É um dia normal na mansão Parker, as crianças Cecília, de 6 anos, e John, de 11 anos, estão brincando nos jardins da mansão com os seus amigos Carter Thomas Junior, de 11 anos, e Kate Thomas, de 5 anos, filhos do sócio e amigo de seu pai, Andrew Parker, fundadores, juntamente com Jason Parker, da construtora Parker & Thomas, uma grande construtora dos Estados Unidos. Eles moram em Albany, no estado de Nova York, uma cidade pequena e pacata, além dos 4 amigos também estavam as gêmeas Megan e Alice, também de 5 anos, que eram primas dos irmãos Cecília e Jonh, mas os 4 não se davam bem porque as meninas eram muito mimadas pela mãe e estavam ficando insuportáveis na opinião dos primos.

            Os adultos presentes na casa eram Amélia e Andrew Parker, pais de Cecília e de Jonh, Carter e Melissa Thomas, pais de Carter, além de Jason e Amanda Parker, pais das gêmeas. Jason e Andrew são irmãos, sendo Andrew o irmão mais velho e Carter é um amigo de infância dos dois, os 3 foram criados juntos.

            Os homens estavam discutindo sobre um grande projeto que tinha surgido para a construtora ao qual Jason e Andrew viajariam na próxima semana para conversar com o cliente sobre o contrato e, se tudo desse certo, fechá-lo, Andrew aproveitaria a viagem para levar a família junto e tirariam umas 3 semanas de férias e iriam à Disney, pois Cecília já tinha idade para ir aos brinquedos e aproveitaria mais a viagem, e o contrato era na Flórida, e além dos parques, Andrew tinha comprado passagens para o cruzeiro da Disney e faria uma surpresa para a família, principalmente a John, que tinha ido muito bem no colégio aquele ano.

            — Vou aproveitar essa viagem e depois das reuniões levarei as crianças para uns dias em Orlando, mas farei uma surpresa, os dois se amarram em viajar, falarei que de lá iremos em um outro lugar que tenho que resolver uns problemas antes de voltar para casa e farei a surpresa, além dos parques os levarei para fazer o cruzeiro da Disney, que sai em 15 dias — disse Andrew para Carter e Jason.

            — Que pena que não poderei ir com vocês, já que Melissa está na reta final da gravidez, não podemos nos arriscar numa viagem dessas, ou então se eu for e ela entrar em trabalho de parto sem eu estar por perto, ela me esgana — disse Carter, feliz com o fato de ser pai de novo após 5 anos do nascimento de Kate.

            — Não vou levar a Amanda e as crianças, pois preciso voltar rapidamente, visto que um de nós 3 precisa estar na empresa, além disso, as coisas não estão boas entre mim e a Amanda, desconfio que ela tem me traído, quando voltar contratarei um detetive e se conseguir provas suficientes pedirei o divórcio e ela sairá sem nada, como foi colocado no acordo pré-nupcial — falou Jason, com uma expressão de desagrado ao falar da esposa.

            — Você sabe o que eu sempre achei sobre a Amanda, uma mulher fútil, que se preocupa mais com dinheiro do que qualquer coisa, que nunca demonstrou muito amor a você, mas espero só que você não se machuque muito nessa história, assim como as meninas não saiam machucadas.

            — Eu sei, mas quando ela engravidou não podia virar as costas para ela e para as minhas filhas, tenho pensado seriamente no divórcio, mas se eu não tiver provas da traição ela terá direito à metade de tudo o que eu tenho, inclusive, metade da minha parte na empresa, porém se eu provar que ela me trai, tiro até a guarda das meninas.

            — A melhor coisa que você fez antes de se casar foi passar boa parte da sua participação e o seu dinheiro pro meu nome, inclusive você sabe que quando se separar dela te devolverei tudo, como combinamos — disse Andrew, lembrando-se do acordo que tinha feito com o irmão na época que Amanda apareceu grávida dizendo que os bebês eram de Jason e exigindo que ele se casasse com ela, e ele com medo dela lhe tomar tudo, passou boa parte de seus bens para o nome do irmão, que mantinha uma conta separada onde mantinha o dinheiro do irmão, assim como tinha criado uma empresa onde colocou as ações do irmão, assim como alguns imóveis que o irmão também tinha passado para o seu nome.

*6 anos antes*

            Jason pede para conversar com Andrew e diz que o assunto é sério, pois tinha urgência em falar com ele e o chama para almoçarem. No dia combinado os dois se encontram no restaurante que eles sempre iam quando Andrew era solteiro, e foi onde eles tiveram a ideia de fundar a construtora 10 anos atrás.

            Jason já chegou ao restaurante e parece preocupado, pois tinha recebido uma notícia que não esperava de uma namorada com quem ele estava namorando fazia uns meses, mas estava desconfiado que pudesse ser uma tentativa do bom e velho golpe do baú, mas antes de tomar qualquer decisão precisava conversar com o irmão sobre isso. Já fazia uns vinte minutos que ele tinha chegado quando Andrew apareceu.

            — Oi, Jason, tudo bem? Você parecia preocupado ao telefone, aconteceu alguma coisa? — perguntou Andrew logo de cara.

            — Oi, Andrew, está tudo bem, mas preciso da sua ajuda — disse Jason. — Se lembra da Amanda, a mulher com quem estou namorando? — perguntou Jason.

            — Claro que eu lembro, ela arranjou o maior barraco no aniversário do John porque ele estava correndo e brincando com os amigos e sem querer derrubou refrigerante no vestido dela quando esbarrou nela — disse Andrew, lembrando-se do aniversário do filho há um mês.

            — Pois bem, ela veio com um papo ontem que está grávida, mas estou preocupado de ser uma tentativa de me fazer casar com ela e depois ela tentar me tirar tudo num divórcio, por isso que eu quero passar 20% das minhas ações para você, além de alguns imóveis e dinheiro antes que eu tenha que casar com ela — disse Jason, tirando uma pasta com documentos de dentro da bolsa que ele trouxe onde estavam todos os documentos de transferência de seus bens. — Os únicos bens que ficarão comigo são 10% da empresa, minha atual casa e U$500 mil — Jason disse enquanto o irmão lia os documentos. — Quero que os meus bens que ficarão com você sejam herdados por John e por esse bebê que você e Amélia terão, coloquei isso no meu testamento, também coloquei que se algo acontecer a nós dois o único que poderá administrar esses bens será Carter, ele já tem uma cópia do meu testamento — disse Jason, entregando uma cópia para o irmão.

            — Tranquilo, verei com o meu advogado como poderemos fazer essa operação em segurança e que fique separado dos meus bens, e se você se separar um dia te devolverei tudo — disse Andrew após terminar de ler o documento e assinar, Jason assinou e ficou tudo certo.

            Um mês depois Jason e Amanda se casaram com comunhão de bens e o acordo feito entre os irmãos foi mantido em segredo, e Amanda não tinha noção de quanto ela saiu perdendo com esse acordo, e que o que ela receberia em caso de divórcio ou morte do marido seria muito do que antes do acordo. Antes de se casarem Jason fez Amanda assinar um acordo pré-nupcial no qual em caso de traição ela perdia o direito à metade dos bens do marido.

*Dias Atuais*

            — Agora mudando de assunto, quero que vocês saibam que mudei o meu testamento, Jason, eu tinha colocado você como guardião das crianças caso acontecesse algo comigo e com a Amélia, isso eu mantive, mas com a condição que a guarda ficará somente com você, e se algo acontecer com você a guarda irá diretamente para o Carter, para que Amanda não tenha acesso à herança dos meus filhos, ainda mais que mesmo sem a sua parte eu tenho 40% das ações da construtora, e isso é muito dinheiro. Além disso os dois terão acesso a uma parte da herança quando chegarem aos 18 anos, e ao restante quando terminarem a faculdade, independentemente do curso que escolherem. Fiz como você fez 6 anos atrás em relação à administração da minha herança — disse Andrew, pegando uma pasta e entregando aos dois para assinarem. — Antes de viajar, deixarei uma cópia com cada um dos meus advogados, uma com cada um de vocês e uma cópia no banco, para não correr o risco de alguém tentar usar um testamento falso para ficar com a guarda das crianças.

            — A minha cópia deixarei com o meu advogado, e se um dia eu precisar, ele já estará pronto para agir — disse Carter, após ler e assinar o testamento. — Mas não se preocupe com isso, você verá os seus filhos crescerem e espantará muitos namorados da Cecília que aparecerem na sua porta, e ainda terá a ajuda do John e do Carter para isso, afinal, a Cecília é como uma irmãzinha para ele.

            Enquanto os adultos conversavam, Carter, John, Cecília e Katie estavam brincando na casa de brinquedo que John e Cecília tinham ganhado do pai naquele verão, era uma casinha completa e uma miniatura da mansão que eles moravam, tinha até cama para as crianças caso elas quisessem dormir lá, tinha também um aquecedor que permitia que pudessem aproveitar durante o inverno, além de uma tirolesa, parede de escalada, 2 escorregas entre outros brinquedos, era uma casa com 4 níveis diferentes que permitia até que os adultos pudessem curtir junto com as crianças, era um projeto magnífico feito para durar por muitos anos.

            — Vamos ver quem chega primeiro lá embaixo — disse John, posicionando-se num dos escorregas.

            — Vamos sim, quem perder vai ter que dar uma bala pro ganhador uma vez por dia ao longo do ano — disse Carter, também se posicionando no outro. — Vamos primeiro os meninos e depois as meninas, e por último os dois que ganharem vão disputar para ver quem vai ganhar.

            — Combinado — concordaram as outras 3 crianças, ansiosas para ver quem iria ganhar a aposta.

            No final da brincadeira Cecília tinha ganhado a aposta e estava feliz e ansiosa para ganhar as balas, que ela adorava.

            Nesse momento chegaram as gêmeas que começaram a perturbar a vida de Cecília, de quem tinham inveja por ser popular e todos gostarem dela por ser simpática e sincera, além de sempre ter a atenção de John e Carter, que eram mais velhos e não davam muita bola para as duas por considerá-las chatas, elas também tinham inveja dela porque o pai de Cecília era mais rico que o delas e dava tudo o que ela pedia, mesmo que não fosse algo muito caro, pois Cecília, apesar da pouca idade, nunca pedia nada muito caro para os pais, e sempre que podia pedia para os pais ajudarem alguém que precisava, inclusive pagar os estudos dos filhos dos funcionários que trabalhavam na casa deles.

            — Olha só, Megan, que coisa horrível no cabelo da Cecília — disse Alice, apontando para a presilha que Cecília usava, era uma presilha que a avó dela tinha dado, uma presilha antiga em formato de flor, com uma pedra vermelha no meio.

            — Não sei como ela consegue usar essa coisa velha — disse Megan, rindo.

            — Essa presilha quem me deu foi a nossa avó no meu aniversário, e ela disse que quem deu para ela foi minha bisavó, e que é passada para a menina mais velha da família, então não me importa o que vocês acham dela, pois eu sou mais velha que vocês e vocês estão com ciúmes porque ela não deu para vocês — disse Cecília, mostrando a língua para as duas, afastando-se delas e indo para perto de Kate rindo da cara das duas.

            Uma semana depois chegou o dia da viagem, Carter e os filhos tinham a casa da família Parker para se despedirem da família antes da viagem, pois eles iriam de carro até Tampa, onde seria a reunião, e de lá Jason voltaria de avião.

            Antes de viajar, Cecília chama Kate e entrega para a amiga a amada presilha para a amiga e diz:

            — Kate, quero que você fique com a minha presilha, pois se algo acontecer comigo, não quero que as minhas primas fiquem com ela, elas sempre falaram mal dessa presilha, então não têm direito de ficar com ela, e prometi para a vovó que eu entregaria para a minha filha mais velha e para mais ninguém.

            — Para de besteira, Cici, você vai ficar bem — disse Kate, não querendo pegar a presilha, pois sabia como a amiga amava aquela presilha.

            — Vamos fazer assim então, você fica com ela e quando eu voltar você me entrega, para eu não perder a presilha — disse Cecília, colocando a presilha na mão da amiga.

            — Combinado, daqui a duas semanas eu te devolvo a presilha — disse Kate, pegando a presilha. — Eu vou ficar com a sua presilha, mas você vai ficar com o meu cordão e vai me devolver quando você voltar — disse Kate, tirando o cordão que tinha ganhado da mãe de aniversário, era um cordão com um pingente em forma de pássaro todo cravejado de pedras azuis, que ela tinha adorado e pedido de presente.

            — Ok, combinado, daqui a três semanas te devolvo o seu cordão, eu sei como você adora ele — disse Cecília, colocando o cordão.

            Nisso a família Parker, mais Jason, entram no carro e partem para a viagem, deixando uma pequena Kate segurando a presilha da amiga e lembrando da promessa que fez, de devolver quando se reencontrassem.

****Dois dias depois****

            Kate e Carter estavam escondidos escutando a conversa dos pais, que estavam preocupados, pois não tinham notícias da família Parker já tinha algumas horas, eles tinham ligado de manhã falando que chegariam naquele dia a Tampa, onde seria a reunião, e que ligariam quando chegassem, mas já fazia horas que deveriam ter chegado e não ligavam e os celulares estavam dando desligado, o que não era normal.

            — Eles nunca ficaram tanto tempo sem dar notícias, será que aconteceu algo? — falou o pai com uma voz preocupada.

            — Calma, querido, daqui a pouco devem ligar, a bateria deve ter acabado e ainda não tiveram tempo de recarregar, pela hora, Cecília e John já devem estar quase dormindo e eles devem estar os colocando na cama — disse a mãe também preocupada, mas tentando não transparecer.

            Nesse momento o telefone toca, o pai atende e dá respostas curtas e rápidas, Kate repara que tem algo errado quando o tom de voz do pai começa a mudar como se ele estivesse chorando ao telefone, e logo percebem que ele desligou o telefone e está chorando e ficam em alerta para tentar descobrir o que aconteceu.

            — Era a polícia, parece que eles sofreram um acidente grave de carro, Andrew, Jason e Amélia morreram na hora, John está vivo, mas muito machucado, mas não falaram nada de Cecília. Era como se ela não estivesse no carro — disse Carter, chorando pela perda dos amigos e pensando em John. — Vou comprar uma passagem de avião e vou para lá, alguém tem que cuidar de John e liberar os corpos, vou tentar descobrir o que aconteceu com Cecília — disse Carter, tentando se acalmar e ligando o computador para ver uma passagem com urgência de preferência para o mesmo dia.

            Nesse momento o pequeno Carter e Kate  entram na sala chorando, perguntando pelos amigos, preocupados.

            — Não consegui muitas informações, mas irei para lá o mais rápido possível para tentar descobrir o que aconteceu e trazer John para casa, ele irá morar com a gente como era desejo do pai dele caso algo acontecesse a Andrew e ao Jason — disse Carter, encontrando uma passagem de um voo que sairia em 3 horas, ele comprou e foi arrumar as malas.

            Antes de sair, mandou alguns e-mails para alguns diretores da empresas informando que teria que se ausentar por alguns dias, sem entrar em muitos detalhes. Antes de sair se virou para a esposa e disse:

            — Querida, vá à casa do Andrew e traga todas as coisas do John e da Cecília, e cuide das crianças, estou indo, mas voltarei assim que for possível e trarei o John comigo e tentarei descobrir o que aconteceu com Cecília, pois não me informaram nada sobre o estado de saúde dela — disse Carter, dando um beijo na esposa.

            — Pode deixar, querido, prepararei um quarto para cada do jeito que eles gostam, para se sentirem em casa e amados nesse momento tão difícil — disse Melissa, tentando se manter calma, mas sentindo a perda de sua querida amiga Amélia, e ao mesmo tempo preocupada com as crianças, tanto com seus filhos que não paravam de chorar quanto com John, que estava machucado e com Cecília, de quem não se tinha notícias.

            — Cecília sentiu que alguma coisa ia acontecer — disse Kate, lembrando-se do pedido feito pela amiga antes de viajar.

            — Por que você está falando isso, querida? — perguntou Melissa, colocando a filha no colo.

            — Ela, antes de viajar, me pediu para guardar a presilha que a avó deu para ela, com medo de que alguma forma a presilha fosse parar com as primas, você sabe como ela ama essa presilha, que foi presente da avó dela no último aniversário — respondeu Kate.

            — Vamos esperar o papai chegar lá para descobrir o que realmente aconteceu com ela, mas tenho certeza de que ela está bem — disse Melissa, tentando acalmar a filha e rezando para que Cecília estivesse bem.

*Enquanto isso numa estrada perto da Luisiana*          

Enquanto a família Thomas recebia a notícia do acidente da família Parker, um carro com dois homens com uma menininha desacordada está andando sem parar, só para abastecer o carro, quando o telefone de um deles toca.

— Oi, senhora, o plano deu certo, o seu marido e o irmão estão mortos, conseguimos pegar a menina, o menino deixamos, pois estava muito mal, acho que não vai sobreviver, a menina, como estava na cadeirinha, está um pouco machucada, estava inconsciente, mas em melhor estado que o irmão, fazemos o que com ela agora? — perguntou o cara ao telefone.

            — Tem um colégio interno em Nashville, é de uma amiga minha, quero que vocês a deixem lá e digam que fui eu que a mandei para lá que depois eu acerto os detalhes — disse a mulher ao telefone. — Agora tá na hora de fazer o papel da viúva sofrida que acabou de perder o marido e ficou com duas filhas para criar, e irei assumir todos os bens do meu marido — disse, desligando o telefone.

            Depois do telefonema os dois param num posto para ver qual era o melhor caminho para Nashville e aproveitam e dão um sonífero para a menina.

*De volta a Albany*

Amanda desliga o telefone, era a polícia informando sobre o acidente que seu marido tinha sofrido e sobre o falecimento do mesmo.

            Ela desliga o telefone e vai em direção aos quartos das gêmeas para lhes contar o que tinha acontecido com o pai delas, nesse momento o telefone toca novamente e era Melissa, mulher que Amanda não suportava, mas fingia ser amiga para não levantar suspeitas.

            — Melissa, acabei de saber do acidente, a polícia me ligou, que tragédia, não sei o que fazer, não tem como eu ir para lá e deixar as meninas aqui — disse Amanda, fazendo uma voz de quem estava chorando a perda do marido.

            — Carter está indo para lá, já comprou a passagem, o voo parte em algumas horas, estamos preocupados com as crianças, parece que John está muito ferido e foi levado para o hospital, mas não nos falaram nada sobre a Cecília. Estamos preocupados, pois não sabemos se ela está viva ou não — disse Melissa com uma voz preocupada.

            — Espero que ela esteja bem e possa voltar logo para casa — disse Amanda com um tom preocupado, fingindo que se preocupa com os sobrinhos.

            — Também espero, quando amanhecer irei na casa deles buscar algumas coisas, deixa eu ir que Kate está me chamando, qualquer coisa te ligo para avisar — disse Melissa, desligando o telefone.

            — Se o pirralho sobreviver, ficarei com a guarda dele e todo o dinheiro que ele herdar, assim com a maior parte da construtora, com isso serei extremamente rica, e ele o mandarei para um internato ou darei um sumiço nele de alguma forma — disse Amanda com um olhar maligno, já pensando em como se livrar do sobrinho, para ficar com o dinheiro.

            Nisso se senta em frente ao computador e manda um e-mail para Megan, uma amiga de infância, que tinha herdado dos pais um colégio interno em Nashville onde as duas tinham estudado e se conhecido. No e-mail explica que em dois dias dois homens chegarão ao colégio com uma menininha cujo nome era Rose Cortes, mas que na realidade era sua sobrinha que ela precisava sumir com a criança, para mais no futuro poder usá-la para ter acesso à herança que a menina tinha direito, mas que no momento aparentemente a mesma não se lembrava de nada.

            Após o e-mail para Megan, mandou um e-mail para um cara que ela conhecia e solicitou documentos em nome de Rose Cortes, inventou o nome dos pais da menina, mandou uma foto para a pessoa usar, além de já pagar o valor que geralmente ele cobrava para tal tipo de serviço.

            Amanda era uma pessoa ligada ao tráfico de crianças, então já estava habituada aos procedimentos que precisava para fazer uma criança mudar de nome e já tinha os contatos para isso, ela mandava as crianças para o exterior, usando o México, ou então as enviava para o internato da amiga durante um tempo até as investigações acabarem e depois tirava a criança do país, isso era mais fácil com bebês e crianças até os 3 anos, mas ela precisava da sobrinha para no futuro declará-la incapaz e ter acesso a tudo que a mesma estava herdando, por isso seu plano era mantê-la no colégio até a véspera de seu aniversário de 18 anos e trazê-la de volta, alegar que a menina era incapaz e assumir toda a herança dela, e se o menino sobrevivesse, também arranjaria um jeito de ter a sua guarda para ter acesso à herança, e depois daria um sumiço nele usando os seus contatos.

*Dois dias depois*

Já haviam-se passado dois dias desde o acidente, John continuava em estado grave e os médicos também descobriram uma lesão em sua coluna que se ele recuperasse a consciência não voltaria mais a andar, mas tinham esperança que ele fosse sobreviver, e por incrível que parecesse, Jason também tinha sobrevivido, mas o estado dele era grave, então Carter resolveu manter essa informação em segredo e o enviaria para uma clínica onde ele seria mantido até recuperar a consciência.

            No dia em que chegou a Tampa, Carter descobriu que Cecília tinha sumido e não se tinha nenhuma pista de onde ela estaria, e nenhuma criança machucada de um acidente de carro tinha dado entrada em nenhum hospital da região, diversos hospitais tinham recebido a foto da menina caso alguém aparecesse com ela em algum outro lugar.

            Também o acidente estava sendo investigado, pois uma perícia feita no carro apontou uma sabotagem nos freios, o que teria feito o motorista perder o controle do carro, ter saído da pista, batido numa árvore e ter capotado o carro como aconteceu no acidente.

            Naquele momento Carter estava na delegacia conversando com o delegado.

            — Muito estranho esse relatório, eu lembro que Andrew antes da viagem fez uma revisão no carro, trocou o óleo, verificou o freio, trocou os pneus e estava tudo certo com o carro, será que alguém mexeu no carro durante a viagem? — disse Carter após ler o relatório da perícia e achando estranho a parte em relação aos freios, pois sabia que o amigo sempre estava fazendo manutenção no carro.

            — Podem sim, teremos que ver todos os lugares que eles pararam e tentar conseguir as imagens das câmeras de segurança — disse o delegado. — Em relação à menina, continuamos sem pistas do paradeiro dela, quem a levou tomou cuidado para não deixar pistas, mas não desistiremos de encontrá-la, o alerta de criança desaparecida continua em todo o país, espalhamos a foto dela nas delegacias, colocamos alertas nos aeroportos, se tentarem viajar de avião com ela, não conseguirão.

            — Espero conseguir encontrá-la rápido e com saúde, a presença dela vai ser importante para a recuperação do irmão — disse Carter.

            — Quando ele se recuperar talvez consiga nos ajudar a desvendar o que aconteceu, e talvez tenha visto quem levou a irmã — disse o delegado.

            — Também espero que ele consiga ajudar — disse Carter. — Então por enquanto é isso, irei agora terminar os trâmites para o transporte dos corpos, e se você não se importar tentarei a transferência de John para perto de casa, quando ele se recuperar o trarei para prestar depoimento sobre o que aconteceu, ou se demorar a gente vê como faz. Em Albany temos amigos médicos que já estão a par do que aconteceu com ele e estão esperando por ele para tratar de suas lesões.

            — Sim, pode levá-lo, acho que irá se recuperar mais rápido em casa perto dos amigos — disse o delegado.

            — Obrigado, por favor, não esqueça de me informar caso descubra algo sobre Cecília — pediu Carter, saindo da sala.

*Enquanto isso em Nashville*

            O carro que levava a menininha inconsciente chega aos portões imponentes de uma grande construção com a placa de “Colégio Interno Para Meninas da Senhorita Megan”, era o endereço para onde a mulher que os tinha contratado tinha mandado levar a menina, que durante a viagem tinha chegado a recobrar a consciência e aparentava não se lembrar de nada, nem mesmo de seu nome, a menina estava com amnésia, então os homens disseram que o seu nome era Rose e que a estavam levando para um lugar muito maneiro, que era para menininhas como ela que não tinham pais. Tinham cortado o seu cabelo bem curto para fingirem que era um menino para que ninguém desconfiasse caso esbarrassem com alguém no caminho.

            Na porta do prédio principal estava uma mulher com a idade por volta dos 35 anos, com uma expressão séria de quem não gostava de ser contrariada e já esperava a chegada da menina conforme combinado com sua amiga Amanda, que tinha contado quem era a menina e o motivo de a esconderem lá, e ela receberia um pagamento muito alto para manter a presença daquela menina às escuras, tanto que já tinha providenciado a matrícula dela na escola com o nome de Rose Cortes, uma menina que tinha acabado de chegar do Novo México após perder a mãe que estava doente e não conhecia o pai.

            — Vejo que conseguiram finalmente chegar, e a menina, como está? — disse a mulher com rispidez. — Espero que esteja inteira.

            — Está sim, senhora, só um pouco assustada, mas não se lembra de nada o que aconteceu, e nada sobre você sabe quem, na realidade, não se lembra de nada do seu passado, então ficará mais fácil o seu trabalho, dissemos que o nome dela é Rose Cortes — disse o homem que estava dirigindo enquanto o outro abria a porta para a menina sair.

            De dentro do carro saiu uma menina magra, com o cabelo muito curto, com um corte na testa e alguns arranhões, os homens a entregaram para a mulher dizendo que era ali que ela moraria a partir daquele dia e foram embora.

            — Seja bem-vinda, senhorita Rose Cortes, aqui é o local onde você passará os próximos anos até completar 18 anos, idade máxima que é permitido as meninas permanecerem no colégio, quando você fizer 15 anos terá um curso profissionalizante, e aos 17 terá que arranjar um emprego, para quando sair daqui tenha como sobreviver — disse a senhorita Megan. — Além disso, você não poderá sair do colégio, só poderá ter contato com as meninas daqui, horário de se recolher para os seus quartos é às 19 horas, luzes desligadas às 21 horas, em cada quarto dormem 3 meninas, você dividirá o quarto com a Emily e com a Maddisson, elas são 2 anos mais velhas que você, mas cuidarão bem de você, elas têm família fora do colégio, então só permanecem parte do ano aqui, mas você não poderá sair com elas para passar uns dias na casa delas, aqui só estudam meninas ou que são órfãs como você, e tem tudo pago pelo governo, ou meninas de famílias ricas, o caso de suas companheiras de quarto — disse a mulher com uma voz séria enquanto a levava para o quarto. – Além disso faremos testes com você para ter uma noção de conhecimento que você tenha para ver em que série você se encaixa, mas provavelmente entrará na mesma que as suas colegas de quarto que estão na primeira série.

            — Senhorita, eu não tenho outras roupas, somente essas que eu estou usando — disse a menina, envergonhada pelo seu estado.

            — Não se preocupe com isso, aqui vocês só usam uniforme da escola, e terá algumas roupas pro dia de folga, isso arrumaremos depois — disse e, nesse momento, chegam na porta de um quarto. — É aqui que você irá morar de agora em diante — falou, abrindo a porta onde estavam outras duas meninas, uma ruiva e uma com cabelos castanhos. — Meninas, essa é Rose Cortes, ela será a nova colega de quarto de vocês.

            Nesse momento, Rose se sentiu acolhida por aquelas meninas, e as 3 se tornaram grandes amigas e viveriam grandes aventuras.