Sentado no caixão, Gustavo também soltou uma risada:— O tio Ricardo é tão esperto, como ele pode não saber o que eu quero fazer? Tio Ricardo, agora você vai contar pessoalmente para a Viviane quem você realmente é, não é?— Tio Ricardo? — O rosto de Viviane mudou de cor.— Sim. — Gustavo inclinou a cabeça para olhar para Viviane, seu olhar carregando tanto ódio quanto amor por ela. — Você ainda não sabe, não é? O Ricardo é o meu tio, ele é o presidente do Grupo YS, e a morte do meu avô está diretamente ligada à identidade dele!— O avô morreu...Essas palavras fizeram a cabeça de Viviane explodir em uma dor insuportável, como se estivesse sendo rasgada. As memórias que ela sempre evitou, aquelas que a aterrorizavam, agora a prendiam como um demônio, sufocando ela e impedindo ela de respirar."Família Barros, o tio Ricardo do Gustavo, o avô morreu, morreu..."— Vivi! — Ao ver Viviane convulsionando no chão, Ricardo correu desesperadamente em sua direção, sem pensar duas vezes. Ele a en
— Gustavo, olá. — A jovem de dezesseis anos acabava de voltar do exterior, e agora estava radiante em frente ao Gustavo, o rosto corado cheio de timidez.Naquela época, Gustavo tinha a mesma idade que ela.Tentando parecer descolado, Gustavo apenas a encarou friamente, mas, ao cruzar seu olhar com o rosto da garota, ele não conseguiu evitar de olhá-la por um segundo a mais.Apenas um instante, e Gustavo nunca mais conseguiu apagar Viviane de sua memória.Aos dezesseis anos, Viviane estava na fase mais vibrante da vida, e a imaturidade em seus olhos, como os primeiros botões de uma flor prestes a desabrochar, despertou um súbito sentimento de ternura no coração de Gustavo.Naquele dia, Gustavo passou o resto do tempo revivendo o momento de seu primeiro encontro com Viviane.Até que, antes de voltar para casa à noite, ele se deparou com Débora na porta da escola, chorando desesperadamente, o corpo inteiro coberto de lama.Gustavo desceu rapidamente do carro, ignorando a lama que a cobria
Desde então, o tratamento que Viviane recebia na escola piorou ainda mais. E o culpado por tudo isso era Gustavo!Naquela ocasião, Gustavo estava claramente na sala ao lado. Ele havia escutado quando aqueles colegas xingaram Viviane até fazê-la chorar, mas ele não fez absolutamente nada...."Naquela época, a Viviane devia me odiar muito."Uma lágrima escorreu dos olhos de Gustavo. Era uma lágrima de arrependimento, mas também de impotência, porque nada podia ser mudado.Respirando fundo, Gustavo se afastou das memórias do passado e lentamente ergueu a cabeça para olhar Ricardo. Os outros observavam Gustavo com apreensão.Bastaria ele apertar o gatilho levemente, e a vida de Viviane estaria perdida:— Agora entendo por que a Viviane gostava tanto de você... Mesmo sem memória, suportando toda a dor, ela ainda estava disposta a esperar por você.Na verdade, Gustavo poderia ter encontrado a resposta para essa questão se tivesse se colocado no lugar dela. Mas o Gustavo de antigamente era s
Ricardo apertou o punho com força. Se não fosse pelo fato de precisar se manter atento ao risco de Gustavo atirar a qualquer momento, Ricardo já teria dado um soco na cabeça dele.— Você tem ideia do que está dizendo? — Eu sei. — A voz de Gustavo soava um tanto exaltada. — Claro que sei o que estou dizendo, tio Ricardo. Eu cometi muitos erros imperdoáveis com a Viviane ao longo da vida, e agora quero compensá-la. Posso compensá-la no inferno ou na próxima vida, mas, tio Ricardo, pare de me impedir. Me deixe morrer com a Viviane! Ricardo não conseguiu mais se conter e, com um golpe impiedoso, acertou o rosto de Gustavo.Gustavo, já debilitado, ficou tonto com o soco, quase deixando a arma escapar de suas mãos. Manuel, ao ver a situação, tentou avançar para ajudar o Gustavo, mas foi interrompido por ele.— Pai, isso é entre nós dois. Deixe-nos resolver sozinhos! — Manuel olhou para o filho, visivelmente apreensivo. Depois de estabilizar seus pensamentos, Gustavo se dirigiu a Ricardo
— Não. — Gustavo balançou a cabeça teimosamente. — Eu tenho que matar a Viviane com minhas próprias mãos. Só assim ela vai querer me seguir!Enquanto isso, Ricardo, ainda contido por dois seguranças, lutava desesperadamente para se libertar.— Está bem, eu vou te empurrar até lá. — Manuel se levantou com dificuldade, empurrando a cadeira de rodas de Gustavo até a frente de Viviane.Viviane estava inconsciente, completamente alheia ao que acontecia no mundo ao seu redor.Sem Ricardo para atrapalhar, Gustavo finalmente poderia morrer ao lado de Viviane.Ele olhou para o rosto de Viviane, que estava franzido em dor, e um sorriso sombrio surgiu em seus lábios:— Pai, me ajude a descer.Manuel ficou confuso, mas mesmo assim, pediu que ajudassem Gustavo a se sentar ao lado de Viviane.Com a mão livre, que não segurava a arma, Gustavo começou a acariciar suavemente o rosto de Viviane. Havia algo profundamente perturbador em seu toque, como se estivesse obcecado por uma criatura de estimação.
No entanto, no segundo seguinte, um grito rompeu o silêncio atrás dos dois grupos que se enfrentavam:— Não! Não, senhor!Era a voz de João.Manuel se virou rapidamente para olhar e não conseguiu acreditar no que seus olhos viam.Atrás de Manuel estava Ricardo, furioso, segurando a arma que o próprio Manuel havia jogado para ele momentos antes. E Ricardo usou aquela arma para matar o filho de Manuel!Gustavo, com os olhos arregalados e a expressão de indignação gravada no rosto, caiu ao chão, morto. Manuel, tomado por uma raiva e dor avassaladoras, soltou um grito de desespero:— Não! — Gritando, ele se jogou sobre o corpo de Gustavo. — Gustavo! Acorde! Acorde!Embora Manuel já soubesse que Gustavo não sobreviveria até o fim daquela noite, vê-lo morrer diante de seus olhos foi um golpe devastador, especialmente porque...Manuel então se virou para encarar Viviane, que ainda estava viva. Furioso, se levantou de súbito e, com uma voz fria, ordenou aos seguranças:— Me deem suas armas!Qu
— Sim! Alguns homens avançaram imediatamente para arrastar Ricardo. No entanto, Ricardo abraçava Viviane com tanta força que, por mais que eles usassem sua força, não conseguiam separá-los. Esses homens não eram pessoas comuns. Eles tinham treinamento em artes marciais, e embora sua força não fosse algo extraordinário, ainda era muito superior à de pessoas normais. Ricardo, por outro lado, estava extremamente debilitado, mas, mesmo assim, eles, em grande número, não conseguiam separar Ricardo de Viviane. Começaram a se perguntar se Ricardo era algum tipo de super-humano. — Vocês são um bando de inúteis! — Manuel avançou, dando um chute nos homens, e se preparou para separá-los pessoalmente. No entanto, assim que tocou em Ricardo e Viviane, ele percebeu por que os outros não tinham conseguido separá-los. — Ah, você não vai soltar, é? Manuel lançou um olhar cruel para as mãos de Ricardo: — Então vou serrar suas mãos! Quero ver como vai proteger a Viviane sem elas! Dizendo
Ao ver que a multidão começava a se agitar novamente, os policiais se aproximaram para negociar com Igor: — Por que vocês não resolvem isso de uma forma mais tranquila? É melhor manter a calma. Se isso continuar crescendo, não vai ser bom para ninguém. Igor respondeu friamente: — O chefe deles está com dívidas e não quer pagar. Eu só quero entrar e pegar o que é meu! Nesse momento, o homem que tinha ido passar a mensagem para Manuel chegou à frente deles. O policial, apressado, se dirigiu a ele: — Você ouviu, não é? Ele está aqui para cobrar uma dívida. A família Barros, com todo aquele dinheiro, não vai me dizer que não consegue pagar o salário de um funcionário, certo? O homem sorriu e respondeu: — Claro que não! Acabei de falar com o Sr. Manuel, e ele disse que deve haver algum engano. Não há ninguém aqui devendo dinheiro. — Como não há ninguém devendo dinheiro? — Igor estreitou os olhos, mirando o interior do hospital. — Você vai nos levar até o Manuel agora, ou v