanhola… — Falou uma voz masculina e completamente desconhecida. Viktor: Poupe-me de seus prazeres e vá direto ao ponto. Diga seu nome e o que quer. — Falei, sentindo a raiva crescer dentro de mim. Pelo sotaque, com certeza n
Anna narrando No dia seguinte ao aniversário da Julieta, eu estava me recuperando do dia incrível que passamos, na área da piscina, pensando em tudo o que aconteceu, no quanto eu progredi. Tudo na minha vida estava perfeito: meu pai se recuperando aos poucos, minha irmã ao meu lado, meu marido amado… o único detalhe que faltava era esse bebezinho dentro de mim. Tudo estava ajeitado: as bolsas prontas, o quarto do jeito que eu queria, os brinquedos fofos por toda parte, só faltava a chegada do bebê. Viktor se aproximou, e eu voltei à realidade. Estava tão distraída que nem percebi sua chegada até ele fazer carinho na minha barriga. — Você está bem? — ele perguntou, sentando-se ao meu lado na espreguiçadeira. — Estaria muito melhor com uma água de coco bem gelada, esse calor está me matando — respondi, fazendo um biquinho. — Você já está abusando da minha boa vontade — ele sorriu e foi até a cozinha. Quando voltou com a água de coco, pedi para ele me ajudar a sentar melhor, e ele
Viktor Narrando.No momento em que a Anna citou o nome do Mikhail, senti o meu sangue ferver. Dei alguns passos para trás e saí do quarto por alguns instantes. Minha cabeça estava a mil, e agora eu tinha certeza absoluta de que aquele desgraçado está vigiando minha família, e isso eu não posso deixar barato de forma alguma.Há meses não temos notícias da Stela, e se algo aconteceu com ela, não tivemos culpa… desta vez, não… Mas se esse cara acha que vamos abaixar a cabeça para ele e fingir que não nos importamos com as ameaças, ele está muito enganado. Eu vou lutar com unhas e dentes para defender a minha família, e agora, mais do que nunca, vou atrás da filhinha dele e vou dar um fim nela antes que ele faça algo com um dos meus.Não demorou muito para a Nathaly vir atrás de mim, tentando de todas as formas descobrir o que estava acontecendo.— Viktor? — Nathaly chamou minha atenção. — O que está acontecendo?— Não é nada. — Falei seco. — Cuide da Anna…— Espera. — Ela puxou meu braço