Demorou um pouco, mas ele finalmente respondeu à mensagem:"Ok, vou verificar minha agenda. Se der, te aviso.""Tudo bem". Viviane respondeu com um doce sorriso. "Então vou jantar, não esqueça de comer cedo também."Ricardo respondeu com um simples: "Ok".Seus olhos, no entanto, permaneciam fixos na primeira mensagem que Viviane havia enviado.O velho astuto estava determinado a ver para crer.Precisava ter certeza de que o marido de Viviane não era ele para desistir.Se não vissem um ao outro, ele certamente continuaria a investigar.Mas, se se encontrassem, sua identidade seria revelada.A menos que, antes do encontro, ele revelasse sua verdadeira identidade a Viviane.Mas uma vez que a verdade fosse dita...O habitualmente lúcido Ricardo estava, pela rara vez, confuso e indeciso.Ele semicerrou os olhos, tamborilando levemente os dedos na mesa, seus olhos se aprofundando em pensamento....Enquanto isso, na outra ponta, à mesa de jantar.David ignorou Gustavo durante todo o tempo, c
Ele olhava desamparado para o ancião:- Avô, você...O ancião sorria ao falar com Gustavo:- Gustavo, no passado o avô foi injusto, sempre insistindo para que você se casasse com a Vivi, o que acabou prejudicando a relação de vocês dois. O avô tem refletido ultimamente e percebi que realmente não deveria interferir em seus sentimentos dessa forma. Fique tranquilo, daqui para frente, quem quer que você deseje casar, o avô vai apoiar. - Fez uma pausa e então continuou. - A propósito, você não mencionou há algum tempo que estava considerando o casamento com Débora? Eu também pensei sobre isso. Você já está na idade de se casar. Se realmente gosta da Débora, deveria formalizar a relação o quanto antes, caso contrário, fica uma situação embaraçosa para a família Ribeiro e para nós também.Os talheres de Gustavo caíram no chão.Ele se apressou em se abaixar para pegá-los.Após um momento, levantou a cabeça de baixo da mesa:- Avô, o que o senhor disse é de coração?O ancião sorriu:- Claro.
No carro, nem Viviane nem Gustavo tomaram a iniciativa de começar uma conversa. Viviane, na verdade, estava aproveitando o silêncio. Mas, justamente nesse momento, Gustavo decidiu falar:- Não leve a sério o que o avô disse.Viviane olhou para Gustavo com grande curiosidade:- O que ele disse?Gustavo franzia a testa:- Aquelas palavras... Sobre você e seu marido viverem bem.Viviane se endireitou e tomou a palavra antes dele:- Então, o que você vai dizer agora? Que devemos nos divorciar? Gustavo, que direito você tem de dizer isso? Como eu vivo minha vida é da minha conta!Gustavo abriu a boca, mas levou um tempo para conseguir dizer algo:- Ele não é adequado para você.- Como ele não é adequado para mim? - Viviane poderia ter ignorado qualquer outra questão com um sorriso, mas quando se tratava de Ricardo, ela precisava ter uma conversa séria com Gustavo. - Eu acho que não existe ninguém mais adequado para mim neste mundo. Você já ouviu falar de almas gêmeas? Ele é a minha alma gêm
As palavras surpreendentemente alarmadas de Gustavo trouxeram Viviane de volta de seus devaneios, e ela o olhava como se visse um monstro.- Você não está sabendo disso só hoje, por que toda essa surpresa? - Disse ela.Gustavo ficou momentaneamente atônito:- Débora costuma te incomodar tanto assim?Ao ouvir isso, Viviane riu:- Gustavo, você não sabe? A história dela fingir estar doente para tentar conseguir meu rim, você sabia muito bem. Agir como se não soubesse agora, realmente não é muito convincente.- Eu já fiz Débora pedir desculpas por aquilo, ela tinha seus motivos. Se meu avô não tivesse me forçado a casar com você, ela talvez...- Então ter motivos justifica ferir os outros? Então, se eu tivesse um motivo, poderia matar alguém? - Viviane olhava diretamente nos olhos de Gustavo. - Eu ainda estou aqui para falar por mim, para me defender, mas e se eu tivesse morrido?Neste ponto, Viviane mostrou uma expressão de tristeza profunda:- Vocês só achariam que eu mereceria.- Eu...
Com o passar dos anos, Gustavo nunca duvidou da veracidade dessa conclusão. No ano em que completou dezesseis, Viviane retornou, esbelta e elegante entre as pessoas, como se tivesse esquecido completamente tudo o que haviam vivenciado juntos, o que enfureceu Gustavo ainda mais e o fez crer firmemente que quem o havia salvo era, de fato, Débora. Esse era o motivo de seu profundo ódio por Viviane.Às vezes, ele ainda se perdia em sonhos do passado, mas Viviane parecia não se lembrar de nada. Ele a questionou mais de uma vez sobre aquele episódio, mas ela sempre negou, dizendo:"- Aconteceu isso mesmo?"Ao se lembrar disso, ele não conseguiu se conter e se virou para Viviane, perguntando novamente:- Você se lembra de quando fui sequestrado, quando eu tinha sete ou oito anos e você cinco ou seis?Viviane olhou para Gustavo, confusa. Ele já havia feito essa pergunta inúmeras vezes. Na primeira vez que se reencontraram, quando ela voltou do exterior aos dezesseis anos, ele lhe fez essa perg
Viviane estendeu os braços e envolveu a cintura de Ricardo:- Fique tranquilo, eu definitivamente voltarei, mesmo que chovam facas do céu, eu voltarei esta noite.Ricardo afrouxou o abraço suavemente e, observando o brilho nos olhos de Viviane, sorriu:- Entre.- Certo.Viviane se deixou abraçar por Ricardo e entrou no quarto.- Ricardo...- Hmm?- Você se lembra das coisas da sua infância?Ricardo sentou Viviane em uma cadeira e, enquanto tirava seus sapatos, olhou para ela:- Infância? Você quer dizer com que idade?- Hmm... Quando você tinha cinco ou seis anos.Ricardo respondeu:- Lembro.Os olhos de Viviane brilharam:- O que você fazia quando tinha cinco ou seis anos?Ricardo se lembrou de quando já começava a acompanhar seu pai nos negócios aos cinco ou seis anos e sorriu:- Como qualquer criança, eu ia para o jardim de infância, brincava com amigos, às vezes também brincava com meu pai...Viviane apoiou o queixo na mão:- Que inveja, eu não me lembro do que eu fazia quando tinh
Viviane se sentou, se sentindo genuinamente feliz por Hortencia. - Que bom! Onde ele está agora?A voz de Hortencia do outro lado da linha imediatamente se tornou mais sombria: - Ainda não encontramos. Só sabemos que ele foi adotado por um casal do país TZ, e esse casal é da Cidade B. Então, já combinei com meu assistente, vamos voar para Cidade B esta noite.Viviane olhou para o relógio. Considerando o fuso horário estrangeiro de Hortencia, provavelmente era noite onde ela estava. - Você pode me dizer a hora que seu voo chega? Posso ir te buscar.- Não precisa, Vivi. Quando eu encontrar minha filha, vou ter que te agradecer muito.Viviane sorriu: - Tudo bem, estarei esperando boas notícias.Hortencia disse: - Então é isso, vou preparar outras coisas agora.- Certo. - Viviane desligou o telefone.Ricardo entrou com um copo de água na sala, claramente enciumado: - Quem estava te ligando que te deixou tão feliz?Viviane riu: - Era a Hortencia. O que foi, você está com ciú
- Exatamente, eu te espero, até que você apareça.- E se eu nunca aparecer?- Então continuarei esperando.Ricardo ficou em silêncio por um momento, antes de finalmente acariciar a cabeça de Viviane e dizer baixinho:- Vá dormir.- Você parece insatisfeito com essa resposta... - Viviane, segurando a mão de Ricardo, olhava diretamente para ele.A visão dela fez uma onda de calor subir pelo abdômen de Ricardo.- Se você não dormir agora, eu vou...- Ah, eu errei! - Viviane rapidamente se enfiou debaixo das cobertas.Ricardo observou Viviane, agora enrolada como uma pupa de seda, e soltou uma risada leve. O sorriso ainda brincava em seus lábios, mas seus olhos já refletiam uma solidão profunda.A questão de suas identidades não resolvidas fazia com que esses momentos felizes parecessem um sonho....No terceiro dia, Viviane recebeu outra ligação de Hortencia.Era um convite para jantarem juntas.Viviane prontamente aceitou, sem hesitar.Como Hortencia não conhecia bem a Cidade B, Viviane