- Letícia, agora somos amigos? - Jean perguntou inclinando a cabeça em direção a Letícia.Letícia também lançou um olhar para ele, mas logo voltou a se concentrar na estrada, dirigindo com cuidado. Ela sorriu e respondeu: - Nós já somos amigos, e ainda por cima vizinhos.Jean observava em silêncio o perfil dela. Letícia era uma garota de beleza radiante, cuja presença era sempre marcante e cheia de vida.- Então, eu posso te fazer uma pergunta pessoal? - Jean perguntou, com um leve sorriso nos lábios.- Pode perguntar. - Letícia respondeu, mantendo os olhos na estrada, mas sua voz carregava uma nota de curiosidade. - Se eu achar que posso te responder, eu respondo. Se não, espero que entenda, cada pessoa tem o direito de proteger sua privacidade.Jean riu, seus olhos brilhando com um toque de travessura. - Eu queria saber que tipo de homem você gosta? Além do Bruno, claro.Jean estava bem ciente do fato de que Letícia tinha uma queda por Bruno. Afinal, ele tinha uma relação estreita
Capítulo 1140Letícia observou o carro luxuoso por um momento, sua mente se encheu de perguntas e incertezas.“O irmão está novamente no Hotel Internacional da Cidade G?”, pensou ela, com a testa franzida. Ela lembrou que o Grupo Junqueira possuía seus próprios hotéis cinco estrelas, e Pedro geralmente fechava negócios nesses locais. Na última vez, foi um cliente importante hospedado no Hotel Internacional da Cidade G que fez Pedro ir até lá.Jean notou que Letícia estava olhando fixamente para o carro ao lado, sua expressão uma mistura de surpresa e apreensão. Ele franziu a testa e perguntou com preocupação:- O que aconteceu?Letícia respirou fundo e, sem desviar o olhar, respondeu:- Nada, só vi o carro do meu irmão. Este carro é dele. Vamos tomar um café rapidamente. Se formos rápidos, terminamos antes que meu irmão termine seus negócios e assim ele não nos verá. Ela falou rapidamente, como se estivesse tentando convencer a si mesma. Com um movimento ágil, Letícia girou nos calcanh
Letícia não sabia que seu irmão tinha voltado. Após ela e Jean entrarem na cafeteria do hotel, Jean pediu um suco para ela e um café para ele mesmo. O aroma rico e reconfortante do café fresco preenchia o ambiente, misturando-se com o murmúrio suave das conversas ao redor e o som distante de uma música instrumental relaxante.- Tomando café agora, você não vai ficar sem dormir à noite? - Letícia perguntou, franzindo ligeiramente a testa enquanto chamava o garçom e pedia alguns petiscos. - Não, com o volume de trabalho que temos, sem café não conseguimos aguentar até tarde da noite. - Respondeu Jean, com um sorriso suave, passando a mão pelo cabelo de maneira casual.Seus dias eram preenchidos com compromissos até altas horas. Ele olhou para Letícia, desejando poder ter mais momentos tranquilos como aquele. Se tivesse a oportunidade de resolver questões pessoais, ele certamente encontraria tempo para ser um chefe mais relaxado.- Letícia. - Pedro entrou na cafeteria naquele momento. Se
A principal razão era que a conexão entre Letícia e Jean era inegável. - Eu sou responsável por todos os negócios do Grupo Náutico na Cidade G. - Jean explicou, com uma calma estudada, enquanto seus dedos brincavam distraidamente com a borda de sua xícara de café. - Estou sempre aqui, o que não é muito diferente de me estabelecer para sempre. Quando volto à Mansão Tavares, me sinto como um hóspede. Minha mãe sempre brinca que transformei nossa casa em um hotel, ficando apenas algumas noites antes de partir novamente. Letícia, sentindo a tensão aumentar, se encolheu levemente, escondendo as mãos sob a mesa. Discretamente, deu um leve toque no irmão, antes de se inclinar para sussurrar em seu ouvido:- Irmão, você fica fazendo essas perguntas pessoais ao Jean, está sendo muito intrusivo. Você nem conhece ele direito.Pedro olhou para sua irmã, com um pingo de confusão em seus olhos. Será que Letícia realmente não tinha nenhum interesse em Jean? Ele só estava tentando sondar as intençõe
A Escola Secundária da Cidade G estava tranquila em uma manhã ensolarada, suas portas imponentes acolhendo a chegada de alguns carros de luxo que se destacavam na pequena estrada. Vários veículos viraram da grande estrada principal e, após percorrerem alguns metros, estacionaram a uma curta distância dos portões da escola.Da primeira dessas viaturas, uma limusine preta com vidros escurecidos, desceu um segurança. Com um olhar atento, ele abriu a porta traseira do carro e anunciou em um tom sério:- Senhorita, chegamos à Escola Secundária da Cidade G.Natália, uma jovem de expressão serena, estendeu a mão em busca de sua bengala para deficientes visuais, que estava ao seu lado. Com movimentos delicados, ela também pegou os presentes dispostos no assento ao seu lado, presentes preparados pela Sra. Leite. Natália não sabia ao certo o que havia nas embalagens, mas confiava que eram apropriados.Ela foi buscada pela Sra. Leite na floricultura onde trabalhava. Agora, a Sra. Leite estava no
Então, ela relutantemente a manteve, mas não conseguia cumprir suas responsabilidades como mãe. Embora fosse sua filha biológica, ela simplesmente não conseguia expressar qualquer afeto por ela. Após a morte do primeiro marido, quando Natália ainda era uma criança que mal entendia o mundo, era natural que ela se apegasse à mãe. A pequena buscava constantemente o colo da mãe, mas sempre encontrava rejeição.Natália se recordava vividamente dos momentos em que, ao chorar pedindo carinho, sua mãe a ignorava completamente ou, pior, a empurrava com desprezo. Certa vez, em um acesso de irritação, a Sra. Leite chegou a chutar Natália para longe, assustando até mesmo a babá que cuidava da menina. Mesmo assim, a pequena Natália insistia em chamar pela mãe, estendendo os bracinhos e pedindo “mamãe, abraça”.Sra. Leite, sem mais a necessidade de manter as aparências após a morte do marido, nunca mais tocou na filha. Ordenava à babá que mantivesse Natália longe dela, pois não suportava olhar para
Natália havia pedido uma vez a uma vendedora que medisse seus passos. Sabendo que não podia enxergar e seus passos eram curtos, ela descobriu que precisava dar quatro passos para cobrir um metro. Com isso em mente, ela sabia que teria que dar pelo menos mil e duzentos passos para percorrer os trezentos metros até a livraria de Aurora.Enquanto caminhava, Natália contava em silêncio seus passos, se movendo devagar pela calçada. O vento suave balançava seu cabelo enquanto ela se concentrava na contagem, cada passo um esforço meticuloso para se manter no caminho certo.Dentro do carro, Sra. Leite observava a figura distante de sua filha com desprezo. Após fechar o vidro da janela, ela pegou o celular e ligou para o marido. Quando ele atendeu, ela anunciou em tom frio:- Querido, mandei Natália ir ver Aurora.O velho Sr. Leite soltou um suspiro do outro lado da linha.- Você precisa tratar Natália com mais gentileza, assim ela estará mais disposta a pedir clemência por Eliana.- Gentileza?
Natália logo ouviu passos rápidos se aproximando, o som característico de alguém correndo com urgência. Pelo ritmo e leveza dos passos, ela deduziu que era uma mulher.- Srta. Natália!O chamado familiar fez com que ela parasse por um momento, reconhecendo a voz. Era Aurora.- Srta. Natália! - Aurora correu até ela, abaixando-se para ajudar Natália a se levantar. Seu toque era firme, mas gentil, e sua voz carregava preocupação genuína.- Srta. Natália, você está bem? - Perguntou Aurora, examinando-a de perto para ver se estava ferida.- Estou bem. - Respondeu Natália, tentando soar tranquilizadora.Ela confirmou em sua mente que era realmente Aurora. A orientação do guarda-costas havia sido imprecisa. Se a distância fosse realmente de mais de trezentos metros, Aurora não teria chegado tão rapidamente. Talvez a livraria estivesse mais perto do que ela havia pensado.Stella, que havia seguido Aurora, rapidamente pegou a bengala de Natália e as caixas de presentes que ela havia deixado ca