Parte 1...* CarinaQuando ouvi isso, quase travei novamente. Luca tem um jeito muito direto de fazer as coisas. Direto até demais para mim que não me acostumei ainda com essa versão dele.— Mas... Não tem ninguém por aqui.Meu coração bateu forte, uma pancada só, quase doeu dentro do peito.— E daí? - ele riu fazendo uma careta.— Daí que aqui a gente não precisa fingir. A ideia não é ser um casal quando estivermos em público? Só tem nós dois e...— E nada - ele me puxou — Você ainda não está à vontade comigo e se minha tia quer que a gente vá até a casa dela, temos que estar relaxados um com o outro.— Mas...— Nada de mas... Carina, você tem que se acostumar ao meu toque. Já pensou se eu for te abraçar na frente de minha família e você der um pulo? Eles vão achar estranho.— Na hora em que for preciso eu vou me lembrar de fingir ser apaixonada por você.— Não... É melhor a gente ir treinando.— E eu lá sou um cachorro para você me treinar? - tentei puxar a mão.— Não disse isso - e
Parte 2...Estou sentindo tesão por minha secretária sem graça e chatinha. Como assim?É uma sensação bem estranha, afinal, eu nunca dei atenção a Carina, mas como diz Roberto, eu não dou valor suficiente a ela.Desci a mão até mais abaixo em sua bunda e apertei de leve. Logo a senti enrijecer o corpo. Puxei-a mais para mim e a abracei pela cintura com o outro braço, testando-a. De novo apertei de leve sua bunda e ela colocou a mão em meu peito, me empurrando. Parei o beijo.— O que foi?— Você... Você apertou minha bunda, Luca - ela disse baixinho.Eu ri um pouco, cobrindo a boca com a mão, por causa da cara que ela fez.— Isso é normal... E não tem ninguém aqui, sabia? Não precisa falar baixo.— Normal? - ela colocou as mãos no quadril — Normal o que? A gente não tem essa intimidade pra isso.— Exato - abri as mãos — A gente tem que começar a ficar relaxado um com o outro e o melhor modo para criar intimidade de casal, é fingir como um casal... Ou seja, a gente tem que transar - dei
Parte 3...— Porque eu quis - ela deu de ombro.— Sério? - apertei os olhos.— Nem todo mundo gosta de pular de uma cama para outra, tá bom!Ergui as mãos, assentindo com a cabeça.— Ok, eu te entendo... Eu acho - abri bem os olhos, torcendo a boca — Mas eu sinto te informar, que nós vamos ter que transar. Eu não sou monge.— Mas isso nem está no acordo.— A gente fala para o Roberto colocar uma cláusula a mais. É simples!— Não é simples, Luca - fechou a cara.Fiquei pensando, coçando a testa. Isso tinha que ter uma solução.— E se a gente começar tipo um namoro mesmo? Já que vamos fingir ser um casal, porque não ser um de verdade?— Que? O que está pensando?— O que pode servir para nós dois - puxei o banco e sentei — Pense comigo - ela se aproximou — Nós vamos ter que superar nossas diferenças, deixar de lado algum preconceito ou ideia errada, para podermos conviver - estiquei a mão — Roberto me falou muito bem de você, mas confesso que fiquei com o pé atrás... Porém me vi em uma s
Parte 1...* Carina— E como nós vamos fazer isso?Eu perguntei enquanto o elevador descia. Vamos voltar para a empresa e Luca ligou para Roberto, que deu a dica de chegarmos de mãos dadas para que todos pudessem nos ver.— Do modo como todo casal enamorado faz - ele segurou a porta do elevador para que sair — Assim que descer do carro, a gente já assume uma postura de namorados.— Tudo bem, então - ajeitei a bolsa.— Ah... E essa será a sua última semana na empresa - eu olhei para ele franzindo a testa — Você vai ser demitida.Parei e apertei a bolsa.— Como é? - minha voz saiu fina.— Calma - ele riu e segurou em meu braço, me guiando para o carro — Se nós agora somos namorados... Noivos, por assim dizer para as aparências e com um casamento em vista, nada mais do que normal que minha mulher não trabalhe.— Não sou sua mulher e não tem nada de normal - fiz uma careta crítica — Que a mulher pare de trabalhar porque o homem quer.— As pessoas vão achar que você é sim, minha mulher e m
Parte 2...Ele abriu a porta para que eu saísse, mas assim que viu a Sueli chegando também, ele me puxou e passando o braço por minha cintura me deu um beijo que me tirou o fôlego. Ele me pegou de surpresa.Eu nem sei, mas foi algo por instinto, nem pensei na questão do plano. Apenas ergui as mãos e segurei em seus ombros, respondendo ao beijo e nossa, me deixei levar.Sinto que estou em um universo paralelo. É tão absurdo o que está acontecendo que fica difícil acreditar, ainda que eu seja uma das personagens da história.— Gente, mas o que é isso?O beijo parou, infelizmente. Esfreguei a boca, meio sem jeito, vendo o olhar dela, parada perto da gente de braços cruzados.— Ah... Oi sócia - ele riu e me segurou no lugar — Foi mal, eu não resisti e tive que continuar uma coisinha que a gente estava fazendo lá dentro - ele mentiu descarado — Só não era pra ninguém saber... Ainda.Meu Deus, como ele tem cara de pau. Mente com um cinismo mil vezes melhor do que o meu. Estou com as pernas
Parte 3...— Vou voltar para meu serviço agora, pode ser?— Pode e deve. Vou achar outra pessoa para substituir você e antes de sair de vez vai ter que dar um treinamento básico.— Mais uma coitada pra sofrer com você - fiz piada — Vê se pega leve, nem todo mundo vai ser como eu, calma.— Quase uma santinha - ele riu.— Luca! - fechei a cara.— É brincadeira - ele alisou meus braços — Não seja ranzinza.— Você vai ter que parar de me colocar apelidos. Eu não gosto.— Vou tentar, mas não prometo nada - ele deu de ombros — É divertido aborrecer você.Eu fiz uma cara de desaprovação e saí, voltando para minha mesa e ligando o notebook.** ** ** ** ** ** **Depois que fiz os arquivos pendentes, aproveitei para ligar para a clínica e saber como estava Gorete.— Ela até teve uma noite boa, mas a médica pediu alguns exames novos.Vilma era a enfermeira que mais ficava com Gorete. Desde que ela tinha sido internada a primeira vez, gostou muito dela. Era calma e estava sempre sorrindo, convers
Parte 1...* Carina— E você está fazendo tudo que a médica manda? - alisei a mão de Gorete.Saí do trabalho meia hora antes. Eu jamais faria isso, mas agora que sei que não vou continuar e que a fofoca já se espalhou, não tenho porque me preocupar com horário ou com falatório.Antes de vir até o quarto dela, passei na sala da médica que foi muito gentil comigo e até ficou feliz em saber que agora eu teria mais condições de pagar pelo tratamento de Gorete.Aproveitei e já soltei a mesma conversa de noivado que Luca estava deixando as pessoas saberem, mas não dei a entender que ele era meu chefe e muito rico, assim não vai ser mais uma achando que estou dando um golpe do baú. Que é quase isso, só não é um golpe, afinal foi Roberto quem me envolveu nessa.— Ah... - ela abanou a mão fazendo uma careta de teimosia — Ela também é enjoada.Eu ri. Desde que tinha ficado de vez na clínica que Gorete começara a reclamar dos médicos. Não era uma reclamação válida, era só uma birra de pessoa can
Parte 2...Fiquei muito preocupada e marquei consulta para ela com uma médica particular. O valor era mais baixo do que o normal pedido porque ela atendia junto com uma turma de alunos que estavam fazendo estágio.Tirei um dia de folga, trocando para trabalhar no sábado até depois do meio dia, para poder ir com ela e saber do que se tratava.A médica foi muito boa no atendimento, mas apesar dela ter receitado alguns medicamentos para a idade dela e ter pedido alguns exames, nós não tivemos tempo de fazer todos, apenas dois deles.Eu estava já no horário de sair do trabalho quando uma vizinha me ligou e disse que tinha chamado uma ambulância para socorrer Gorete. Eu gelei na hora porque tudo o que não quero é ficar sem ela.Corri para o hospital público para onde a levaram e depois de falar com duas pessoas, consegui saber onde ela estava e como estava.Para minha tristeza e susto total, ela tinha tido um AVC eu nem sabia o que era isso. O médico que a atendeu me explicou. Tinha sido