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Convencendo o Noivo

Guillermo chega em sua casa completamente exausto! Entregar pizzas nunca foi tão difícil quanto hoje, mas ele via isso pelo lado bom, quanto mais trabalho mais dinheiro! O rapaz decide tomar um banho relaxante, porém rápido, seu irmão não tardaria a chegar e ele deveria estar apresentável! Pablo não sabia que o irmão mais velho havia largado a faculdade, nem que tinha mais dois empregos, fora entregar pizza. 

Após banhado e vestido, Guillermo senta-se no sofá quando o irmão chega e passa pelo mais velho assobiando.

"Okay! Pablo está estranho" 

Ele resolve não comentar e deixar que o irmão lhe diga por si mesmo, ou não, o porquê de estar tão contente.

Guillermo vê o mais novo ir à geladeira pegar os ingredientes para um, sanduíche, ele olha a cafeteira, notando que não havia mais café, pois Guillermo havia tomado o resto, mas o mais velho estava tão cansado que esqueceu de preparar mais, de longe o rapaz fica esperando as reclamações. “Quem tomou todo o café e não fez mais! É tudo eu nessa casa!” ele até poderia ouvir com clareza a voz de Pablo. Porém, nada acontece o mais jovem apenas pega o pó do café coloca no coador liga a chaleira para esquentar a água e espera.

— Tá! Bom! Cansei! O que foi? Você está estranho! — Guillermo fala indo até o irmão.

— Estranho? EU?

— Não se faça de cínico, Mendonça! — Guillermo raramente chamava o outro pelo sobrenome, mas quando o fazia Pablo já sabia que o irmão não estava para brincadeira.

— Okay então, Blanco! — Pablo lhe encara sério.

Pablo NUNCA havia chamando o mais velho de Blanco e isso lhe surpreendeu bastante, Guillermo retribui seu olhar e fica aguardando o que ele iria lhe dizer.

— Eu sei que você largou a faculdade quando a mamãe adoeceu, sei que você entrega pizzas de segunda a segunda, que nos intervalos faz um extra como fotógrafo e que nos finais de semana é barman numa boate aqui perto! — Pablo fala deixando o outro estarrecido.

— Desde quando você sabe disso?

— Obrigado por não ter tentado negar. — diz com um sorriso fofo, o semblante sério deixando seu rosto. — Sei disso pelo simples fato de que você parou de falar na formatura, algo que eu via em seus olhos, que era um desejo seu! Você disse que, havia desistido da solenidade mais formal porque a mamãe não poderia estar presente, mas nós dois sabemos que isso não impediria você! Não por você ser insensível, mas por querer realizar o sonho dela de te ver formado.

Os olhos de Guillermo começam a lacrimejar Pablo não era mais o menininho frágil de dez anos atrás.

— Ei irmão! — ele o abraça — Eu não estou zangado com você, ao contrário, me sinto orgulhoso! Você fez tudo isso para que eu não precisasse largar a faculdade de dança e ano passado consegui me formar e isso foi graças a você! — ele se afasta e sorri, aquele mesmo sorriso infantil que só ele tem — Eu te amo Gui! E espero que você não me odeie pelo que eu fiz. — ele se afasta quando termina de falar.

— O que você aprontou?! — lhe encara sério.

— Eu ofereci você em casamento para uma cliente do escritório. — ele falava e seu tom de voz diminuía e ele ia se encolhendo como se esperasse por uma explosão.

— VOCÊ FEZ O QUÊ? FICOU MALUCO! EU NÃO VOU ME CASAR!

— Irmão, só me escuta. — Pablo pede.

— ME ESCUTA O CARALHO, PABLO! QUEM VOCÊ PENSA QUE É para FAZER ISSO COMIGO!

— Pensa na mamãe! — ele fala de repente. — Essa moça, ela vai pagar o tratamento da mamãe! — ele parecia mais esperançoso.

A mãe deles havia descoberto um tumor inoperável a 5 anos, Guillermo estava no último semestre da faculdade de fotografia, e teve que abandonar porque não tinha como pagar a faculdade e os custos hospitalares, e nos últimos tempos ficara ainda mais difícil! Os tratamentos convencionais não estavam mais fazendo efeito, o tumor havia parado de regredir.

— Você tem certeza que ela vai arcar com os custos do tratamento? — ele não acreditava estar cogitando a ideia de se casar com uma completa desconhecida, mas ele faria de tudo pela sua mãe! Ela passou por poucas e boas, foi largada pelo seu pai quando o homem descobriu que ela estava grávida, depois quando finalmente estava feliz com o pai do Pablo, também o perdeu, mas dessa vez por um acidente quando Guillermo tinha 15 anos e  Pablo 13, não foi uma época fácil, mas conseguiram dar a volta, a mãe era mesmo uma guerreira e o seu primogênito tinha orgulho em ser seu filho e carregar o sobrenome Blanco.

— Tenho sim, ela é uma moça de bom coração! Eu poria minha mão no fogo por isso! — Pablo afirma.

— Pablo! Você não pode dizer que põe a mão no fogo nem por mim quem dirá por uma desconhecida!

— Okay, então vou reformular a frase! Dou minha palavra de homem, que ela irá arcar com o tratamento da mamãe!

— Confia tanto assim nela?

— Sim! Se não estivesse com a Inês eu mesmo me casaria com ela, seria uma ótima companhia nas noites de sábado! — sorri para o mais velho.

— Bem, então como vai ser esse acordo? — Guillermo se dá por vencido.

— Você tem que estar no escritório amanhã às 8h a.m., para assinar o contrato de casamento.

— Já amanhã? Ela está tão desesperada assim para casar? — ele fica surpreso com a rapidez da situação.

— É isso ou ser deportada. — Pablo responde.

— Agora tudo faz sentido! Minha sorte é que amanhã eu começo a entregar pizza às 9h a.m.

— Ah! Vista-se de acordo, por favor! Não me faça passar vergonha na frente do meu chefe e da cliente dele, sim?

— Eu já te fiz passar vergonha alguma vez na vida?! Não responda! — diz arrancando uma risada do mais novo.

— Por que pergunta se não quer uma resposta? — Juan fala entrando na cozinha.

— Ah! Cala boca! — Guillermo fala e o recém-chegado sorri lhe fazendo balançar a cabeça em negação.

Juan mora ali faz uns dois anos, ele e Pablo se conheceram na faculdade, Juan amava seus irmãos mais velhos Felipe e Fernándo, mas como Felipe já era casado e Fernándo estava noivo ele preferiu se mudar. 

— Então do que os anões da Branca de neve tanto confabulavam? — Juan pergunta bebendo um resto do suco direto da caixa.

— Calma, Pablo — Guillermo segura no braço do irmão que já avançava no amigo. — Ele fala isso porque Lipe e Nando não estão. — Juan era o mais baixo dos Perez.

— Vá à merda, Guillermo! — Juan odiava ser o "baixinho" como os outros dois o chamavam.

— Mais respeito você é grande, mas não é dois! — Pablo o repreende e o outro sai em direção ao seu quarto. — Deixemos ele para lá, fique bem apresentável e seja simpático! Alice é uma amiga muito querida, além de uma cliente importante pro escritório!

— Certo, Pablo, eu vou ser um cavalheiro amanhã!

— Assim espero! — diz o mais novo, voltando sua atenção para o sanduíche.

Guillermo revira os olhos saindo da cozinha voltando para a sala, com a intenção de assistir a algo, por sorte estava passando, Jumanji: Welcome to the Jungle, um bom filme para ver em família.

— Eu gosto desse filme, o The Rock todo musculoso e fazendo papel de um, cara medroso. — Juan fala rindo ao chegar na sala terminando de secar os cabelos.

— Vai sair? — Guillermo pergunta, mas sem muito interesse, era só para puxar papo mesmo.

— Vou, daqui a pouco vai ter uma reunião no teatro sobre a nova peça, vai ser o fantasma da ópera! E eu serei o protagonista! — conta o mais novo, Juan era formado em artes cênicas.

— Wow! Parabéns, Juan! Você se esforçou tanto e tá aí seu reconhecimento! — Pablo o parabeniza com um abraço.

— Valeu Pablo! — ele começa a destrancar a porta.

— Ei, Juan? — o mais velho dos três o chama.

— Eu?

— Quebre a perna! — diz como desejo de boa sorte, e Juan ri.

— Valeu, irmão! — Juna considerava os dois como irmãos de outra mãe.

Quando o filme acabou Guillermo se espreguiça e dá boa noite a Pablo e vai para seu quarto, coloca o despertador para às 6:50 a.m. assim teria tempo para tomar café com calma e ainda se arrumar de "maneira apresentável", para agilizar ainda mais pegou uma camiseta preta, uma calça, jeans escura e um jaqueta preta deixando em cima da escrivaninha e foi para a cama.

"Amanhã o dia vai ser longo, tô até vendo!" — pensa consigo mesmo.

Na manhã o despertador toca e Guillermo levanta, quem lhe visse naquele momento diria que o rapaz era  zumbi recém-criado, estava com muito sono!

Ele segue para o banheiro, fez bem em colocar o despertador para tão cedo, pois os mais novos ainda dormiam. Toma um banho para tirar o sono, escova os dentes e volta para o quarto, coloca a roupa e segue para cozinha, como ainda eram 7:15 a.m. resolve fazer panquecas.

— Nossa, o cheiro está ótimo! — a voz de Pablo lhe chama atenção.

— Obrigado, Pablo! Pode se servir, se quiser. — fala colocando mais uma panqueca no prato.

— Eu que não vou recusar! Você quase, nunca cozinha, então melhor aproveitar.

Depois do café, Pablo e Juan fizeram questão de lavar a louça e Guillermo os mandou fazer a tarefa, com a desculpa "eu cozinhei vocês limpam!"

— Vamos, Gui! — Pablo o chama já da porta — Tava dormindo?

— Acreditaria se eu dissesse que não? — pisca os olhos algumas vezes para "acordar".

— Nem por um segundo, mas vamos logo, não temos tempo para ficar enrolando!

Se despedem de Juan e seguem depressa para o ponto de ônibus, Guillermo teve que vender seu carro para ajudar a pagar o tratamento da mãe e a moto das entregas era da pizzaria, o escritório onde Pablo trabalhava não era longe, tecnicamente, foram 15 min de viagem.

Ao chegar eles vão direto ao quinto andar, sua "noiva" já estava na sala de Rafael lhe esperando. Guillermo respira fundo e gira a maçaneta da porta, assim que adentra o cômodo a moça lhe olha e ambos se reconhecem. 

— Você!? — dizem juntos.

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