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Capítulo 5 – Centro das atenções

Claire – Uma nova obsessão

Capítulo 5 – Centro das atenções

Liam Stevens

Há muito tempo eu não me sentia assim.

A imagem de Claire não sai da minha cabeça, assim como o seu olhar, sua boca se movendo enquanto falava, e principalmente o que ela deve ter feito depois de ter ido embora com aquele cara.

O jeito como ela estava chorosa, nervosa, tão fragilizada... Vê-la assim foi terrível para mim. Eu precisei lutar muito contra todos os meus instintos para não voltar até o hospital e desamassar aquele papel de dentro do meu lixo para ir até a casa dela e tentar descobrir o que lhe aconteceu.

Ter limites nunca foi o meu forte. Passar a noite sem saber de Claire foi uma terrível tortura que parecia não ter fim, já que o sol não demonstrava a mínima vontade de voltar para o céu, e meu telefone parecia não querer despertar nunca para que eu voltasse ao trabalho.

Finalmente, quando chego ao hospital para dar início a mais um dia de trabalho, consigo ver o motivo de toda a minha inquietação. A mulher está de costas, mas eu sei que é ela... Seus cabelos são inconfundíveis. Olho meu relógio e vejo que tenho minutos, não que isso importasse, eu iria até ela mesmo se tivesse algum compromisso importante agora mesmo.

— Olá, Claire! — Tocar no ombro da mulher é o suficiente para que a mesma salte um pouquinho em cima do próprio banco e me faça rir brevemente.

— Liam... — Ela ergue a cabeça e me olha nos olhos, voltando a abaixar um copo de café logo depois.

— Desculpa, não era a minha intenção te assustar. — Afirmo sem graça.

— Tudo bem. — Afirma ainda sem me olhar.

Ela não me quer aqui? O que houve? Por que os seus olhos não se conectam aos meus?

— Posso sentar aqui? — Pergunto apontando para a cadeira ao seu lado.

— Eu já estava de saída. — Ela pega seu copo de café e faz menção de levantar, mas eu seguro seu pulso.

— Desculpa, mas eu sou obrigada a me sentar com você? — Ela me olha nos olhos e eu levo um forte choque quando percebo que seus olhos estão levemente inchados e possuem evidentes olheiras abaixo deles.

Claire se maquiou, o que torna um pouco mais leve o ar de cansado sobre o seu rosto, mas não disfarça tão bem o sofrimento.

— Jamais, eu só estou preocupado. — Solto seu pulso vendo que algumas pessoas presentes no refeitório, em sua maioria funcionários, olham para nós.

Ela olha a nossa volta e, ao perceber que as pessoas nos encaram, ela prefere voltar a sentar-se e respira fundo fechando os olhos. A cada segundo de silêncio seu, meu coração é castigado com a tortura de ser impedido de ajudá-lo.

— Eu vou ficar bem. — Finalmente afirma e força um sorriso para mim. — Obrigada pela preocupação, mas realmente não tem porquê se preocupar. Até ontem, você nem sabia quem eu era.

Seus lábios que hoje não possuem o batom vermelho, contudo, apenas um gloss rosado, exibem um sorriso torto para mim.

— Eu sei que não é da minha conta. — Sento-me finalmente ao lado dela.

As pessoas ainda nos encaram, mas eu as ignoro sem pensar duas vezes. Estou tão preocupado com ela, que tudo o que menos importa agora é que seremos o assunto principal dos fofoqueiros de plantão.

Tudo o que me importa é Claire e o que a deixa tão apagada.

— Eu não consegui dormir a noite inteira preocupado, Claire... — Toco sua mão por cima da mesa.

O olhar de Claire recai sobre a minha mão que encobre a sua. Por um segundo eu penso que ela vai correr de mim, mas isso não acontece, pelo contrário, seus ombros caem me fazendo acreditar que ela relaxou.

 — Eu estava em um relacionamento um pouco complicado e ontem nós brigamos mais uma vez. Acabei terminando com ele e... bom, foi mais difícil do que eu imaginei. — Mais um sorriso fraco. — Desculpa se fui rude. — Só agora ela desvia sua mão da minha e disfarça pegando o copo com café e levando o mesmo à boca.

Isso é um bom ou péssimo sinal? Terminar com o outro lá parece ser bom demais para ser verdade, significa que ela está livre. Contudo, me preocupa ouvi-la falar da dificuldade que sentiu com a separação.  

Ele ainda ocupa seus pensamentos? Pior, será que ele ocupa seu coração?

Eu daria tudo para assentar-me no lugar dele.

Eu farei o necessário para isso. Nem que eu precise me achegar a ela lentamente.

 — Tudo bem... — Sorrio e vejo uma das garçonetes do refeitório se aproximar de nossa mesa com uma xícara de café.

— Bom dia, Doutor. — Coloca a mesma sobre a mesa com cautela. — Sem açúcar, como o senhor gosta. — Amélie, a doce e gentil senhora me cumprimenta com o balançar de sua cabeça e olhar baixo.

— Grato, Amélie. Bom dia! — Agradeço a senhora tocando em seu braço, para que ela me olhe. — Não precisa abaixar a cabeça ao falar comigo. — Declaro. — Eu não sou nenhum rei, Amélie. — Sorrio ao final da frase.

— Desculpa, senhor... — A doce senhora finalmente me olha nos olhos e sorri sem timidez, mas alegre, com sinceridade. — Posso te servir com mais alguma coisa? Jovem Claire, quer alguma coisa também?

— Não, Amy. — Claire nega com simpatia. — Obrigada.

— Também não quero, Amélie. Obrigado. — Depois de minhas palavras, com um aceno a senhora se despede e faz o caminho de volta para sua cozinha.

 — Conhecido por aqui, né? — A mulher que me acompanha desconfia.

Diante de tantos olhares sobre nós, é impossível eu negar.

— Digamos que sim. — Tomo um gole do líquido quente e amargo da minha xícara.

— Parece mais conhecido que o normal... Alguma celebridade?

— Não é pra tanto. — Rio a encarando.

— Tudo bem... — Pela primeira vez, uma risada escapa por sua boca. — Agora eu realmente tenho que ir. — Ela se levanta da cadeira e pega sua bolsa, assim como seu copo. — Obrigada pela preocupação.

— Se precisar, eu sou um bom ouvinte também. — Me ofereço.

— Bom trabalho, Senhor. — Assim como Amélie, Claire se despede de mim com um aceno e me dá as costas.

O que essa mulher está fazendo comigo? Por que eu me sinto desesperadamente desesperado para saber tudo o que acontece com essa mulher? Por que de repente eu me sinto responsável por protegê-la?

Ana Beatriz Henrique

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