Com o passar dos anos, Gustavo nunca duvidou da veracidade dessa conclusão. No ano em que completou dezesseis, Viviane retornou, esbelta e elegante entre as pessoas, como se tivesse esquecido completamente tudo o que haviam vivenciado juntos, o que enfureceu Gustavo ainda mais e o fez crer firmemente que quem o havia salvo era, de fato, Débora. Esse era o motivo de seu profundo ódio por Viviane.Às vezes, ele ainda se perdia em sonhos do passado, mas Viviane parecia não se lembrar de nada. Ele a questionou mais de uma vez sobre aquele episódio, mas ela sempre negou, dizendo:"- Aconteceu isso mesmo?"Ao se lembrar disso, ele não conseguiu se conter e se virou para Viviane, perguntando novamente:- Você se lembra de quando fui sequestrado, quando eu tinha sete ou oito anos e você cinco ou seis?Viviane olhou para Gustavo, confusa. Ele já havia feito essa pergunta inúmeras vezes. Na primeira vez que se reencontraram, quando ela voltou do exterior aos dezesseis anos, ele lhe fez essa perg
Viviane estendeu os braços e envolveu a cintura de Ricardo:- Fique tranquilo, eu definitivamente voltarei, mesmo que chovam facas do céu, eu voltarei esta noite.Ricardo afrouxou o abraço suavemente e, observando o brilho nos olhos de Viviane, sorriu:- Entre.- Certo.Viviane se deixou abraçar por Ricardo e entrou no quarto.- Ricardo...- Hmm?- Você se lembra das coisas da sua infância?Ricardo sentou Viviane em uma cadeira e, enquanto tirava seus sapatos, olhou para ela:- Infância? Você quer dizer com que idade?- Hmm... Quando você tinha cinco ou seis anos.Ricardo respondeu:- Lembro.Os olhos de Viviane brilharam:- O que você fazia quando tinha cinco ou seis anos?Ricardo se lembrou de quando já começava a acompanhar seu pai nos negócios aos cinco ou seis anos e sorriu:- Como qualquer criança, eu ia para o jardim de infância, brincava com amigos, às vezes também brincava com meu pai...Viviane apoiou o queixo na mão:- Que inveja, eu não me lembro do que eu fazia quando tinh
Viviane se sentou, se sentindo genuinamente feliz por Hortencia. - Que bom! Onde ele está agora?A voz de Hortencia do outro lado da linha imediatamente se tornou mais sombria: - Ainda não encontramos. Só sabemos que ele foi adotado por um casal do país TZ, e esse casal é da Cidade B. Então, já combinei com meu assistente, vamos voar para Cidade B esta noite.Viviane olhou para o relógio. Considerando o fuso horário estrangeiro de Hortencia, provavelmente era noite onde ela estava. - Você pode me dizer a hora que seu voo chega? Posso ir te buscar.- Não precisa, Vivi. Quando eu encontrar minha filha, vou ter que te agradecer muito.Viviane sorriu: - Tudo bem, estarei esperando boas notícias.Hortencia disse: - Então é isso, vou preparar outras coisas agora.- Certo. - Viviane desligou o telefone.Ricardo entrou com um copo de água na sala, claramente enciumado: - Quem estava te ligando que te deixou tão feliz?Viviane riu: - Era a Hortencia. O que foi, você está com ciú
- Exatamente, eu te espero, até que você apareça.- E se eu nunca aparecer?- Então continuarei esperando.Ricardo ficou em silêncio por um momento, antes de finalmente acariciar a cabeça de Viviane e dizer baixinho:- Vá dormir.- Você parece insatisfeito com essa resposta... - Viviane, segurando a mão de Ricardo, olhava diretamente para ele.A visão dela fez uma onda de calor subir pelo abdômen de Ricardo.- Se você não dormir agora, eu vou...- Ah, eu errei! - Viviane rapidamente se enfiou debaixo das cobertas.Ricardo observou Viviane, agora enrolada como uma pupa de seda, e soltou uma risada leve. O sorriso ainda brincava em seus lábios, mas seus olhos já refletiam uma solidão profunda.A questão de suas identidades não resolvidas fazia com que esses momentos felizes parecessem um sonho....No terceiro dia, Viviane recebeu outra ligação de Hortencia.Era um convite para jantarem juntas.Viviane prontamente aceitou, sem hesitar.Como Hortencia não conhecia bem a Cidade B, Viviane
- Quatro grandes famílias? - Viviane ponderou seriamente por um momento. - Eu realmente nunca ouvi falar de uma criança adotada em nenhuma dessas famílias.De fato, algumas famílias misteriosamente acabavam com um filho a mais.Muitos, por orgulho, afirmavam ser uma criança de parentes, ou diziam que a esposa havia dado à luz no campo, mas nunca admitiam ser um filho ilegítimo.Mas dizer que essas crianças eram adotadas era completamente fora de questão.O que as quatro grandes famílias mais valorizavam era a linhagem sanguínea.Como poderiam permitir que o sangue de outra pessoa maculasse a linhagem das quatro grandes famílias?- Então você poderia ficar de olho para mim? - Hortencia olhou para Viviane. - Eu finalmente consegui algumas informações sobre minha filha...- Tia, fique tranquila, eu vou ajudar a investigar para você.- Ótimo, muito obrigada mesmo, Vivi.- Tia, não precisa ser tão formal, é o mínimo que eu posso fazer.Enquanto conversavam, os três chegaram ao restaurante.
Viviane e Rosa permaneceram em silêncio, terminando a refeição sem trocar palavras. Após o jantar, o trio comprou chá com leite numa loja à beira da rua. O atendente reconheceu Hortencia e insistiu em tirar uma foto com ela. Conhecida por sua língua afiada, Hortencia surpreendeu ao demonstrar uma cordialidade especial com os fãs, atendendo a todos os pedidos.Enquanto Hortencia atendia aos fãs, Viviane e Rosa a esperavam dentro da loja. Após a sessão de fotos, as três foram a um shopping próximo para comprar roupas para Rosa. Ao entrar na loja, Rosa se sentiu intimidada.- Viviane, as roupas aqui devem ser muito caras, não são? - Questionou, impressionada com a decoração sofisticada da entrada, que até incluía um tapete persa.Antes que Viviane pudesse responder, Hortencia, com um sorriso leve, interveio:- Não se preocupe com o dinheiro, eu lhe darei de presente.- Ah, não, como eu poderia aceitar? - Rosa protestou.- Você me proporcionou uma refeição maravilhosa; é natural que eu que
Viviane não era do tipo que gostava de assistir a confusões, estava prestes a continuar questionando Cook quando ouviu, do outro lado da linha, um pedido de desculpas tímido:- Desculpa!Ao ouvir a voz, Viviane franziu a testa.Se não era a voz de Rosa, de quem mais poderia ser?Se levantou e seguiu na direção da voz.Logo avistou Rosa parada à porta do provador, com os cabelos soltos e segurando uma peça de roupa nas mãos.Em frente a ela, a uma certa distância do provador, estava uma mulher olhando com uma expressão de raiva para Rosa, como um gato selvagem que tivesse sido pisado no pé.Atrás da "gata selvagem", havia uma mulher de estatura alta e traços marcantes.Viviane a reconheceu imediatamente.A internacionalmente renomada atriz Clara Lima.Sendo uma das primeiras atrizes do país TZ a fazer sucesso no país M, ela era considerada um orgulho nacional.No entanto, após se naturalizar cidadã do país M anos atrás, raramente se falava dela.Viviane sabia quem ela era, pois nos últi
Clara soltou uma risada fria, mas não disse nada. Viviane sabia que aquilo era um sinal de desprezo. Alguém como Clara, com sua arte e habilidade, nunca se preocuparia com a perda de fãs. Sua atuação era seu melhor passe livre. Ela falava apenas para testar as águas.- Vamos chamar a polícia, nosso tempo também é limitado. - Disse Viviane, arqueando uma sobrancelha.- Só não comece a chorar quando a polícia chegar! - Amy, vendo a arrogância de Viviane, ganhou coragem e ligou para a polícia.No exato momento em que a chamada foi conectada, Viviane disse casualmente:- Não se preocupe, eu não vou chorar. Só não sei se a família Machado, agora tão ligada a Clara, vai chorar.O rosto de Clara mudou de cor. Ela arrancou o telefone das mãos de Amy e pisou nele com força. Amy, assustada, ficou pálida e gaguejou:- Clara...Clara olhou friamente para Viviane:- Quem é você?- Quem eu sou não importa. O que importa é que vocês precisam se desculpar com minha amiga! - Viviane respondeu.Rosa sus