“Ilana”No que eu me meti! Não adiantou gritar, ameaçar, me debater, eu só consegui ficar toda roxa e dolorida. Agora estou aqui, nesse lugar horroroso. O que eu vou fazer? Eu vou precisar de um advogado. Mas o velho vai ficar furioso quando souber que eu estou aqui, eu preciso dar um jeito de fazê-lo acreditar que foi tudo armação da Anabel, aquela sonsa. E desde quando ela conhece tanta gente? Eu já bati nela tantas vezes e nunca apareceu ninguém pra ajudá-la, agora ela tem um exército que inclui a doida da Melissa Lascuran.Eu preciso ligar para o velho, para ele mandar o advogado pra me tirar daqui depressa. Mas foi muito azar o meu, eu não vi aquele segurança. Eu achei que tinha tirado a sorte grande quando vi a Anabel descer daquele carro. Imagina a minha sorte, eu estava chegando no condomínio e parei para aquele carro que estava entrando na garagem.Fiquei curiosa, claro, aquela casa era maravilhosa, ela estava vazia não tinha muito tempo e o velho tentou comprá-la pra mim, pr
“Leonel”Eu passei o dia sendo bombardeado de más notícias e agora aquele advogado mequetrefe sentado em minha frente nem sabia por onde começar a resolver os meus problemas.- Para quê eu te paguei todos esses anos? – Eu bati a mão na mesa. – Você nem consegue me dar uma solução para os meus problemas!Eu estava sem um pingo de paciência quando o meu celular tocou. Eu não reconheci o número e não atendi, mas o telefone tocou de novo e com certeza não deixaria de tocar enquanto eu não atendesse.- Alô. – Eu atendi e esfreguei a testa com a mão, uma leve dor de cabeça começava a me incomodar.- Sr. Leonel? – A voz grossa do outro lado perguntou.- Sim, sou eu. Quem é? – Só me faltava agora, além das cartas e e-mails anônimos, eu começar a receber ligações anônimas também.- Delegado Flávio Moreno. A sua filha está detida em minha delegacia, eu vou passar o telefone para que ela fale com o senhor. – Ah, mas só me faltava agora a Anabel ter sido presa, para arrastar ainda mais o meu sobr
“Anabel”Eu estava sentada em um canto naquela sala na delegacia, estava esperando para prestar o meu depoimento e, antes de vir para cá, já tinha passado pelo médico perito que fez as fotos e avaliou o meu pescoço. Mas eu estava inquieta, sabia que o Leonel, meu pai, chegaria em breve e eu não queria vê-lo. Mas, por outro lado, eu sabia que mais cedo ou mais tarde teria que encará-lo.- Bel. – O Don chegou e veio em minha direção. – Ele está lá fora com a Irina. Você não sai daqui enquanto ele estiver lá.- Don, eu não posso fugir dele pra sempre. – Eu argumentei.- Mas você não precisa enfrentá-lo hoje, Ana. – O Rick estava abraçado comigo e me sugeriu.- Mas talvez seja melhor, aqui eu estou segura. Estou com todos vocês e a polícia. – Eu estava pensando e já era hora de deixar de ter medo daquele homem.- Gente, a Ana precisa enfrentar esse demônio. – A Lisandra se aproximou. – Ela nunca vai se sentir segura de verdade se ela não fizer isso. Ela não é uma pobre menina assustada. E
“Leonel”Eu não estava nada contente de ter que esperar ali na recepção, sem saber o que estava acontecendo com a Ilana, pobrezinha! Mas, pelo menos na recepção eu poderia pegar a Anabel assim que ela colocasse o pé pra fora. Ah, mas ela iria se arrepender por ter me desafiado!- Leonel, eu acho bom esse seu advogado sair aí de dentro com a minha filha! – A Irina estava sentada ao meu lado e não havia parado de reclamar nem por um minuto, eu já estava perdendo a paciência.- Irina... – Eu tentei falar, mas ela não estava disposta a ouvir.- Eu estou te avisando, Leonel, se a minha filha for presa por culpa daquela imprestável da Anabel eu vou encontrá-la, Leonel, nem que seja no inferno, e vou trancá-la naquele sótão e castigá-la pelo resto da vida inútil dela! – A Irina estava uma fera, eu até entendia, mas bem que poderia ficar calada.- Chega, Irina! – Minha paciência havia se esgotado. – Faz uma coisa, vai pra casa e me espera lá. Eu resolvo por aqui e te garanto que vou levar a I
“Anabel”Quando ele agarrou o meu braço ele usou tanta força que eu senti uma dor como se o osso fosse se partir no lugar que ele apertou. E ele não soltou, nem afrouxou o seu aperto. Eu gritei com ele, mas ele não soltou. E enquanto nós dois nos encarávamos como dois inimigos mortais, eu sentia todo o ódio que ele sentia por mim ali naquele aperto.- Você vai comigo pra casa, Anabel! Nós precisamos conversar muito seriamente. – O Leonel falou, mas soou como uma ameaça.- Eu não vou a lugar nenhum com você! – Eu respondi. – E solta o meu braço, ou eu denuncio você também por agressão e por desobedecer a ordem do juiz para que você fique longe de mim.- Ah, mas você está se achando muito corajosa! Está achando que pode me enfrentar? Não pode, Anabel! Eu sou o seu pai e eu vou te corrigir, por bem ou por mal, você vai aprender a me respeitar e a se comportar com dignidade. – Era muita cara de pau a dele, vir me falar de dignidade.- Você não sabe o que é dignidade, Leonel! – Eu falei e
“Ricardo”Eu nunca senti tanta raiva de alguém em toda a minha vida! Nem da Taís eu senti tanta raiva e olha que eu fiquei muito bravo com ela. Pessoas como o Leonel eram pessoas que despertavam o pior de nós quando queriam e eu me dei conta de que ele queria que eu o agredisse. Eu caí na provocação dele e entendi finalmente porque o meu pai disse que eu precisaria de ajuda para lidar com ele.- Vamos lá pra casa, nossas mães querem ver a Anabel e a Adèle. – O Patrício falou e eu me lembrei que a minha mãe e a Lucinda deveriam estar em casa roendo as unhas.- Rick, você arrasou lá dentro! O que foi aquilo, meu amigo? Eu não sabia que você era assim todo valente não. – A Lisandra segurou o meu braço rindo. – Ana, seu namorado é o cara!- Ele é, Lisa! O Cara mais incrível e lindo que eu já conheci na vida! – Eu mantinha a Anabel segura sob o meu braço e ela apoiou a cabeça em mim.- Ah! Que linda! Meu amigo, essa mulher te ama! – A Lisa sorriu.- Será que ela ama? – Eu provoquei.- Você
“Irina”Eu saí depressa daquela delegacia e entrei no carro que estava estacionado do lado de fora o mais rápido que pude. O que aquele homem estava fazendo ali? Eu nunca esquecia um rosto, ainda mais um rosto como aquele, tão lindo, e, embora eu o tivesse visto uma única vez, eu tinha certeza de que ele era o antigo dono da casa que comprei para o Lucas.Mas ele estava com a Anabel, suas mãos entrelaçadas. O que isso significava? Será que ele sabia quem eu era? Acho que não, dificilmente um homem classe média saberia quem eu era e eu duvidava muito que minha enteada ficasse falando de mim. Ele não me viu, eu tenho certeza, porque ele estava totalmente focado na Anabel e eu me virei depressa quando o vi. Mas vejam só, a Anabel estava se misturando com a ralé. O velho ficaria possesso!- Vai buscar um café pra mim! – Ordenei ao motorista que imediatamente saiu do carro. Eu precisava fazer uma ligação.- Gaspar, aquela casa que você me vendeu. Quem era mesmo o antigo dono? – Eu pergunte
“Ricardo”Eu entrei na casa do Patrício de mãos dadas com a Anabel e minha mãe veio correndo e a abraçou.- Minha querida, como você está? – Minha mãe examinou a Anabel e fez uma careta de desgosto quando viu a fina marca no seu pescoço. – Minha nossa, isso foi longe demais. Vem, vamos nos sentar.Minha mãe saiu caminhando abraçada a Anabel, que tentava assegurá-la de que estava bem. Eu me sentei no sofá ao lado da Del e só então prestei atenção nos braços enfaixados da minha irmã.- Isso realmente é necessário? Você está parecendo a Múmia de Tutâncamon. – Eu ri e ela fechou a cara pra mim.- Parece que eu voltei no tempo e estou vendo vocês dois chegarem da escola esfolados por brigarem na rua! Meu deus, onde foi que eu errei na sua educação, Adèle? – Minha mãe olhou para a minha irmã com desgosto.Adèle sempre arrumava briga na escola, sempre ia tirar satisfações e batia mais do que apanhava. E eu sempre chegava de olho roxo porque tinha ido defender minha irmã mais nova.- Em minha