Ricardo tirou um charuto da caixa sobre a mesa, colocando-o entre os lábios e acendendo-o. A fumaça ondulante subia, escondendo seu rosto inteiro no nevoeiro, tornando impossível discernir sua expressão. Perto de Viviane, ele raramente fumava. Primeiro, para não expô-la à fumaça do charuto; segundo, temia que o charuto caro revelasse sua identidade. E charutos baratos, ele simplesmente não conseguia fumar. Pensando que não teria mais essas preocupações, os olhos de Ricardo escureceram ainda mais, gerando ondas que quase sufocavam Amadeu.Amadeu, com pena, se defendeu:- Sr. Ricardo, não pode ser eu, pense bem. Eu sigo o senhor todos os dias, raramente encontro a Sra. Barros. Como eu poderia revelar sua identidade?Ricardo olhou para cima, seus olhos estreitando:- Certo, não foi você. Então, quem foi?Ao ouvir isso, Amadeu soube que Ricardo não suspeitava dele. Ele respirou aliviado e enxugou o suor da testa:- Não sei disso, mas... - Seus olhos brilharam. - Vou investigar imediatament
Viviane avançou com discrição:- O que aconteceu?Assim que ela falou, Rosa, que estava confrontando Débora, rapidamente se juntou a Viviane:- Viviane, a Srta. Débora lá em cima quer distribuir presentes para nós, dizendo que é o primeiro dia de abertura e quer dar alguns presentes, eu disse que não era necessário, mas eles insistiram em entrar.Rosa não era tola, ela sabia que Débora e Viviane não se davam bem.Essa história de dar presentes no dia de abertura era apenas uma desculpa para desestabilizar o moral do Grupo Ribeiro.Atrás de Débora estava Raquel, que, após convencer mais de cem pessoas a deixar o Grupo Ribeiro, juntou-se à empresa de Débora.Raquel, achando que tinha agarrado uma grande oportunidade, retomou sua arrogância assim que viu Viviane.- É só um presente, vocês precisam agir como se estivessem se protegendo contra ladrões? Será que estão com medo de que o tratamento na nossa empresa seja melhor e todos os seus funcionários fujam?Viviane se aproximou dos presen
Raquel ficou atônita por alguns segundos antes de reagir, puxando um sorriso irônico:- Isso é falso, por que eu deveria acreditar?Viviane respondeu:- Parece que você não desiste, mas tudo bem, agora eu tenho tempo, vamos lá.Dizendo isso, Viviane pegou as chaves do carro e caminhou em direção ao elevador.Raquel, confusa, olhou para Débora.Débora também não sabia o que Viviane estava planejando.Ela olhou para Raquel, sugerindo que a seguisse para descobrir.Raquel não teve escolha senão seguir os passos de Viviane.Depois de andar um pouco, Viviane viu que Rosa ainda estava parada no mesmo lugar e falou:- Rosa, venha também, como testemunha.Rosa apressadamente seguiu Viviane.Observando o perfil sereno de Viviane, o coração de Rosa estava na boca.Ela podia não entender muito de carros de luxo, mas sabia que aquele carro esportivo era um modelo clássico, não acessível a qualquer um.Mas vendo a calma de Viviane, ela não pôde deixar de acreditar que Viviane realmente tinha um car
Raquel olhou com desprezo e disse:- Isso é seu? Você deve ter pegado emprestado de alguém, não é?Enquanto isso, do outro lado da linha, Gustavo, irritado, arrancava a gravata:- O que foi agora?Débora falou:- Gustavozito, ouvi dizer que na sua concessionária 4s tem um carro esportivo, e que esse modelo é muito difícil de encontrar. Você pode reservá-lo para mim?Enquanto Débora falava ao telefone com Gustavo, Raquel avaliava o carro de luxo, criticando sem parar:- Se não é emprestado, então é falso. Viviane, para manter as aparências, você realmente não mede esforços. Olhe para a Débora, ela encontrou um homem de verdade, tudo o que quer, ela consegue. Agora olhe para o seu homem...Duas vozes afiadas ecoaram simultaneamente no estacionamento subterrâneo. Raquel, furiosa, cobriu a bochecha ardente e correu para puxar os cabelos de Viviane, mas foi fortemente empurrada por ela.Raquel perdeu o controle e bateu no carro esportivo, gritando de dor.Mas ela não se conteve:- Viviane,
Raquel, assustada, corria em direção ao elevador, tropeçando e rolando como se estivesse sendo perseguida por zumbis, freneticamente apertando o botão do elevador.Viviane observava-a friamente, esperando até que sua figura desaparecesse completamente na entrada do elevador, antes de se virar para Rosa:- Vamos.- Claro. - Rosa olhou para Débora com um ar de triunfo, aproximando-se de Viviane e provocando deliberadamente. - Viviane, esse carro esportivo é muito bonito.Viviane sabia que ela estava apenas tentando irritar Débora e sorriu.Quando as duas voltaram ao escritório, Rosa perguntou:- Viviane, após o incidente de hoje, as pessoas de cima não vão mais nos incomodar, né?Viviane conhecia Débora muito bem:- Não vão? A menos que o Grupo Ribeiro feche, ela sempre vai nos causar problemas.- Ah, que chato. - Rosa franzia a testa. - Viviane, não há mesmo uma maneira de lidar com ela?Viviane sorriu levemente. "Enquanto Gustavo quiser proteger Débora, ela poderá viver bem nesta cida
Mas essa maneira de lidar com as coisas estava se tornando cada vez menos eficaz. Viviane se encontrava frequentemente lembrando de Ricardo inesperadamente. Uma única palavra ou mesmo uma simples planta podia despertar em sua mente, que momentaneamente descansava, a imagem dele.Viviane nunca soube, mas Ricardo havia se enraizado profundamente em seu coração sem que ela percebesse. E era exatamente por isso que ela sentia tanto medo.Anteriormente, Gustavo também viajava ao exterior a trabalho e havia meses em que ela não o via, mas ela nunca havia ansiado por Gustavo como agora. E cada vez que Gustavo mencionava uma viagem de negócios, ela se alegrava.Foi somente após começar a trabalhar que ela finalmente entendeu o que aquela sensação significava. Era como se estivesse de férias.Porém, tendo se separado de Ricardo por menos de um dia, ela já estava loucamente o desejando.Viviane levantou-se, apoiou-se na janela do chão ao teto, e observou os carros e as pessoas nas ruas abaixo, c
Dentro da empresa.Depois de quebrar tudo que podia, Débora finalmente se cansou e sentou-se pesadamente na cadeira do chefe. Raquel estava ajoelhada em meio ao caos, com feridas na testa, nas mãos e nos joelhos, todas causadas por Débora, mas ela não tinha coragem nem de murmurar. O assistente abriu a porta, viu a bagunça e tentou sair, mas Débora o chamou. - Algum problema? O assistente, nervoso, disse: - O Sr. Isaac chegou. Ao ouvir que Isaac tinha chegado, Débora suavizou um pouco sua expressão irritada. - Peça para ele me esperar na sala de reuniões e mande alguém limpar essa bagunça. - Claro. O assistente saiu às pressas. Débora olhou para Raquel, ainda ajoelhada no chão, e resmungou pesadamente: - Se você fizer outra besteira dessas, pode ir embora! - Sim. - Raquel respondeu tremendo, quase chorando. Débora nem olhou para ela e saiu do escritório. Ao sair, mudou imediatamente sua expressão para uma mais agradável e abriu a porta da sala de reuniões. - Sr. Isaac, o
Todos lançavam olhares furtivos para Amadeu. Amadeu desejava ardentemente encontrar um buraco para se esconder. Ele sabia muito bem por que Ricardo estava com uma expressão sombria. Não havia o que ele pudesse fazer. Só o causador de um problema podia resolvê-lo. A menos que a Sra. Barros não estivesse mais irritada. Mas essa possibilidade era extremamente remota. Afinal, qualquer pessoa enganada ficaria furiosa.Em meio a esse silêncio sepulcral, alguém do departamento técnico bateu na porta da sala de reuniões. Lançou um olhar para Amadeu, que, como se tivesse sido salvo, levantou-se rapidamente:- Sr. Ricardo, vou dar uma saída rápida. - Disse ele, saindo às pressas.Era como se estivesse protegido por um talismã. Todos olhavam com inveja.Ao sair da sala de reuniões, Amadeu finalmente pôde respirar fundo. Ele inspirou profundamente várias vezes antes de perguntar:- E então, alguma novidade?Um funcionário do departamento técnico entregou a Amadeu algumas fotos impressas. Nas fotos