Me jogo na cama ainda com a toalha presa ao corpo. Meus músculos estão moles, minha cabeça leve. Trent veste uma calça jeans e procura uma camiseta na gaveta.A imagem da tatuagem dele me vem de novo à mente. Não resisto."Aquela árvore nas suas costas... o que significa?"Ele para, com a camiseta nas mãos, e vira ligeiramente o rosto na minha direção."Cada folha tem o nome de um irmão que morreu com honra pelo clube."Engulo em seco. Não esperava por algo tão pesado."É tipo... uma árvore genealógica dos Ceifadores?"Ele veste a camiseta devagar, como se ainda pensasse na resposta."É uma lembrança. Um aviso. Cada um ali deu a vida por algo maior. Por nós."Silêncio. Meu peito aperta. Pela primeira vez, começo a entender de verdade o que aquele clube significa pra ele.Trent senta na beirada da cama, a expressão mais séria."Não era pra eu estar no comando. Era pro meu pai ser o líder. Mas ele não quis. Abandonou tudo."Eu me apoio nos cotovelos, curiosa."E aí seu avô te treinou?"
Grave voltou com um copo na mão e os olhos ligeiramente apertados, como se estivesse tentando decifrar um enigma."Onde diabos você estava, loira?" perguntou, me entregando a bebida.Segurei o copo e tentei disfarçar a expressão calorosa que ainda me dominava desde o banheiro."Encontrei o Trent... por isso eu sumi" falei, tentando soar casual. Mas tenho certeza que o vermelho das minhas bochechas me condenaram.Grave arqueou uma sobrancelha, prestes a responder, mas então tudo ficou em silêncio. Absoluto. Como se alguém tivesse puxado o fio de toda a energia daquele lugar.Virei o rosto automaticamente para onde todos olhavam, e ali estavam eles.Simon entrou primeiro. Alto, com ombros largos e postura ereta, o tipo de homem que não precisava de muito para impor respeito. Seu cabelo estava perfeitamente penteado para trás, revelando um rosto firme, de feições bem definidas e um par de olhos marrons e frios que pareciam ver muito mais do que deveriam. Sem falar de todas aquelas tatuag
PONTO DE VISTA DE TRENTO que esse desgraçado pensa que está fazendo?Ele mal pisa no meu clube e já se sente no direito de encostar na minha mulher como se ela fosse um brinde da comemoração? Elise é minha. Minha. E ver aquele filho da puta colocar as mãos nela faz algo dentro de mim se romper.Eu quase avanço. Meus punhos cerram com tanta força que ouço meus ossos estalarem. Minha mandíbula está dura, e o calor sobe pelo meu pescoço como uma maldita labareda pronta pra consumir tudo.Mas Grave — sempre um passo à frente — percebe. Ele estica o braço discretamente e segura o meu, firme, o bastante pra me lembrar de onde estamos. No meu território. E no meu território eu ajo com cabeça, não com impulso… por mais que o desejo de arrancar os olhos de Simon esteja gritando em mim.Elise tenta se soltar do colo dele. Posso ver o desconforto em cada músculo do corpo dela. A tensão no maxilar, a forma como ela aperta o tecido do próprio vestido como se aquilo fosse impedir que ele a segura
PONTO DE VISTA DE TRENTEu ainda sentia o gosto amargo da raiva na boca depois daquele encontro com Simon. Meu sangue fervia só de pensar naquele desgraçado tentando tocar na Elise de novo.Segurei firme a mão dela e a levei direto para a sala de reuniões do clube. Não era o plano original contar para os caras agora. Mas depois daquela merda, não dava mais pra adiar. Algo precisava ser feito.Uma das leis mais importantes dos Ceifadores é que, se escolhemos uma mulher para ser nossa senhora, ela precisa ser uma de nós. Precisa carregar a lealdade no sangue, viver esse mundo. Não é só sobre amor — é sobre compromisso com todos nós. E mesmo eu sendo o líder, nem eu posso quebrar essas regras sem consequências.Entrei na sala com Elise e, um a um, meus irmãos foram ocupando seus lugares na mesa.Cain, o responsável pela segurança do clube, estava sempre em alerta, sempre desconfiado. Seu olhar afiado caiu direto sobre Elise assim que ela se sentou ao meu lado. Ele arqueou uma sobrancelha
Naquela noite, Trent me levou de volta ao meu apartamento.O caminho foi silencioso, mas não desconfortável. Era um silêncio carregado, denso, como se cada minuto juntos ainda estivesse impregnado de tudo o que tínhamos vivido nas últimas horas.Assim que entramos, fui para meu quarto colocar um pijama em seguida fui direto para a cozinha. Preparei uma tigela generosa de pipoca e joguei uma manta sobre o sofá. Precisava de algo simples. Familiar.Trent apareceu minutos depois de sair do banheiro, já sem as botas de combate, com a expressão cansada, mas surpreendentemente leve. Ele se jogou no sofá ao meu lado, passou o braço por cima do encosto e me encarou com um sorriso de canto.“Você parece um marshmallow”, disse ele, arqueando uma sobrancelha. “Um marshmallow bem sexy.”Soltei uma risada baixa e empurrei a tigela na direção dele.“Come. Vai te fazer bem, engraçadinho.”Ele pegou alguns grãos, mastigou devagar e então fez uma careta exagerada.“Você não tem comida de verdade, não?
Trent me colocou de volta no chão com cuidado, ainda com aquele sorriso meio bobo no rosto — o tipo de sorriso que fazia meu peito derreter. "Que tal aquele macarrão agora?" ele disse, os olhos brilhando com diversão.Ri do jeito fofo como ele estava me olhando, todo largado com sua camiseta preta meio amassada e as tatuagens à mostra nos braços, contrastando com sua expressão quase doce."Você vai se apaixonar mais ainda quando provar meu molho especial", brinquei, pegando a panela no armário.Trent chegou por trás, beijou minha bochecha e murmurou perto do meu ouvido:"Já sou completamente seu, Amor."Sorri, mas então ouvimos batidas na porta."Eu vejo quem é enquanto você cozinha", disse ele, me dando outro beijo e caminhando descalço pelo apartamento.Abri a massa, mexendo os ingredientes, quando ouvi outra voz."Que cheiro bom é esse?" Grave entrou com aquele jeito despreocupado, jogando as chaves no balcão."Elise tá cozinhando pra mim", respondeu Trent por cima do ombro, com um
A luz suave da manhã invadia o quarto pelas frestas da cortina quando meus olhos se abriram. Por um segundo, achei que ainda estivesse sonhando. A lembrança da noite passada estava fresca na minha mente — a pele quente de Trent, o som calmo da sua respiração, a forma como ele me envolveu nos braços, me fazendo sentir segura como nunca.Mas, ao me virar, percebi que ele não estava mais ali.Me sentei na cama e vi um bilhete sobre a mesinha de cabeceira, escrito com a caligrafia firme e apressada que eu começava a conhecer."Precisei sair cedo. Grave vai te buscar pra te levar até o clube. Quero que você conheça o que também faz parte de mim. — Trent."Um sorriso bobo escapou dos meus lábios. Aquele homem realmente sabia como bagunçar minha cabeça.Levantei, ainda com o corpo relaxado pelos detalhes da noite anterior — o jeito como ele me tomou no balcão da cozinha ainda estava gravado na minha pele. Sorri sozinha ao entrar no cômodo.Minha cozinha era estilo americana, pequena e simple
PONTO DE VISTA DE ELISE"Anda logo, Troy, a gente precisa voltar antes que percebam." Termino de abaixar a saia do uniforme de garçonete do bar onde trabalho.Troy coloca a camisa, ajeita o cabelo desgrenhado e me lança um sorriso. Tento sorrir de volta, mas meu estômago está embrulhado. Sei que, quando sair desse depósito, vou encarar os olhares dos outros funcionários. Olhares de pena. E nojo.Ninguém sabe que estamos juntos há dois anos. Na verdade, ninguém sabe nem que eu existo fora daqui. Sou só a funcionária que, de vez em quando, desaparece com o chefe.Antes que ele abra a porta, respiro fundo."Quando você vai me apresentar pra sua família como sua namorada?"Troy congela. Me olha como se eu tivesse dito algo absurdo."Já falamos sobre isso, não falamos? Muito em breve você vai conhecer minha família."Seguro a alça da saia com os dedos, tentando não parecer tão decepcionada."Muito em breve..." repito, com um sorriso vazio. "Você disse isso há seis meses, Troy. E eu ainda s