“Anabel”Eu estava sentada em um canto naquela sala na delegacia, estava esperando para prestar o meu depoimento e, antes de vir para cá, já tinha passado pelo médico perito que fez as fotos e avaliou o meu pescoço. Mas eu estava inquieta, sabia que o Leonel, meu pai, chegaria em breve e eu não queria vê-lo. Mas, por outro lado, eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que encará-lo.- Bel. – O Don chegou e veio em minha direção. – Ele está lá fora com a Irina. Você não sai daqui enquanto ele estiver lá.- Don, eu não posso fugir dele pra sempre. – Eu argumentei.- Mas você não precisa enfrentá-lo hoje, Ana. – O Rick estava abraçado comigo e me sugeriu.- Mas talvez seja melhor, aqui eu estou segura. Estou com todos vocês e a polícia. – Eu estava pensando e já era hora de deixar de ter medo daquele homem.- Gente, a Ana precisa enfrentar esse demônio. – A Lisandra se aproximou. – Ela nunca vai se sentir segura de verdade se ela não fizer isso. Ela não é uma pobre menina assustada. E
“Leonel”Eu não estava nada contente de ter que esperar ali na recepção, sem saber o que estava acontecendo com a Ilana, pobrezinha! Mas, pelo menos na recepção eu poderia pegar a Anabel assim que ela colocasse o pé pra fora. Ah, mas ela iria se arrepender por ter me desafiado!- Leonel, eu acho bom esse seu advogado sair aí de dentro com a minha filha! – A Irina estava sentada ao meu lado e não havia parado de reclamar nem por um minuto, eu já estava perdendo a paciência.- Irina... – Eu tentei falar, mas ela não estava disposta a ouvir.- Eu estou te avisando, Leonel, se a minha filha for presa por culpa daquela imprestável da Anabel eu vou encontrá-la, Leonel, nem que seja no inferno, e vou trancá-la naquele sótão e castigá-la pelo resto da vida inútil dela! – A Irina estava uma fera, eu até entendia, mas bem que poderia ficar calada.- Chega, Irina! – Minha paciência havia se esgotado. – Faz uma coisa, vai pra casa e me espera lá. Eu resolvo por aqui e te garanto que vou levar a I
“Anabel”Quando ele agarrou o meu braço ele usou tanta força que eu senti uma dor como se o osso fosse se partir no lugar que ele apertou. E ele não soltou, nem afrouxou o seu aperto. Eu gritei com ele, mas ele não soltou. E enquanto nós dois nos encarávamos como dois inimigos mortais, eu sentia todo o ódio que ele sentia por mim ali naquele aperto.- Você vai comigo pra casa, Anabel! Nós precisamos conversar muito seriamente. – O Leonel falou, mas soou como uma ameaça.- Eu não vou a lugar nenhum com você! – Eu respondi. – E solta o meu braço, ou eu denuncio você também por agressão e por desobedecer a ordem do juiz para que você fique longe de mim.- Ah, mas você está se achando muito corajosa! Está achando que pode me enfrentar? Não pode, Anabel! Eu sou o seu pai e eu vou te corrigir, por bem ou por mal, você vai aprender a me respeitar e a se comportar com dignidade. – Era muita cara de pau a dele, vir me falar de dignidade.- Você não sabe o que é dignidade, Leonel! – Eu falei e
“Ricardo”Eu nunca senti tanta raiva de alguém em toda a minha vida! Nem da Taís eu senti tanta raiva e olha que eu fiquei muito bravo com ela. Pessoas como o Leonel eram pessoas que despertavam o pior de nós quando queriam e eu me dei conta de que ele queria que eu o agredisse. Eu caí na provocação dele e entendi finalmente porque o meu pai disse que eu precisaria de ajuda para lidar com ele.- Vamos lá pra casa, nossas mães querem ver a Anabel e a Adèle. – O Patrício falou e eu me lembrei que a minha mãe e a Lucinda deveriam estar em casa roendo as unhas.- Rick, você arrasou lá dentro! O que foi aquilo, meu amigo? Eu não sabia que você era assim todo valente não. – A Lisandra segurou o meu braço rindo. – Ana, seu namorado é o cara!- Ele é, Lisa! O Cara mais incrível e lindo que eu já conheci na vida! – Eu mantinha a Anabel segura sob o meu braço e ela apoiou a cabeça em mim.- Ah! Que linda! Meu amigo, essa mulher te ama! – A Lisa sorriu.- Será que ela ama? – Eu provoquei.- Você
“Irina”Eu saí depressa daquela delegacia e entrei no carro que estava estacionado do lado de fora o mais rápido que pude. O que aquele homem estava fazendo ali? Eu nunca esquecia um rosto, ainda mais um rosto como aquele, tão lindo, e, embora eu o tivesse visto uma única vez, eu tinha certeza de que ele era o antigo dono da casa que comprei para o Lucas.Mas ele estava com a Anabel, suas mãos entrelaçadas. O que isso significava? Será que ele sabia quem eu era? Acho que não, dificilmente um homem classe média saberia quem eu era e eu duvidava muito que minha enteada ficasse falando de mim. Ele não me viu, eu tenho certeza, porque ele estava totalmente focado na Anabel e eu me virei depressa quando o vi. Mas vejam só, a Anabel estava se misturando com a ralé. O velho ficaria possesso!- Vai buscar um café pra mim! – Ordenei ao motorista que imediatamente saiu do carro. Eu precisava fazer uma ligação.- Gaspar, aquela casa que você me vendeu. Quem era mesmo o antigo dono? – Eu pergunte
“Ricardo”Eu entrei na casa do Patrício de mãos dadas com a Anabel e minha mãe veio correndo e a abraçou.- Minha querida, como você está? – Minha mãe examinou a Anabel e fez uma careta de desgosto quando viu a fina marca no seu pescoço. – Minha nossa, isso foi longe demais. Vem, vamos nos sentar.Minha mãe saiu caminhando abraçada a Anabel, que tentava assegurá-la de que estava bem. Eu me sentei no sofá ao lado da Del e só então prestei atenção nos braços enfaixados da minha irmã.- Isso realmente é necessário? Você está parecendo a Múmia de Tutâncamon. – Eu ri e ela fechou a cara pra mim.- Parece que eu voltei no tempo e estou vendo vocês dois chegarem da escola esfolados por brigarem na rua! Meu deus, onde foi que eu errei na sua educação, Adèle? – Minha mãe olhou para a minha irmã com desgosto.Adèle sempre arrumava briga na escola, sempre ia tirar satisfações e batia mais do que apanhava. E eu sempre chegava de olho roxo porque tinha ido defender minha irmã mais nova.- Em minha
“Ilana”Era o fim do mundo, euzinha passando a noite numa cela imunda de delegacia! Eu ia reclamar muito com o velho, aquele advogado incompetente que ele arrumou não servia pra nada.- Meninas, vocês estão liberadas! – Um policial se aproximou da cela e abriu a grade.Eu não havia pregado os olhos a noite inteira, mas finalmente ia sair dali. Eu me levantei daquele canto imundo em que eu me sentei depois de não conseguir mais ficar em pé e caminhei para a porta.- Você não, Barbie Malibu! Só as boas meninas. Meninas más continuam de castigo. – O policial barrou a minha saída e liberou as três prostitutas que tagarelaram a noite inteira naquela cela.- Ai, gatooo! Já tava na hora, eu já estou ficando com sono. – A vermelho papel crepom saiu saltitando.- Não reclama, Rubi, vocês gostam muito do hotel aqui. – O homem riu como se fosse velho conhecido delas.- Ai, gatoo, você não aprende? É Rrrr-uby! – A vermelho papel crepom puxou bem o r e acentuou ainda mais o Y.- Vocês tratam a gen
“Ricardo”Depois que saímos da casa do Patrício, eu levei a Anabel pra casa e a cobri de carinho e cuidado. Ela precisava saber que era amada e querida e eu me esforcei ao máximo para que ela se sentisse assim e eu consegui tirar as preocupações da cabeça dela, pelo menos naquela noite. Mas na manhã seguinte ela já estava distraída e cabisbaixa de novo.- Moça bonita, o que foi? Divide comigo o que está te deixando assim. – Eu a tirei da cadeira onde ela estava sentada ao meu lado, a coloquei no meu colo e afaguei os seus cabelos.- Tudo o que aconteceu ontem me preocupa, Rick. – Ela suspirou. – Eles são pessoas ruins e eu me odiaria se por minha culpa eles fizessem mal a qualquer um de vocês, mas especialmente você! – Ela tocou o meu rosto com cuidado. – E olha como ele deixou o seu olho. Você não deveria ter entrado na frente.- E deixar aquele monstro encostar em você, Ana? Jamais! Eu sempre vou entrar na frente para detê-lo. Onde já se viu, dar um soco em uma mulher, com a violênc