Sobre sentir algo que eu tenho conhecimento de não ser digno, eu acho que a vida é feita do nosso crescimento e superação. É isso inclui as mazelas da nossa personalidade. Seja a possessividade, a inveja, a maldade. É feita de vencer os nossos demônios. Dia após dia eu me vejo derrotando os meus, sendo forte e cada vez mais madura, mesmo que hoje eu não tenha conseguido me sentir da forma como eu queria e acredito que deveria me sentir. Mas isso não significa que hoje eles tenham me vencido, de forma alguma.
Dos tempos que tive passado, o que estou passando tem sido bom. Hoje foi um dia em que eu ainda estive confusa, pensativa em um misto de sentimentos que ía de vontade de jogar coisas até paz e orgulho de mim mesma. Toda essa dor sutil que tenho sentido faz parte de todo esse contexto, essa vivência necessária, o desbravamento de um momento. Não é ansiedade ou depressão, e é muito bom viver algo que não esteja preso a essa única realidade. Me mostra que existe vida al
Desde muito nova eu carreguei uma responsabilidade enorme em meus ombros e é o que me trouxe esse aspecto patológico da ansiedade. A vida não devia ser levada de forma tão pesada. É triste que tenhamos que trilhar uma parte considerável e decisiva da nossa vida sendo submetidos a tanta pressão e expectativas às quais ainda não temos "anticorpos". Queria que as garotinhas do primeiro ano do ensino fundamental não sofressem tanto com o que os coleguinhas dizem e pensam sobre elas.Uma vez eu voltava de um culto na igreja que frequentava, e precisava fazer uma série de deveres de casa. No entanto, eu estava muito cansada e decidi deixar pra lá. Foi a primeira vez que fiz isso e a única que me senti daquela forma. Na minha cabeça ressoava a música em que a voz de Deus dizia: Não tenhas sobre ti nenhum cuidado, qualquer que seja. Pois um, somente um, seria muito para ti. É meu, somente meu, todo o trabalho. E teu trabalho é descansar em mim." Eu sei que é um ato um pouco imprudente
Talvez tenha sido aquele o momento em que eu me permiti me colocar antes das preocupações. Afinal, elas, quando em excesso, são uma forma patológica e, muitas vezes, inútil, de querer manter o controle sobre a vida. Acontece que muitas das preocupações que eu tinha, não eram minhas. Foram colocadas pra mim através das expectativas e pressões de outras pessoas. No momento em que eu me reconheço e encontro o que possui importância e preferência para a pessoa que eu sou, eu me desvencilho de muito do peso que esgota e entristece. Eu vou colocando meus interesses, minha personalidade e sonhos em seu lugar, e encontrando no amor a mim mesma as decisões que me libertarão do que eu não sou e do que não deve ter poder sobre mim.A gente se precipita no espaço entre um fim e um começo. Sempre parece ser o fim de mim, porque a gente torna as coisas mais nossas do que elas talvez deviam ser, damos a ela um imensurável poder de nos derrubar. Essa madrugada eu fui derrubada. Eu não consigo
Passei algumas horas chorando, compulsivamente. Parecia que uma parte de mim tinha morrido. E na minha cabeça o som da morte é de nunca mais. E nunca mais assusta, viu? Mas também deixa de ser verdade. Essa tristeza vai ser vivida de novo, assim como a alegria. A vida não se repete, mas ela se renova. E ainda bem, viu?Eu preciso colocar coisas no lugar, isso vai desde o meu quarto até a minha alma.Tenho tido taquicardia frequentemente, mas pra alguém com ansiedade isso não é algo impressionante. Só não era o meu sintoma frequente, mas depois de uma série de idas ao hospital com o diagnóstico de "crise de ansiedade", a gente aprende a duvidar do que se passa no nosso corpo. Afinal a ansiedade se manifesta de formas impensáveis, e metade de mim acha que é a razão do sintoma e a outra metade acha que é uma doença terminal. Faz parte do transtorno: sempre aumentar o que está acontecendo, por enorme que já seja.Das coisas que eu digo e eu gostaria que minha mãe acred
Eu continuo aqui sabendo que não, mãe, não sou a responsável pela forma como meus amigos têm sido cruéis comigo, não tomei a decisão errada de ir, e não vou me arrepender. Se estivesse na minha pele saberia o quanto me esforcei pra ficar, mas é necessário. Afinal, olha só pra mim. Sinto como se eu tivesse que engolir tudo o que me faz mal, mas sinto que preciso jogar isso fora. Quando foi a última vez que você viu alguém que teve a perna amputada andar como se nada tivesse acontecido? Eu preciso aprender a caminhar, mãe, e você está errada. Não tem nada de errado nisso.Eu estou tentando lidar com todo este caos, da melhor forma. Mas a verdade é que não sei o que fazer ou como fazer. Sei que tomei a decisão certa mas e sobre as decisões a serem tomadas daqui pra frente?Sou muito grata por toda experiência que vivi em torno de todo esse furacão. Me senti uma garotinha indefesa e inocente quando me dei conta da maneira como
As palavras sempre foram meu abrigo, e dessa vez não foi diferente. A escrita é minha forma de meditação.Minha professora do ensino fundamental ainda, sempre me disse, diante das dificuldades e desentendimentos, que eu deveria usufruir da minha escrita para me expressar. Eu sempre soube encontrar as palavras melhor daquela forma, ainda que não tenha dificuldade em voz alta.As palavras, além de uma forma de transmitir o que sinto, funcionam também como uma forma de organiza-lo. Tanto o que sinto quanto o que penso e acredito. Se existe algo que sempre me transmitiu orgulho de mim mesma é a minha escrita, minha poesia, meu potencial. E é isso que estou fazendo aqui, não é? Usufruindo esse "dom" para organizar a mim mesma, provocar meu crescimento e também ajudar quem quer que esteja passando pelo mesmo. Falar é terapêutico. Se expressar é necessário e é saudável.Estar escrevendo aqui me incentiva a estar buscando um outro olhar pra minha realidade e extrair dela t
Faz com que a vida, que corre das mãos de um ansioso como a areia da praia quando tentamos conte-la em nossas mãos, pare por um momento para ser compreendida, absorvida, observada atenta e calmamente, permitindo ser vivida. Muitas vezes estar à mil não nos permite realmente estar lá. É preciso sempre buscar uma forma de desvencilhar da euforia e ter um encontro com o silêncio. Ele contém muitas respostas.Eu acredito que tenho feito tudo o que posso para superar as limitações que a tanto tempo tenho vivido. Mas, de alguma forma, parece que só tem se espalhado e atingido outros aspectos de mim que ainda não tinham sido alcançados, como a vida acadêmica. Me assusta ainda mais porque estou cada vez mais próxima de fazer o Enem, algum vestibular, eventos que certamente terão muita significância na minha inserção no mercado de trabalho e transição para a vida adulta. O crescimento exige responsabilidades para as quais eu me sinto cada vez menos preparada. Os acontecimentos tomam ca
O ano correu como se competisse sua primeira maratona e eu me sinto assustada, me vejo já com idade e sendo atropelada pelo tempo, que não sabe se segurar. Eu acho que tenho aproveitado como posso, mas sei que posso mudar meu conceito de aproveitar os momentos com o passar dos anos. Tenho medo de, quando esse dia chegar, eu lamentar. Hoje eu não me arrependo do que vivi porque foi experiência para me formar e fazer crescer, mas quando o tempo passa de trazer coisas para tirar coisas, os sentimentos se tornam outros. Mesmo que eu ainda não esteja vivendo esse dia, já o temo.2019 foi um ano difícil. Acho que todos os anos sentimos que o que acabamos de viver foi o mais árduo. É que o que estamos vivendo é sempre mais complexo do que o que passou, simplesmente por não ter passado. Talvez as coisas realmente aumentem em dificuldade conforme o tempo passa mas, assim, também aumentaria a resistência, resiliência e capacidade de super
Eu e eu mesma passamos por muitas lutas e superamos quase todas, nem que fosse arrastando pelo chão. Foi um ano que derrubou e ensinou a ver a beleza que existe de baixo.Último dia na cidade. Sabe o que isso significa?Eu prefiro deixar pra esse tipo de pergunta uma ausência de resposta, porque é a resposta que damos que dá o tamanho do medo, o pavor, a ansiedade com a qual teremos que lidar. E as respostas, bem, quem somos nós pra dar? No fim das contas, tentar medir o tamanho do desafio só nos faz subestima-lo (ou superestima-lo). Mas de que forma isso ajuda a enfrenta-lo? Sim, é uma mudança de cenário que possivelmente vai ser um baque - mudança de rotina, círculo social, grau de dificuldade no ensino, adaptação - mas ainda não estamos lá, e pode ser mais fácil do que minhas falhas previsões indicam.Foi um último dia adorável. Recebi mensagens escritas muito legais, e ainda mais legais foram as pessoalmente. Eu