Capítulo Quatro

Por Lucas

Depois da reunião com seu Orlando Martinelli, preciso urgente de um café, saio pelas ruas e entro na primeira cafeteria que vejo, peço um cappuccino com açúcar para a atendente, vou para parte ao ar livre da cafeteria, coloco minhas coisas na mesa e rapidamente meu cappuccino chega. 

Enquanto beberico meu café, vejo a movimentação das pessoas, todas tão ocupadas, em busca do sustento, da realização dos sonhos, em busca da tal "felicidade" que o dinheiro não compra, aprendi isso quando minha família me deixou, apesar do sentimento por Andrea ser tão confuso ainda, meu carinho e admiração estão intactos, e meus filhos que falta fazem, juro que se eles voltarem vou fazer de tudo pelos meus filhos, vou brincar mais, passear mais, e mesmo que o divórcio aconteça daqui um tempo, quero que meus filhos me tenham mais presente, tenho a sensação de falha imensa como pai e como esposo, e essa sensação nenhum homem merece ter, eu tinha tudo nas mãos e por um descuido, eu perdi tudo. 

Termino meu café e pego meu smartphone para ver as últimas notícias quando vejo uma mulher bonita com cabelos pretos, e meio fofinha, mas muito atraente, vestida com uma saia lápis social, e uma camisa branca, um salto preto e óculos de sol, reparo nas suas costas, pernas, no modo de andar e uma tatuagem no tornozelo igual a que Andrea tem. 

Igual? muito parecida inclusive na forma de andar, resolvo sair da cafeteria deixando tudo para trás. 

Corro atrás da mulher como um doido e com toda certeza se não for Andrea posso ser preso por importunação de uma desconhecida na rua. 

A pego pelo braço e ela se vira para mim e minhas dúvidas acabam ali. 

-Andrea? - A chamo e a observo, Andrea mudou nessas últimas semanas, está que está na minha frente é a mesma que conheci na faculdade, com um olhar cheio de sonhos, e pelo visto não faço mais parte dos seus planos, saio dos meus pensamentos com a mulher que convivi por dez anos me chamando.

-Lucas? 

Não consigo falar nada, a não ser.

-Vem precisamos conversar.

Saio arrastando-a pela avenida entre os carros e fomos até a cafeteria que estava a pouco tempo atrás. 

Ela se senta e observa atenta o local em que estamos. 

A tiro dos seus pensamentos, colocando tudo para fora de uma única vez.  

-Andrea eu quero que você e nossos filhos voltem pra casa. Ela me olha confusa e só me diz uma palavra. 

-Porque? - Vejo confusão em seus olhos.

Tento explicar da forma mais simples possível.

-É simples, eu não tenho sido um bom pai, e não quero mentir e dizer que o meu sentimento por você é o mesmo durante todos esses anos, e se você realmente quiser o divórcio podemos sim pensar nisso, mas preciso dos meus filhos, preciso deles em casa, até que a gente resolva a nossa situação. - Falo tudo e aguardo ansioso a sua resposta.

-Lucas do que adianta querer seus filhos em casa novamente? Se na primeira oportunidade vai deixá-los te esperando pra fazer algo que você marcou e nunca foi, ou então sair com seus amigos ou sabe-se lá o que você faz quando não está em casa. 

Vejo que ela fica triste quando diz isso, mas não consigo decifrar o que ela quis dizer com o ''sabe-se lá o que você faz quando não está em casa.''

-Eu prometo mudar por eles, e por você, eu sei que você merecia um marido melhor, mais presente, porém estragamos isso, você só cuidava das crianças, depois que as crianças nasceram nunca mais saímos para jantar ou fazer algo só nós dois, eu não nego que tenho culpa de ter chegado a este ponto, mas eu sempre esperei por você, eu foquei todas as minhas energias na empresa e deixei a casa, os filhos e o nosso relacionamento para você cuidar, sem contar que nunca mais me deu um carinho, não conversávamos mais, e eu deixei vocês, minha esposa e meus filhos pela empresa, quero recuperar vocês, quero tentar, e também um dos meus futuros sócios quer conhecer minha família. Falo de uma forma clara para que ela entenda que o contrato é importante é, mas eles são mais importantes para mim nesse momento.

-Ahhh está explicado, então você nos quer de volta apenas pra conseguir um contrato, para sua querida empresa. - Fala de uma forma agressiva e irritada.

-Vou ser sincero Andrea, também é por isso, mas esse contrato com senhor Orlando vai me tirar as preocupações com o futuro dos meus filhos, e vou ter mais tempo pra eles, com esse contrato poderei trabalhar menos, o que acha? - Falo com um fio de esperança, que ela acredite em mim.

-Olha Lucas, tudo bem, mas eu só volto pra casa pelas crianças, e pela minha mãe que precisa do espaço dela, mas será por seis meses, nada mais que isso, depois cada um segue sua vida, e precisamos nos adaptar à nova rotina. - Fala com clareza e com a certeza do que ela quer, como pode mudar tanto em duas miseras semanas.

-Porque nova rotina? - Pergunto tentando entender esse contexto já que ela vivia para a casa e os filhos.

- Lucas então, eu voltei a trabalhar e já consegui organizar tudo nessas semanas, Melissa vai para creche que tem no mesmo prédio em que a empresa em que trabalho está, precisamos dividir as tarefas domésticas e o cuidado com as crianças, principalmente horários de entrada e saída dos nossos filhos. - Fala com um brilho no olhar, eu não imaginava que a oportunidade de voltar ao mercado de trabalho fazia tanta falta para ela, se soubesse, se tivesse observado os sinais, teria colocado ela ao meu lado na empresa, porém agora que ela se organizou, não vou propor isso, pelo menos não por enquanto.

-Quanto a casa já resolvi, contratei uma empregada por período integral, mais ela só limpa a casa, lava e passa, as refeições nós nos organizamos para fazer. - Falo e vejo que a palavra empregada em período integral a deixou feliz da vida, em saber que sempre propus isso a ela e ela nunca aceitou, a Andrea como complicamos nossa vida.

-Tudo bem nos dividimos isso. 

-Quanto as crianças, eu pego Melissa e você pega Daniel todo dia na escola.

-Tudo bem eu faço isso.

Estendo a mão para ela, como se fechássemos um acordo que era de fato muito importante para essa nossa reaproximação. Se essa são as condições faço tudo para meus filhos voltarem pra casa, aquele ditado de que aprendemos a amar quando perdemos caiu feito uma luva no meu momento atual. 

-E quanto a cozinhar, vamos dividir um dia de cada um por favor, estou enjoada de cozinhar Lucas, por favor. -Fala me pedindo com cara de cachorro que caiu da mudança.

-Tudo bem. -Falo sorrindo e pela primeira vez vejo um sorriso que aquece meu peito.

-E quando voltam? - Pergunto tentando não demostrar tanta empolgação.

-Hoje mesmo, as crianças sentem sua falta, não posso mais deixá-las sem te ver, e como vamos fazer isso, que seja logo. 

Sinto um tom de desapontamento em Andrea, talvez ela tenha imaginado que falaríamos do nosso casamento, do divórcio, mas meu foco não é esse neste momento, colocando algumas coisas no lugar, aí sim podemos resolver nossa situação.

-Tudo bem, vou buscar vocês. - Únicas palavras que saem da minha boca.

-Ahh Lucas e mais uma coisa, que é muito importante, para as crianças continuamos casados, não quero que elas saibam da nossa real situação, principalmente Daniel.

-Ok. Como você quiser, te vejo mais tarde.

Me despedi dela com um aperto de mão, talvez nossas bocas tenham ficado longe demais uma da outra, vejo ela sair com os olhos marejados, eu a conheço, e fazer com que ela sofra não é o meu objetivo, já amei demais essa mulher. 

Fui pra casa logo em seguida, não tinha animo para trabalhar, e preciso organizar tudo para a volta da minha família. 

Chego em casa e a minha grande sorte é que as faxineiras que contratei deram um jeito rápido na casa, liguei no escritório e avisei que não ia voltar no período da tarde, passei na lavanderia peguei todas as minhas roupas, cheguei em casa guardei todas, coloquei uma lasanha pronta no forno, fiz um arroz branco com legumes do jeito que Andrea gosta, coloquei um suco pronto de laranja no congelador, deixei tudo pronto e fui para casa da minha sogra buscar minha família.  

Cheguei no portão da minha sogra, buzinei e vi meus dois pirralhos virem correndo em minha direção, não consegui segurar as lágrimas, passei a mão rápido pelo rosto, senti falta desses dois, da mãe deles também, mas eles são tudo que eu tenho total certeza que são meus, pode passar o tempo que for, eles sempre são serão meu porto seguro, eles sempre serão o motivo das minhas noites sem dormir por causa da empresa, porém hoje percebo que a empresa não tem tanto sentido sem eles em casa, de baixo das minhas asas. 

Vejo Andrea vindo em nossa direção tento disfarçar a emoção de leva-los todos pra casa, que é em vão. 

-Pai está chorando? Pergunta Daniel 

-Não filho, foi um cisco no meu olho. 

Andrea só me olha e dá um sorriso. 

- Pensei que tinha conseguido um daqueles contratos que te deixam emocionados na empresa. 

Olho assustado para Daniel, as vezes me esqueço que meu filho já tem oito anos, e é esperto igual a mãe deles. 

-Dessa vez não filho, dessa vez estou ganhando coisa muito melhor que o contrato. 

Olho e seus olhinhos brilhantes e curiosos me observam querendo saber o que eu havia ganhado, mas mudo de assunto e seguimos para casa. Nossa casa. 

Chegando em casa, avisei que o jantar já estava pronto, Daniel e Melissa subiram lavar as mãos, Andrea estava observando a casa limpa e cheirosa. 

Nossos filhos chegam e nos sentamos a mesa, coloquei uma toalha, o suco, o arroz e por fim peguei a lasanha do forno, arrumei copos e talheres para todos, Andrea me observava e o sorriso no rosto, mesmo que castro estava presente ali, acho que ela está gostando da nossa nova situação. 

-Pai quem fez? - Pergunta Daniel e me tira dos meus pensamentos.

-Comprei pronta meu filho, seu pai não é tão bom assim, de preparar uma caseira, pelo menos não ainda.

-Mas e o arroz pai?

-O arroz fui eu. - Falo todo orgulhoso, já que é o primeiro arroz que faço em anos.

-Está melhor que o da mamãe.

Olho para Andrea que está com o garfo parado no ar e olha para Daniel.

-Daniel, Daniel, amanhã sou eu que vou cozinhar, e para você não vai ter jantar.

Daniel tenta contornar a situação.

-Não mãe você entendeu errado, é que o papai nunca faz e o seu eu estou acostumado.

-Estou brincando meu amor, é realmente o arroz do seu pai está excelente, acho que vou pedir para ele fazer o arroz todos os dias.

-Rimos, e voltamos a nossa refeição. 

Assim que terminamos Andrea foi lavar os pratos, e eu estava retirando os pratos da mesa, enquanto ela lavava os pratos a observei,  ela estava com uma calça apertada mas que valorizava seu quadril largo e uma regata branca transparente, não pude evitar e reparei nos seus seios, quase babando mas acho que a sensação de perda, mexe com esse lado machista, e já começo imaginar ela com outro e já sinto um sentimento de posse, começo a deseja-la nesse instante, quando olhei pra ela, ela estava me observando. 

- O que você tanto olha? 

-Nada. 

Tento disfarçar e fui secar a louça, conversámos sobre a volta no trabalho, não entramos em muitos detalhes, porém ela me prometeu contar tudo depois. 

As crianças assistiam algo na TV, fomos até a sala e ficamos com eles um tempo, havia anos que não assistíamos TV juntos. 

Já passava das dez da noite, quando o filme acabou, levamos as crianças pra cama, demos boa noite a eles, fui até a cozinha pegar algo pra beber, quando subi no nosso quarto Andrea se trocava, já vi ela inúmeras vezes nua, então ela não se importava com a minha presença, reparei no corpo dela, e ela está gostosa como antes ou até mais,  quando ela percebeu minha presença, se virou, me olhou com cara de poucos amigos, ela terminou de se vestir na minha frente e cada peça era um martírio para mim, aquele espaço ficou quente de repente, a vontade de abraça-la, beija-la e ter uma noite quente com ela aumentou muito nesse momento, me odiei por esse sentimento, essa mulher está a dez anos comigo e a quanto tempo não á observava, ela terminou de se vestir, estava com um baby-doll vinho, sexy e que a deixava mais linda ainda, saiu do nosso quarto e entrou no de hóspedes, e eu sem entender nada fui atrás dela. 

-O que vai fazer aqui?

-Dormir Lucas.

-Mas você não vai dormir comigo?

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