Ele me olhou, sem dizer nada, parecendo desconsertado.- Eu não fiz por mal... Juro.- Tentou foder com Sebastian.- Não...- Que sentimento é este que você tem por mim que requer que me magoe deste jeito? Caralho, você roubou minha ideia, que estava sendo colocada em prática na Perrone e lançou antes na North B.- Eu dei os créditos a você. Eu só queria... Você comigo... Aqui.Suspirei, deixando os braços caírem ao longo do corpo, cansada e incrédula com tudo que eu ouvia naquele momento.- Você me roubou... Como o prostituto que levou a minha bolsa. – minhas lágrimas insistiam em cair.- Me perdoe... Não foi por mal.- Não tem noção do mal que você me fez!- Eu jamais quis fazer você sofrer. O seu sofrimento é o meu.- Para de mentir, porra!- O que eu posso fazer para que você me perdoe?- Nada... Nada pode ser feito. Acabou... De vez... Para sempre.Virei as costas e andei em direção à porta. Ele foi rápido e passou a chave, ficando na minha frente, impedindo a passagem.- Depois
Se minha vontade era entrar de volta naquela sala e dizer o quanto eu o amava, que não eram só sentimentos profundos, que inventei aquilo para não dizer o que eu realmente queria? A resposta é sim. Se eu tive coragem de fazer isso? Não.Já houve um tempo que eu deixei meu coração falar mais alto e me ferrei por oito anos, sofrendo da pior maneira possível, pelo homem que julguei amar, pela mãe dele, pelos irmãos dele, vivendo dores que não eram minhas.Eu já não podia mais fazer isso. Agora eram as minhas dores. Tolerei Mirela e Cindy. Depois a ligação que a loira atendeu. A confusão na North B. quando ela estava lá. Tolerei ele dizer que não conseguia seguir o negócio sem ela, pois era a pessoa de confiança dele. Suportei saber que a desclassificada tinha um apartamento no mesmo prédio luxuoso que ele, dado de presente. Agora, ele roubar minha ideia e dizer que havia feito aquilo por mim... Não, isso não era passível de perdão.Era como entrar num relacionamento já sabendo que não da
Tivemos um jantar tranquilo, sem conversas reveladoras. Só havia espaço para planos com nossa pequena, que dentro de no máximo seis meses estaria conosco.Depois da sobremesa, sim, porque Salma conseguiu em uma hora preparar uma comida gostosa e ainda uma sobremesa dos deuses, fomos para a sala. Ben e Salma sentaram no sofá e eu me joguei no chão, sobre algumas almofadas.- Que filme vamos olhar? – Ben perguntou, mexendo no controle da TV.- Que tal “Revelações de Bárbara Novaes”? – sugeri.Os dois me olharam, surpresos.- É uma mistura de comédia romântica, com uma pitada de drama. Vamos, vai ser legal.Ben botou o controle sobre o braço do sofá e me olhou:- Adoro este filme. Comece, por favor. Já liguei o play...Respirei fundo e comecei a contar tudo que havia acontecido naquele dia, começando com a ligação de Sebastian e terminando com o “eu te amo” de Heitor Casanova.Quando acabei, os dois ficaram um tempo sem dizer nada. Até que Ben decidiu falar:- Ok, Heitor faz tudo errado.
Era para ser uma noite agradável. E não foi. Acabei sozinha, “cancelada” pelos meus próprios amigos.Eu até acho que eles fizeram aquilo de propósito, para que eu lavasse e secasse a louça sozinha.Enquanto esfregava a louça, minha cabeça não conseguia parar de pensar em Heitor. Eu pus um fim àquilo... Acabando comigo mesma. Porque estar longe dele ela como me perder para sempre. Mas eu não podia perdoar o que ele tinha feito. Se estava sendo intolerante? Não, não estava.A campainha tocou. Meu coração quase saltou pela boca. E se fosse ele? Não esperávamos ninguém àquela hora.Puxei meus cabelos para trás e olhei-me no espelho para ver se estava bem de aparência. Enquanto isso a campainha insistia.Abri a porta e dei de cara com uma mulher alta, morena, de olhos claros. Tinha cabelos compridos e vestia um conjunto de terno branco com blusa vermelha por baixo. A bolsa que ela carregava no antebraço tinha o logotipo de marca famosa em tamanho grande.- Posso ajudá-la em algo? – pergunt
- Mas... Ele já prometeu que contaria a verdade sobre vocês algum dia, não é mesmo?- Sabe quantas vezes já passei por isso, Babi?- Sei... Eu sei – o abracei novamente e ele deitou a cabeça no meu ombro. – Claro que o certo seria eu dizer que vou lutar por ele. Mas o que importa? Eu nunca ganho no final.- Não pode jogar a toalha assim, Ben.- Estou jogando antes mesmo de levantá-la. Eu cansei...Ele me largou e foi para o quarto. Fiquei ali, com a louça pela metade, ainda sentindo a dor do meu melhor amigo, misturada à minha.Por isso eu não queria mais amar. Porque o amor era uma porra que trazia muita dor.Tranquei a porta, com medo daquela louca voltar e fui para o banheiro. Liguei o chuveiro na temperatura mais quente que tinha e deixei o vapor tomar conta do banheiro enquanto eu retirava minha roupa.Nunca precisei tanto de um banho quente na minha vida. E era ali, debaixo do chuveiro, que eu podia deixar as lágrimas caírem sem que ninguém visse, nem eu mesma.A porta se abriu
- Ok. – Assenti.Ele me entregou o envelope:- Sua vez. Eu abri o primeiro.Respirei fundo e senti uma ansiedade indescritível. Abri lentamente o lacre em papel adesivo, contendo o nome do laboratório. Dentro, uma folha A4, branca, com pequenas letras que chegaram a embaralhar a minha mente.Meus olhos foram diretamente para o resultado: 99,99% afirmativo. Claro que já tínhamos quase certeza, mas a nova afirmação não nos deixou nenhuma dúvida.- E então? – ele perguntou, ofegante.- Sim... Somos irmãos, Sebastian. Não há dúvidas.Ele veio até mim. Levantei da cadeira e nos abraçamos. Não era mais um abraço louco, como a primeira vez. Era terno e amoroso, entre irmãos. Ficamos talvez três minutos sentindo nossos corações batendo forte.Quando nos afastamos, vi lágrimas nos olhos dele.- Não acredito, Sebastian!- Me desculpe. – Ele limpou as lágrimas.- Você está chorando por ser meu irmão! Isso é bom ou ruim? – Brinquei.- Juro que se desse negativo, eu ia adotar você. – Riu.- Seu bo
- Eu vou junto. Já estou pronta. Só preciso ir ao banheiro e largar as sacolas.- Não! – ela quase gritou. – Não precisa.- Eu quero. Eu gosto de ir junto.- Não quero, porra.Fiquei olhando para ela, confusa. A expressão no rosto dela começou a se acalmar, lentamente:- Quero ir sozinha. Está tudo bem, mas quero andar um pouco, ver gente na rua e ficar quieta.- É algo com Daniel? Ele te fez ou disse algo que a magoou?- Não. Ele não é este tipo de homem.- Ok... Vou respeitar sua decisão de ir sozinha. Desculpe a intromissão. Realmente queria ir para ajudar em alguma coisa.- Está tudo bem. – Ela garantiu, fechando a porta.Fui para o banho e após, enquanto trocava de roupa, joguei no Google “Por que mulheres grávidas ficam estranhas e mau humoradas”?Segundo o “Doutor Google”, era normal, em função das mudanças físicas, ansiedade e medo. Então nem sempre tinha a ver com mudança hormonal, mas fazia parte do emocional da mulher.Por sorte eu estava bem nos últimos tempos com relação
Olhei tranquilamente na direção dele:- Senhor Casanova? Não percebi que estava aqui. Me desculpe. – Levei a mão ao rosto, fingindo surpresa.- É claro que você me viu, Bárbara. Assim como eu vi você com este homem. A família dele é perigosa. Cuide-se: você pode acordar numa cadeira de rodas.O garçom veio até a mesa de Heitor, levantando sua cadeira. Todos os olhares estavam sobre nós.- Sente-se, Thor! – Cindy falou, com o rosto avermelhado.A encarei e sorri. Ela ia saber com quem estava lidando.- Ela não corre este risco, porque não é uma canalha, como seu pai. – Sebastian revidou.Heitor sentou e percebi que estava ofegante. E muito furioso. E ficaria pior. Ele estava com Cindy novamente. Ou seja, nada mudaria, nunca. Ainda bem que não acreditei nele nem lhe dei uma chance. Porque eu seguir