Ah! Quero só ver agora que eu tranquei a janela!
Não, sério. Esse disfarce de estudante está me matando. Prova! Prova amanhã! Nem sei como se faz isso mais. Agora concurso, manda brasa!
Não lembro mais nada dessas matérias e sumi com todas as apostilas usadas depois que me formei. Quem pode me condenar? Você não faria o mesmo, oras? Pra quê ter essas tralhas ocupando seu armário se a única coisa que você quer é ocupar sua estante com sapatos e livros de...
Opa... ouvi um barulho. Não, Zack, dessa vez aqui você não entra. A janela está trancadinha com cadeado. Que por acaso...
Clac!
...acaba de cair! M
— Ai, como é difícil ser mulher! Te peguei, né? Você achou que eu ia dizer que era difícil ser caçadora. Bom, não deixa de ser, mas no momento é isso que está pegando. Pra que fui colocar meus saltinhos clop clop? Pareço estar marcando ponto a cada passo desesperado que dou. Desculpa, tem uma explicação sobre isso, verdade. Vocês vão me achar idiota, mas enfim, não parei muito para pensar. Quando aceitei o emprego eu não acreditava muito no objetivo do trabalho, sabe: caçar vampiros. Passar no TCU em primeiro lugar sem estudar era até mais plausível.&
Vou acabar desidratada desse jeito. Isso é que dá dormir de janela aberta. Bom, não que eu tenha culpa; Zack simplesmente abre a janela toda a noite, por mais que eu a feche, tranque, passe cadeado e ainda cole o batente com cuspe. Estou fungando e com garganta inflamada. Meu nariz está vermelho feito o do Bozo e a tontura é constante. Gripe maldita! Como se não bastasse todo esse mal estar ainda fico parecendo um zumbi. E tenho horror a zumbi. Tipo... eles comem cérebro. ECA. Claro, beber sangue também é nojento, mas pelo menos quem suga costuma ser uma gracinha. — Boa noite, safadinha! Pronta para passar mais um dia tentando matar o vampiro pelo qual você é perdidamente apa
Primeira pedrinha quicando na janela. — Jessi? Ignorei, lógico, não dá pra ficar dando atenção o tempo todo. Na verdade, se o Conselho descobrir todo esse grude dele comigo vou me dar muito mal. Segunda pedrinha na janela. — Jessiiii... Não que eu não goste. Bem, não exatamente. O problema é que sei que ele me considera incompetente para matá-lo e se diverte às minhas custas e, por mais que passe a... não-vida me sacaneando, não consigo deixar de gostar disso. Ou de me sentir um pouco ofendida.
Não que eu precise de Zack para me meter em problemas. Eles me perseguem, como se sentissem no cheiro do meu sangue algo atrativo como mel pra urso. E o problema que comecei a enfrentar agora é do tamanho de um. Isso nunca me aconteceu antes, mas é o tipo de coisa que acha que nunca vai acontecer com você, sabe, como quando você sai na chuva por uns vinte minutinhos achando que não vai ficar gripada. Ou quando masca chiclete deitado achando que não vai engolir. Ou quando você resolve ir sacar dinheiro no banco sozinha, à noite, porque viu um vestidinho chiquérrimo numa vitrine qualquer e o pagamento com desconto é só em dinheiro e, no caminho, é assaltada.&
E a tolinha aqui achando que ia ser uma noite tranquila... Bem, a consulta estava marcada para as 19:00. Como Zack não apareceu, resolvi ir ao médico tranquila, fazer um checkup, ver se está tudo bem com o coitado do meu coração, que volta e meia toma sustos, essas coisas. É uma coisa difícil? Não. Para as pessoas normais. Cheguei sem estresse, aguardei alguns minutos na fila de espera e fui atendida logo. Quanto mais rápido eu saísse dali melhor. Hospital me deixa nervosa, não sei por quê. Bem, talvez eu saiba, mas meu cérebro não quer pensar muito nisso. Sentei na maca enquanto aguardava o mé
—Zack Lá estava ela, mas parecia mais atarefada hoje. Estava ainda toda maluca com a decoração daquela árvore; todo dia coloca uma coisa nova. As pessoas normais decoram a árvore de natal num dia só, mas não a Jessi. Cada dia tem uma novidade pendurada. Aí eu apareço, quebro uma ‘sem querer’ e ela coloca outra... nunca para. Eu chamo de obsessão, mas ela chama de amor. Isso me pegou de jeito. Não costumo me apegar às pessoas, sabe, dada a minha condição de imortal. Parece que todo mundo é feito de poeira. Você se apega a alguém e puff. No outro dia e
A vida já é complicada quando você tem contas para pagar. Mas o Conselho não facilita a vida, sabe? Você pode dar mil e uma desculpas para driblar o serviço, mas não com eles. Aah, não, como se matar Zack fosse um trabalho simples como matar uma mosca. Ele é chato feito uma, mas se você tivesse que matar uma mosca de mais de 800 anos de idade e cheia de poderes de super herói não ia considerar meu trabalho fácil nem de longe. Suponhamos que você ainda não tenha lido o livro 2. Vai por mim, Zack tem segredos que não deixariam você dormir à noite. Não que ele me deixe do
Bom, ao menos a noite tinha começado tranquila. Estava eu aqui escolhendo meu vestido perfeito de caçadora para estrear na próxima aula – porque convenhamos, hoje a noite está linda para sair matando vampiros por aí. Hum, também está linda demais para ficar numa sala de aula, mas depois eu penso em alguma coisa... As batidas fortes e desesperadas na porta distraíram-me da escolha delicada do meu figurino. Parecia que alguém estava com muita raiva da minha porta – ou de mim, vai saber. Fiquei um pouco nervosa e, embora eu tenha tentado colocar um pouco de imposição na minha voz, ela soou esganiçada demais para assustar quem quer que seja.