Ricardo observava Viviane em silêncio, seu olhar carregado de dor, como se estivesse se fragmentando por dentro. Seus dedos tremiam, e em seu coração uma revolta silenciosa se agitava, mas, com toda a intensidade de seus sentimentos, ele apenas disse:— Eu entendo.Viviane, ao ver Ricardo assim, também sentia uma dor profunda em seu peito. Mas se continuassem juntos, ela sabia que só conseguiria reviver o passado, e, no fim, ninguém seria capaz de recomeçar. Apenas se perderiam nas lembranças.— Eu... Acho que não vou tomar o café da manhã. — Disse Viviane apressadamente, deixando a tigela de lado antes de sair rapidamente do quarto.Ao entrar no carro, a sensação de sofrimento que a consumia ainda persistia. "Se ao menos o Ricardo não fosse da família Barros... Mas por que Deus tinha que nos fazer passar por isso?"Ela olhou para o tapete do carro, mergulhada em seus pensamentos, até que o motorista a despertou do torvelinho de emoções. Quando ela percebeu, já havia chegado à empresa
Flaviane ouviu as palavras delas e sorriu satisfeita, mas não se esqueceu de sua situação atual, que era bastante delicada. Ela sabia que não podia deixar ninguém descobrir que ela era, na verdade, a antiga Viviane. Especialmente, ela não podia permitir que Viviane a visse ao lado de Sofia, porque isso certamente levantaria suspeitas.Após expressar suas preocupações, Sofia, no entanto, parecia despreocupada:— Não vai ser tão simples assim. A cidade é enorme. A gente sai para passear e, de repente, vamos cruzar com a Viviane? Não acredito.Hugo também achava improvável, mas...— A Flaviane tem razão. Nosso plano está quase no fim, e não podemos deixar que nada atrapalhe agora. Se você realmente quer comprar um vestido, é melhor levar a Flaviane para ir até o subúrbio. A Viviane com certeza não vai até lá fazer compras.Sofia, desconfortável, retrucou:— No subúrbio, que vestido bom você acha que vai encontrar?Flaviane, apesar de entender a preocupação de Sofia, sabia que, embora foss
— O que você está fazendo aqui? — Rosa, desde que admitiu que Osvaldo e Beatriz eram seus pais, começou a sentir uma forte sensação de pertencimento. Agora, ao ver Isadora naquele ambiente, ela sentiu como se alguém estivesse invadindo o seu território. E mais, Isadora frequentemente fazia coisas que a incomodavam. Cada vez que Rosa a via, uma sensação de irritação a tomava.Às vezes, Rosa se perguntava se a verdadeira responsável pelo vazamento de informações confidenciais da empresa não era Isadora. Afinal, como explicava o fato de a família Machado ter investigado durante tanto tempo e não ter encontrado nada?— Rosa, faz tempo que não venho te visitar, então resolvi passar aqui. Parece que você não está me recebendo bem. — Isadora disse com um sorriso forçado. Desde que soube que Ricardo estava por trás de Viviane e que Gustavo havia morrido, Isadora pensou em tentar se aproximar de Rosa. No entanto, ela sabia que essa chance havia se esvaído. Rosa não era tola e, com tudo o que h
Era sábado, e Viviane estava esperando Rosa no hospital. Quando deu a hora, Viviane recebeu a ligação de Rosa e então saiu. Ao passar pelo quarto de Ricardo, Viviane deu uma olhada rápida, mas notou que não havia ninguém lá. Devia ser o caso de Ricardo ter saído. Viviane não pensou muito nisso e seguiu seu caminho para fora do hospital. Na porta do hospital, Viviane viu imediatamente Rosa e Igor, que estavam de mãos dadas, com o olhar cheio de cumplicidade. De repente, um sentimento de ciúmes surgiu no coração de Viviane. "Antigamente, eu e o Ricardo também éramos assim, mas agora..." Ela estava prestes a entrar no carro quando parou bruscamente, os olhos se fixando no interior do veículo. Ela piscou várias vezes, sem acreditar no que estava vendo, e só então se convenceu de que não estava se enganando. — O que você está fazendo aqui? — Viviane hesitou por um momento, pensando se deveria ou não entrar no carro. Ricardo respondeu, sem pressa: — O Igor vai escolhe
Viviane ainda pensava que os dois estavam apenas tímidos e não pôde deixar de rir:— Não é possível, eu falo de casamento e vocês dois ficam em silêncio?Rosa olhou para Igor e, então, com dificuldade, disse:— Viviane, eu lembro que, na nossa tradição, a madrinha precisa ser solteira...O que Rosa queria dizer era que, como Viviane já estava casada, ela não poderia ser a madrinha.— Existe essa regra? — Viviane perguntou, surpresa.— Sim. — Não tem problema, afinal... — Viviane falou com calma. — Eu logo vou me tornar solteira de novo, e não deve haver nenhuma regra dizendo que alguém que se divorciou não pode ser madrinha, certo?O clima no carro ficou instantaneamente constrangedor.Igor olhou pelo retrovisor para Ricardo e percebeu que o rosto dele estava terrivelmente sombrio.Rosa também não sabia como responder, então tentou mudar de assunto:— Viviane, o que você acha que o Igor deve vestir quando for encontrar os sogros dele? O que seria mais adequado?Viviane parecia não per
Viviane Ribeiro se casou.O noivo não era Gustavo Barros, seu namorado de oito anos de amor. Era um homem que ela conheceu por menos de cinco minutos, de quem tinha apenas informações básicas.- Ainda há tempo para se arrepender. - No saguão de espera do cartório, o homem olhou para Viviane com um ar cínico, lembrando-a.Com os dedos apertando a bainha quase desfiada de sua roupa, o rosto frio e indiferente de Gustavo preencheu sua mente...Três dias atrás, Gustavo, que normalmente evitava vê-la, a convidou para jantar. No momento em que recebeu o telefonema, ela ingenuamente pensou que oito anos de dedicação finalmente receberiam uma resposta.Ela se vestiu cuidadosamente para o encontro, porém, foi recebida não apenas por Gustavo, mas também por Débora Ribeiro, sua prima, que estava sentada em uma cadeira de rodas e segurava as mãos dele com um sorriso doce no rosto.- Doe seu rim para Débora e eu me casarei com você. - Gustavo soltou essa bomba antes que ela pudesse assimilar o rel
- Há algum problema?Ricardo levantou as pálpebras, observando-a.Viviane entreabriu os lábios vermelhos, indecisa sobre o que dizer. Preocupada que Ricardo pudesse interpretar errado, optou por falar:- Nada de errado, vamos.Mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar isso.A meio caminho, Viviane recebeu uma chamada de Gustavo.Ao ver o brilho intermitente na tela, sua expressão congelou, como se estivesse vendo a si mesma nos últimos oito anos.Sempre foi ela a tomar a iniciativa de ligar para Gustavo, perguntando como ele estava.Mas Gustavo nunca a ligou uma única vez.Mesmo quando ela esteve hospitalizada para uma cirurgia, não recebeu nenhuma palavra de preocupação.Agora, por causa de Débora, ele podia ligar repetidamente.Algumas pessoas simplesmente não eram nem comparáveis.- Você não vai atender? - Ricardo, que estava fechando os olhos no banco do passageiro, virou a cabeça para olhar pela janela.Viviane olhou para o perfil impecável do homem. Embora não pudesse ver sua
O coração de Viviane de repente se tornou muito tenso, como se alguém à deriva no oceano vasto finalmente tivesse encontrado um pedaço de madeira flutuante. Levantou o olhar e cruzou diretamente com os olhos de Ricardo. O olhar dele não era mais de descaso e escárnio; era intenso e cheio de sentimento. Por um momento, até mesmo Viviane quase foi enganada por ele.Desesperada, ela olhou para Hugo e Sofia Lopes. Ambos, chocados, se sentaram no sofá. Após um momento de silêncio, Hugo foi o primeiro a reagir. Levantou a cabeça e perguntou a Viviane:- Viviane, o que está acontecendo?Viviane estava prestes a falar, Ricardo a interrompeu e a colocou atrás dele. Este novo sentimento de ser protegida deixou sua mente em branco, enquanto a voz profunda e magnética de Ricardo ecoava em seus ouvidos.- Nós acabamos de registrar nosso casamento hoje, foi tudo muito às pressas, não tivemos tempo de avisar nossos pais.Controlando a raiva, Hugo tentou manter a compostura:- Viviane!Juntando corag