Na quarta-feira, eu recebi uma ligação de Sebastian, comunicando que sua mãe havia morrido.
Ficar longe de Maria Lua parecia fora de questão. Mas eu precisava estar com meu irmão naquela hora, por saber exatamente a dor que ele sentia com aquela perda. E levar minha filha para uma viagem tão longa não era prudente, especialmente sem documentos que comprovassem que ela era de minha responsabilidade.
Enfim, nada eu podia fazer enquanto a certidão de Maria Lua não estivesse correta.
Viajei com Milena para o país de origem do meu irmão. Não cheguei a conhecer as propriedades dos Perrone, pois fiquei somente na cerimônia de cremação. Eu ofereci meu ombro e todo carinho que eu tinha por Sebastian naquele momento que ele precisava.
Conheci a mãe do meu progenitor, que mal sabia da minha existência. Sebastian explicou que ela tinha lapsos de mem&oa
- Eu sinceramente não estou entendendo onde você quer chegar. – Me fiz de desentendida.Ela riu de forma irônica, com os lábios mal conseguindo se mexer, de tantos procedimentos estéticos:- Sim, você entendeu. É muito esperta! Deu o golpe da barriga. Eu sabia! Você nunca me enganou. Pode ter engando Heitor, Allan e até mesmo a minha filha. Mas eu tenho anos de experiência com mulheres do seu tipo.Eu enfrentei o olhar dela:- Eu posso apostar que sim. De onde vem o golpe por dinheiro você é a professora, não é mesmo? Se é tão esperta assim, por que nunca afastou Cindy Connor de Heitor? Por que deixou Allan se envolver com a mãe de Sebastian? Ou vai me dizer que nestes casos sua esperteza não funcionou tão bem assim.- Está mais por dentro de tudo que acontece na minha família mais do que eu imaginava, n
- Hum... – abri a outra sacola – E você vai ganhar bem, não é mesmo? Acho que vou ficar em casa, cuidando da nossa filha. Tenho tendência a ser “do lar”, visto que ninguém gosta muito de me empregar neste país.- Deve ter escrito “problema” na sua testa.Puxei uma cadeira e sentei ao lado dele:- Ok, me conte sua novidade e depois eu conto a minha. E pasme: tem a ver com Casanova.- Ai, linda, a minha também. – Ele me encarou.- Você... Viu “ele”?- Sim. Tão ou mais lindo do que sempre. Como você consegue ficar longe daquela criatura abençoada pelo deus da beleza, da simpatia e do sexo?- Eu estou com algo dele – olhei para Maria Lua e sorri – Como o viu? Se encontram onde?- Na... North B.- Na North B. O que você foi fazer na North B.?- Ele me chamou.- O que el
Contei a Ben sobre o ocorrido pouco tempo antes de ele chegar. Quando acabei, ele ficou um tempo calado, parecendo processar tudo que tinha ouvido. Quando me fitou, perguntou:- Passa pela sua cabeça não contar a verdade a Heitor, em função da ameaça dela?- Não. Embora eu tenha ficado um pouco apreensiva, sei que isso é para o bem de Maria Lua. Não podemos continuar com esta mentira, que a prejudica principalmente pelo fato da certidão de nascimento nos restringir pra caralho.- “Caralho” não fere os ouvidos dela? – ele me encarou – Literalmente “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.- Ah, Ben...- Quase que eu disse ao Thorzinho: “Tchau, lindo, até segunda-feira, na sua casa.”- Nem inventa.- Só pensei, não falei.- Quando você começa?- No início do próximo mês.- Sabe o que me passou pela cabeça, Ben?- O quê? Sinceramente, eu tenho medo do que se passa na sua cabeça.- Que a princípio eu achei que Allan me receberia bem se soubesse que sou filha de Beatriz Novaes. Mas
- Mas eu não acho que ele goste dela.- Então qual o motivo de não a tirar de vez da sua vida? Ele disse que me amava. Eu consegui ver o sentimento nos olhos dele... Mas não em todas as suas ações.- E você, Babi? Demonstrou seus sentimentos?- Demorei a entender o que eu sentia de verdade por ele. Depois, teve a fase do luto: eu não queria aceitar o sentimento que crescia dentro de mim mais que as pernas de Maria Lua – ri – Eu fiz tudo errado, porque eu sou desastrada, egoísta, medrosa, covarde, imatura, idiota...- Desclassificada? – ele enrugou a testa.- Acho que sim. – Tapei os olhos com as mãos. - Mas de que adiantaria, entende? A loira do pau do meio sempre teve o lugar dela. E não vai ser eu que vou conseguir tirar.- Não mesmo. Vai ser Maria Lua. Ela vai destronar a Barbie das trevas.- Será? – meio que me perguntei em voz alta – Ou elas vão reinar lado a lado no futuro?Ben levantou e pegou uma pilha de roupas, que caíram no chão:- Eu vou procurar Tony. – Ele afirmou.- Jur
“Por tanto tempo eu planejei isso tudo. E agora que aconteceu, me sinto um ser humano desprezível. Eu nunca fui uma louca por dinheiro. Mas tenho estado cansada de tudo, principalmente dos babacas com os quais me envolvo. Parece que tenho um ímã para atrair homens de má índole e canalhas. Nesta semana mesmo conheci um homem mais velho, que parecia ser legal. Até chegar no Motel e perceber que ele só queria se satisfazer. O desgraçado era casado e se não bastasse a noite horrível que me fez passar, me humilhou ao final, me tratando como um objeto. Sinto nojo e asco por homens como ele.Mas Heitor... O que dizer do meu chefe? Depois de tudo que fiz pra chegar até a sala dele, jamais imaginei seu desprezo por mim ou pela pessoa que ele imaginou que estivesse ali. Eu sei que todas as mulheres dariam qualquer coisa por uma boa foda com o CEO mais conhecido e disputado d
- Agora? Vai chegar lá e contar a verdade? Deus! – Ele passou as mãos no rosto, nervosamente.- Eu não sei o que eu vou dizer, mas eu preciso vê-lo. Eu necessito olhar nos olhos dele, senti-lo nos meus braços. E talvez seja hora de despejar a verdade nele, por mais que me doa e deixe-me cheia de dúvidas quanto ao que ele vai pensar ou como agirá. Não dá mais para esperar.- Eu entendo perfeitamente o que você está sentindo.- Culpa, raiva de mim mesma, raiva de Salma, raiva da porra da vida... Por que tudo tem que ser tão complicado?Coloquei uma calça jeans e uma camiseta branca. Não estava em condições de escolher algo bonito ou sexy. Eu só queria conseguir chegar ao apartamento dele.- Precisa arrumar os cabelos. E colocar um batom nos lábios. Você está pior que a Gata Borralheira. Se ele a vir assim, tal
- Bár... Bara... – Ele disse devagar, com a voz arrastada, enquanto a taça com o líquido borbulhante fazia um esforço tremendo para equilibrar-se na sua mão.Olhei para as duas mulheres praticamente nuas junto dele no ofurô e peguei as roupas delas:- Saiam daqui agora! – ordenei – Se não saírem da minha frente em dois minutos, vou jogá-las daqui de cima.As duas levantaram da água quente sem contestar, assustadas. Joguei as roupas sobre elas e abri a porta:- Se voltarem aqui, eu juro que se arrependerão do dia que nasceram.- Ela não mente! – ele gritou – Ela faz! Ciumenta... A descla... – não conseguiu terminar a pronúncia da palavra, de tão bêbado – Ela é muito ciumenta...Elas saíram imediatamente, fechando a porta. Fui novamente na direção delas, que já
- Me mostre onde estão as bebidas desta casa. – Pedi.- Vai beber com ele? – Nicolete me olhou.- Claro que não! Tenho cara de quem faz isto?Heitor me levou até um armário fechado. Quando abriu, deparei-me com dezenas de garrafas de bebidas variadas, embora a maioria fossem uísques.- Minha coleção... Tudo... Importado. – Sorriu, orgulhoso.Peguei tudo que coube nos meus braços e carreguei até a cozinha, enquanto ele e Nicolete me seguiam. Abri as tampas e comecei a despejar na pia os líquidos, garrafa por garrafa, jogando vazias na lixeira.Quando abri a terceira, ele pegou meu braço, tentando me impedir:- Tem noção de quanto custa isso, sua maluca?Retirei a mão dele do meu braço e peguei seu queixo, olhando nos seus olhos:- Pouco me importa quanto esta coisa custou. Você não precis