O grupo avançou mais alguns passos, e a sensação de inquietação ficou ainda mais intensa. — Cuidado, já sinto o cheiro do perigo. — Assim que Júlio terminou de falar, duas figuras, como fantasmas, caíram silenciosamente ao lado deles. No momento em que essas figuras se preparavam para atacar, ouviram a voz de Manuel vindo de trás: — Não precisa. Já que eles chegaram até aqui, deixem-nos entrar e verem o Gustavo. Pelo menos, é uma forma de demonstrar suas intenções. As duas figuras trocaram olhares e, só então, se retiraram. Júlio, ao ver isso, se aproximou de Ricardo, apoiando ele: — Guarde um pouco de energia para ver o Gustavo. Aqueles dois eram muito habilidosos, parece que minha preocupação não era em vão. Ninguém sabe quantas pessoas perigosas há neste hospital esta noite. Poupar forças não é uma má ideia para você. Desta vez, Ricardo não resistiu e deixou que Júlio o ajudasse a caminhar até o último quarto.Assim que entraram, viram três caixões dispostos no cômodo.
— Rick! — Assim que entrou, o olhar de Viviane pousou imediatamente sobre Ricardo.Ao ver o corpo de Ricardo coberto de feridas, o coração de Viviane se apertou de tanta dor.— Vivi, fui eu que não cuidei bem de você. Eu te fiz sofrer. — Ricardo apertou os punhos com força. Diante de Viviane, ele não podia demonstrar a mínima fraqueza.Viviane balançou a cabeça e disse:— Você já fez tudo o que podia. Sou eu quem me tornei um fardo para você!— Cala a boca! — Ao ver os dois conversando assim, Manuel ficou furioso. — Vocês dois estão prestes a morrer e ainda têm tempo para dizer essas bobagens? Vocês não querem tanto ficar juntos? Pois eu vou satisfazer vocês!Após dizer isso, Manuel se virou para Ricardo e disse:— Basta você morrer, e eu mando a Viviane direto para o inferno atrás de você.Viviane gritou desesperada:— Não! Ricardo, você não pode morrer!Ao lado, Júlio finalmente viu uma oportunidade e exclamou apressado:— Espere! Manuel, se o Rick morrer e você matar a Vivi depois,
Sentado no caixão, Gustavo também soltou uma risada:— O tio Ricardo é tão esperto, como ele pode não saber o que eu quero fazer? Tio Ricardo, agora você vai contar pessoalmente para a Viviane quem você realmente é, não é?— Tio Ricardo? — O rosto de Viviane mudou de cor.— Sim. — Gustavo inclinou a cabeça para olhar para Viviane, seu olhar carregando tanto ódio quanto amor por ela. — Você ainda não sabe, não é? O Ricardo é o meu tio, ele é o presidente do Grupo YS, e a morte do meu avô está diretamente ligada à identidade dele!— O avô morreu...Essas palavras fizeram a cabeça de Viviane explodir em uma dor insuportável, como se estivesse sendo rasgada. As memórias que ela sempre evitou, aquelas que a aterrorizavam, agora a prendiam como um demônio, sufocando ela e impedindo ela de respirar."Família Barros, o tio Ricardo do Gustavo, o avô morreu, morreu..."— Vivi! — Ao ver Viviane convulsionando no chão, Ricardo correu desesperadamente em sua direção, sem pensar duas vezes. Ele a en
— Gustavo, olá. — A jovem de dezesseis anos acabava de voltar do exterior, e agora estava radiante em frente ao Gustavo, o rosto corado cheio de timidez.Naquela época, Gustavo tinha a mesma idade que ela.Tentando parecer descolado, Gustavo apenas a encarou friamente, mas, ao cruzar seu olhar com o rosto da garota, ele não conseguiu evitar de olhá-la por um segundo a mais.Apenas um instante, e Gustavo nunca mais conseguiu apagar Viviane de sua memória.Aos dezesseis anos, Viviane estava na fase mais vibrante da vida, e a imaturidade em seus olhos, como os primeiros botões de uma flor prestes a desabrochar, despertou um súbito sentimento de ternura no coração de Gustavo.Naquele dia, Gustavo passou o resto do tempo revivendo o momento de seu primeiro encontro com Viviane.Até que, antes de voltar para casa à noite, ele se deparou com Débora na porta da escola, chorando desesperadamente, o corpo inteiro coberto de lama.Gustavo desceu rapidamente do carro, ignorando a lama que a cobria
Desde então, o tratamento que Viviane recebia na escola piorou ainda mais. E o culpado por tudo isso era Gustavo!Naquela ocasião, Gustavo estava claramente na sala ao lado. Ele havia escutado quando aqueles colegas xingaram Viviane até fazê-la chorar, mas ele não fez absolutamente nada...."Naquela época, a Viviane devia me odiar muito."Uma lágrima escorreu dos olhos de Gustavo. Era uma lágrima de arrependimento, mas também de impotência, porque nada podia ser mudado.Respirando fundo, Gustavo se afastou das memórias do passado e lentamente ergueu a cabeça para olhar Ricardo. Os outros observavam Gustavo com apreensão.Bastaria ele apertar o gatilho levemente, e a vida de Viviane estaria perdida:— Agora entendo por que a Viviane gostava tanto de você... Mesmo sem memória, suportando toda a dor, ela ainda estava disposta a esperar por você.Na verdade, Gustavo poderia ter encontrado a resposta para essa questão se tivesse se colocado no lugar dela. Mas o Gustavo de antigamente era s
Ricardo apertou o punho com força. Se não fosse pelo fato de precisar se manter atento ao risco de Gustavo atirar a qualquer momento, Ricardo já teria dado um soco na cabeça dele.— Você tem ideia do que está dizendo? — Eu sei. — A voz de Gustavo soava um tanto exaltada. — Claro que sei o que estou dizendo, tio Ricardo. Eu cometi muitos erros imperdoáveis com a Viviane ao longo da vida, e agora quero compensá-la. Posso compensá-la no inferno ou na próxima vida, mas, tio Ricardo, pare de me impedir. Me deixe morrer com a Viviane! Ricardo não conseguiu mais se conter e, com um golpe impiedoso, acertou o rosto de Gustavo.Gustavo, já debilitado, ficou tonto com o soco, quase deixando a arma escapar de suas mãos. Manuel, ao ver a situação, tentou avançar para ajudar o Gustavo, mas foi interrompido por ele.— Pai, isso é entre nós dois. Deixe-nos resolver sozinhos! — Manuel olhou para o filho, visivelmente apreensivo. Depois de estabilizar seus pensamentos, Gustavo se dirigiu a Ricardo
— Não. — Gustavo balançou a cabeça teimosamente. — Eu tenho que matar a Viviane com minhas próprias mãos. Só assim ela vai querer me seguir!Enquanto isso, Ricardo, ainda contido por dois seguranças, lutava desesperadamente para se libertar.— Está bem, eu vou te empurrar até lá. — Manuel se levantou com dificuldade, empurrando a cadeira de rodas de Gustavo até a frente de Viviane.Viviane estava inconsciente, completamente alheia ao que acontecia no mundo ao seu redor.Sem Ricardo para atrapalhar, Gustavo finalmente poderia morrer ao lado de Viviane.Ele olhou para o rosto de Viviane, que estava franzido em dor, e um sorriso sombrio surgiu em seus lábios:— Pai, me ajude a descer.Manuel ficou confuso, mas mesmo assim, pediu que ajudassem Gustavo a se sentar ao lado de Viviane.Com a mão livre, que não segurava a arma, Gustavo começou a acariciar suavemente o rosto de Viviane. Havia algo profundamente perturbador em seu toque, como se estivesse obcecado por uma criatura de estimação.
No entanto, no segundo seguinte, um grito rompeu o silêncio atrás dos dois grupos que se enfrentavam:— Não! Não, senhor!Era a voz de João.Manuel se virou rapidamente para olhar e não conseguiu acreditar no que seus olhos viam.Atrás de Manuel estava Ricardo, furioso, segurando a arma que o próprio Manuel havia jogado para ele momentos antes. E Ricardo usou aquela arma para matar o filho de Manuel!Gustavo, com os olhos arregalados e a expressão de indignação gravada no rosto, caiu ao chão, morto. Manuel, tomado por uma raiva e dor avassaladoras, soltou um grito de desespero:— Não! — Gritando, ele se jogou sobre o corpo de Gustavo. — Gustavo! Acorde! Acorde!Embora Manuel já soubesse que Gustavo não sobreviveria até o fim daquela noite, vê-lo morrer diante de seus olhos foi um golpe devastador, especialmente porque...Manuel então se virou para encarar Viviane, que ainda estava viva. Furioso, se levantou de súbito e, com uma voz fria, ordenou aos seguranças:— Me deem suas armas!Qu