Aleksandra
— Minha irmã não era uma pessoa muito centrada — fala ao deixar sua expressão se azedar um pouco. — Desde a adolescência costumava dar problemas, se envolvia com pessoas problemáticas e recebia negativas uma atrás da outra dos nossos pais. Somos uma família muito católica, qualquer coisa que saia das regras é levada como uma ação do diabo — Explica. — Alyona se sentia muito pressionada por todos esses cercos que se montavam ao seu redor.
— Seus pais nunca pensaram que a sua filha não tinha obrigação de seguir com o que eles acreditavam? — pondera Tasya deixando evidente a sua irritação.
Às vezes não é que uma pessoa seja ruim, mas o que se impõe a ela faz com que tome decisões tão drásticas que passará a ser vista desse modo. N&a
AleksandraMas antes de tirar conclusões deixo que fale.— Mesmo Alyona não querendo mais mexer no lado paterno da família de Anton eu acabei procurando algumas coisas e não é muito difícil encontrar coisas relacionadas a essa família.— Confirmou os fatos com ela? Anton é filho de Nikolai? — De novo me observa. Não sabe dizer se todas as informações pedidas são importantes ou não, mas como não quer deixar que a morte de sua irmã fique por isso mesmo, apenas deixa tudo ir.— Sim, Alyona me confirmou, eu até...— Certo, então você tem que vir comigo — falo rapidamente ao o interromper. Seus olhos esbugalhados deixam claro que não entende o que eu quero dizer, porém, também não consegue me retrucar.— Eu... Quer dizer, espere, nã
Aleksandra— Pela cara dele parece que estamos o levando para um abatedouro — zomba Tasya.Já que não pode fazer coisas menos inocentes com o sujeito acaba o tratando de forma um pouco menos amistosa para que nem por um segundo esqueça onde está se enfiando, porém, duvido que ele poderia esquecer quando foi obrigado a entrar dentro de um veículo que nunca viu na vida.Não ficar temeroso pelo que pode estar o guardando seria ainda mais estranho.É normal sentir medo do que se desconhece.Além disso, ainda está enfrentando a morte da irmã.Seria realmente problemático não sentir nada.— Gosto de como ela finge que não estou ouvindo o que diz — responde Miguel menos amistoso. Em alguns momentos consegue responder, como se a sua coragem pudesse finalmente ser mostrada, em outros a engole e não d
AleksandraParo o carro sacando a minha arma ao mantê-la em punho quando saio do veículo.Os homens ao meu redor verificam quem é a pessoa que entrou na área da residência, mas não se movem. Devem conhecer o meu rosto o bastante para não complicarem a minha entrada agora.O som da porta de Tasya sendo batida faz com que Miguel faça um barulho estranho, evidencia o quanto se assustou e que para ele a situação é muito mais complicada do que para nós. No momento em que a equipe de segurança começa a se mover na nossa direção ao formar um círculo gigantesco que vai se fechando ao se aproximar, posso ver pela visão periférica que Ivanna ergue a sua arma.Miguel move-se ao se encostar no veículo ao erguer as mãos mostrando rendição.— Espero que haja um bom motivo para que is
Valéria— Não pode fazer com que esse catarrento pare de chorar? — pergunto a Christian que me olha de lado se perguntando o motivo para que tenha tanto ódio por uma criança que está chorando por ter medo, mas não vê, é exatamente esse o problema, se parasse de chorar eu não estaria reclamando agora.Além disso, sua atuação foi tão ruim que tenho certeza de que aquela vadia da noiva de Nikolai não acreditou na história de que sou a sua mãe, não conseguiu dizer palavras convincentes mesmo quando sabia o que eu faria se o plano desse errado.— Quis usar uma criança para uma coisa desse tipo e achou que não haveria problemas? É claro que aconteceria um erro. Se até adultos se assustam o que esperar de um menino? — discorre como se a culpa fosse minha, mas o plano não é
ValériaMe lembro de todas as vezes que me deu avisos. Falava sem parar sobre os riscos de ser a sua esposa, que eu tinha que tomar cuidado, que era preciso para não deixar que pessoas ruins me pegassem, pois não teriam pena de mim somente por eu ser mulher, que acabariam comigo sem ter pena.Cada vez que deixei palavras como: “Sei que vai me proteger” saírem da minha boca sentia náuseas, pois seu cheiro me incomodava. O modo como me olhava me fazia odiá-lo ainda mais. Porém, gostava de como era burro. Sempre quis uma vida onde eu pudesse ser o que eu quisesse ao aproveitar das coisas da vida sem me preocupar com a pobreza de novo.Fiz o que era necessário para chegar a lugares mais influentes da sociedade. Uma boa faculdade. Mantive uma beleza indiscutível. Criei personagens com o melhor papo. Queria ter tudo à minha disposição.Para
Aleksandra— É uma história complicada, entendo por que estão com essa cara de surpresa — digo ao ver que alguns rostos empalidecem de surpresa enquanto outros se sentem bravos pelo tamanho do ninho de vespas que se abre. — Também entendo se estiverem com raiva pela morte de Jackson, já que eu pedi para que Valéria fosse mantida aqui.— O mataram porque tinha esse plano e se aproveitaram, não é uma questão somente pela brecha que foi aberta — discorre Tolya. — O que foi feito com as câmeras não podia apenas ser uma coisa de última hora. — E eu compreenderia tudo que me diz e ficaria feliz com as suas conclusões lógicas se meus pensamentos não se enchessem sem parar sobre o motivo para que não tire os olhos de cima de Ivanna quando tudo que ela enxerga é a sua parceira.— Exatamente,
AleksandraA organização pode continuar sendo caçada por quanto tempo quisermos, mas o período em que as crianças ficam nas mãos dessas pessoas pode se tornar cada vez mais perigoso e prejudicial para elas, principalmente por não termos ideia de qual é a índole desses sujeitos.Christian não me parecia com alguém ruim que acabaria passando a perna neles ou em mim, mas não errei? Ou será que não? É claro que não acerto sempre e este não é um momento em que quero cometer um erro. Porem, ele pode ter agido apenas pela necessidade do momento. Acredito que estou certa quanto a sua índole. Essas crianças precisam de proteção, e como adultos temos que trazê-las de volta para casa em segurança.— Faremos o que pudermos do nosso lado para obter informações que possam ser
ValériaSinto uma sensação incômoda enquanto o menino mantém os seus olhos em mim como se eu tivesse que lhe proporcionar alguma coisa, quando não lhe devo nada. O que eu poderia ter a oferecer? Tudo que preciso da sua presença minúscula e barulhenta é a possibilidade de manipular Nikolai, nada mais do que isso.Porém, continua me encarando como se fosse preciso fazer muito mais para compensar o que eu acabei fazendo com a sua vida. Por quê? Estou aqui exatamente para mudar o que me ocorreu depois que foderam com a minha vida, então por que eu teria que lhe dar algum crédito por seu sofrimento?Não consegue entender que enquanto for esse ser minúsculo que chora na intenção de ter o que deseja não obterá reconhecimento? As pessoas não se comovem com lágrimas, não as que ficam de olho em nós