É mais como se um monstrengo cruel sentasse encima de mim e colasse minhas pálpebras com fita pra me manter na cama e, de preferência, desacordada.
E o que eu faço a respeito disso? Aproveito. Porque ele não age apenas no exterior, mas também suga minha energia e força de vontade. Ele ofusca meus talentos, interesses, ânimo, esperança. Ele toma minha vitalidade e substitui por uma satisfação em vegetar, me acomodar, me isolar. Eu não tenho vontade de lutar contra isso e sinto um enorme incômodo em ser incentivada a levantar e ir viver. Isso tudo é encrementado pelo sono excessivo que me incomoda desde antes do diagnóstico de ansiedade.
O ansioso quer carregar o mundo nas costas mas esquece que o que está nas mãos dele é ainda mais limitado que ele - nem a hora de dormir você escolhe, já que se o sono não vem você fica de mãos atadas.
Ter ansiedade, no final das contas, é ter um ensinamento em forma de transtorno e eu espero que você não precise de um.
"Parabé
Eu martelo na minha cabeça que alguém forte é alguém que mantém a compostura em tudo, mas não. Mesmo que eu só consiga atravessar esse momento me arrastando ou engatinhando, ainda o faço. E posso te assegurar que dói mais com os joelhos em contato com o chão, então por que não me orgulhar disso?Nessa noite eu tive outra discussão familiar que tinha tudo pra ser insignificante mas que foi levada por mim a outro nível, o que resultou em uma adolescente (eu) chateada deitada no quarto de porta fechada em meio à ansiedade do sentimento de incompreensão e desaprovação. Esse último é o que na maioria das vezes me tira do prumo, já que decepcionar minha família é uma coisa que me derruba. É isso que tento trabalhar: a não-necessidade da aceitação da minha família para com a pessoa que eu sou. Já encontrei paz em ser como sou, mas no momento em que é indispensável pra mim que minha família aprovem cada uma das minhas escolhas, eu estou
Eu sou responsável pela minha felicidade e ela não pode depender de mais ninguém.Dentro desse contexto, viver a experiência de discutir com algum dos meus pais (o que, infelizmente, não é raro) é algo com um triste mas real potencial de me causar crises. Em um primeiro momento, resumiu-se ao choro e a ir dormir mais cedo mesmo que momentaneamente sem sono com o pensamento de não existir motivo para estar acordada, para ser bom permanecer consciente. Mas o que veio em seguida, e eu posso dizer por estar escrevendo esse dia alguns dias depois, é o que realmente vai chamar a atenção: meu primeiro ataque de pânico desde o início do relato.O mais cruel de um ataque de pânico é a culpa que ele deixa em você por mobilizar todos envolta e tirá-los de suas respectivas diversões. Eu vivi um hoje no meu lugar favorito do ano passado.Hoje tinha tudo pra ser um dia incrível. Eu tinha planejado uma série de compromissos que me interessavam, mas as coisas começaram a desandar
A vontade de chorar foi imediata, acompanhada de uma sensação de nó na garganta típica de uma situação em que a mágoa tenta não transbordar, mas precisa. Fiquei muito confusa quanto a ir pra casa ou dar outra chance ao dia, e acabei não dando atenção ao fato de que estava (e sabia que estava) no início de um ataque.Eu me cobro muito em relação a importância e a dimensão de cada um dos meus sentimentos. Às vezes me sinto estúpida por me chatear por determinadas razões. Não foi diferente hoje quando, além de achar ridículo que eu tenha me magoado, ainda subestimei minhas reações emocionais e minha capacidade de fazer decisões.Julguei que a vontade de ir embora poderia ser um fruto da crise, que estava distorcendo o que eu queria desde o início - passar aquele dia com alguns amigos. No fim das contas não sei se pensei certo.A crise começou com muita falta de ar e tontura. A praça estava lotada, e tinha uns adolescent
Meu amigo tentou me acalmar de todas as formas possíveis, mas eu me sentia uma bolha de caos e sentimentos negativos, medos, morte. Estávamos eu e ele sentados na grama, respondi as mensagens da minha mãe e de outros amigos que por alguma razão não estavam comigo e avisei o que estava acontecendo. Bem, nada aconteceu da parte deles e isso honestamente me chateou. Nada me faria me sentir mais lixo naquele momento do que a desimportância dada pelos meus próprios amigos. Mandei mensagem, então pra minha mãe, que me ligou e conversou com o meu amigo coisas que eu não sei, mas sei que disse a respeito de ser importante me deixar chorar naquele momento.Ele precisou me trazer pra casa depois de alguns 15 minutos de crise fortíssima incessante. Me deu água com gás e doritos, me fez rir e ainda assim eu sentia quase desmaiar mas não consegui ficar deitada porque faltava o ar. Com um tempo de conversa e atenção, fui melhorando, ainda mui
A pergunta que ficou foi: o que fazer para que brigas com os pais ou pessoas importantes pra mim não reflitam dessa forma em mim? Pode parecer algo irrelevante, mas tudo o que eu sinto sempre vem com o máximo de intensidade possível. A mágoa se torna uma possibilidade assustadora sendo algo com tanto poder sobre mim. Quando a dor não se torna um ataque de pânico, é canalizada em forma de síndrome do intestino irritável, no meu caso e nesse momento. É esse o ponto ao qual voltamos. Andando em círculos até que o caminho esteja tão familiar que seja possível perceber uma brecha.Eu dedico o dia 31 à todas aquelas pessoas que alguma vez já se esforçaram para cuidar de mim e me ajudar durante uma crise.Hoje foi um bom dia. Pra falar a verdade, eu não me lembro. Eu realmente tenho que colocar a escrita em dia. Enquanto estou escrevendo, já é dia 34. Mas o que mais tem me incomodado é como tenho deixado a poesia de lado por caus
Minha rotina tem estado um caos. Tenho me assustado na maioria dos meus compromissos, deixado as coisas como estão quando não deveria - isso se aplica até mesmo na organização do meu quarto. Meu professor de filosofia fiz que o estado do seu quarto é o estado da sua psique, então estamos em alerta. Na verdade, cheguei a arrumar meu quarto (dia 28), mas no dia em que escrevo (dia 32) já posso afirmar que não fui capaz de mantê-lo assim. Eu meio que concordo com essa teoria. Eu costumava pensar que quando não temos tempo para colocar nossas coisas no lugar é porque estamos trabalhando colocar outras coisas no lugar, como nossos sentimentos. Mas a verdade é que nesse caso eu estaria dormindo.Precisei contar pra minha mãe a respeito da crise pra ver o que poderia fazer, mas ela simplesmente continua achando que é apenas uma mera fase. Pensei em contar pra outra pessoa, talvez minha tia, mas fiquei com medo de ela me brigar. Tudo be
O perigo real de ter tarjas pretas ao alcance é a overdose por tendências suicidas. As tendências suicidas me envergonham, mas é necessário que esse assunto seja discutido para que o tabu seja desfeito. Minhas tendências aumentaram ou, pelo menos, tornaram-se mais fortes e reais com o diagnóstico de ansiedade. Isso, ironicamente, me tranquiliza no momento em que me permite associar esse sentimento ao distúrbio e não propriamente a mim.Minha mãe disse que eu não devia chamar a ansiedade de minha - é só uma fase, esses sentimentos também vão passar.Estive pensando no quanto seria bom uma viagem de férias em um hotel. É um pensamento que quase não parece meu, principalmente nesse momento em que tudo que tenho querido é estar em casa. Mas talvez um descanso pudesse renovar minhas energias. Fazem uns 2 anos que a partir da metade do ano letivo minhas energias já estão esgotadas e eu sinto precisar empurrar tudo com a barriga.O sistema de ensino e o próprio sistema ec
Até que ponto eu tenho usado minha saúde mental como desculpa para procrastinar?Acordei bem tarde hoje (já que não fui à aula) e minha teoria é de que estou dormindo tanto que meu insconsciente já está sem ideia quanto ao que me fazer sonhar, tanto que agora nada mais faz sentido - ou melhor, menos ainda do que antes.Algo que me incomoda em ser uma adolescente com ansiedade é a dificuldade dos adultos em levarem a sério as palavras e sofrimentos de alguém mais novo, como se eu desconhecesse a vida por não ser maior de 18 anos ou não passar por perrengues por não pagar as contas de casa. Isso reflete muito a minha relação com minha mãe que é recheada de tentativas de convencê-la da veracidade dessa minha vivência, que acaba refletindo em planos B que são a busca de um relato profissional a respeito.Não ter voz quando seu problema é justamente de comunicação é algo complicado, mas coloca o indivíduo numa posição de amadurecimento da autossuficiência e é o que tenh