Parte 3...— Porque eu quis - ela deu de ombro.— Sério? - apertei os olhos.— Nem todo mundo gosta de pular de uma cama para outra, tá bom!Ergui as mãos, assentindo com a cabeça.— Ok, eu te entendo... Eu acho - abri bem os olhos, torcendo a boca — Mas eu sinto te informar, que nós vamos ter que transar. Eu não sou monge.— Mas isso nem está no acordo.— A gente fala para o Roberto colocar uma cláusula a mais. É simples!— Não é simples, Luca - fechou a cara.Fiquei pensando, coçando a testa. Isso tinha que ter uma solução.— E se a gente começar tipo um namoro mesmo? Já que vamos fingir ser um casal, porque não ser um de verdade?— Que? O que está pensando?— O que pode servir para nós dois - puxei o banco e sentei — Pense comigo - ela se aproximou — Nós vamos ter que superar nossas diferenças, deixar de lado algum preconceito ou ideia errada, para podermos conviver - estiquei a mão — Roberto me falou muito bem de você, mas confesso que fiquei com o pé atrás... Porém me vi em uma s
Parte 1...* Carina— E como nós vamos fazer isso?Eu perguntei enquanto o elevador descia. Vamos voltar para a empresa e Luca ligou para Roberto, que deu a dica de chegarmos de mãos dadas para que todos pudessem nos ver.— Do modo como todo casal enamorado faz - ele segurou a porta do elevador para que sair — Assim que descer do carro, a gente já assume uma postura de namorados.— Tudo bem, então - ajeitei a bolsa.— Ah... E essa será a sua última semana na empresa - eu olhei para ele franzindo a testa — Você vai ser demitida.Parei e apertei a bolsa.— Como é? - minha voz saiu fina.— Calma - ele riu e segurou em meu braço, me guiando para o carro — Se nós agora somos namorados... Noivos, por assim dizer para as aparências e com um casamento em vista, nada mais do que normal que minha mulher não trabalhe.— Não sou sua mulher e não tem nada de normal - fiz uma careta crítica — Que a mulher pare de trabalhar porque o homem quer.— As pessoas vão achar que você é sim, minha mulher e m
Parte 2...Ele abriu a porta para que eu saísse, mas assim que viu a Sueli chegando também, ele me puxou e passando o braço por minha cintura me deu um beijo que me tirou o fôlego. Ele me pegou de surpresa.Eu nem sei, mas foi algo por instinto, nem pensei na questão do plano. Apenas ergui as mãos e segurei em seus ombros, respondendo ao beijo e nossa, me deixei levar.Sinto que estou em um universo paralelo. É tão absurdo o que está acontecendo que fica difícil acreditar, ainda que eu seja uma das personagens da história.— Gente, mas o que é isso?O beijo parou, infelizmente. Esfreguei a boca, meio sem jeito, vendo o olhar dela, parada perto da gente de braços cruzados.— Ah... Oi sócia - ele riu e me segurou no lugar — Foi mal, eu não resisti e tive que continuar uma coisinha que a gente estava fazendo lá dentro - ele mentiu descarado — Só não era pra ninguém saber... Ainda.Meu Deus, como ele tem cara de pau. Mente com um cinismo mil vezes melhor do que o meu. Estou com as pernas
Parte 3...— Vou voltar para meu serviço agora, pode ser?— Pode e deve. Vou achar outra pessoa para substituir você e antes de sair de vez vai ter que dar um treinamento básico.— Mais uma coitada pra sofrer com você - fiz piada — Vê se pega leve, nem todo mundo vai ser como eu, calma.— Quase uma santinha - ele riu.— Luca! - fechei a cara.— É brincadeira - ele alisou meus braços — Não seja ranzinza.— Você vai ter que parar de me colocar apelidos. Eu não gosto.— Vou tentar, mas não prometo nada - ele deu de ombros — É divertido aborrecer você.Eu fiz uma cara de desaprovação e saí, voltando para minha mesa e ligando o notebook.** ** ** ** ** ** **Depois que fiz os arquivos pendentes, aproveitei para ligar para a clínica e saber como estava Gorete.— Ela até teve uma noite boa, mas a médica pediu alguns exames novos.Vilma era a enfermeira que mais ficava com Gorete. Desde que ela tinha sido internada a primeira vez, gostou muito dela. Era calma e estava sempre sorrindo, convers
Parte 1...* Carina— E você está fazendo tudo que a médica manda? - alisei a mão de Gorete.Saí do trabalho meia hora antes. Eu jamais faria isso, mas agora que sei que não vou continuar e que a fofoca já se espalhou, não tenho porque me preocupar com horário ou com falatório.Antes de vir até o quarto dela, passei na sala da médica que foi muito gentil comigo e até ficou feliz em saber que agora eu teria mais condições de pagar pelo tratamento de Gorete.Aproveitei e já soltei a mesma conversa de noivado que Luca estava deixando as pessoas saberem, mas não dei a entender que ele era meu chefe e muito rico, assim não vai ser mais uma achando que estou dando um golpe do baú. Que é quase isso, só não é um golpe, afinal foi Roberto quem me envolveu nessa.— Ah... - ela abanou a mão fazendo uma careta de teimosia — Ela também é enjoada.Eu ri. Desde que tinha ficado de vez na clínica que Gorete começara a reclamar dos médicos. Não era uma reclamação válida, era só uma birra de pessoa can
Parte 2...Fiquei muito preocupada e marquei consulta para ela com uma médica particular. O valor era mais baixo do que o normal pedido porque ela atendia junto com uma turma de alunos que estavam fazendo estágio.Tirei um dia de folga, trocando para trabalhar no sábado até depois do meio dia, para poder ir com ela e saber do que se tratava.A médica foi muito boa no atendimento, mas apesar dela ter receitado alguns medicamentos para a idade dela e ter pedido alguns exames, nós não tivemos tempo de fazer todos, apenas dois deles.Eu estava já no horário de sair do trabalho quando uma vizinha me ligou e disse que tinha chamado uma ambulância para socorrer Gorete. Eu gelei na hora porque tudo o que não quero é ficar sem ela.Corri para o hospital público para onde a levaram e depois de falar com duas pessoas, consegui saber onde ela estava e como estava.Para minha tristeza e susto total, ela tinha tido um AVC eu nem sabia o que era isso. O médico que a atendeu me explicou. Tinha sido
Parte 3...Antes dela ir embora ainda conversei sobre a estadia de Gorete e fiquei contente em ver que a terapia iria ficar mais constante, caso ela não fosse retirada da clínica. E gostei de saber como seria os próximos procedimentos, me deu mais ânimo.— Bom, eu vou indo - ela apertou minha mão — Foi ótimo ver você de novo e melhor ainda saber que as coisas estão melhorando.Eu assenti com a cabeça sorrindo e ela saiu, dando um tchau para Gorete que fez um bico, mas respondeu ao cumprimento.— Daqui a pouco eu tenho que ir.— Quando vem me ver de novo? - ela fez uma cara de dengo.Eu ri um pouco. Gosto desse jeito meigo dela, ainda que seja uma mulher forte. Acho que peguei um pouco disso pra mim.— Não sei quando venho, mas com certeza não vai demorar e ainda essa semana eu venho. — E quando vou para casa? Quero cuidar das minhas plantas.Ela falava das plantas que tinha em nosso pequeno jardim de antes, quando ainda tínhamos a casa. Com o problema de memória, ela tinha esquecido
Parte 1...* Carina— Calma, Luca, desse jeito eu vou cair.Logo que eu cheguei na frente da empresa já vi a figura dele me esperando na calçada. Tenho certeza de que os funcionários não estavam entendendo porque ele estava ali, mas até que serviria depois também.Ele pagou o táxi e me puxou pela mão direto para o carro que já estava aberto. Vi que duas funcionárias ficaram disfarçando, mas estavam olhando.— Espera - ele disse ao abrir a porta.— O que foi...Ele me calou com um beijo. Segurou minha nuca e me pegou de surpresa. Claro que nem pensei em nada e só devolvi o beijo.Eu não fazia ideia que Luca fosse assim, tão rápido em suas decisões, o que ainda me deixa meio sem jeito. E quando ele encostou o corpo ao meu, fiquei presa entre ele e o carro e meu coração começou a bater mais rápido.— E então? - ele parou de me beijar.— Então o que? - eu franzi a testa porque não entendi nada.— As duas curiosas ainda estão olhando pra gente?Claro, ele também tinha visto as duas ali per