Quando eu acordei, estava bem cansada, mas ouvi um barulho de vozes altas na sala e levantei para olhar o que estava acontecendo. Quando cheguei lá, achei que era alguma brincadeira ou algo assim, todos estavam reunidos na frente da TV. —Bom dia! —eu falei. —Bom dia, querida. Como você está? Por que não senta um pouco? — minha sogra falou sorrindo nervosa. —Eu estou bem, o que estão olhando aí? — indaguei curiosamente. Ilya não tentou esconder, ele me encarou de forma diferente, os outros homens continuaram focados olhando as notícias na televisão. Eu desci na intenção de pedir a pedir para Ilya me levar ao hospital, já que eu acho que estou piorando. Mas meus planos mudaram. Todos se calaram quando me viram, abriram passagem e eu pude ver a notícia. “Após ser condenada por atentado aos povo russo, Alyona Sidorov foi morta após uma briga com outras detentas dentro de sua cela, as informações ainda estão chegando, mas segundo a administração do lugar, as câmeras estavam desliga
— Tudo bem, Dr. Obrigada. — meu namorado respondeu quando nos despedimos.Nós saímos da sala, Ilya segurando em minhas mãos como se eu não fosse capaz de andar, porque no momento, eu realmente não estava bem. —Ilya, não quero anunciar agora, vamos enterrar minha mãe. Colocar um ponto final nessa parte da nossa vida e aí podemos anunciar o bebê. Ok? – Eu pedi. Ele estreitou os olhos mas acabou concordando. —Tudo bem, Kotehok. Se é assim que quer. – ele beijou minha testa, tentou me puxar para continuar andando mas eu segurei em seu pulso. —Eu preciso perguntar, Ilya... – ele levantou as sobrancelhas, esperando que eu perguntasse — Foi você? Ele ficou em silêncio por uns bons segundos, apenas me olhando nos olhos. Por fim, balançou a cabeça em negativa e disse: – Não, não fui eu. Achei que soubesse disso. — ele afirmou sério. Ele deu as costas e voltou a andar, mas se não foi ele, foi um dos irmãos? Talvez o pai... Eu ia enlouquecer, a família de Ilya me acolheu, mesmo depois de
Egoísta? O que um homem faz quando sua única irmã é morta covardemente, assassinada sem chance de lutar e com um bebê na barriga? O que eu deveria fazer com meus recursos? Simplesmente assistir todos os culpados vivendo suas vidas e aceitar de bom grado? Não, porra. —Egoísta? Quem perdeu mais? – eu a questionei. — Quem teve que enterrar toda uma família no mesmo dia? Pergunte a Andrey se ele não sente falta dos pais, pergunte a ele se não gostaria de brincar com o irmão, daqui a dez anos pergunte a ele se o que eu fiz foi errado. Ou mais importante, pergunte a si mesma o que faria se estivesse no meu lugar? - ela ficou calada por muito tempo, apenas olhando pra mim, com tristeza e mágoa. —Seus pais nem te deram amor, você cresceu rodeada de dinheiro e nada de carinho, nem conviveu com o verdadeiro pai, sua mãe te usou de várias formas. Mas eu sou o egoísta? – continuei.Ruslana começou a tremer, as lágrimas caindo pela bochecha, meu coração afundou, mas ela precisava entender de
Ruslana estava toda de preto, ela estava ao lado de Mikhail enquanto o caixão de Alyona descia no chão, o cemitério estava vazio, apenas o coveiro, Mikhail e ela estavam lá, quando o caixão desceu, eles dois saíram de lá e começaram a andar de volta ao carro e estavam conversando, Rsulana parecia melhor. Eu estava de longe, observando, queria estar aqui, pelo menos para ter a sensação de que estive com ela em um momento como esse. Mikhail entrou no carro e partiu após abraçá-la. Ruslana olhava para o nada, semblante pensativo, eu quis ir até lá e abraçá-la, dizer a ela que tudo ia ficar bem, mas isso não cabia a mim. Quando ela entrou no carro e foi embora, saquei o telefone e liguei para Mikhail. Ele atendeu em poucas chamadas. — Como ela está? – fui direto ao ponto. —Triste, mas acredito que a tristeza dela esteja mais próxima de você do que da mãe. –ele respondeu. — Ela está abalada com tantas descobertas, Ilya, dê tempo a ela. —Ok. Só precisava saber se ela estava bem. Adeus.
Ruslana Morozova Eu cheguei ao hotel devastada, enjoada, incapacitada de pensar ou agir por mim mesma. Ilya tinha desistido de mim, no fundo eu entendia os motivos, mas meu coração não estava pronto para ouvir aquelas palavras dele. Em partes ele tem razão, na verdade em boa parte das coisas ele está certo, mas não é tão simples assim. Consegui resolver tudo com Mikhail sobre o enterro de mama. Nossa casa um dia foi tão cheia de gente e agora, aqui nesse cemitério vazio, imaginei que nada daquilo valeu a pena. Mama foi enterrada sozinha, pagou por seus erros e além de morta, boa parte da Rússia a odiava, realmente a vida cobrou por tudo aquilo. Não paro de pensar que Ilya foi um dos grandes ajudadores para que seu fim fosse dessa forma, isso me deixava com um misto de sensações. —Não sei o que fazer, Mikhail. Sinto que com esse fato agora – apontei para o caixão — Talvez eu possa seguir em frente e viver com Ilya, criar nosso filho e esquecer de toda a maldade que nos cercou.
Passados alguns minutos de viagem, eles aterrissaram em uma área aberta, me colocaram dentro de outro carro e seguimos a viagem, eu não conseguia ver nada pois estava escuro. Paramos em frente a cabana e eu tive certeza de que eles estavam ali pois as gargalhadas de Slav preenchiam o local. Os homens voltaram com o carro e me deixaram ali, na porta da cabana, esperando um milagre acontecer, mas quer saber, eu mesma vou atrás dele. Bati na porta e o riso da criança parou, bati novamente depois de uns segundos e a porta lentamente foi aberta. Ilya tinha uma das mãos para trás, provavelmente segurando uma arma. Ele se surpreendeu ao me ver ali, abriu a porta direito e fez sinal para eu entrar. —Ei, tia Lana – Slav veio me abraçar, eu o peguei no colo e dei um beijo em sua bochecha. — Olá querido, como você está? – perguntei. Ele sorriu e começou a falar sobre tudo, desviei o olhar um segundo e Ilya me olhava todo questionador. — ... aí o papa Ilya me trouxe pra cá, ele disse que qu
Ruslana finalmente entendeu, ela é minha e sempre vai ser, não importa o que aconteça. Minha gatinha brincava com meu filho dentro do córrego que passa pelos fundos da casa. Ele parecia feliz e ela vez ou outra faz uma pergunta discreta, para tentar conseguir conhecê-lo melhor. Ela fez um sinal com a mão para me chamar, eu fui até eles dois e entrei na água gelada, era baixa, subia apenas até a canela, mas subia praticamente até a cintura de Slav. Quando cheguei perto, Ruslana pegou na mão de Slav e fez ele sentar na beira do córrego. —Slav, eu e Ilya queremos te fazer uma pergunta. Mas primeiro tenho uma novidade. – ela anunciou e me olhou, eu entendi o que ela queria, Slav olhava para nós todo curioso. Me abaixei para ficar da altura dele. —Filho, eu e a tia Ruslana vamos ter um bebê, ou seja, vamos dar um irmãozinho pra você. Queremos que aceite ser irmão mais velho. O que acha? - perguntei. Ruslana sorria radiante e slav franziu o rostinho por uns segundos mas depois deu um
Depois de muita conversa, Ruslana disse que subiria para descansar, Minha kotehok subiu ao quarto para tomar banho e eu fiquei na sala com o pessoal. — Ivan, pensei em visitarmos algumas escolas amanhã, Andrey e Slav precisam voltar a estudar. — eu comentei com meu irmão. — Sim, já pensei nisso, Andrey estava sendo ensinado em casa, mas é importante a experiência de conviver no ambiente escolar. – ele concordou e todos entraram no assunto, mama indicou a mesma escola onde estudamos e deixei marcado com Ivan que iria até lá com ele no dia seguinte. —Tenho certeza que eles vão se adaptar, nossa família é conhecida, então será fácil conseguir as vagas. — minha mãe comentou. Meu pai saiu da sala para atender o telefone, ele olhou para nós por cima da cabeça da minha mãe, então eu já fiquei alerta, provavelmente ele recebeu alguma notícia impactante. Ouvi meu nome ser gritado do andar de cima e corri para saber o que tinha acontecido. Subi a escada de dois em dois degraus e quando che